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Praticar para aprender
Olá, estudante.
Estamos iniciando um novo momento de reflexões na disciplina. Já vimos o quão importante é a avaliação da aprendizagem para os processos desenvolvidos com as crianças de zero a cinco anos. Sendo assim, nessa seção, nossa análise será sobre como uma avaliação formativa pode ser materializada no contexto educativo.
Para isso, observaremos qual é o papel dos instrumentos de avalição. Vamos entender que eles são compreendidos como recursos selecionados pelo professor para extrair das experiências as informações necessárias para compreender como se encontra o processo de desenvolvimento e de aprendizagem dos alunos. Também analisaremos a importância da observação, visto que se refere ao olhar minucioso do professor sobre as ações e características de seus alunos. Para que essa análise seja realizada de forma efetiva, entenderemos o papel dos registros e documentação, os quais propiciam ao docente detalhamentos que servirão de subsídios para a reorganização e construção de práticas pedagógicas.
Estudaremos a finalidade do portfólio como instrumento da avaliação na educação infantil. Para isso, verificaremos como ele deve ser construído, a partir da compilação de informações individuais e coletivas dos alunos. Notaremos que esse instrumento é necessário para a reflexão do professor frente ao aprendizado das crianças e se torna também um registro das aprendizagens dos alunos.
Por fim, nossos estudos serão sobre a participação da família no processo de avaliação, tanto o que se refere ao feedback do processo de desenvolvimento e aprendizagem quanto suas colocações e observações que darão subsídios ao trabalho pedagógico
Na cidade de Girassol, a secretaria municipal de educação organizou uma semana de formação de professores para discutir a avaliação da aprendizagem na educação infantil. Os profissionais dos centros educacionais que atendem esta etapa de ensino ficaram entusiasmados com o momento de estudo, pois eles têm inúmeras dúvidas sobre como pode ocorrer a avaliação das crianças de zero a cinco anos. A pesquisadora Antônia Ferreira foi convidada para ministrar o curso, pois faz pesquisas nesta área há muitos anos. Com base nesta realidade, você se colocará no lugar dos professores que farão o curso e refletirá sobre os desafios e as possibilidades do processo de avaliação da aprendizagem nesta etapa de ensino.
No segundo momento da formação de professores, Antônia aborda com os docentes a relevância de dialogar com as famílias sobre o desenvolvimento e as potencialidades das crianças. Sendo assim, a pesquisadora questiona os professores sobre o modo como dão a devolutiva da aprendizagem para os responsáveis. Antônia observa que o portfólio é um instrumento utilizado por vários docentes no processo avaliativo, sendo assim, ela propõe aos professores uma atividade para que os professores apresentem as características do portfólio. Neste momento, você deverá se colocar no lugar dos professores e apresentar tais aspectos.
Vamos começar?
conceito-chave
Sabemos que a avaliação da aprendizagem é um processo necessário para que possamos acompanhar como os alunos estão se apropriando do conhecimento científico. Nesse contexto, é fundamental que os professores atuantes na educação infantil considerem a concepção formativa no momento de acompanhar o desenvolvimento e a aprendizagem das crianças, pois a partir de suas informações será possível verificar o que foi alcançado e o que ainda necessita de aprimoramento. Pensando sobre esses aspectos, iremos, nesse momento conhecer e estudar os principais instrumentos avaliativos que respaldam o trabalho do professor na primeira etapa de ensino da educação básica. Também analisaremos como deve se configurar a parceria escola e família para auxiliar no processo de aprendizagem dos alunos.
Os instrumentos avaliativos na educação infantil
O professor ao fazer o processo de sistematização das práticas pedagógicas precisa considerar todos os aspectos que favorecem a organização, a realização e o monitoramento do processo de aprendizagem. Dentre esses itens, é de extrema relevância refletir sobre a avaliação, pois ela dará ao docente subsídio para acompanhar como os alunos estão se apropriando do saber e da cultura. Mas, como sabemos, na educação infantil encontram-se algumas peculiaridades, visto que as crianças não são avaliadas para obtenção de notas e conceitos, dando a essa prática o lugar de análise da trajetória de aprendizagem. E por isso é fundamental que você, enquanto futuro professor, conheça quais instrumentos são adequados no momento de avaliar.
