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Caro aluno, o quanto nós já aprendemos sobre a unidade fundamental para a existência da vida, não é mesmo? Diferenciamos seres unicelulares de seres pluricelulares, seres procariontes de seres eucariontes, células animais de células vegetais, além de estudarmos a composição e a estrutura destas unidades microscópicas que têm diversas funções dependendo do seu tipo celular. Mas, independentemente do seu tipo celular, vimos que elas têm características em comum, como a membrana plasmática que controla a entrada e saída de substâncias da célula e confere proteção; o citoplasma composto pelo citoesqueleto, que traz sustentação e manutenção às células, bem como a presença de inúmeras organelas, presentes ou ausentes, de acordo com o tipo celular; e o material genético, responsável por conter toda a informação e as características da célula. Elas se comunicam, certo? E é por meio desta comunicação que elas desempenham as suas funções.
Uma de suas propriedades fundamentais, capaz de diferenciar os seres vivos de seres inanimados, é a sua capacidade de se reproduzir. Você já parou para pensar que um ser humano é composto por bilhões de células, todas originadas de uma única célula, o zigoto? Como ocorre o crescimento celular e como as células se multiplicam e se dividem em novas células é um dos temas que abordaremos nesta seção.
Todos os organismos vivos têm um ciclo de vida, que envolve diversas transformações para que possa manter a vida: é preciso se desenvolver, crescer, se reproduzir e se manter até deixar de existir. O mesmo ocorre com as células, elas têm o ciclo celular e estudaremos em detalhes cada uma de suas fases e os processos que as envolvem, compreenderemos o processo de divisão celular utilizado para quase todas as necessidades de um organismo, que permite a manutenção e renovação de células, produzindo cópias idênticas, a mitose. Ao mesmo tempo, pensando em reprodução, estudaremos também a meiose, processo presente em organismos que fazem reprodução sexual, como os seres humanos. A partir da fecundação, há a formação de um zigoto, que iniciará a formação e o desenvolvimento de uma nova vida, conheceremos também um pouco do processo de diferenciação celular e como uma célula cujo material genético é idêntico a outra pode adquirir funções diferentes. E, claro, assim como as células se multiplicam e se diferenciam, para que seja mantida a homeostase ou equilíbrio dos organismos, alguns mecanismos são extremamente necessários, como a morte celular programada. Talvez lhe pareça estranho pensar em como seria uma morte programada, mas saiba que ela é essencial para eliminar células danificadas ou que deixam de ser úteis ao organismo, ela está diretamente relacionada ao surgimento de tumores e outras patologias. As doenças autoimunes também são influenciadas por este processo.
Para discutirmos os temas dessa seção, dentro de possíveis situações profissionais, continuaremos acompanhando o nosso professor universitário durante as suas aulas para discentes da área da saúde, que continua a introduzir os conteúdos didáticos associados a situações reais presenciadas pelos seus alunos, buscando despertar a curiosidade e o interesse pelos temas discutidos.
Mais uma vez, o cenário gira em torno das instabilidades ambientais às quais estamos expostos e que em determinadas situações geram prejuízos à saúde humana. A poluição do ar está associada a um número crescente de doenças notificadas, como doenças pulmonares, cardíacas, demência, problemas no fígado, câncer, fertilidade, dentre outras. Apesar de as células conseguirem tolerar pequenas variações sem tantos prejuízos, muitas vezes elas não conseguem manter o seu funcionamento íntegro, o que pode desencadear inúmeras patologias.
Dando continuidade ao tema da aula, os alunos estavam debatendo a respeito do câncer, que segundo dados da Organização Mundial da Saúde (OMS) é a segunda principal causa de morte a nível global. Em 2018, foram calculadas aproximadamente 9,8 milhões de mortes pela doença. O câncer de pulmão, seguido dos cânceres de mama e colorretal são os mais (OPAS Brasil, 2018).
