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Organização e planejamento da educação infantil de acordo com os campos de experiência

Natália Gomes dos Santos

Fonte: Shutterstock.

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Praticar para aprender

Prezado estudante, daremos início a um novo momento de estudos e descobertas sobre as possibilidades de organizar o trabalho pedagógico a partir da BNCC. Nesse instante, nosso foco será sobre os campos de experiências, os quais estão alicerçados nos direitos de aprendizagem, e os eixos estruturantes. Os cinco campos de experiências são: “O eu, o outro e o nós”, “Corpo, gestos e movimento”, “Traços, sons, cores e formas”, “Fala, pensamento e imaginação” e “Quantidade, relações e transformações”.

Verificaremos quais são as finalidades de cada um e o modo como a escola e o professor precisam adequá-los ao contexto dos alunos, a partir da inserção no currículo e no planejamento pedagógico. Mas você sabe que o importante é compreender a articulação entre teoria e prática, não é mesmo? Por isso, essa seção traz sugestões e caminhos de práticas que o professor poderá utilizar para adequar suas finalidades pedagógicas aos objetivos de aprendizagem descritos na BNCC.

Para que isso fique ainda mais claro para você, esse material apresenta uma discussão sobre a perspectiva interdisciplinar, a qual compreende os estudos sobre temas da realidade por meio da articulação dos conhecimentos científicos. Um dos métodos mais eficazes de praticar essa ação é dando aos alunos possibilidades de indagar, questionar, analisar, observar e explorar, sendo assim a utilização da comunidade investigativa é um caminho muito interessante.

O intuito dessa seção é apresentar subsídios para a construção de um trabalho eficiente e consolidado e te deixar, aluno, a cada leitura, mais animado para estar na sala de aula, contribuindo para a construção de uma prática humana, compromissada e sólida.

No Centro de Educação Infantil “Monteiro Lobato” os professores foram convocados para uma reunião sobre a implementação da Base Nacional Comum Curricular na escola. A diretora Cátia relata que pensar e construir ações e práticas será um desafio para todos, pois a BNCC é um novo documento que apresenta as aprendizagens essenciais sobre as quais todos os alunos devem se apropriar. A diretora também ressalta que será um momento de muitas trocas e conhecimentos para todos, pois os planejamentos e as ações serão compartilhados e dialogados entre os profissionais da escola. Para finalizar a reunião, Cátia pontua que os professores deverão refletir sobre os direitos de aprendizagem, os campos de experiência e os objetivos de aprendizagem.

Nossa situação será a seguinte: Lídia atua com alunos da pré-escola. Após a solicitação de Cátia sobre a organização das práticas com base na BNCC, a docente procura o professor Paulo, que atua com sua turma nas atividades de Educação Física, e propõe ao colega a construção, em conjunto, de um projeto interdisciplinar que possibilite o trabalho a partir dos campos de experiência. Paulo achou a ideia excelente e ambos começam a planejar as atividades. Com base nesta realidade, você deverá se colocar no lugar de Lídia e pensar sobre uma temática que pode ser abordada no projeto interdisciplinar que envolva os campos de experiência.

Vamos lá? 

conceito-chave

A importância dos campos de experiência para o trabalho desenvolvido na educação infantil

A BNCC vem sendo pauta de discussão na nossa disciplina desde o início. Ela se configura como a principal normativa para construção dos currículos nas escolas brasileiras e por isso é necessário o futuro professor a conheça para que possa construir planejamentos sólidos que propiciem desenvolvimento e aprendizagem para nossas crianças. Um dos pontos centrais para a organização do trabalho na primeira etapa de ensino são os campos de experiência.