De acordo com Castillo (2009) é crucial compreender o que significa um instrumento avaliativo. O autor pontua que ele tem a função de recolher informações sobre como está se configurando o processo de ensino e de aprendizagem, a partir das ações dos diferentes agentes –o professor e os alunos, nesse caso. Em outras palavras, podemos observar o instrumento como:
uma ferramenta específica, um recurso especifico, ou um material estruturado que se aplica executoriamente para recolher os dados de uma forma sistematizada e objetiva acerca de algum aspecto claramente delimitado. O instrumento é o recurso necessário que se utiliza sobre uma técnica específica [...] a avaliação escolar precisa da utilização de diversas técnicas e instrumentos.
A variedade de instrumentos também deve ser um aspecto considerado pelo professor, pois como todos os instrumentos apresentam uma forma peculiar de coletar os dados, quanto maior for o acesso a informações, melhores serão as análises feitas pelo docente. Nesse sentido, é necessário considerar alguns requisitos como: alinhar o instrumento com o objetivo proposto para a aprendizagem, aplicar em situações escolares habituais, permitir analisar a aprendizagem, permitir avaliação do aluno e do trabalho docente (CASTILLO, 2009).
Outro ponto que deve ser considerado nesse processo é a adequação dos instrumentos. Eles devem estar alinhados com realidade, rotina, especificidades e características dos alunos. Também é necessário utilizar os dados coletados como fonte de informação para a intervenção de ações pedagógicas que propiciam o crescimento de toda a turma, por isso a comparação entre as crianças torna-se inviável para o sucesso das práticas.
Apesar de haver diversos instrumentos, eles têm um ponto em comum, ou seja, todos podem ser compreendidos como registros ou documentação pedagógica. Na organização das práticas escolares, o documento como forma de sistematização e junção de dados necessários para o acompanhamento e delineamento das atividades é necessário. Apesar dos inúmeros benefícios que podem ser observados com os registros das práticas, ainda se encontram desafios para sua realização e tomada de decisões a partir deles. Segundo Pinazza e Fochi (2018), a escola deve apresentar aos professores que os registros de acompanhamento da aprendizagem não são apenas um cumprimento burocrático do ofício docente, mas uma ferramenta de trabalho para se traçar objetivos e estratégias pedagógicas. Por essa questão que é necessário investir em formação docente para refletir sobre as vivências escolares. Em uma aprendizagem significativa se pretende coletar dados que, de fato, contribuam para a aprendizagem.
A documentação pedagógica se assenta em uma eleição do que merece ser documentado, da interpretação possível do que se toma como objeto de observação e de registro em um dado contexto. Essa construção interpretativa traz subjacente uma dada gramática pedagógica, orientadora de uma determinada forma de pensar, organizar e conduzir a ação educativa, que, em última instância, define as perguntas formuladas às quais uma boa observação e uma produção de registros do observado devem tentar responder.
Nesse sentido, podemos construir uma documentação pedagógica a partir de uma observação minuciosa e uma escuta aguçada que, ao serem registrados, dão ao docente condição de atribuição de significado. É nesse aspecto que o professor terá condições de articular as práticas cotidianas com os aspectos teóricos que fazem parte de sua base de conhecimento. Vamos pensar em um exemplo: suponhamos que o professor está analisando um brincar livre na creche e percebe que seu aluno de dois anos ao ver uma moto chama-a de bicicleta. Essa ação chama atenção do professor que faz um registro para uma análise posterior. Ao retomar ao fato, o docente constata que isso se refere ao momento em que a criança está tentando encaixar uma nova informação aos esquemas existentes, como apontados pelos postulados de Piaget. Observe que ele só conseguiu articular a teoria com a experiência porque estava atento às ações do aluno e fez o registro da cena. Após essa análise, ele pode fazer uma atividade para que a criança compreenda a moto como um novo objetivo, que se diferencia da bicicleta, apesar da semelhança entre elas.