A seguinte fala de um aluno foi notada pelo professor: “meu tio tem 57 anos, começou a emagrecer muito, sentir dores no ombro, e nos joelhos, e estava tendo muitas tosses secas e dificuldade para respirar mesmo quando fazia atividades de médio esforço, o que o prejudicou no desempenho de algumas atividades em seu trabalho. Ele é construtor civil há anos e fumou desde a sua adolescência, mas parou recentemente. Minha tia o levou ao médico e ele foi diagnosticado com câncer de pulmão, começará o tratamento com quimioterapia na próxima semana”.
Diante deste fato, como o professor poderia relacionar a fala do aluno ao conteúdo didático de sua disciplina? Como o câncer está relacionado ao ciclo celular, aos processos de mitose e meiose e até mesmo à morte celular e à diferenciação das células? Como você, no lugar deste professor, explicaria o assunto a seus alunos?
Entender a vida, suas etapas e como ela se multiplica é importante. Quando há falhas nesse percurso, elas podem ser ajustadas com cuidados especiais. Vamos juntos desvendar, então, o ciclo celular?
Todas as células têm capacidade de crescer e se reproduzir, e a única forma de uma célula se reproduzir é duplicar uma célula já existente. Para as células se reproduzirem, elas fazem uma série de eventos organizados de forma cíclica. Há um aumento coordenado das substâncias e moléculas em seu interior, incluindo o seu material genético, que é duplicado e posteriormente dividido. Este mecanismo é conhecido como ciclo celular, ou ciclo de divisão celular, essencial para a manutenção e geração de vida, mecanismo pelo qual os seres vivos se reproduzem.
Organismos unicelulares produzem um novo organismo a cada divisão celular, como é o caso das bactérias e leveduras. Já os organismos pluricelulares, para formarem um indivíduo funcional são necessárias sucessivas sequências de divisões celulares, tanto durante o período embrionário quanto durante todo o seu desenvolvimento, incluindo a fase adulta. Nos eucariontes, cada divisão celular produz milhares de células necessárias para a sobrevivência, pois assim como um tecido ou um órgão é formado por inúmeras células, a proliferação celular é responsável não só pela reprodução como também pela manutenção do organismo. Através da multiplicação celular, é possível repor células que estão danificadas ou por algum motivo sofreram apoptose (morte celular programada). A divisão celular mantém um volume característico e constante das células em nosso organismo, regulando o equilíbrio entre a proliferação de células e a sua morte programadas. E com o intuito de manter o tamanho das células a cada divisão, elas não duplicam somente o material genético, como também podem duplicar organelas e macromoléculas, coordenando o crescimento e o volume da massa celular, para que as células não fiquem menores no decorrer de inúmeras divisões. O tempo que dura o processo de divisão celular depende do tipo de célula, do tempo que ela necessita para dobrar de tamanho e manter a massa celular, sem diminuir o seu tamanho ou aumentar, fator controlado durante o ciclo celular em momentos específicos. Vamos entender como funciona este processo?
O ciclo celular envolve uma série de eventos, desde o crescimento e desenvolvimento de uma célula, a formação da célula-mãe por meio da divisão (duplicação do material genético – DNA), e posterior reprodução que origina duas células-filhas (cópias geneticamente idênticas à célula original), que ao serem formadas podem dar início ao ciclo novamente. O processo é dividido basicamente em duas fases: a interfase (fase em que a célula cresce e faz a cópia do seu DNA), e a mitótica (fase em que a célula se divide em duas novas células, contendo DNA). Que tal desvendarmos como ocorrem estas fases nas células eucariontes?