Alicerçados nos direitos de aprendizagem e nos eixos estruturantes, os campos de experiência se configuram como arranjos que abrangem situações e vivências sobre as quais todas as crianças devem se apropriar na educação infantil. Eles se configuram em cinco campos que perpassam todos os grupos etários e, por meio deles, são definidos os objetivos de aprendizagem para esse momento de escolarização. Algo muito interessante é que esses conhecimentos adquiridos pelas crianças são construídos a partir de uma prática pedagógica consistente que tenha enquanto ponto de partida a realidade social do indivíduo. Uma informação relevante é que denominação dos campos de experiência foi algo refletido e subsidiado pelas Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação Infantil, as quais apresentam os saberes e conhecimentos primordiais ao aprendizado das crianças. O primeiro campo de experiência é intitulado “O eu, o outro e o nós” e se refere às possibilidades de interação entre as crianças e os colegas, além do contato com o professor e com outros adultos. Esse campo é muito importante, pois dá a oportunidade de a criança construir sua subjetividade, tendo um jeito próprio de agir, pensar e sentir, além de conhecer um mundo para além do seu, com pessoas diferentes, que pensam diferentes e vivem de formas distintas. Esse movimento é interessante, pois a escola é uma ampliação de contextos sociais das crianças e conhecer e vivenciar a diversidade torna-se algo positivo para sua constituição enquanto cidadão. Nesse campo também é necessário a criança se conhecer, entender seu corpo e os cuidados que deve ter com ele. Também deve ser destacada a responsabilidade que a escola tem para com as crianças, dando a elas possibilidades de conviver com diferentes grupos, o que amplia as condições das nossas crianças de se conscientizarem sobre a importância de respeitar a si e ao outro em sua singularidade (BRASIL, 2018). Uma possibilidade de trabalho com base nesse campo é a construção de um mapa no qual as crianças situem a origem de suas famílias.

O segundo campo de experiência é denominado “Corpo, gestos e movimentos”, que compreende o corpo como uma forma de a criança ampliar suas potencialidades e seus sentidos, a partir da percepção do que são movimentos intencionais ou impulsivos, espontâneos e coordenados. O foco desse campo é propiciar à criança a condição de explorar o espaço, os objetos a sua volta com base nas relações estabelecidas consigo mesmo e com os outros, por meio de atividades e brincadeiras. É nesse contexto que ela também produz saberes sobre si e o outro, reconhecendo os diversos corpos e modos de existir e se movimentar. Também é importante sabermos enquanto professores que existem inúmeras maneiras de propiciar às crianças essas vivência de autoconhecimento, como o uso de linguagens como a música, a dança, o teatro e o faz de conta, de modo que elas poderão se expressar a partir de suas emoções, seus movimentos e, claro, seus corpos (BRASIL, 2018).

Outro ponto crucial que esse campo aborda é a possibilidade de a criança compreender o modo de estar e se movimentar no contexto. A partir das práticas ela poderá observar tudo o que seu corpo poderá proporcionar e, também, os limites que ele possui, visando elaborar uma consciência sobre a integridade física de seu corpo. É por esse fator que na educação infantil o corpo da criança tem papel central para as possibilidades de aprendizagem e desenvolvimento, e o professor deverá ponderar a necessidade de elaborar práticas que de fato mostrem para as crianças toda a potencialidade de seu corpo, além das condições de cuidado e autonomia que ela deverá construir. Uma possiblidade de prática é o professor trabalhar o conhecimento das crianças sobre seu corpo, o cuidado com a higiene na alimentação, no momento da escovação dos dentes e do banho (BRASIL, 2018).

O terceiro campo de experiência é chamado de “Traços, sons, cores e formas”, o qual afirma a necessidade de organizar vivências em que as crianças tenham acesso a diferentes manifestações artísticas, culturais e científicas. É importante a escola se organizar para que os alunos tenham contato com diversos modos de expressão a partir da pintura, modelagem, colagem e fotografia. O profesor deverá pensar sobre como essas práticas irão ocorrer, seja de forma coletiva como individual. Sendo assim, a criança deverá ter acesso a diversos materiais e recursos tecnológicos, visando prepará-la para a vida. As escolas precisam ter consciência da relevância desse campo e por isso é fundamental dar às crianças condições de se desenvolverem como sujeitos críticos que considerem o papel da cultura e da arte em suas realidades. É a partir do trabalho que os alunos se tornarão sujeitos sensíveis e criativos, que se apropriam e constroem cultura por meio da expansão de seus conhecimentos. As possibilidades de prática para esse campo perpassam a exploração de objetivos e reconhecimento de formas, cores e tamanhos nos próprios brinquedos utilizados diariamente (BRASIL, 2018).

O quarto campo de experiência é intitulado “Escuta, fala, pensamento e imaginação”. Ele trata da necessidade de considerar as experiências que a criança constrói desde o nascimento, a partir da comunicação que é estabelecida, a priori, por seus cuidadores e que depois vai se ampliando com o contato com outras pessoas em diversos ambientes sociais. Nesse aspecto está a riqueza do trabalho desenvolvido pela escola a partir desse campo, pois essas vivências fazem com que a criança amplie seu vocabulário e atribuía sentido à realidade. Na educação infantil é de extrema importância possibilitar às crianças experiências em que possam falar e ser ouvidas. Também temos que relembrar que todas as crianças podem ter seu repertório comunicativo potencializado, seja pela fala ou pela Libras, no caso das crianças surdas (BRASIL, 2018).

