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PRINCIPAIS PATOLOGIAS E FÁRMACOS ENVOLVIDOS COM O SISTEMA RESPIRATÓRIO

Paulo Heraldo Costa do Valle

Problema respiratório: qual é a patologia em questão?

Nesta seção, você aprenderá a diferenciar as patologias do sistema respiratório e, além disso, conhecerá os principais fármacos envolvidos no tratamento dessas doenças.

Fonte: Shutterstock.

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Praticar para aprender

Thiago, Lucas e Gustavo estão na última semana de estágio no ambulatório do setor de pneumologia do hospital Mãe de Deus.

Como alguns hospitais estaduais estão em greve e essa semana está muito fria, com temperaturas abaixo de zero, o que não se registrava há mais de 20 anos em toda a região, o hospital Mãe de Deus está com a ocupação máxima, sem condições de receber pacientes para internação por falta de leitos, o que tem acarretado o aumento no número de pacientes na enfermaria esperando para serem atendidos ou internados.

De todos os pacientes que os três alunos observaram, eles ficaram bastante interessados no caso de uma criança que estava na enfermaria esperando para ser atendida, um menino chamado Matheus, de 9 anos. De acordo com a sua mãe, ele está com “problema respiratório” (crise respiratória), apresentando “grande dificuldade para respirar” (dispneia) e “forçando bastante o peito para encher o pulmão de ar” (musculatura acessória da respiração sendo recrutada em cada respiração), o que tem deixado a criança bastante cansada, principalmente ao realizar atividade física.

Segundo o relato da mãe de Matheus, ele sempre teve essas crises, mas, pelo que ela falou, parece que elas estão ficando cada vez mais recorrentes e mais intensas. De acordo com a opinião da mãe, a crises coincidem com o período em que seu marido, pai do Matheus, voltou a morar com eles, mas ela realmente não sabe dizer o que pode estar provocando essas crises em seu filho. Quanto ao seu marido, ela relatou que ele é muito atencioso com o filho, mas que tem o grande defeito de sempre fumar dentro de casa, inclusive perto do Matheus.

Com base em todas essas informações, qual é a patologia em questão? Quais são os principais agentes causadores dessas crises respiratórias? Além da dispneia, quais são os outros sintomas? Quais são as consequências, caso não haja tratamento adequado?

conceito-chave

Asma

A asma é definida como uma inflamação crônica das vias aéreas, hipersensibilidade das vias respiratórias a uma variedade de estímulos. Esse processo pode ser parcialmente revertido espontaneamente ou, ainda, por meio de um tratamento.

Em muitos casos, o agente causador é um alérgeno como o pólen, ácaros de poeira doméstica, mofo ou restos de alimento. A crise também pode ser provocada por perturbações emocionais, exercícios físicos, respirar o ar frio ou, ainda, a fumaça de cigarro.

Na fase inicial aguda, o espasmo é acompanhado por um excesso de secreção de muco, o que provoca a obstrução dos brônquios e bronquíolos, piorando ainda mais a crise, enquanto a resposta em uma fase crônica é caracterizada por inflamação, fibrose, edema e necrose.

Os principais sintomas são: dispneia, tosse, respiração ofegante, rigidez torácica, taquicardia, fadiga e ansiedade.

Na crise aguda, o tratamento é feito com base na inalação de um fármaco na intenção de relaxar o músculo liso nos bronquíolos com a finalidade de expandir as vias aéreas; já na fase crônica, a finalidade é diminuir a inflamação.

Bronquite

A bronquite é definida como um distúrbio caracterizado por uma secreção excessiva do muco bronquial, que é acompanhada por tosse produtiva, ou seja, aumento da quantidade de secreção que pode durar pelo menos três meses durante dois anos consecutivos. A principal causa da bronquite é o fumo. Esses irritantes inalados levam à inflamação crônica e a um aumento no tamanho e na quantidade de glândulas mucosas. Esse muco grosso que se encontra em excesso estreita a via respiratória, prejudicando a função ciliar.

O principal sintoma é a tosse produtiva, além da dispneia, ruídos na respiração, cianose e hipertensão pulmonar.

Pesquise mais

Agora, aproveite para aprofundar o estudo sobre as duas patologias que acabamos de estudar: asma e bronquite, por meio da leitura desse artigo: AMORIM, J. R. G.; OLIVEIRA, A. M.; NEVES, D.; OLIVEIRA, G. P. Associação entre variáveis ambientais e doenças respiratórias (asma e bronquite) em crianças na cidade Macapá-AP no período de 2008 a 2012. Revista Internacional de Direito Ambiental e Políticas Públicas, n. 5, p. 141-153, 2013.