Iniciaremos com a interfase, a fase essencial para que a divisão celular ocorra, intermediária entre uma fase mitótica (M) e a próxima. Nesta fase, a célula se encontra em crescimento e intensa atividade metabólica e ocorre a duplicação do material genético e dos componentes da célula-mãe, sendo considerada a fase mais longa da divisão celular, composta por três etapas: G1, S e G2, a abreviatura G significa “intervalo” (gap em inglês) e a abreviatura S significa “síntese”. A etapa G1 é caracterizada como o primeiro intervalo de tempo entre o final da mitose (fase mitótica – M) até o início da replicação do DNA (fase de síntese – S). É conhecido também por período pós-mitótico ou pré-sintético, tem duração variável de acordo com o tipo celular e é nesta etapa que a célula copia as organelas e outros componentes celulares que serão utilizados nas etapas seguintes, a célula está em crescimento celular e com o seu metabolismo celular normal. A etapa S é marcada por ser a fase mais longa, na qual ocorre a síntese do DNA (replicação) e a duplicação do centrossomo (se lembram dele? A estrutura que organiza os microtúbulos e irá ajudar a separar o material genético na fase mitótica). O segundo intervalo, etapa G2, é marcado pela síntese de proteínas e dos microtúbulos. Neste momento, a célula organiza o seu conteúdo se preparando para a fase seguinte, ocorre a duplicação de cromossomos e o reparo de possíveis danos no DNA, sendo finalizada com o início da mitose. Em G2, a célula permanece em crescimento.
É importante saber que durante toda a fase de interfase ocorre síntese de proteínas e estruturas celulares são produzidas.
Cromossomos são estruturas constituídas por uma molécula de DNA (material genético) associada a proteínas presentes no núcleo da célula e variam de espécie para espécie.
A fase mitótica (M) compreende a etapa que a célula divide o seu material genético (DNA) que foi duplicado, repartindo o seu conteúdo de forma igualitária entre duas novas células-filhas. A fase M é marcada por duas etapas: a mitose (ou divisão celular) e citocinese (ou divisão citoplasmática). Durante a mitose, os cromossomos copiados são separados pelo fuso mitótico e se dividem para os núcleos das células filhas. Este processo ocorre em quatro etapas que estudaremos a seguir: a prófase, metáfase, anáfase e telófase. A citocinese é marcada pela divisão do citoplasma da célula em duas novas células, iniciada após o término da mitose. É importante saber que esta etapa ocorre de formas distintas em células animais e vegetais, a citocinese descrita ocorre em células animais.
A citocinese em células animais é chamada de citocinese centrípeta (ocorre da parte periférica da célula em direção ao centro), com a formação de um anel contrátil, formado por fibras do citoesqueleto. Filamentos de actina e miosina formam o sulco de clivagem, que divide a célula em duas, por elas serem macias e moles. Já nas células vegetais, devido à presença da parede celular, elas são mais duras e resistentes e a pressão interna é alta, o processo é chamado de citocinese centrífuga (do centro da célula para a periferia). Para que as células se dividam é formada uma estrutura (lamela média) composta por membrana plasmática e outros componentes da parede celular, dividindo a célula ao meio.
As células- filhas foram produzidas, mas o que acontece com elas? Vai depender muito do tipo de célula, pois alguns tipos celulares se dividem rapidamente, outros se dividem de forma lenta ou não se dividem. Isso porque as células do nosso corpo podem ser células lábeis (que continuam a se multiplicar durante toda a vida), como é o caso das células epiteliais e hematopoiéticas; podem ser células estáveis (em geral não se dividem, mas têm a capacidade de se proliferar quando estimuladas), no caso as células presentes em glândulas, como o fígado, pâncreas, células salivares, endócrinas e outras; e, por fim, há as células permanentes (que perdem a capacidade de se dividir), como as células musculares e células do sistema nervoso central.
As células estáveis e permanentes, por exemplo, deixam a fase G1 e entram na fase G0, considerada uma fase de repouso. Neste momento, as células não estão ativas para se dividirem, mas seguem com as atividades metabólicas, desempenhando suas funções. As células podem permanecer nesta fase G0 (para algumas células este estado é permanente) e em outros casos elas recebem um sinal ou estímulo e retornam para a fase G1, de onde seguirão o ciclo da divisão celular.