Essas experiências podem acontecer de diversas formas. Por exemplo: em um momento de contação de histórias, as crianças estão escutando sua leitura, pensando sobre o que está sendo dito e buscando estabelecer relações com os conhecimentos que já possuem. Uma vivência como essa pode estimular as habilidades comunicativas dos alunos, visto que cultura e linguagem caminham juntas. Vale destacar que é necessário ao professor incentivar a fala das crianças, pedindo para que elas digam o que entenderam, o que acharam, instigando sua comunicação e expressão de ideias. É por meio da expressão de inúmeras linguagens, a partir da fala e escuta, tanto individual quanto coletiva, que a criança se constitui como indivíduo singular e coletivo. A questão da escrita deve começar a ser trabalhada na educação infantil, pois:

Desde cedo, a criança manifesta curiosidade com relação à cultura escrita: ao ouvir e acompanhar a leitura de textos, ao observar os muitos textos que circulam no contexto familiar, comunitário e escolar, ela vai construindo sua concepção de língua escrita, reconhecendo diferentes usos sociais da escrita, dos gêneros, suportes e portadores. Na Educação Infantil, a imersão na cultura escrita deve partir do que as crianças conhecem e das curiosidades que deixam transparecer. As experiências com a literatura infantil, propostas pelo educador, mediador entre os textos e as crianças, contribuem para o desenvolvimento do gosto pela leitura, do estímulo à imaginação e da ampliação do conhecimento de mundo. 

(BRASIL, 2018, p. 42)

Nesse sentido, o professor deve ter um repertório rico, propiciando às crianças contato com histórias, fábulas, poemas e cordéis. O contato com obras literárias de diversos gêneros, ilustrações e escritas também é importante, pois, as crianças poderão conhecer e manusear o material. Lembre-se que o hábito de ler, como qualquer outro hábito, é algo construído e cabe a nós, professores, propiciar esse espaço na escola, por isso, uma sugestão é construir cantos de leitura dentro da sala, com materiais que você poderá produzir com as crianças. As possibilidades de práticas para esse campo devem considerar o incentivo à criatividade, dando aos alunos momentos para construir histórias.

O último campo de experiência é denominado “Espaços, tempos, quantidades, relações e transformações”. Esse campo nos demostra a importância de compreender que todo o dinamismo social interfere nos modos da criança agir, pois desde pequena ela procura se reconhecer nos diferentes espaços sociais (cidade, rua, bairro, entre outros) e tempo (dia e noite; ontem, hoje e amanhã). Esse campo é permeado de possibilidades e práticas, pois ele apresenta a relevância de considerarmos a curiosidade das crianças por desbravar e compreender o mundo físico (seu corpo, os objetos, os animais, as transformações da natureza). Mas a curiosidade não para por aí, pois a criança também quer compreender como se dão as relações de parentesco, quer saber a origem dos costumes e tradições e as diversidades que lhe cercam. Sendo assim, o professor poderá organizar momentos de interações e brincadeiras que atinjam justamente esses aspectos dando para a criança a oportunidade de conhecer e descobrir o mundo (BRASIL, 2018).

Outro ponto que devemos destacar nesse campo é a necessidade de trabalhar conceitos matemáticos, tais como: contagem, ordenação, relações entre quantidades, dimensões, medidas, comparação de pesos e comprimentos, formas geométricas, conhecimento e reconhecimento de números. Para isso, o planejamento deve considerar momentos em que os alunos poderão observar, manipular, investigar e explorar, visto que o foco é dar todas as condições para que eles se desenvolvam da melhor forma possível. Uma possibilidade de prática é trabalhar com objetos concretos (material doutorado, blocos de madeira etc.) para que as crianças compreendam as quantidades (BRASIL, 2018).

As contribuições do trabalho interdisciplinar para a concretização dos campos de experiência

Como já mencionado anteriormente, os campos de experiências sustentam as formas de se pensar e construir práticas na educação infantil atualmente. Mas não basta o professor apenas conhecê-los, ele também precisa refletir sobre a maneira como essas vivências serão propiciadas aos alunos. Partindo desse pressuposto e da necessidade de um ensino bem estruturado que considere o contexto do aluno, verifica-se a relevância das práticas acontecerem de forma interdisciplinar. 

