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O coração está posicionado sobre o diafragma e tem aproximadamente 12 cm de comprimento, 9 cm de largura e 6 cm de espessura. Convidamos você a estudar as principais estruturas que compõem o coração, como as câmaras cardíacas, o pericárdio e as valvas e ruídos cardíacos.
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Durante uma aula de Ciências Morfológicas, o professor começou a falar sobre todas as estruturas que compõem o coração e foi associando esse conteúdo a patologias, lançando, aos poucos, alguns desafios para os alunos.
Explicou que a artéria aorta é a maior e a mais importante artéria, responsável por levar o sangue oxigenado para todas as partes do corpo através da circulação sistêmica. Logo em seguida, abordou uma patologia chamada de síndrome de Marfan, descoberta pelo médico francês Antoine Bernard Jean Marfan há mais de 110 anos. Essa patologia é definida por uma associação de diversos sintomas e características causadas por alterações genéticas. Essa alteração genética é resultante de uma mutação que afeta o cromossomo 15, um cromossomo não sexual e considerado dominante, o quer dizer que ocorre mesmo quando o defeito genético aparece em apenas um dos representantes do par de cromossomos.
Nesse momento, o professor começou a dar exemplos de várias pessoas conhecidas que tinham a doença de Marfan, como o 16º Presidente dos Estados Unidos, Abraham Lincoln, o violinista Niccolò Paganini, o roqueiro Joey Ramone, da banda Ramones, e o ator Vincent Schiavelli. O professor disse também que cerca de ¾ dos pacientes com essa síndrome morrem em decorrência de problemas cardíacos.
Em seguida, olhou para os alunos e lançou o seguinte desafio: “Quero que vocês façam uma pesquisa sobre a síndrome de Marfan, correlacionando-a a todos os problemas cardiovasculares que essa síndrome gera em crianças e adolescentes, e o tipo de atividade física recomendado para esse grupo de pacientes”.
Assim como os alunos Thiago, Lucas e Gustavo, você também terá condições de responder à situação-problema após a leitura de todo o material.
O coração possui um tamanho de aproximadamente 12 cm de comprimento, 9 cm de largura e 6 cm de espessura, com um peso médio 300 g nos homens e 250 g nas mulheres. Está posicionado sobre o músculo diafragma, próximo da linha mediana da cavidade torácica no mediastino, com uma massa que se estende do esterno até a coluna vertebral e entre as pleuras dos pulmões e cerca de 2/3 da massa do coração estão situados à esquerda na linha mediana do corpo.
Pericárdio
O pericárdio é a membrana que envolve e protege o coração. Ao mesmo tempo que limita a posição do coração, dá liberdade a ele para movimentar-se suficientemente de forma vigorosa e rápida. O pericárdio é dividido em duas partes principais: pericárdio fibroso e pericárdio seroso.
Parede cardíaca
A parede do coração é formada por três camadas: epicárdio, miocárdio e endocárdio.
Vamos conhecer mais detalhadamente essas camadas:
Câmaras cardíacas
O coração é constituído por quatro câmaras, sendo duas câmaras superiores, chamadas de átrios, e duas câmaras inferiores, chamadas de ventrículos . Ele atua como uma bomba, sendo dividido em duas partes distintas: o lado direito do coração, que bombeia o sangue para os pulmões, e lado esquerdo do coração, que bombeia o sangue para os órgãos periféricos. Cada uma dessas partes é uma bomba pulsátil, dividida por duas câmaras compostas por um átrio e um ventrículo.
Os átrios possuem paredes finas, enquanto os ventrículos têm paredes mais espessas. Apesar de os ventrículos direito e esquerdo atuarem como duas bombas separadas, que vão simultaneamente ejetar volumes de sangue, o lado direito acaba apresentando uma menor carga de trabalho quando comparado com o ventrículo esquerdo, que precisa bombear o sangue para distâncias muito maiores, para outras partes do corpo e a resistência ao fluxo é maior ainda, fazendo que o ventrículo esquerdo trabalhe mais do que o direito para manter a mesma intensidade de fluxo sanguíneo. A própria parede do ventrículo esquerdo é mais espessa do que a do ventrículo direito.
A principal função do ventrículo é a de bomba, enquanto o átrio possui uma função secundária de bomba, sendo a sua principal função servir como um reservatório de sangue.
O primeiro coração artificial brasileiro é fruto do trabalho de 14 anos de pesquisa liderada pelo Dr. Aron de Andrade e sua equipe do Instituto de Cardiologia Dante Pazzanese. O coração artificial pode contribuir muito para a diminuição do tempo de espera por transplante cardíaco.
Valvas e ruídos cardíacos
As valvas possuem a função de controlar o fluxo, permitindo que o sangue flua ou não pare a circulação. Quando estão abertas, há um gradiente de pressão ou diferença de pressão que força o sangue para frente. Quando estão fechadas, existe um gradiente de pressão ou diferença de pressão que força o sangue para trás. Nesse momento, as valvas são fechadas para que não exista o refluxo de sangue, uma condição que é considerada patológica, indicando uma insuficiência cardíaca.
As valvas atrioventriculares impedem o refluxo de sangue dos ventrículos para os átrios, sendo duas (tricúspide e mitral). A valva mitral está situada entre o átrio esquerdo e o ventrículo esquerdo, e a valva tricúspede está situada entre o átrio direito e ventrículo direito.