Com base na colocação de Pinazza e Fochi (2018) esse processo de observar, registrar, analisar e intervir é cíclico e oportuniza aprimoramento na aprendizagem dos alunos e na ação do professor.

Mas esse processo não é simples e apresenta inúmeras questões que merecem nossa atenção. Muitos professores ficam inseguros com a atividade de observação, pois requer tempo e demanda de atenção do docente sobre todas as ações que compõem o cenário da sala de aula. Mas, para auxiliar na construção dessa ação tão importante para a aprendizagem é necessário compreendê-la como uma investigação, ou seja, como busca de informações que, ao serem articuladas com as práticas já existentes, dão a possibilidade de se fazer melhorias no processo de ensino e de aprendizagem. Nesse contexto, o professor avança com a observação quando ele tem clareza sobre o que deve ser analisado e o que será feito com o resultado coletado:
A primeira coisa a notar-se em relação a importante questão de como poderá o indivíduo tornar-se melhor observador é o princípio da seletividade. Ninguém observa tudo, ninguém seria capaz de fazê-lo uma vez que existe tanta coisa a ser observada, às vezes, num só momento. Ser bom observador significa, antes de tudo, observar o que é mais digno de atenção, julgamento que varia de indivíduo para indivíduo e de ocasião para ocasião. Desde que a observação requer atenção e que atenção depende de interesse, é claro que o bom observador precisa estar interessado no que é digno de nota. É aconselhável, portanto, criar interesse pelo que é mais digno de nota e dedicar alguma consideração a este ponto.
É nesse contexto que se faz necessária uma pergunta que direcione o olhar do professor frente ao que vai ser observado e registrado. Para isso, ele deverá alinhar essa ação ao seu planejamento, ou seja, aos objetivos que estão estabelecidos para as práticas pedagógicas. Vamos pensar em um exemplo em que o docente atua com crianças de três anos de idade e nesse bimestre ele está trabalhando a discriminação das cores e formas. O professor já fez um trabalho de apresentação das cores: azul, vermelha, amarela e verde, e das formas: círculo, triângulo e quadrado. Para compreender se as crianças já se apropriaram desses conceitos, ele organizou um momento de brincar dirigido em que as crianças irão construir casas e castelos com peças de madeira, as quais são de diferentes cores e formas. Conforme as crianças brincam, o professor pergunta para elas quais cores e formas se referem às peças selecionadas. A partir da fala dos alunos, o professor faz os registros da observação. Com base nessa situação é possível verificar que a observação do professor está dirigida à constatação dos saberes dos alunos sobre as formas e cores, em outras palavras, seu olhar está direcionado aos saberes indicados no planejamento que já foram trabalhados anteriormente. Nesse contexto, as observações “pretendem construir um entendimento que possa ser compartilhado acerca das maneiras como as crianças interagem com o ambiente, como elas se relacionam com os adultos e com outras crianças e como constroem o próprio conhecimento” (GANDINI; EDWARDS, 2002, p. 151).
Outro ponto que deve ser pauta de discussão quando estamos analisando os caminhos e possibilidades para a observação na educação infantil é que esses materiais coletados pela observação são fontes para as análises das práticas pedagógicas. Quando avaliamos nossos alunos estamos, consequentemente, avaliando nosso próprio trabalho. Desse modo, devemos compreender como nossa postura, linguagem e ação podem ser modificadas, visando o pleno desenvolvimento e aprendizagem por parte dos alunos (PIZZANI; FOCHI, 2018).