O ciclo celular tem mecanismos de controle para regular os processos de divisão celular e síntese de proteínas, pois você já imaginou se ocorre algum erro no processo e ele não pode ser interrompido ou há uma proliferação descontrolada de células? Muitos problemas podem ocorrer, prejudicando não só o funcionamento do organismo, mas também ocasionando uma série de patologias, como a formação de tumores. O controle é feito em pontos de verificação ou checagem, por moléculas (exemplo: ciclinas) que atuam em pontos de transição entre fases do ciclo celular, para que uma fase não inicie antes do término da fase anterior, e auxilia na checagem de qualquer anomalia no processo, para que o problema seja reparado e o ciclo possa seguir. Caso a célula não possa ser reparada, ela é encaminhada para o processo de apoptose, que veremos mais adiante. Existem três pontos de checagem: o primeiro é na fase G1 (final da fase G1 para a fase S), o segundo ponto é na fase G2 (transição da fase G2 para a fase M) e por fim o terceiro ponto é na fase M, antes do processo de conclusão da mitose e início da citocinese. No final da fase G1, há o ponto de controle conhecido como ponto de restrição (R), que impede a célula de seguir no ciclo caso sejam verificadas condições insatisfatórias ou desfavoráveis.
Mesmo com todos os pontos de checagem e correções dos danos às células, durante a divisão celular, podem ocorrer alterações que interferem diretamente no número ou na estrutura dos cromossomos, ocasionando mutações cromossômicas que serão estudas mais adiante.
A duração do ciclo celular depende muito do tipo de célula, apesar de todas elas precisarem crescer e atingir um tamanho que lhes permita manter-se constante antes de iniciar a divisão. A maior parte do ciclo, em torno de 95%, é composto pela interfase, e a sua duração depende de fatores como condições fisiológicas da célula (idade, disponibilidade de hormônios, temperatura, pressão osmótica, dentre outros). Em células de mamíferos, o ciclo celular tem duração de aproximadamente 12 horas e em outros casos de 24 horas, com crescimento mais lento. Em compensação, um organismo unicelular é capaz de formar duas novas células em um intervalo de 1 hora e meia, como as leveduras. A fase que apresenta mais variações de tempo é a G1, a qual pode durar horas, dias e até mesmo anos. As fases S, G1 e M costumam ser mais constantes, no entanto podem variar dependendo da espécie ou, ainda, dependendo do estágio de desenvolvimento em que o organismo se encontra.
A fase mitótica (M), como vimos, é o processo da divisão celular, cuja função é garantir o crescimento celular e a substituição de células. Desta forma, através da multiplicação celular (produção de células idênticas), renova tecidos celulares e auxilia em processos de cicatrização, faz o preenchimento do corpo dos organismos, além de possibilitar a reprodução de organismos unicelulares. A mitose deve assegurar que a célula-mãe reparta o seu material genético de forma que cada uma das células-filhas formadas (duas) receba um par de cromossomos, uma vez que qualquer erro nesta divisão pode levar ao mau funcionamento da célula, à morte celular ou até mesmo ao desenvolvimento de câncer ou outras patologias. Este processo ocorre em todas as células somáticas (todas as células não reprodutivas, que formam tecidos e órgãos). Vamos entender agora como ocorre cada uma das quatro etapas deste processo.
Antes de iniciar a mitose, ainda na interfase, os centrômeros (centrossomos) foram duplicados, o DNA já foi copiado e os cromossomos presentes no núcleo se encontram conectados a suas cópias, chamadas de cromátides irmãs. É quando inicia a primeira etapa da mitose, a prófase. Nesta etapa, são iniciados alguns processos, tais como a condensação dos cromossomos, a formação do fuso mitótico (composto por centrossomos e microtúbulos – organiza os cromossomos) e a fragmentação da carioteca e o desaparecimento do nucléolo (local de formação de ribossomos). Na etapa seguinte, a metáfase, os cromossomos atingem o seu ponto máximo de condensação e se alinham na placa metafásica (estrutura formada na região média da célula) ligados ao centrômero. Neste momento que ocorre o ponto de checagem da fase M, para verificar se todos os cromossomos estão ligados à placa metafásica, garantindo que a divisão das cromátides-irmãs seja feita corretamente. A anáfase é a próxima etapa, marcada pela separação das cromátides-irmãs, que são agora cromossomos independentes, deslocados para as extremidades opostas da célula. É importante lembrar que estes cromossomos independentes têm genético idêntico ao da célula original (célula-mãe). A célula é alongada e neste processo muitas proteínas motoras são acionadas para auxiliar na movimentação dos cromossomos e microtúbulos. Por fim, a telófase é a etapa em que a célula se prepara para ser dividida, estabelece a sua estrutura normal conforme a citocinese inicia a divisão. É marcada pela divisão do fuso mitótico em dois, a formação de dois núcleolos e o reaparecimento dos nucléolos e carioteca e o início do descondensamento dos cromossomos. Ao final desta etapa, a mitose é encerrada.