Figura 4.10 | Edema pulmonar
Fonte: iStock.

Edema pulmonar

O edema pulmonar é definido como um acúmulo anormal de líquido que está localizado nos tecidos dos pulmões, acarretando no paciente dispneia, tosse, exaustão, chiado no peito, cianose e presença de sangue no escarro.

É considerado uma das principais causas de emergências médicas e em muitos casos pode levar a óbito.

Embolia pulmonar

A embolia pulmonar é definida como uma obstrução das artérias pulmonares por coágulos, os quais podem ser trombos ou êmbolos, geralmente formados nas veias profundas das pernas ou da pélvis, sendo liberados na circulação sanguínea. Mais raramente, podem existir casos de embolias gordurosas, que podem ser provocadas por traumas ou fraturas, embolias aéreas (bolhas de ar) e de líquido amniótico.

Os principais fatores de risco são: imobilidade prolongada, cirurgias extensas, câncer, traumas, anticoncepcionais com estrógeno, reposição hormonal, gravidez, pós-parto, varizes, obesidade, tabagismo, insuficiência cardíaca, idade superior a 40 anos e distúrbios na coagulação do sangue.

Nos casos de trombos pequenos ou que são rapidamente desfeitos, os sintomas costumam ser leves e muitas vezes podem passar despercebidos. Nos casos em que os trombos afetam uma artéria pulmonar, os sintomas são: dor torácica repentina que tende a aumentar de intensidade, dispneia, taquicardia, frequência respiratória aumentada, palidez e ansiedade, pele e unhas azuladas, tosse seca e febre.

Existem algumas medidas preventivas que podem ser tomadas, como a utilização de fármacos anticoagulantes e trombolíticos em pacientes de alto risco, o uso de meias elásticas, atividade física para os pacientes pós-operatórios, com a finalidade de movimentar as pernas nos períodos de grande imobilidade.

O tratamento para essa patologia pode ser realizado por meio da utilização de O2 e heparina por administração intravenosa e, ainda, por meio de um fármaco de ação rápida, com a finalidade de evitar o aumento dos coágulos já existentes e a formação de novos coágulos.

Enfisema

Figura 4.11 | Enfisema
Fonte: iStock.

O enfisema é definido como um distúrbio caracterizado pela destruição das paredes dos alvéolos, uma menor área para a troca gasosa, menor difusão de O2 devido à membrana respiratória estar alterada. Com a progressão da destruição das paredes dos alvéolos, a retração elástica do pulmão vai diminuindo devido à perda das fibras elásticas, provocando um aumento na quantidade de ar que fica aprisionado nos pulmões ao final da expiração. Com a progressão da doença, o paciente passa a ter uma alteração na caixa torácica, sendo então chamada de tórax em barril.

O enfisema é ocasionado principalmente através da irritação prolongada, tendo a fumaça do cigarro como a principal causa, além da poluição do ar e a exposição ocupacional aos poluentes industriais.

O tratamento é baseado em primeiro lugar na interrupção definitiva do hábito de fumar, remoção dos irritantes ambientais, prática supervisionada de exercícios por profissional habilitado, realização de exercícios respiratórios, utilização de broncodilatadores e oxigenoterapia.

Pneumonia

Figura 4.12 | Pneumonia
Fonte: iStock.

A pneumonia é definida como uma infecção ou inflamação aguda dos alvéolos, podendo ser causada por bactérias, vírus, fungos, substâncias inorgânicas e por reações alérgicas, sendo que a causa mais comum é a bactéria Streptococcus pneumoniae, que pode ser tratada através de antibióticos.                                

Um dos principais sintomas é a tosse, sendo principalmente observada em crianças e idosos, além de confusão mental, febre, alteração da pressão arterial, mal-estar generalizado, falta de ar e secreção purulenta de coloração verde-amarelada que vai ser eliminada através da tosse.

Existem alguns fatores de risco que podem contribuir para o aparecimento da pneumonia, sendo o mais importante e o mais frequente o tabagismo, uma vez que o fumo por si só causa uma reação inflamatória que facilita, também, a entrada de outros agentes agressores nos pulmões, sendo que o álcool pode ser considerado o segundo fator, pois as pessoas que costumam beber apresentam imunidade diminuída. Outro fator de risco é a existência de uma doença pulmonar prévia como a bronquite crônica.

