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SISTEMA NERVOSO PERIFÉRICO, SISTEMA NERVOSO AUTÔNOMO E SOMÁTICO

Paulo Heraldo Costa do Valle

Qual é a diferença entre o sistema nervoso somático e o sistema nervoso autônomo?

O somático é um sistema motor voluntário e está sob o controle consciente, já o autônomo é involuntário e controla as funções de todos os órgãos.

Fonte: Shutterstock.

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Praticar para aprender

Thiago, Lucas e Gustavo leram na internet que a atriz Joana Fomm está com uma patologia chamada de disautonomia, que inclusive a deixou afastada do trabalho.

Os três alunos ficaram muito curiosos para saber o que é essa patologia e quais seriam os efeitos provocados.

Com base nessas informações, responda às seguintes perguntas: o que é essa patologia? Quais são os sinais e sintomas? Dê um exemplo de um teste que pode avaliar essa patologia.

Conceito-chave

SISTEMA NERVOSO SOMÁTICO

É um sistema motor que é voluntário e está sob o controle consciente, sendo que cada uma de suas vias é formada por um neurônio motor e fibras musculares esqueléticas que são inervadas por ele. O corpo celular do neurônio motor que está localizado no sistema nervoso central, tronco encefálico e na medula espinhal estabelece conexões sinápticas diretamente com o músculo esquelético, ou seja, o órgão efetor.

A acetilcolina é liberada dos terminais pré-sinápticos dos neurônios motores, ativando os receptores nicotínicos que estão localizados na placa motora do músculo esquelético. Um potencial de ação no neurônio motor vai produzir um potencial de ação na fibra muscular, levando à contração do músculo.

SISTEMA NERVOSO AUTÔNOMO

O sistema nervoso autônomo é dividido em dois ramos: simpático e parassimpático. No simpático, os gânglios estão localizados ao lado da medula espinhal e distantes do órgão efetor, enquanto no parassimpático os gânglios estão distantes do sistema nervoso central e próximos ou dentro do órgão efetor.

Os dois ramos inervam os mesmos órgãos, porém com funções antagônicas: enquanto um estimula, o outro inibe.

O sistema nervoso autônomo é um sistema involuntário que controla e modula as funções de todos os órgãos. Cada via no sistema nervoso autônomo é formada por dois neurônios, um neurônio pré-ganglionar e um neurônio pós-ganglionar.

O corpo celular de cada neurônio pré-ganglionar está situado no sistema nervoso central. Os axônios desses neurônios pré-ganglionares fazem sinapse com os corpos celulares dos neurônios pós-ganglionares em um dos vários gânglios autônomos localizados fora do sistema nervoso central. Os axônios dos neurônios pós-ganglionares se dirigem para a periferia, em que vão fazer sinapse nos órgãos efetores viscerais, como o coração, bronquíolos, músculo liso vascular, sistema gastrointestinal, entre outros órgãos.

Os neurônios pré-ganglionares vão sempre liberar a acetilcolina, enquanto os neurônios pós-ganglionares vão liberar a acetilcolina ou norepinefrina.

Vocabulário

Midríase: dilatação da pupila, que pode ser fisiológica ou patológica.

Miose: contração da pupila, que pode ser fisiológica ou patológica.

Piloereção: ereção do pelo.

O quadro a seguir apresenta os sistemas simpático e parassimpático relacionando-os à função que eles desempenham em vários órgãos.

Quadro 2.2 | Funções do sistema simpático e parassimpático
ÓRGÃO
SIMPÁTICO
PARASSIMPÁTICO
Olhos Midríase Miose
Glândulas salivares Pouca saliva e espessa Salivação fluida
Pele Piloereção (sudorese) -
Vasos sanguíneos Vasoconstrição, hipertensão Vasodilatação glândulas e genitália
Coronárias Vasodilatação Vasoconstrição
Coração Taquicardia, ↑ fração de ejeção Bradicardia, ↓ fração de ejeção
Pulmão Broncondilatação Broncoconstrição
Gastrointestinal ↓ Tônus e motilidade
↓ Secreção Glandular 
(Fígado ↑ glicogenólise
↑ glicemia)
↑ Tônus e motilidade
↑ Secreção glandular
(Pâncreas, secreção de insulina reduz a glicose)
Bexiga ↓ Tônus e mobilidade ureter
Relaxamento detrusor
Contração trígono e esfíncteres intestinais
↑ Tônus e mobilidade ureter
Contração detrusor
Relaxamento trígono e esfíncteres intestinais
Genitais Ejaculação
Emissão do sêmen
Contração trompa e útero
Orgasmo
Contração útero durante a gravidez
Ereção 
Secreção vaginal
Ereção clitóris
Engurgitamento pequenos lábios
Fonte:Tortora (2012, p. 683).

POTENCIAL DE MEMBRANA E IMPULSO NERVOSO

No momento em que um neurônio é excitado por um estímulo, os canais de Na+ vão abrir, permitindo uma rápida entrada de Na+ para dentro da célula. Essa entrada de íons positivos vai fazer com que o potencial de membrana passe de – 70mV para +35mV. A alteração da diferença do potencial é chamada de despolarização.