Mas será que todas as células se multiplicam por meio do ciclo celular típico que acabamos de estudar? A formação de novas células quando envolve organismos que se reproduzem sexualmente não apresenta um processo cíclico. Ao contrário, ele é feito através da meiose, cujo objetivo é produzir células-filhas que contenham metade dos cromossomos da célula-mãe original. São produzidos gametas (células sexuais), que dão origem aos espermatozoides e óvulos, como é o caso dos seres humanos, por exemplo. Desta forma, ao contrário da mitose, em que uma célula diploide (2n) produz outra célula idêntica também diploide (2n), na meiose, a célula diploide (2n) forma quatro células filhas haploides (n), com a metade do número de cromossomos da célula original, sendo conhecida por divisão reducional. Mas, lembre-se que a mitose pode ocorrer tanto em células diploides como em células haploides. A divisão meiótica se assemelha à mitose em relação às etapas, no entanto ela é um pouco mais complexa, como veremos a seguir. A meiose é iniciada logo após a interfase, quando ocorre a duplicação dos cromossomos. Esta divisão ocorre por meio de duas fases, a meiose I (fase reducional) e a meiose II (fase equacional). Ambas as fases são divididas em quatro etapas: prófase, metáfase, anáfase e telófase.
A prófase I é a primeira das etapas, subdividida em outras cinco etapas caracterizadas pelos seguintes acontecimentos:
A seguinte etapa é a metáfase I, em que os cromossomos alcançam o máximo de condensação e se ligam às fibras do fuso, dispostas na célula na região equatorial. Logo em seguida, há a anáfase I – os cromossomos homólogos migram para os polos da célula, não havendo, no entanto, o rompimento dos centrômeros, os cromossomos são deslocados inteiros para os polos, diferenciando o ocorrido na mesma etapa na mitose. Para finalizar a telófase I, os cromossomos são descondensados, a carioteca volta a se formar e a célula é dividida em duas células-filhas, cada uma contendo metade dos cromossomos da célula original (célula-mãe), por esta razão é conhecida como fase reducional.
No intervalo de transição entre o final da meiose I e o início da meiose II, há um intervalo de tempo conhecido como intercinese, marcado pela ausência de duplicação do material genético. A meiose II é mais simples e semelhante à mitose, composta pelas etapas de prófase II, metáfase II, anáfase II e telófase II, e ao final ocorre a citocinese II, em que são formadas agora quatro células-filhas contendo o mesmo número de cromossomos da célula-mãe, por isso é conhecida como fase equacional.