A interdisciplinaridade se configura como uma perspectiva que visa descontruir com a fragmentação dos conhecimentos científicos. Desta forma, o sujeito será instigado a estudar um determinado tema proveniente da realidade social e, para compreendê-lo, ele irá se apropriar de diversas áreas do saber científico. O enfoque é propiciar a dialogicidade entre os saberes de forma integrada, o que facilita o que tanto almejamos: a apropriação efetiva do conhecimento pelo indivíduo.

Nesse sentido, a interdisciplinaridade será articuladora do processo de ensino e de aprendizagem na medida em que se produzir como atitude [...] como modo de pensar [...] como pressuposto na organização curricular [...], como fundamento para as opções metodológicas do ensinar [...] ou ainda como elemento orientador na formação dos profissionais da educação. 

(THIESEN, 2008, p. 546)

É importante entendermos qual é o real sentido da perspectiva interdisciplinar para que possamos pensá-la na educação infantil. De acordo com Japiasu (1976), ela pretende fazer com que o indivíduo se reconecte com o conhecimento, de forma que ele possa analisá-lo vinculado à realidade, a um ponto que esse saber possa ser incorporado por ele, tornando-se parte integrante de sua subjetividade. Cabe a nossa reflexão sobre o papel da escola e da docência nesse processo, pois sabemos das inúmeras dificuldades que perpassam a realidade, mas temos a confiança e o compromisso de contribuir com a constituição de sujeitos críticos e emancipados. 
Apesar de todo esse contexto, você deve estar se questionando como trabalhar essa perspectiva na educação infantil. Como aliar aos campos de experiência? 

Na etapa de ensino que estamos estudando temos várias possibilidades de trabalhar de forma interdisciplinar e isso poderá ser desenvolvido a partir dos direitos de aprendizagem. Vamos trabalhar essas possibilidades por meio de duas frentes: a comunidade investigativa e a articulação entre os campos de experiência. A comunidade investigativa se refere ao processo metodológico abordado por Lipman (1995) para um trabalho que propicie a construção de um pensamento que consiga, desde a infância, fazer com que o indivíduo reflita, argumente, observe, dialogue e crie. Nessa perspectiva todo o grupo de alunos irá discutir e pesquisar um determinado tema que faça parte do contexto dos indivíduos. Sendo assim, a comunidade investigativa parte de um processo:

rigoroso e organi¬zado o suficiente para permitir a intervenção de quem queira contribuir, de maneira que todos se sintam parte desta comuni¬dade e responsáveis pelas ideias que constroem e pelo conhe¬cimento que constituem e pelas problematizações criadas. Este ambiente em que a participação do professor é fundamental é o berço do desenvolvimento e do amadurecimento das habili¬dades cognitivas. 

(SANTOS, 2000, p. 30)

Nesse sentido, as crianças poderão ser inseridas no universo da investigação e pesquisa desde muito pequenas, e justamente por esse fator que o trabalho com os campos de experiência de forma interdisciplinar faz todo o sentido. Vamos pensar juntos em exemplos de práticas que ilustram esse processo.

Práticas interdisciplinares, campos de experiência e objetivos de aprendizagem como forma articuladora de propiciar a aprendizagem na educação infantil

Para que os profissionais da escola entendam os arranjos curriculares dos campos de experiência, foram apresentados na BNCC os objetivos de aprendizagem, os quais estão organizados a partir das necessidades de atendimento a cada grupo etário da educação infantil. Pensando na sua visualização sobre os modos de estruturar as práticas e considerando a articulação interdisciplinar entre os campos de experiência, vamos conhecer propostas direcionadas para cada grupo etário.

Quadro 3.1 | Sugestões de propostas de projetos
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Grupo etário Objetivos de aprendizagem dos campos de experiência trabalhados Descrição do projeto interdisciplinar
Creche: Bebês (zero a 1 ano e 6 meses) Os campos de experiência que serão trabalhados de forma interdisciplinar nessa proposta são: “Corpos, gestos e movimentos” que estimulam a exploração do corpo nas brincadeiras e interações em ambientes acolhedores e “Fala, pensamento e imaginação” que está relacionado com o desenvolvimento de situações comunicativas cotidianas por meio de músicas e histórias. Meu corpo é um instrumento: Em um primeiro momento o professor irá apresentar para as crianças vários sons que podem ser produzidos com o corpo: sons produzidos com os lábios, com a língua, com palmas, com os pés, entre outros. O professor poderá falar e cantar o nome das crianças, intercalando os sons apresentados para instigar a curiosidades dos alunos.