A despolarização dura por volta de 1,5 milésimos de segundo; posteriormente, aumenta-se a permeabilidade da membrana para o K+, permitindo a saída de K+ para fora da célula, enquanto a permeabilidade dos canais de Na+ já volta ao estado de repouso.Neste momento, ocorre uma queda do potencial de membrana até que atinja o seu valor de repouso, sendo chamado esse período de repolarização.

É necessária uma intensidade mínima para ser gerado um potencial de ação; esse estímulo mínimo é chamado de estímulo limiar. O potencial de ação gerado na área da membrana que foi estimulada vai propagar-se até a área vizinha, conduzindo, então, à despolarização, ocasionando uma sucessão de despolarização e repolarização ao longo da membrana do neurônio, o que constitui o impulso nervoso, propagado apenas em um sentido, sempre dos dendritos para o axônio.

SINAPSES

As sinapses são os pontos de contato entre os neurônios ou outras células efetoras, responsáveis pela transmissão unidirecional dos impulsos nervosos. Sua função é transformar um sinal elétrico do terminal axônico (pré-sináptico) em sinal químico que atua sobre a célula (membrana) pós-sináptica, transmitindo o impulso nervoso.

Sinapses químicas

A sinapse química inicia-se com a secreção de um neurotransmissor que vai atuar nas proteínas receptoras presentes na membrana do neurônio subsequente, causando a excitação ou inibição. O terminal pré-sináptico é separado do corpo celular do neurônio pós-sináptico pela fenda sináptica.

Figura 2.1 | Sinapses químicas
Fonte: iStock.

Neurotransmissores

São mensageiros químicos produzidos pelos neurônios, enviando informações para as outras células, estimulando a continuidade do impulso nervoso ou efetuando a reação final no órgão efetor.

A transmissão de informações nas sinapses químicas vai envolver a liberação de um neurotransmissor da célula pré-sináptica, a difusão pela fenda sináptica e as ligações dos receptores específicos na membrana pós-sináptica, provocando uma alteração no potencial de membrana.

Os neurotransmissores são: acetilcolina, noradrenalina, dopamina, serotonina, glutamato, ácido α aminobutírico e endorfinas.

Exemplificando

Algumas funções que o neurotransmissor serotonina desempenha sobre o nosso organismo são: interferência no humor, ansiedade e agressão. Sua diminuição provoca desordens de humor, depressão, transtorno obsessivo compulsivo, aumento de apetite, aumento de latência do sono.

Transmissão sináptica excitatória

Esse tipo de transmissão vai despolarizar a célula pós-sináptica, proporcionando ao potencial de membrana ficar muito perto do limiar e próximo para disparar um potencial de ação. Os neurotransmissores excitatórios são: acetilcolina, norepinefrina, epinefrina, dopamina, glutamato e serotonina.

Transmissão sináptica inibitória

Essa transmissão provoca uma hiperpolarização na célula pós-sináptica, fazendo com que o potencial de membrana fique mais afastado ainda do limiar e, consequentemente, mais distante de um potencial de ação. Os neurotransmissores inibitórios são: ácido α aminobutírico e glicina.

DISAUTONOMIA

É uma disfunção do sistema nervoso autônomo, caracterizada por um conjunto de manifestações clínicas com uma grande variedade de sinais e sintomas.

Os principais sinais e sintomas são: fadiga excessiva, sede excessiva, vertigem associada à hipotensão ortostática, aumento da frequência cardíaca, alterações na pressão arterial, dispneia, incontinência urinária, refluxo e vômitos, transpiração excessiva ou falta de sudorese e problemas sexuais, como a disfunção erétil em homens e secura vaginal e dificuldades de orgasmo nas mulheres.

As causas da doença ainda não são totalmente esclarecidas, mas sabe-se que estão relacionadas a fatores genéticos e hereditariedade, a doenças virais e autoimunes (como diabetes), cardiovasculares e neurológicas degenerativas (como Parkinson e fibromialgia) ou a traumatismos na cabeça.

Para avaliar se o paciente apresenta essa patologia, existe um teste que é chamado de teste de inclinação ortostática, e ele é realizado da seguinte maneira: o paciente vai iniciar o teste em repouso (deitado) e, posteriormente, serão realizadas progressivas elevações na maca até 60 ou 70 graus, devendo ser colocadas faixas de segurança sobre a cintura e os joelhos. O tempo total do teste pode durar até 45 minutos, em caso de um teste prolongado.

Pesquise mais

Para conhecer um pouco mais sobre o teste de inclinação ortostática, você pode ler o artigo:

AVALIAÇÃO não invasiva na síncope vasovagal – o papel do teste de inclinação. Sociedade de Cardiologia do Estado do Rio de Janeiro, [s.d.]. 

Faça você mesmo

Procure colocar em um papel todas as informações importantes que foram abordadas nesta seção, resumindo os pontos principais. Essa atividade vai auxiliar você a resolver a situação-problema apresentada.

Bons estudos!

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