A meiose tem grande importância no desenvolvimento da diversidade das espécies com a produção de novas combinações genéticas, graças à mistura de cromossomos paternos e maternos, que aumentam a variabilidade genética, influenciando diretamente na seleção natural e na evolução das espécies. Relacionada à meiose também temos o processo de gametogênese, processo de formação dos gametas masculinos e femininos, essenciais para a reprodução sexuada dos organismos. Nos animais, os gametas masculinos são produzidos nos testículos (espermatogênese), responsável pela produção dos espermatozoides, iniciada na puberdade e que permanece ativa durante toda a vida adulta. Os gametas femininos são produzidos nos ovários (ovogênese), responsável pela produção dos ovócitos maduros, iniciada antes do nascimento. A produção dos ovócitos passa por um período de interrupção (meiose I) e é ativado novamente na puberdade, no entanto a produção destes gametas é interrompida com a idade avançada da mulher (em torno de 50 anos). Um ponto importante que diferencia a espermatogênese da ovogênese é em relação ao número de células produzidas após o processo de divisão celular meiose I e meiose II. Na espermatogênese, uma célula produz ao final quatro novas células (espermatozoides), enquanto na ovogênese uma célula produz ao final apenas uma célula viável (óvulo), nesta, são gerados dois corpúsculos celulares que são desintegrados, um na meiose I e outro na meiose II.
O processo de diferenciação celular contempla um conjunto de fatores, tanto internos à célula quanto externos, como fatores ambientais, que provocam a diferenciação ou especialização das células embrionárias a partir da expressão gênica. Estas modificações são necessárias para que a célula tenha a sua morfologia e fisiologia definidas, tornando-a capaz de realizar determinada função. Os fatores intrínsecos são derivados do DNA, no interior da célula, já os fatores extrínsecos estão relacionados à sinalização celular entre as células, matriz extracelular, incluindo agentes ambientais, tais como medicamentos, vírus, drogas, entre outros. Mas por que é necessária esta diferenciação? Um organismo tem a sua vida iniciada por apenas uma célula, após a fecundação, e a partir de então origina novas células por meio da divisão celular (processo de mitose). Todas estas novas células possuem a mesma constituição genética, no entanto para que o organismo funcione, cada célula deve exercer uma função diferente. Nesse momento, a expressão gênica age na célula precursora até ela se tornar uma célula terminalmente diferenciada.
As células precursoras são as células que têm capacidade de se diferenciar em um ou vários tipos celulares, gerando células especializadas pelo processo de diferenciação. São conhecidas também por células-mãe ou células estaminais, com exemplo podemos citar as células-tronco. Quando dizemos que a célula está terminalmente diferenciada, ela já sofreu o processo de diferenciação celular.
As células se tornam diferentes umas das outras devido à síntese de proteínas e ao acúmulo destas em suas estruturas. O processo de formação de um organismo multicelular é controlado por alguns mecanismos da expressão gênica, são eles: a proliferação celular (garante a produção de muitas células); a especialização celular (permite que as células exerçam funções diferentes); a interação celular (o comportamento entre células vizinhas); o movimento celular (permite a migração celular para que se unam, por exemplo, para formação dos tecidos). Isto significa que mesmo as células que têm o mesmo material genético (produzidas na mitose) poderão fazer funções diferentes com a ação da expressão gênica. Assim, os genes podem ser ativados ou inativados de acordo com a função que a célula vai exercer. As primeiras diferenciações em células animais, mais especificadamente o ser humano, ocorrem quando o zigoto é formado, e se encontra no estágio de blástula, dando origem a anexos embrionários e tecidos e órgãos do embrião. Estas células são classificadas neste estágio de células-tronco embrionárias pluripotentes, ou seja, têm a capacidade de se transformar em qualquer tipo celular adulto. Conforme o organismo se desenvolve, a especialização das células aumenta e surgem os tecidos e órgãos, que ao longo da vida são responsáveis pela renovação de células, com capacidade de gerar uma nova célula idêntica de mesmo potencial ou uma nova célula diferenciada. Nesse estágio, são classificadas como células-tronco multipotentes ou adultas e podem se desenvolver nos mais diversos tipos celulares conhecidos do corpo humano. Neste estágio também encontramos células terminalmente diferenciadas, ou conhecidas também por células-tronco unipotentes, como exemplo podemos citar os neurônios, que são capazes de dar origem somente a uma linhagem de células diferenciadas. Enquanto as células-tronco totipotentes são as células capazes de se diferenciar e formar qualquer tecido do corpo, incluindo os tecidos embrionários.