No segundo momento, o professor poderá apresentar aos alunos a música Bolinha de sabão do grupo musical Palavra Cantada. No vídeo, o som de bolhas de sabão é emitido de diferentes formas a partir do corpo humano. Após apreciarem o vídeo, as crianças poderão vivenciar movimentações rítmicas que serão embaladas pela canção. As crianças que ainda não ficam em pé serão embaladas no colo do professor seguindo o ritmo da música e as crianças que já conseguem ficar em pé serão estimuladas a 
acompanhar o ritmo batendo palmas ou batendo o pé no chão, por exemplo.

Em um terceiro momento, o professor poderá fazer a leitura de um livro destacando as partes do corpo ao longo da história. O professor poderá variar a entonação ao longo da narrativa, estimulando ainda a observação sobre as imagens apresentadas.
Crianças bem pequenas 1 ano e 7 meses a 3 anos e 11 meses) Os campos de experiência que serão trabalhados nesse projeto interdisciplinar são: “O eu, o outro e o nós” que favorece atitudes de cuidado e solidariedade nas interações e “Corpo, gestos e movimentos” que permite a apropriação de gestos e movimentos da cultura no cuidado de si próprio nos jogos e brincadeiras. Construção de bonecos: Primeiro, o professor irá solicitar aos alunos que relatem as partes do corpo (mão, pé, nariz, boca, olhos, orelha, braços, pernas etc.). Ele também poderá pedir para que as crianças falem sobre as diferenças entre as características físicas das pessoas. Após a fala dos alunos é importante o professor relatar que as diferenças são fundamentais e podem ser consideradas riquezas da nossa sociedade, por isso devemos respeitá-las e, assim, respeitar o próximo.

Em um segundo momento, o professor poderá contar a história do livro intitulado Eu sou assim e vou te mostrar de Heinz Janisch. Ao realizar a leitura, o docente poderá indagar as crianças sobre o modo como elas percebem e compreendem o próprio corpo. 
Em um terceiro momento, o professor poderá construir com as crianças o molde de um boneco com várias partes do corpo, com inúmeras características (cabelo preto, cabelo loiro, cabelo crespo, cabelo liso, olhos castanhos, olhos pretos, olhos verdes, diversas tonalidades de pele etc.). O material poderá ser de E.V.A. Em seguida, o professor poderá pedir para que cada criança construa seu boneco e relate a importância de se valorizar e cuidar de si. 
Crianças pequenas (4 anos a 5 anos e 11 meses) Os campos de experiência que serão trabalhados nesse projeto interdisciplinar são: “Espaços, tempos, quantidades, relações e transformações” que permitem a articulação de números às suas respectivas quantidades e a identificação das sequências e “Escuta, fala, pensamento, e imaginação” que propicia para a criança a expressão livre a partir de desenho, pintura, colagem, dobraduras, escultura etc.  O mundo dos números: Em primeiro lugar, a professora fará uma roda de conversa com as crianças sobre os números, perguntando se elas sabem para que eles servem. Após as respostas, o professor deverá promover a reflexão dos alunos sobre suas próprias respostas.
Em um segundo momento, o docente fará a leitura do livro Os números de Marcelo de Ruth Rocha. No material, o professor deverá explorar o conteúdo com os alunos, apresentando que os números representam uma quantidade. 
Em um terceiro momento, o professor irá pedir para que os alunos procurem em revistas os números e objetos para representarem as quantidades. Eles deverão realizar a colagem dos números e suas quantidades em uma cartolina. 

Você consegue observar que as sugestões propostas dão aos alunos condições de acesso ao conhecimento e ao mundo a partir de seu grupo etário? Você também observou que a comunidade investigativa, ou seja, a pesquisa e o interesse por um tema em comum podem ser trabalhados em sala? Pois bem, esse deve ser nosso trabalho contínuo, articular os caminhos e as possibilidades para que a BNCC se efetive na escola e nossos alunos tenham acesso ao saber.