Para isso, é de extrema relevância um trabalho colaborativo entre docentes e gestão, favorecendo momento de reflexões coletivas e estudos de casos. Às vezes, os professores poderão apresentar dificuldades em como modificar sua prática e suas ações pedagógicas e, por meio do compartilhamento de experiências, as trocas entre os docentes poderão propiciar momento de aprendizagem. Também é necessário que os professores atuantes na gestão considerem a temática da avaliação da aprendizagem como pauta importante para a formação continuada de professores que atuam na educação infantil.
A avaliação de contexto não incide, portanto, apenas sobre as crianças, sua aprendizagem e desenvolvimento, mas constitui-se em uma proposta orgânica, complexa, contextualizada, que compõe olhar a instituição por dentro, sua equipe, materiais, espaços, etc. Envolve relações macro e micro da política de cada unidade educativa, com o intuito de mapear a realidade, analisá-la, criticá-la e definir ações e indicadores para um plano de melhorias.
Devemos pensar que a avaliação da aprendizagem na educação infantil é uma pauta de todos, de modo que oportuniza feedback para a estruturação de documentos que orientam projetos e práticas na instituição educativa. Olhar para aprendizagem é um modo de garantir os direitos das crianças de zero a cinco anos, e isso deve ser compreendido como ação primordial do trabalho pedagógico.
As contribuições do portfólio para o acompanhamento escolar e a parceria entre família e escola na educação infantil
Como já estudamos, a avaliação da aprendizagem tem um lugar importante nas práticas desenvolvidas na educação infantil. Assim, os registros são o modo de estruturar os aspectos que subsidiarão as novas práticas e o entendimento de como se configura a aprendizagem das crianças de zero a cinco anos. Dentre as possibilidades de organização das informações da avaliação, encontra-se o portfólio, o qual se refere um conjunto de documentos, os quais podem ser notas pessoais, experiências da aula, atividades dos alunos e representações visuais. Ele é um instrumento relevante, pois evidencia os modos como o professor conduziu as atividades e a forma como as crianças se apropriaram dos saberes e vivências. Também é indicado registrar as estratégias adotadas, as interações entre os alunos e a percepção do professor frente à prática pedagógica (VIEIRA, 2002).
Portanto, o uso do portfólio em educação constitui uma estratégia que procura atender à necessidade de aprofundar o conhecimento sobre a relação ensino e aprendizagem, assegurando aos alunos e professores uma compreensão maior do que foi ensinado e, desse modo, índices mais elevados de qualidade. E, no momento em que se procuram encontrar soluções para que a educação acompanhe as rápidas mudanças que ocorrem no mundo atual, parece razoável que a aprendizagem e a avaliação escolar realizada por meio de portfólio sejam pensadas e refletidas como alternativas possíveis.
Ele também é conhecido por outras nomenclaturas, tais como: relato do professor, pasta de atividades, dossiê do docente, entre outros. Sendo assim, ele é um instrumento versátil, visto que pode ser elaborado de diversas formas e pode atingir os objetivos avaliativos de todas as etapas e níveis de ensino. Ele pode ser composto por um conjunto de registros de dados sobre as especificidades do aluno, atividades, trabalhos e pesquisas realizadas por eles, tanto em grupo quanto individualmente. No portfólio também pode se encontrar relato da perspectiva dos docentes sobre o desempenho das crianças nas atividades e práticas pedagógicas (BOTH, 2017).
Nesse contexto, podemos compreender a elaboração do portfólio em três momentos. O primeiro são as notas pessoais dos alunos, em que serão registradas as individualidades de cada educando, seus gostos, características, facilidades e dificuldades. O segundo momento é a compilação dos trabalhos e atividades, de modo que cada pintura, desenho e escrita serão agrupados como registros das vivências. Com a autorização dos pais, os docentes também poderão fotografar as atividades e interações com as crianças. Por fim, o último momento são os registros dos professores sobre as atividades observadas. Algo interessante é um registro da observação do grupo todo, como um comentário geral, e relatos pontuais de cada criança para serem registradas no portfólio dos alunos (BOTH, 2017).
