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SISTEMA NERVOSO PERIFÉRICO, NERVOS CRANIANOS, NERVOS ESPINHAIS E PLEXOS

Paulo Heraldo Costa do Valle

O que constitui o sistema nervoso periférico?

O sistema nervoso periférico é constituído por nervos, plexos, terminações nervosas e gânglios.

Fonte: Shutterstock.

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Convite ao estudo

Nesta unidade, serão abordados os temas relacionados ao sistema nervoso periférico. Vamos estudar todas as estruturas que compõem o sistema nervoso periférico e sua divisão em sistema nervoso somático e autônomo, bem como a classificação dos principais fármacos que atuam no sistema nervoso central e no sistema nervoso autônomo e as principais patologias que acometem o sistema nervoso.

Thiago, Lucas e Gustavo ingressaram esta semana no segundo semestre de um curso da área da saúde e, a cada dia que passa, eles estão mais interessados em aprender ainda mais sobre a anatomia, embriologia, fisiologia, farmacologia, histologia e patologia, procurando relacionar todos os conhecimentos adquiridos ao seu dia a dia.

Em cada seção desta segunda unidade, você vai acompanhar os três estudantes em uma nova situação-problema e vai conseguir encontrar respostas junto com eles.

Preparado? Então, vamos começar a segunda unidade?  

Boa sorte nos estudos!

Praticar para aprender

Thiago, Lucas e Gustavo estavam em um churrasco com um grupo de amigos da universidade e começaram a falar de música, principalmente dos grupos de rock brasileiro. No meio dessa conversa, foi citado o cantor e compositor Herbert Vianna, líder da banda Os Paralamas do Sucesso.

Herbert sofreu um traumatismo cranioencefálico, devido a um acidente com ultraleve no dia 04/02/2001, no litoral sul do Rio de Janeiro, tendo uma hemorragia craniana. Ele ficou em estado gravíssimo, com a probabilidade de vida na época do acidente de apenas 10%. No entanto, em poucos dias, ele saiu do coma e, mais tarde, recuperou a memória, a qual havia perdido. O que justifica a sua incrível recuperação?

Nesta seção, você vai aprofundar-se no estudo do sistema nervoso periférico através do estudo dos nervos cranianos e espinhais, plexos, lesão medular e todas as suas consequências.

Com certeza, todo esse conteúdo vai dar condições para os três alunos e você conseguirem responder à pergunta sobre a recuperação do cantor Herbert.

Conceito-chave

O sistema nervoso periférico é constituido por nervos, terminações nervosas, plexos e gânglios. 

NERVOS CRANIANOS E ESPINHAIS

Os 12 pares de nervos cranianos são numerados em numeral romano de I a XII e emergem todos da base do encéfalo. Todos eles estão listados no quadro a seguir.

Quadro 2.1 | Pares de nervos cranianos
NERVOS CRANIANOS
I – Nervo olfatório V – Nervo trigêmeo IX – Nervo glossofaríngeo
II – Nervo óptico VI – Nervo abducente X – Nervo vago
III – Nervo oculomotor VII – Nervo facial XI – Nervo acessório
IV – Nervo troclear VIII – Nervo vestibulococlear XII – Nervo hipoglosso
Fonte: Tortora (2013).
Assimile

A maioria dos pares de nervos cranianos estão associados com o tronco encefálico e podem estar no bulbo, ponte ou mesencéfalo.

O bulbo contém os núcleos associados com os nervos cranianos: vestibulococleares (VIII), glossofaríngeo (IX), vagos (X), acessórios (XI) e hipoglossos (XII), já a ponte contém os nervos cranianos: trigêmeos (V), abducentes (VI) faciais (VII) e vestibulococleares (VIII), e o mesencéfalo contém os nervos: oculomotores (III) e trocleares (IV).

A medula espinhal é segmentada e está organizada em 31 pares de nervos espinhais, que estão nomeados de acordo com a sua localização em: 8 pares de nervos cervicais (C1 a C8), 12 pares de nervos torácicos (T1 a T12), 5 pares de nervos lombares (L1 a L5), 5 pares de nervos sacrais (S1 a S5) e 1 par de nervos coccígeos (Co1).

Os nervos espinhais são considerados como as vias de comunicação entre a medula espinhal e os nervos que suprem as regiões específicas do corpo. Existem 2 feixes de axônios que recebem o nome de raízes (anterior e posterior) e vão conectar cada nervo espinhal a uma parte da medula espinhal. A raiz anterior contém os axônios dos neurônios motores que conduzem os impulsos nervosos a partir do sistema nervoso central para as células e os órgãos efetores, enquanto na raiz posterior os axônios sensitivos vão conduzir os impulsos nervosos a partir dos receptores sensoriais na pele, músculos e órgãos para o sistema nervoso central.