Assimile

É importante realizarmos uma análise sobre as mudanças que aconteceram nas políticas, pois elas direcionam o currículo. Os Referenciais Curriculares Nacionais para a Educação Infantil tinham eixos de conhecimento relevantes para a organização do trabalho, tais como: linguagem oral e escrita, natureza e sociedade, corpo e movimento, entre outros. Mas houve a necessidade de se construir campos na BNCC mais amplos com possibilidades maiores de desenvolver o trabalho com os alunos e por isso que eles podem ser observados como avanços importantes, propiciando uma participação efetiva da criança em seu próprio aprendizado.

Reflita

O professor é um indivíduo que precisa estar atento às mudanças e novidades pedagógicas para a organização de um trabalho que auxilie o aprendizado de forma significativa. Por isso, articular as abordagens metodológicas e os conhecimentos é necessário para a estruturação de um trabalho consistente. Com base no exposto, como você observa o papel da perspectiva interdisciplinar para o ensino na educação infantil?

Exemplificando 

A Comunidade Investigativa é um recurso metodológico que permite o envolvimento de todos para a resolução de uma problemática levantada pelo professor. Ela é necessária, pois possibilita ao aluno buscar caminhos e respostas para as indagações da realidade a partir do saber científico. Um exemplo de como articular essa metodologia com os campos de experiência é a organização de atividades que levem o aluno a pesquisar. Por exemplo: o professor quer trabalhar com os alunos o campo de experiência “O eu, o outro e o nós” a partir de uma atividade em que as crianças de cinco anos irão conhecer sua história. Nesse caso, o professor pode propor para as crianças a busca de informações com seus familiares e recolha de material (fotografia, cartas, jornais) que contenham a origem de sua família. Esse exercício de busca dá à criança o caminho para a investigação e conhecimento sobre si.

Foco na BNCC 

Importante saber interpretar as siglas da BNCC para analisar seu material. No que se refere à educação infantil, verificamos que os objetivos de aprendizagem são descritos do seguinte modo: EI02TS01, sigla que carrega significado e está explicada a seguir. O EI se refere à etapa de ensino que se destina na informação, nesse caso é a educação infantil. 02 se refere ao grupo etário, sendo assim 01 são os bebês, 02 está relacionado às crianças bem pequenas e o 03 são as crianças pequenas. O TS se refere aos campos de experiência, sendo que: “CG = Eu, o outro e nós”, “Corpo, gestos e movimento”, “TS = Traços, sons, cores e formas”, EF = “Fala, pensamento e imaginação e “ET = Espaços, tempos, quantidade, relações e transformações”. E, por fim, o 01 indica a posição da habilidade na numeração sequencial do campo de experiências para cada grupo/faixa etária.          

Estudamos muitos assuntos interessantes, mas ainda tem mais.

Faça a valer a pena

Questão 1

A educação infantil é um direito das crianças brasileiras e como tal deve ser concretizado. Por isso que o atendimento à BNCC se faz necessário para que toda a equipe escolar pense e reflita sobre práticas eficazes que valorizem as ações pedagógicas. Considerando o papel dos campos de experiência, avalie as afirmativas e marque V para verdadeiro e F para falso:

(  ) A BNCC apresenta cinco campos de experiência que possuem a finalidade de fragmentar o ensino das crianças de zero a cinco anos.

(  ) Os campos de experiências estão alicerçados nos direitos de aprendizagem, visando atender a aquisição de saberes fundamentais para essa etapa de ensino.

(  ) As práticas subsidiadas pelos campos de experiência devem ter como foco os eixos estruturantes da interação e das brincadeiras.

Agora, assinale a alternativa correta:

Tente novamente...

Esta alternativa está incorreta, leia novamente a questão e reflita sobre o conteúdo para tentar outra vez.

Tente novamente...

Esta alternativa está incorreta, leia novamente a questão e reflita sobre o conteúdo para tentar outra vez.

Tente novamente...

Esta alternativa está incorreta, leia novamente a questão e reflita sobre o conteúdo para tentar outra vez.

Correto!

Apenas a primeira afirmativa é falsa, pois o foco dos campos de experiência não é fragmentar o ensino, mas ampliar as possiblidades de as crianças se apropriarem do saber. Por isso os cincos campos estão alicerçados nos direitos de aprendizagem e nos eixos estruturantes.

Tente novamente...

Esta alternativa está incorreta, leia novamente a questão e reflita sobre o conteúdo para tentar outra vez.