A construção do portfólio pode se dar de inúmeras formas, tais como: pastas, fichários, cadernos, pastas em pen drive, entre outros. É interessante o professor também construir um caderno de anotação para si, como um “diário”, o qual auxiliará no momento de reflexão sobre as futuras práticas que irá desenvolver e a construção dos portfólios individuais de cada aluno. Outro ponto que merece destaque é a necessidade de explicar para a criança sobre a importância do portfólio. O docente pode pensar em um modo lúdico de dizer para ela que o portfólio é um “baú” que guarda os “tesouros” conquistados todos os dias na escola, por exemplo. É necessário elas terem a compreensão que tudo o que fazem no centro de educação infantil tem um motivo, o qual contribui para seu desenvolvimento e aprendizagem (BOTH, 2017).
Um ponto necessário que o professor também precisa considerar é o momento do feedback. Na educação infantil é fundamental conversar com as crianças, de forma lúdica, sobre a aprendizagem, no entanto o ponto focal do feedback são os responsáveis pelos alunos. Não podemos esquecer que eles devem fazer parte das discussões sobre a aprendizagem, visto que também são responsáveis por assegurar o direito à educação de seus filhos. Essa responsabilidade não cabe apenas à matrícula, mas também ao acompanhamento da vida escolar e ao suporte aos professores e profissionais da escola. Nesse contexto, a família tem que ser compreendida como uma aliada da escola para potencializar o processo de aprendizagem das crianças. As famílias também podem contribuir com o processo de avaliação, por meio de informações e observações que verificam em casa. Vamos refletir: as crianças adoram contar sobre seu dia, o que aprenderam e o quanto brincaram, além de construir relações entre o contexto e as vivências experimentadas na escola. Nesse contexto, os responsáveis podem estar atentos a esses sinais para repassar aos professores, visando à amplificação das ações e compreensão do repertório das crianças (OLIVEIRA; ARAÚJO, 2010).
É nesse contexto que a parceira deve ser estreitada, de modo que o professor faça o feedback das crianças para que os responsáveis saibam como os processos estão caminhando. Esse retorno pode acontecer de inúmeras formas, como a apresentação do portfólio, o qual possui anotações, ilustrações e informações sobre o aprendizado. Outra sugestão interessante é o professor deixar ao final do portfólio um espaço para que os responsáveis apresentem suas impressões sobre o material, o que foi trabalhado e os avanços das ações para a aprendizagem das crianças. O feedback também poderá acontecer a partir de reuniões em que os professores irão relatar como está o processo de aprendizagem. Nesse momento, o docente deverá perguntar aos responsáveis informações peculiares sobre as crianças, como os pais estão verificando o desenvolvimento e quais são as evidências sobre a internalização dos saberes pelas crianças, os quais são manifestados nos lares (OLIVEIRA; ARAÚJO, 2010).
Outro caminho interessante para esse trabalho colaborativo entre família e escola são discussões feitas para conscientizar os responsáveis sobre os benefícios de sua participação para a vida acadêmica dos alunos. É necessário que o professor explique para a família o porquê da devolutiva e da socialização das informações e, também, dê dicas de como observar o processo de desenvolvimento e aprendizagem. Precisamos construir uma cultura de harmonia entre família e escola, pois os processos devem ser democráticos e compartilhados, visando o sucesso acadêmico de todos os alunos, inclusive das crianças (OLIVEIRA; ARAÚJO, 2010).
Assimile
A avaliação contínua que ocorre na educação infantil auxilia na sistematização do processo, pois leva o docente a observar mais metodicamente os alunos e entender melhor como aprendem, de modo a ajustar de maneira mais minuciosa e individualizada suas intervenções pedagógicas e as situações didáticas que propõem. Nesse caso, a observação feita pelo professor deve se dar de modo a comparar o aluno com ele mesmo, ou seja, é necessário revisitar os registros anteriores para compreender em quais pontos o aluno avançou no desenvolvimento e o que ainda precisa ser lapidado no processo.