Uma outra forma de célula-tronco são as células-tronco induzidas. Produzidas em laboratório pelo homem, são células cujo código genético é reprogramado e ela volta ao estágio de célula-embrionária, com capacidade de autorrenovação e pode se diferenciar em qualquer outro tipo celular, extremamente importante no combate a algumas doenças. Alguns testes permitem aos pesquisadores compreenderem o organismo humano e apresentar tratamentos por meio da terapia celular (método de substituição de células danificadas por células novas saudáveis, principalmente no combate a doenças).
Durante o processo de diferenciação celular, muitas células são formadas e deixarão de ser necessárias, como ocorre por exemplo durante o desenvolvimento embrionário em que alguns tecidos provisórios (por exemplo as membranas interdigitais no processo de formação dos dedos), células supérfluas (durante a neurogênese, muitos neurônios), orifícios, dentre outras que precisam ser eliminadas. Mas como as células são eliminadas? Em que momento elas devem ser removidas? A morte celular programada, desprogramação celular ou apoptose, como também é conhecida, ocorre de forma organizada, com o intuito de remover as células que não serão mais úteis para o organismo. Isto pode ocorrer tanto durante o desenvolvimento embrionário, como durante a vida, quando são identificadas células danificadas, com modificações ou alterações de funções que afetem a saúde do organismo, caso sigam vivas. Neste último caso, podemos citar as células tumorais ou autorreativas, como os linfócitos que podem reagir contra o seu próprio organismo. E como o organismo segue produzindo células, para manter o equilíbrio e reaproveitamento de células ou produção de novas células, aquelas que já cumpriram sua função devem ser eliminadas. A apoptose é uma morte celular fisiológica ou programada, ocorre devido a uma série de alterações morfológicas muito importantes no desenvolvimento embrionário, na eliminação de células infectas ou cancerosas, e de grande importância no desenvolvimento e namanutenção do sistema imune.
Como podemos explicar a perda da cauda de um girino e o surgimento de doenças autoimunes? Duas situações tão adversas poderiam estar relacionadas à apoptose?
Durante o desenvolvimento dos girinos, eles perdem a cauda para resultarem em sapo, certo? O desaparecimento da cauda ocorre por apoptose ou desprogramação celular, regulada por genes. Assim como quando o nosso organismo produz células imunes, capazes de defender nosso organismo contra qualquer ataque muitas delas são produzidas a fim de testar a reação em componentes do nosso próprio organismo. Quando não são eliminadas rapidamente por apoptose por alguma falha, estas células acabam sendo liberadas no corpo e podem atacar tecidos, causando doenças autoimunes. Quando nosso sistema imune produz uma grande quantidade de células em resposta a um patógeno e este é destruído, as células imunes deixam de ser necessárias e precisam ser removidas para a manutenção do equilíbrio do sistema imune.
Você já deve ter ouvido também falar no termo necrose, um outro tipo de morte celular. Ao contrário da apoptose, considerada um “suicídio celular”, a necrose é considerada uma morte celular acidental, desorganizada, em que as células morrem devido a um dano provocado por substâncias tóxicas, lesões físicas, ou outros fatores que danificam a célula e, consequentemente, danificam o funcionamento da sua membrana celular, causando inflamações aos tecidos vizinhos ao expelirem seu conteúdo (secretam o conteúdo do citoplasma, com o rompimento da membrana) para o meio extracelular.
Diferentemente da necrose, a apoptose mantém a membrana plasmática sem o extravasamento do citoplasma, não causando, assim, inflamações. Além de ter um papel muito importante nos processos de crescimento celular desgovernado, relacionados a problemas oncológicos, uma vez que a morte celular programada age em defesa ao organismo no controle a estas células malignas, caso ela não ocorra, haverá um acúmulo maior destas células tumorais tão prejudiciais à saúde.