PLEXOS

Os axônios que são provenientes dos ramos anteriores dos nervos espinhais, com exceção dos nervos torácicos de T2 a T12, não vão seguir diretamente para as estruturas do corpo que inervam, e sim formam redes de nervos nos lados direito e esquerdo do corpo, unindo uma grande quantidade de axônios que são provenientes dos ramos anteriores dos nervos adjacentes, recebendo o nome de plexos. Os principais plexos dos nervos espinhais são:
Vocabulário

Plexo: é uma expressão originada do latim, plexu, que significa “enlaçamento”, designando a anatomia em rede relacionada com o sistema nervoso.

NERVOS INTERCOSTAIS

Os ramos anteriores dos nervos espinhais T2 a T12 não entram na formação dos plexos e são chamados de nervos torácicos ou intercostais, sendo que inervam diretamente as estruturas que suprem os espaços intercostais. Após deixar o forame intervertebral, o ramo anterior do nervo T2 inerva os músculos intercostais do 2º espaço intercostal e inerva a pele da axila e da face póstero-medial do braço. Os nervos T3 a T6 estendem-se ao longo dos sulcos costais das costelas e passam para os músculos intercostais e para a pele da parede torácica anterior e lateral. Os nervos T7 a T12 inervam os músculos intercostais e do abdome e a pele. Os ramos posteriores dos nervos intercostais inervam os músculos dorsais profundos e a pele da face posterior do tórax.

TERMINAÇÕES NERVOSAS 

As terminações nervosas são divididas em livres e encapsuladas, sendo que as livres são os receptores para a dor, temperatura, cócegas, coceira e sensações táteis, enquanto as encapsuladas são os receptores para o tato, pressão e vibração. Os principais receptores são:

LESÃO MEDULAR

É definida como uma lesão na medula espinhal, com a presença de alterações na parte motora e na sensibilidade, as quais dependem da localização e da extensão da lesão. Quanto mais alta é a lesão, ou seja, quanto mais próxima do cérebro, maior é a perda, e quanto mais baixa é a lesão ou mais distante do cérebro, menor é a perda. Dependendo, então, do nível atingido, os movimentos e as sensações corporais poderão estar parcialmente reduzidos ou totalmente perdidos abaixo do nível da lesão.

A lesão medular pode ser reversível ou irreversível, sendo que a irreversível pode ser causada por um corte transversal da medula ou por causas congênitas, e a reversível pode ser causada por compressão medular (quando ainda é possível intervir a tempo para remover cirurgicamente a causa da compressão) ou por doenças infecciosas ou degenerativas. Existem três causas de lesão medular, que são:

Paraplegia

A paraplegia é a perda do controle e da sensibilidade dos membros inferiores. Ela pode ser de dois tipos: flácida ou espástica, sendo que a flácida é quando ocorre a perda de tônus muscular, sendo acompanhada habitualmente por anestesia cutânea e abolição dos reflexos tendinosos, enquanto na espástica é observada a hipertonia dos músculos.

Pesquise mais

Para conhecer um pouco mais sobre lesão medular, leia o seguinte artigo:

BAMPI, Luciana Neves da Silva; GUILHEM, Dirce; LIMA, David Duarte. Qualidade de vida em pessoas com lesão medular traumática: um estudo com o WHOQOL-bref. Rev. Bras. Epidemiol., São Paulo, v. 11, n. 1, p. 67-77, mar. 2008. 

PLASTICIDADE NEURONAL

Atualmente, sabe-se que o sistema nervoso é muito flexível e plástico. O que explica cada vez mais a recuperação dos pacientes após uma lesão medular é a capacidade do sistema nervoso de se recuperar, que pode ser chamada de plasticidade neuronal. Isso significa que o sistema nervoso tem a capacidade de mudar, adaptar-se e moldar-se a novas situações, pois os circuitos neuronais são muito maleáveis, conseguindo adaptar-se após as lesões.

Faça você mesmo

Após todas as informações apresentadas, procure colocar em uma folha tudo o que você julga importante com relação a uma lesão medular, destacando as consequências dessa lesão.

Exemplificando
No dia 27 de janeiro de 2014, a ex-ginasta Laís Souza sofreu um grave acidente, chocando-se contra uma árvore em Salt Lake City, nos Estados Unidos, e teve séria lesão em C3, comprometendo as suas funções motora, sensitiva e autonômica. A atleta perdeu movimentos, sensibilidade e controle de todos os órgãos abaixo do pescoço.

Em tratamento nos Estados Unidos, recebeu injeções de células-tronco na medula, sendo, então, a primeira brasileira tetraplégica a receber tratamento com células-tronco nos Estados Unidos, trazendo, então, para ela uma maior sensibilidade em algumas partes do corpo, como pés, mãos, braços, abdome e costela.

De volta ao Brasil, ela continuou o seu tratamento com células-tronco, e 10 meses após a lesão foi detectado que a lesão foi convertida de completa para incompleta. De acordo com o seu médico, a partir de agora será possível o acesso a outros tipos de tratamentos inovadores.

Vocabulário

Tetraplegia: perda do controle e da sensibilidade dos membros superiores e inferiores.

Gânglios nervosos: estruturas constituídas por aglomerados de corpos celulares de neurônios situados fora do sistema nervoso central. 

Bons estudos!

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