Reflita
Verifica-se que no planejamento pedagógico a avaliação da aprendizagem também é um item central no trabalho desenvolvido na educação infantil. Ela deve ser formativa e contínua, levantando informações que possibilitarão aprofundamento das práticas e ações em sala de aula. Mas, é necessário ao professor conhecer sua importância e refletir sobre maneiras de avaliar as crianças. Considerando esses aspectos e pensando no trabalho do pedagogo que atua na gestão, como orientar os professores frente à avaliação da aprendizagem na educação infantil? Como os professores podem recorrer ao gestor para auxiliar nesse processo?
Exemplificando
O portfólio é um instrumento avaliativo que auxilia o professor no processo de acompanhamento e avaliação das práticas pedagógicas. Na educação infantil, ele é um documento fundamental para todos os envolvidos: docente, alunos e família. Nesse contexto é importante entendermos que o portfólio não é apenas uma compilação das atividades dos alunos, ele também deve apresentar anotações pessoais sobre as ações das crianças e reflexões do professor subsidiadas pelos pressupostos teóricos. Por exemplo, a professora observa uma cena em que a criança está brincando de faz de conta e nesse momento ela interpreta o papel da professora. A docente faz registros sobre as ações da criança, colocando que ela apresenta características, falas e postura semelhante às suas. Ao final da anotação, a docente pode apresentar uma análise teórica, como apontado por Vigostski, de que a criança se constitui no contato com o outro e a cultura, e suas ações expressam o modo como ela se apropriou dessas relações e desses saberes. Veja, não é apenas uma descrição de um fato, mas uma análise de como a criança está se desenvolvendo.
Foco na BNCC
A Base Nacional Comum Curricular apresenta reflexões importantes sobre a avaliação da aprendizagem. Segundo o documento, é fundamental o acompanhamento tanto essas práticas quanto as aprendizagens das crianças, fazendo a observação da trajetória de cada aluno e de todo o grupo – suas conquistas, avanços, perspectivas e aprendizagens. A partir dos diversos registros, feitos em diferentes momentos tanto pelos professores quanto pelas crianças (como relatórios, portfólios fotografias, desenhos e textos), sem pretensão da seleção, promoção ou classificação dos alunos.
Esses assuntos são muito interessantes, não é mesmo?
Mas ainda não acabou, te espero para nosso próximo momento.
Faça a valer a pena
Questão 1
No que se refere ao trabalho do professor, verificamos que:
“Parte do trabalho do educador é refletir, selecionar, organizar, planejar, mediar e monitorar o conjunto das práticas e interações, garantindo a pluralidade de situações que promovam o desenvolvimento pleno das crianças” (BRASIL, 2018, p. 39).
Esse excerto é da BNCC, documento que também indica que o professor deve acompanhar o processo de aprendizagem a partir de uma avaliação contínua. Considerando as atribuições do professor nesse contexto, avalie as afirmativas e marque V para verdadeiro e F para falso:
( ) O professor deve compreender a avaliação como um item do planejamento que deverá estar alinhado aos objetivos de aprendizagem.
( ) O professor deverá fazer observações e análise das experiências educativas para adequar as ações pedagógicas.
( ) O professor deve considerar as especificidades da criança, comparando-a consigo mesma para entender os aspectos de avanços e desafios.
Agora, assinale a alternativa correta.
Correto!
Todas as afirmativas estão corretas, pois o professor deve compreender o processo de avaliação como uma coleta de informações que subsidiam seu trabalho. Nesse processo é necessário observar e analisar as situações à luz do conhecimento científico para organizar estratégias de intervenções que beneficiarão o trabalho pedagógico.
Tente novamente...
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Questão 2
Verifica-se que o portfólio:
“origina-se do latim na junção dos termos portaré e fólium, que, traduzidas para o português, significam portar folhas, sendo essa uma de suas atribuições, visto que nele geralmente consta uma sequência de folhas arquivadas, pretendendo oferecer a visualização de um determinado objetivo. No Brasil, a adoção e utilização do portfólio no âmbito escolar vêm crescendo nas últimas décadas” (CORREIA; SOUZA, 2015, p. 526).
