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Os neurônios são responsáveis pela condução do impulso nervoso.
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Thiago, Lucas e Gustavo estavam conversando com alguns amigos e no meio da conversa ficaram sabendo que a atriz Cláudia Rodrigues descobriu, no ano 2000, que tem esclerose múltipla, ficando afastada do trabalho desde 2009, devido a um agravamento da doença, e apenas há pouco tempo voltou a trabalhar. Diante dessas informações sobre a atriz, os três alunos ficaram muito curiosos para saber mais informações sobre essa patologia.
Quais foram os principais sintomas da esclerose múltipla que obrigaram a atriz a ter que parar de trabalhar por vários anos?
A recepção, a transmissão e o processamento dos estímulos estão sob a responsabilidade das células nervosas ou dos neurônios, influenciando diversas atividades do organismo e liberando os neurotransmissores e outras moléculas importantes.
Os neurônios são formados pelo corpo celular, que contém o núcleo, saindo dele existem os prolongamentos, que geralmente possuem o volume total de um neurônio e são maiores do que o volume do corpo celular.
A morfologia do neurônio apresenta três componentes:
A parte que contém o núcleo e o citoplasma que envolve o núcleo é chamada de corpo celular ou pericário, que é principalmente um centro trófico, mas também apresenta uma função receptora e integradora dos estímulos, recebendo estímulos excitatórios e inibitórios gerados em outras células nervosas.
Os neurônios podem ser classificados de acordo com sua morfologia em:
A maioria dos neurônios é multipolar. Os neurônios bipolares são encontrados apenas nos gânglios coclear e vestibular, na retina e na mucosa olfatória, enquanto os neurônios pseudounipolares são encontrados nos gânglios espinais, que são os gânglios sensoriais situados nas raízes dorsais dos nervos espinais, e também nos gânglios cranianos.
Quanto à função, os neurônios são classificados em:
Os mamíferos, através da evolução, apresentaram um grande aumento no número e na complexidade dos interneurônios, sendo que as funções mais complexas e de mais alto nível do sistema nervoso dependem das interações dos prolongamentos de muitos neurônios.
O neurônio é a célula do sistema nervoso responsável pela condução do impulso nervoso.
As neuróglias possuem um menor tamanho do que os neurônios, sendo de cinco a 50 vezes mais numerosas. Em comparação com os neurônios, as neuróglias não geram ou propagam potências de ação e possuem a capacidade de se multiplicar e se dividir em um sistema nervoso maduro. Nos casos de doença ou lesão, vão multiplicar-se nos espaços que eram ocupados antes pelos neurônios. É classificada através do tamanho, dos processos citoplasmáticos e da organização celular em quatro tipos: astrócitos, oligodendrócitos, micróglia e células ependimárias.
O sistema nervoso central contém bilhões de neurônios que estão organizados em redes chamadas de circuitos neuronais, que são divididos em: circuito divergente, convergente, reverberativo e paralelo de pós-descarga.
Os axônios que são circundados por um revestimento de múltiplas camadas de proteínas e lipídios que possuem uma bainha de mielina são chamados de mielínicos. Essa bainha consegue isolar eletricamente o axônio de um neurônio, possibilitando o aumento da velocidade de condução do impulso nervoso. Já os axônios que não possuem esse revestimento são chamados de amielínicos e têm uma velocidade de condução do impulso nervoso muito menor.
A substância branca corresponde a uma agregação de axônios que são mielinizados e amielínicos, já a substância cinzenta contém os corpos celulares neuronais, dendritos, axônios amielínicos, terminais axônicos e neuroglia. Observa-se que existe pouca ou nenhuma mielina em todas essas áreas.
O local de comunicação entre dois neurônios ou entre um neurônio e uma célula efetora é chamado de sinapse. Nesse local existem três componentes básicos:
A esclerose múltipla é uma doença autoimune crônica progressiva, de etiologia desconhecida, caracterizada por uma reação inflamatória, que afeta as fibras nervosas mielínicas do cérebro e da medula espinhal, destruindo parcialmente ou totalmente a mielina, levando ao aparecimento de vários sinais e sintomas. A esclerose múltipla, assim como a doença de Alzheimer, é considerada uma doença neurodegenerativa.
Na esclerose múltipla, podem ser acometidas diferentes regiões do sistema nervoso, sendo que os sintomas podem surgir na forma de surtos, ou seja, surgem de repente, podendo então piorar e posteriormente melhorar, reduzindo os sintomas. Os sintomas iniciais costumam ser variados e dependem da região do sistema nervoso afetada. Essa patologia é caracterizada por uma completa aleatoriedade com relação à frequência e à severidade dos sintomas, sendo a primeira manifestação da doença entre os 20 e 40 anos de idade, e geralmente os sintomas duram de semanas a meses, muitas vezes com recuperação completa nesse primeiro momento. Os principais sintomas são: dificuldade de equilíbrio, alterações da bexiga ou do intestino, mudanças bruscas de humor e depressão, dificuldade de memória e raciocínio, fraqueza muscular e impotência sexual.
Os mecanismos envolvidos no desenvolvimento da doença são conhecidos, porém a causa ainda é desconhecida, acredita-se que possa ser: genética, infecciosa e imunológica.
A esclerose múltipla pode assumir: a forma recrudescente, quando ocorrem sinais discretos e isolados; e a forma progressiva, quando os sintomas se acumulam ao longo do tempo.
Recrudescente: reaparecimento dos sintomas mais fortes ainda após uma remissão temporária.
Não existe nenhuma forma de cura eficaz para a esclerose múltipla, sendo que o tratamento é baseado na tentativa de melhorar as funções fisiológicas comprometidas após um ataque, na prevenção de novos episódios e na prevenção da degenerescência.
Muitos pacientes com esclerose múltipla são tratados com injeções de interferon beta, um tipo de tratamento que tem a finalidade de prolongar o tempo entre as recidivas, diminuindo também a gravidade delas, porém nem todos os casos respondem na mesma proporção com a utilização desse medicamento. A expectativa de vida dos pacientes com esclerose múltipla é de 5 a 10 anos a menos comparado com o restante da população.
Para você conhecer um pouco mais sobre a esclerose múltipla, acesse o site da Associação Brasileira de Esclerose Múltipla (ABEM).
Como base no que você estudou, responda: quais regiões do corpo a esclerose múltipla pode acometer? Como os sintomas podem se manifestar?
Deborah Aquino descobriu que o seu marido tinha esclerose múltipla e criou a associação dos Amigos e Portadores de Esclerose Múltipla, uma associação sem fins lucrativos, com a finalidade de prestar serviços voluntários com profissionais da saúde. Além desse serviço, são realizadas também oficinas de artes plásticas, trabalhos manuais e artesanatos.
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