Nas pessoas idosas, as vias respiratórias e os tecidos ficam menos elásticos e mais rígidos, a parede torácica também tende a ficar mais rígida, provocando a diminuição da capacidade pulmonar. Também é observada uma diminuição nas concentrações sanguíneas de O2, diminuição dos macrófagos alveolares e redução da ação ciliar do epitélio que reveste o trato respiratório.

Sinusite

Figura 4.13 | Sinusite
Fonte: iStock.

É definida como a inflamação das mucosas dos seios da face, região que compreende as cavidades ósseas ao redor do nariz, maçãs do rosto e olhos.

Quanto aos sintomas, a sinusite pode ser dividida em: sinusite aguda e sinusite crônica.

Na sinusite aguda pode existir dor de cabeça na região do seio da face que está mais comprometida. Essa dor pode ser uma pontada, pulsátil ou uma sensação de pressão ou peso na cabeça. Na maioria dos casos, ocorre a obstrução nasal devido à presença de secreção, que pode ser amarela, esverdeada ou sanguinolenta, dificultando então a respiração. Pode ocorrer também febre, tosse, coriza, perda de apetite e dores musculares.         

Os sintomas da sinusite crônica são os mesmos, porém existe certa variação com relação à intensidade, já que podem estar ausentes a dor nos seios da face e a febre. A tosse é o sintoma que está mais presente, geralmente é noturna e a intensidade fica aumentada quando a pessoa deita.

Os seios da face dão ressonância à voz, tendo a função de aquecer o ar inspirado. São revestidos por uma mucosa que é parecida com a do nariz, região que é rica em glândulas produtoras de muco e coberta por cílios que possuem movimentos vibratórios que conduzem o material estranho que fica retido no muco para a parte posterior do nariz com a finalidade de eliminá-lo.

O fluxo da secreção mucosa dos seios da face é permanente e imperceptível. Alterações anatômicas, que impedem a drenagem da secreção, e processos infecciosos ou alérgicos, que provocam inflamação das mucosas e facilitam a instalação de germes oportunistas, são fatores que predispõem à sinusite.

Uma das principais recomendações é diluir a secreção para que ela seja eliminada com mais facilidade, portanto deve-se beber no mínimo dois litros de água diariamente, deve-se também realizar inalações com solução salina, soro fisiológico ou vapor de água quente para ajudar na eliminação das secreções.

Nos casos em que o tratamento não é realizado de maneira adequada, a sinusite pode se tornar crônica.

Exemplificando

Existem locais ou situações que devem ser evitados pelos pacientes que têm doenças respiratórias, como os ambientes com ar-condicionado, pois, além de ressecar as mucosas e dificultar a drenagem das secreções, pode também acabar disseminando agentes infecciosos, principalmente fungos que contaminam os seios da face.

Assimile

O termo sinusite, apesar de ser amplamente utilizado, poderia ser substituído pela palavra rinossinusite, uma vez que dificilmente ocorre a inflamação dos seios paranasais sem o acometimento da mucosa nasal.

Classificação e identificação dos principais fármacos

Os fármacos utilizados para o tratamento das doenças respiratórias podem ser aplicados na mucosa nasal, inalados, via oral ou via parenteral, por meio da absorção sistêmica.

Os nebulizadores e os inaladores são os mais utilizados, uma vez que o fármaco atinge o tecido-alvo, minimizando então os efeitos adversos.

Para o tratamento das doenças respiratórias, os principias fármacos utilizados são os mucolíticos e os broncodilatadores.

Mucolíticos

A finalidade dos fármacos mucolíticos é modificar a produção e a viscosidade do muco dentro dos pulmões, tornando-o menos espesso e facilitando seu deslocamento para a laringe, estimulando a tosse. Geralmente sua prescrição é feita para os pacientes que possuem tosse crônica.

Broncodilatadores

São fármacos que têm a finalidade de promover a dilatação dos brônquios. A principal via de administração é inalatória, porém, devido à ação direta nas vias aéreas e à menor incidência dos efeitos colaterais, existem também fármacos na forma de comprimidos, líquidos e injetáveis.

O aparelho utilizado para a inalação dos broncodilatadores é chamado de nebulímetro. Ele possui um inalador dosimetrado, o que quer dizer que, quando ele é acionado, é liberada uma pequena dose do fármaco.

Referências

AMORIM, J. R. G. et al. Associação entre variáveis ambientais e doenças respiratórias (asma e bronquite) em crianças na cidade Macapá-AP no período de 2008 a 2012. Revista Internacional de Direito Ambiental e Políticas Públicas, v. 5, p. 141-153, 2013.

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