Os seres vivos apresentam um ciclo de vida que inclui o momento do nascimento até reprodução, passando por várias etapas de desenvolvimento. Podemos compará-lo ao ciclo celular, ou em outras palavras, ao ciclo de vida das células. Neste contexto, analise o trecho a seguir:
Uma célula para se dividir precisa duplicar o seu __________. O ciclo celular pode ser dividido em duas fases: a __________ – a célula cresce e copia o seu material genético e a __________ – a célula com dois núcleos divide o seu citoplasma e o DNA, para formar duas novas células. Uma destas fases é dividida em outras fases menores, marcadas por importantes eventos. Por exemplo, a fase em que ocorre a síntese completa de DNA é na fase__________. Já a fase em que as células se dividem lentamente ou não se dividem é conhecida por fase __________. (KHAN ACADEMY,2011)
Assinale a alternativa que completa a sequência das lacunas corretamente:
Tente novamente...
Esta alternativa está incorreta, leia novamente a questão e reflita sobre o conteúdo para tentar outra vez.
Tente novamente...
Esta alternativa está incorreta, leia novamente a questão e reflita sobre o conteúdo para tentar outra vez.
Correto!
Uma célula para se dividir precisa duplicar o seu DNA. O ciclo celular pode ser dividido em duas fases: a interfase – a célula cresce e copia o seu material genético e a mitótica – a célula com dois núcleos divide o seu citoplasma e o DNA, para formar duas novas células. Uma destas fases é dividida em outras fases menores, marcadas por importantes eventos. Por exemplo, a fase em que ocorre a síntese completa de DNA é na fase S. Já a fase em que as células se dividem lentamente ou não se dividem é conhecida por fase G0.
Tente novamente...
Esta alternativa está incorreta, leia novamente a questão e reflita sobre o conteúdo para tentar outra vez.
Tente novamente...
Esta alternativa está incorreta, leia novamente a questão e reflita sobre o conteúdo para tentar outra vez.
Importantes no processo de divisão celular dos organismos, os processos de mitose e meiose originam células com objetivos distintos. Alguns organismos, como nós, realizam os dois tipos de divisões, visto que cada uma delas tem características específicas e não são aplicadas a todos os tipos celulares. Neste contexto, analise as afirmativas a seguir:
Agora, assinale a alternativa que apresenta as afirmativas corretas:
Correto!
Apenas a alternativa II é a correta.
Tente novamente...
Esta alternativa está incorreta, leia novamente a questão e reflita sobre o conteúdo para tentar outra vez.
Tente novamente...
Esta alternativa está incorreta, leia novamente a questão e reflita sobre o conteúdo para tentar outra vez.
Tente novamente...
Esta alternativa está incorreta, leia novamente a questão e reflita sobre o conteúdo para tentar outra vez.
Tente novamente...
Esta alternativa está incorreta, leia novamente a questão e reflita sobre o conteúdo para tentar outra vez.
Sabemos que o nosso corpo, assim como o de outros organismos vivos pluricelulares, é composto por milhares de células, que se diferenciam em sua estrutura e em suas funções. A diferenciação celular está relacionada com a expressão gênica.
Com base no texto, analise as alternativas a seguir relacionadas à diferenciação celular e assinale a correta.
Correto!
As células totipotentes têm a maior capacidade de diferenciação, sendo capaz de se tornar qualquer tipo celular dentro de um organismo, são exemplos os zigotos (animais) e os esporos (vegetais).
Tente novamente...
Esta alternativa está incorreta, pois o material genético das células em geral é idêntico, o que determina as características e funções das células é a expressão gênica.
Tente novamente...
Esta alternativa está incorreta, pois a diversidade de tipos celulares ocorre devido ao processo de diferenciação celular.
Tente novamente...
Esta alternativa está incorreta, pois a característica geral das células-tronco é a sua capacidade de autorreprodução, ou seja, se multiplicam em novas células. As células-tronco adultas são multipotentes e, diferentemente das células-tronco embrionárias pluripotentes, não têm a mesma capacidade de diferenciação.
Tente novamente...
Esta alternativa está incorreta, pois a diferenciação celular é um processo influenciado por fatores intrínsecos e extrínsecos à célula.
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