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sem medo de errar
Para resolvermos a situação-problema apresentada, você, caro aluno, já adquiriu os conhecimentos necessários durante esta seção. Você já é capaz de descrever todas as fases do desenvolvimento embrionário, desde o momento em que ocorre a fertilização até o momento do nascimento, descrevendo os principais eventos e modificações do feto. Vamos relembrar o cenário hipotético criado?
O casal que fez a técnica de fertilização in vitro, na clínica de reprodução humana onde você trabalha, teve sucesso com a fertilização. F.L.S. (a mulher) e o seu esposo, serão pais de gêmeos, após ter sido detectada uma gestação múltipla em um dos ultrassons feitos. No ultrassom realizado na décima sexta semana de gestação, a expectativa dos pais era em saber o sexo dos gêmeos, mas devido ao posicionamento dos fetos, foi possível visualizar somente a genitália externa de um dos fetos (uma menina). No entanto, por se tratar de uma gestação de gêmeos monozigóticos, você poderia facilmente dizer o sexo do outro bebê, certo? Foi possível, ainda, visualizar outras estruturas formadas, além das genitálias. Quais outras estruturas são formadas durante esta semana do desenvolvimento fetal?
Você aproveitou para alertar aos pais que em casos de gestações múltiplas as chances de os bebês nascerem antes da data provável do parto, em um parto prematuro, são maiores. Por que os bebês que nascem antes da vigésima sexta semana têm menos chance de sobrevivência? E no caso de gêmeos que compartilham a mesma placenta, qual síndrome pode ser desenvolvida?
Você deve se lembrar que as gestações múltiplas estão associadas a um risco maior de morbidade e mortalidade fetal, quando comparadas às gestações de um único concepto. Por esta razão, os cuidados durante a gravidez devem ser intensificados e o acompanhamento durante a gestação gemelar monocoriônica (em que os fetos compartilham a mesma cavidade coriônica) deve ocorrer em intervalos menores, para o benefício da saúde da mãe e dos fetos, pois caso qualquer alteração seja notificada, há possibilidades maiores de intervenção. A gravidez de gêmeos monozigóticos (MZ), também chamados de univitelinos ou monocoriônicos, ocorre da fertilização de um único ovócito, ou seja, formação de um único zigoto. Durante o desenvolvimento do zigoto, nos estágios iniciais de divisão celular, a massa celular interna se divide em dois grupos separados de células dentro da mesma cavidade do blastocisto, dando origem aos gêmeos monozigóticos, que compartilham a mesma placenta e cavidade coriônica, no entanto cada um tem o seu âmnio. Há outras possibilidades de formação dos gêmeos MZ. Os gêmeos MZ são sempre do mesmo sexo, são chamados de gêmeos idênticos, por isso você poderia afirmar que o casal está à espera de duas meninas.
Durante a décima sexta semana de desenvolvimento, a face já está formada, é possível verificar os lábios, a boca, nariz e bochechas do feto. Além da genitália externa desenvolvida, é possível ver o início da formação do cabelo e dos cílios. Os membros superiores já estão bem desenvolvidos e os movimentos dos membros e dos olhos já é perceptível no ultrassom, no entanto, a mãe só passa a senti-los fisicamente por volta da décima sétima semana e vigésima semana.
Os fetos que nascem antes da vigésima sexta semana de desenvolvimento ainda têm o sistema respiratório muito imaturo e por mais que recebam cuidados intensivos, fiquem em incubadoras, a probabilidade de sobrevivência é pequena. Ainda não têm também um peso “adequado” e o risco de desenvolver problemas neurológicos é muito grande. Após este período, os pulmões começam a amadurecer e já conseguem realizar trocas gasosas mesmo que necessitem de auxílio, aumentando as chances de sobrevivência.
No caso de gêmeos que compartilham a mesma placenta, pode ocorrer a síndrome da transfusão feto-fetal, em que há um desequilíbrio na proporção de sangue que um feto recebe em relação ao outro. Durante o desenvolvimento, o feto é totalmente dependente da placenta para crescer, nutrir-se e amadurecer, mas quando o compartilhamento da placenta favorece um feto em relação ao outro, por mais que eles sejam geneticamente idênticos, um feto acaba sendo prejudicado, é menor se comparado ao outro e pode não sobreviver. O diagnóstico pode ser realizado por ultrassom, geralmente em torno da décima nona semana de gestação, podendo em alguns casos precoces ser identificado com 16 semanas.
Finalizamos mais este desafio proposto, continue praticando e não se esqueça que este é somente um caminho para a resolução da situação apresentada, você pode explorá-lo de outras formas.
Avançando na prática
O prolapso do cordão umbilical
Jovem de 31 anos entra em trabalho de parto, o médico de plantão verificou um padrão anormal na frequência cardíaca do feto e ao tentar mudar a jovem de posição verificou o cordão umbilical saindo pela vagina da mulher antes de visualizar o feto. A ruptura das membranas fetais já havia ocorrido, bem como o derrame do líquido. Rapidamente, a enfermeira mantém o feto dentro do corpo da mãe e será realizado um parto por cesariana (feito através de cirurgia) de urgência, para que o cordão prolapsado não interrompa o fornecimento de sangue para o feto.
Diante desta situação, durante o parto da jovem ocorreu um evento raro, o prolapso do cordão umbilical (o cordão umbilical precede o bebê através da vagina, podendo interromper o fluxo de sangue ao feto). Como você explica a importância do fluxo sanguíneo através do cordão umbilical para o feto? De acordo com o texto, as membranas fetais e o líquido citados se referem respectivamente a quais componentes embrionários? Estas membranas são expelidas juntamente com a placenta após a ruptura de qual membrana?
Primeiramente, para resolvermos a situação é necessário lembrar da importância do cordão umbilical para o feto. O cordão umbilical, composto por duas artérias e uma veia, é uma espécie de tubo, responsável por conectar o embrião/feto à placenta. Através do cordão, o feto recebe nutrientes da placenta e faz as trocas gasosas através do fluxo sanguíneo materno-fetal. Caso este fluxo seja interrompido durante o parto, ocorrerá uma deficiência de oxigênio para o feto e, caso ela persista, em poucos minutos pode causar uma anóxia fetal (falta de oxigênio para o feto) e o cérebro deste poderá ser danificado ou até mesmo causar a sua morte. Por isso, nestes casos, quando o prolapso do cordão umbilical não é detectado antes do parto, é necessário manter o feto dentro do corpo da mãe, com o intuito de impedir a compressão e possível rompimento ou obstrução do cordão com o nascimento do feto.
Geralmente, a mulher entra em trabalho de parto após a ruptura da membrana amnicoriônica (o “tampão”). O líquido descrito é o líquido amniótico, que com o rompimento da membrana amniocoriônica é expelido do corpo da mulher, assim como a placenta e as membranas fetais (âmnio e o córion).