Considerando as especificidades do portfólio para a avaliação na educação infantil, avalie as afirmativas a seguir:
- O portfólio é um instrumento que auxilia na atribuição de notas e conceitos na educação infantil.
- O portfólio propicia ao professor atribuição de aptidão e classificação dos alunos, visando a análise para a progressão das crianças.
- O portfólio deve obter informações que dão suporte para o acompanhamento e análise do desenvolvimento e aprendizagem dos educandos.
É correto o que se afirma em:
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Correto!
Apenas a terceira afirmativa está correta, pois o portfólio não é utilizado em uma perspectiva somativa, sendo assim, ele torna-se um caminho para compreender os avanços que ocorreram no processo e o que ainda necessita de lapidação.
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Questão 3
As crianças de zero a cinco anos têm o direito à educação, como indicado na legislação. Para que isso se efetive de forma consolidada, verifica-se o papel fundamental da parceria entre família e escola. Sendo assim, o professor poderá estabelecer diálogo com os responsáveis para obter informações que auxiliam na organização do trabalho pedagógico. Considerando esse contexto, avalie as afirmativas a seguir:
- Por meio dos indicativos propiciados pelas famílias, o professor poderá adequar a prática, visando estimular os alunos.
- O professor deve dar um feedback aos pais sobre as práticas pedagógicas e o modo como os alunos estão respondendo as ações.
- A família deve atuar de forma participativa na vida escolar das crianças e tomar decisões de cunho pedagógico.
É correto o que se afirma em:
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Correto!
Verifica-se que a terceira alternativa está incorreta. Ao analisar os referenciais teóricos que discutem essa temática, verificamos que os pais podem participar da vida escolar, propiciando informações e suporte. No entanto, o planejamento das práticas pedagógicas é uma atividade exclusiva do docente.
Tente novamente...
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Referências
BRASIL. Base Nacional Comum Curricular. Brasília: MEC. Versão entregue ao CNE em 3 de abril de 2018. Disponível em: https://bit.ly/2OM9Mcs. Acesso em: 30 nov. 2020.
BOTH, I. J. Avaliação planejada, aprendizagem consentida: é ensinado que se avalia, é avaliando que se ensina. Curitiba: Intersaberes, 2017.
CASTILLO, S. Avaliação educacional e promoção escolar. São Paulo: Unesp, 2009.
CORREIA, L. C.; SOUZA, N. A. O portfólio como instrumento autoavaliativo às crianças da educação infantil. XVI Semana de Educação VI Simpósio de Pesquisa e Pós-graduação em Educação. Londrina, 2015. Disponível em: https://bit.ly/3mKUUYq Acesso em: 30 nov. 2020.
GANDINI, L.; EDWARDS, C. et al. (Orgs). Bambini: a abordagem italiana à educação infantil. Porto Alegre: Artmed, 2002.
PINAZZA, M. A.; FOCHI, P. S. Documentação pedagógica: observar, documentar e (re)criar. Revista Linhas. Florianópolis, v. 19, n. 40, p. 184-199, 2018.
OLIVEIRA, C. B. E.; ARAÚJO, C. M. M. A relação família e escola: interseções e desafios. Estudos de Psicologia. Campinas, v. 27, n. 1, p. 99-108, 2010.
SCHLINDWEIN, L. M.; DIAS, J. Avaliação de Contexto na Educação Infantil: diferenciação e conflito na formação docente. Pro-Posições, Campinas, v. 29, n. 2, May/Aug. 2018.
VIEIRA, V. M. O. Portfólio: uma proposta de avaliação como reconstrução do processo de aprendizagem. Psicol. Esc. Educ., Campinas, v. 6, n. 2, Dec. 2002.
WOODWORTH, Robert S.; MARQUIS, Donald G. Psicologia. São Paulo: Companhia Editora Nacional, 1971 (Atualidades Pedagógicas, 67)