Questão 2

“A escola é um ambiente de vida e, ao mesmo tempo, um instrumento de acesso do sujeito à cidadania, à criatividade e à autonomia. Não possui fim em si mesma. Ela deve constituir-se como processo de vivência, e não de preparação para a vida. Por isso, sua organização curricular, pedagógica e didática deve considerar a pluralidade de vozes, de concepções, de experiências, de ritmos, de culturas, de interesses. A escola deve conter, em si, a expressão da convivialidade humana, considerando toda a sua complexidade.” 

(THIESEN, 2008, p. 552)

Nota-se o quão importante são os espaços pedagógicos e ass prática que valorizem a construção de um sujeito emancipado. Isso deve acontecer desde a educação infantil, a partir de um trabalho interdisciplinar. Sobre esse contexto, avalie as afirmativas a seguir:

  1. A perspectiva interdisciplinar possibilita a articulação de vários conhecimentos para a leitura da realidade.
  2. Por meio da perspectiva interdisciplinar é possível ao professor vincular vários campos de experiências em uma mesma prática.
  3. A perspectiva interdisciplinar é um novo modelo pedagógico que visa excluir os currículos das escolas de educação infantil.

É correto o que se afirma em:

Tente novamente...

Esta alternativa está incorreta, leia novamente a questão e reflita sobre o conteúdo para tentar outra vez.

Tente novamente...

Esta alternativa está incorreta, leia novamente a questão e reflita sobre o conteúdo para tentar outra vez.

Tente novamente...

Esta alternativa está incorreta, leia novamente a questão e reflita sobre o conteúdo para tentar outra vez.

Correto!

Apenas a afirmativa III está incorreta, pois a perspectiva interdisciplinar visa formar o sujeito em sua totalidade, articulando conhecimentos fundamentais para seu desenvolvimento e sua aprendizagem. Assim, ela é uma facilitadora do currículo e das possibilidades de efetivação da prática pedagógica. 

Tente novamente...

Esta alternativa está incorreta, leia novamente a questão e reflita sobre o conteúdo para tentar outra vez.

Questão 3

Valentina é professora em um centro de educação infantil e está estudando as possibilidades de efetivar as práticas a partir da BNCC. Ela analisou os cinco campos de experiência e os respectivos objetivos de aprendizagem e, a partir de uma busca, observou o quanto é necessário construir práticas que favoreçam a assimilação do conhecimento. Em sua leitura, a professora observou o papel da comunidade investigativa. Com base no exposto, avalie as afirmativas e marque V para verdadeiro e F para falso:

(  ) A comunidade investigativa é um procedimento metodológico.

(  ) A comunidade investigativa possibilita a reflexão, argumentação, dialogo e criação.

(  ) A comunidade investigativa parte de uma tema do contexto dos alunos que será pensado por meio da pesquisa.

Agora, assinale a alternativa correta:

Correto!

Todas as afirmativas estão corretas, pois a comunidade investigativa é um procedimento metodológico que favorece as possibilidades de refletir, indagar a realidade, criar saberes e atuar na prática social. Ela também deve ser trabalhada a partir da realidade dos sujeitos.

Tente novamente...

Esta alternativa está incorreta, leia novamente a questão e reflita sobre o conteúdo para tentar outra vez.

Tente novamente...

Esta alternativa está incorreta, leia novamente a questão e reflita sobre o conteúdo para tentar outra vez.

Tente novamente...

Esta alternativa está incorreta, leia novamente a questão e reflita sobre o conteúdo para tentar outra vez.

Tente novamente...

Esta alternativa está incorreta, leia novamente a questão e reflita sobre o conteúdo para tentar outra vez.

Referências

BRASIL, Base Nacional Comum Curricular. Brasília: MEC. Versão entregue ao CNE em 3 de abril de 2018. Disponível em: https://bit.ly/2PpTPsE. Acesso em: 5 out. 2020.

JAPIASSU, H. Interdisciplinaridade e patologia do saber. Rio de Janeiro: Imago, 1976.

LIPMAN, M. O pensar na educação. Petrópolis: Vozes, 1995.

SANTOS, N. Filosofia para crianças: investigação e democracia na escola. São Paulo: Terceira Margem, 2000.

THIESEN, J. S. A interdisciplinaridade como um movimento articulador no processo de ensino e de aprendizagem. Revista Brasileira de Educação. São Paulo, v. 13, n. 39, p. 545-598, 2008.

Bons estudos!

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