As valvas semilunares impedem o refluxo de sangue das artérias para os ventrículos. Também são duas (aórtica e pulmonar). A valva aórtica está situada entre a artéria aorta e o ventrículo esquerdo. Já a valva pulmonar está situada entre a artéria pulmonar e o ventrículo direito.
Existem diferenças entre as valvas atrioventriculares e as valvas semilunares. Devido às grandes pressões nas artérias, ao final da sístole, forçando as valvas semilunares a se fecharem mais suavemente em comparação com o fechamento das valvas atrioventriculares, devido à sua menor abertura. A velocidade de ejeção do sangue pelas valvas aórtica e pulmonar é bem maior do que pelas valvas atrioventriculares, muito maiores.
Portanto, em função do fechamento súbito e da rápida ejeção, as bordas das valvas semilunares estão sujeitas a um desgaste mecânico muito maior do que as valvas atrioventriculares, que também são sustentadas por cordas tendíneas.
Existem patologias que podem danificar ou destruir as valvas cardíacas, como a doença inflamatória sistêmica aguda ou febre reumática, que ocorre após uma infecção estreptocócica na garganta. Essas bactérias vão enfraquecendo toda a parede do coração, porém atacando frequentemente as valvas mitral e aórtica.
A abertura das valvas não é audível, não produzindo nenhum ruído, ao contrário de seu fechamento, quando as diferenças de pressão produzem um ruído que é propagado do tórax em várias direções.
No início da contração ventricular, o som auscultado está relacionado com o fechamento das valvas atrioventriculares, mantendo-se por período relativamente longo, correspondendo à primeira bulha cardíaca. Quando as valvas semilunares fecham-se, produzem um ruído relativamente rápido, correspondendo à segunda bulha cardíaca.
Existe ainda um ruído que pode estar presente durante a contração atrial, devido ao grande volume de sangue que está fluindo para os ventrículos que já estão quase cheios, correspondendo, então, à terceira bulha cardíaca.
A circulação sistêmica ou grande circulação é constituída pelo sangue que entra pelo coração através da veia pulmonar – átrio esquerdo – valva mitral – ventrículo esquerdo – valva aórtica – artéria aorta. Esse sangue é ricamente oxigenado e será ejetado sob alta pressão pela artéria aorta para toda a circulação.
Circulação pulmonar
A circulação pulmonar ou pequena circulação é formada pelo sangue que entra no coração através da veia cava superior e veia cava inferior – átrio direito – valva tricúspede – ventrículo direito – valva pulmonar – artéria pulmonar. Esse sangue possui uma grande concentração de dióxido de carbono, sendo recolhido por toda a circulação contendo os produtos finais do metabolismo e, através da artéria pulmonar, será ejetado para o pulmão para sofrer a hematose.
A velocidade do fluxo sanguíneo é muito baixa nos capilares, fazendo dessa região o local ideal para a troca de substâncias difusíveis entre o sangue e os tecidos.
Portanto, o sistema cardiovascular é formado por uma bomba e por uma série de tubos de distribuição (artérias), de colheita (veias) e, ainda, por extenso sistema de vasos com paredes muito finas que permitem trocas rápidas entre os tecidos e os canais vasculares.
Circulação coronariana
A circulação coronariana está relacionada com o fluxo sanguíneo para todos os tecidos do coração. São as primeiras ramificações da aorta que vão contornar o coração; é semelhante a uma coroa, o que explica seu nome (coronárias, semelhante à coroa), dividindo-se em vasos cada vez menores que vão penetrando mais profundamente dentro do coração.
Todos os vasos estão interligados de forma que, se ocorrer algum problema que dificulte o suprimento através de uma rota, existe a chance de o sangue seguir por outro caminho.
Síndrome de Marfan
Patologia que apresenta uma alteração genética, a qual é resultado de uma mutação que afeta o cromossomo 15, um cromossomo não sexual, que é dominante, o que significa que ocorre mesmo quando a alteração genética aparece em apenas um dos representantes do par de cromossomos. É caracterizada pela associação de diversos sintomas e características causados por essas alterações genéticas.
A síndrome de Marfan afeta cerca de 1 em cada 5 mil habitantes, e não existe nenhuma relação quanto à raça ou condição geográfica, sendo que cerca de 1/4 dos indivíduos não tem histórico familiar. O diagnóstico não é fácil de ser feito devido à grande variabilidade de sinais entre os portadores, além de existirem várias características que podem ser confundidas com outras anomalias.
Os pacientes apresentam uma estatura avantajada, com membros e dedos bastante alongados pelo fato de não existir controle do crescimento devido à ação das fibras elásticas. Os tecidos e os órgãos desses pacientes perdem a capacidade de ajustarem as pressões em que são submetidos, consequentemente apresentam alterações ósseas, ruptura da retina e dos órgãos, como fígado, baço, pulmões e coração.
No coração dos pacientes com síndrome de Marfan existem alterações nas valvas cardíacas, dissecações ou aneurismas na aorta, que fica sujeita a maiores pressões hidrostáticas cardíacas.
Atualmente, com o avanço da ciência, existe a possibilidade da colocação de próteses aórticas e também o uso de β bloqueadores com a finalidade de controlar o fluxo sanguíneo, aumentando a expectativa de vida.