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PROTOCOLOS E SERVIÇOS DE REDE

Sergio Eduardo Nunes

O que é um modelo de referência OSI (Open Systems Interconnection – Sistemas Abertos de Conexão)?

O modelo de referência OSI efetua todos os processos necessários para que uma rede de computadores possa se comunicar.

Fonte: Shutterstock.

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Convite ao estudo

Agora que você já possui os conhecimentos básicos acerca dos aspectos históricos de telecomunicações, da importância da comunicação de dados nos dias atuais e dos equipamentos necessários para estruturar uma rede de computadores, será possível progredir, a fim de compreender a importância dos protocolos nos serviços encontrados nas redes de computadores espalhadas ao redor do planeta.

A compreensão dos aspectos técnicos, no tocante às redes de computadores e aos protocolos envolvidos na comunicação, permitirá que você consiga prover serviços e efetuar o compartilhamento dos recursos disponíveis.

Nesta unidade, será possível entender:

Dessa forma, alguns serviços podem ser configurados para oferecer aos usuários funções importantes das redes de computadores.

Assim, para que você possa planejar uma rede com os serviços essenciais para continuidade dos negócios, faz-se necessário compreender como o modelo de referência OSI fez com que houvesse a padronização dos protocolos de comunicação e hardwares envolvidos nas redes de computadores. Desse modo, facilitou-se o entendimento das técnicas de endereçamento de redes, que são de extrema importância para que os usuários possam acessar os serviços disponíveis.

praticar para aprender

O entendimento dos aspectos técnicos e as características do modelo de referência OSI permitirão a compreensão de como os protocolos de comunicação foram desenvolvidos e propiciarão prover os serviços utilizados diariamente (como mensagens instantâneas, e-mail, acesso a sites, serviços de streaming de vídeo e jogos on-line, entre diversos outros), possibilitando, assim, que você possa configurar os serviços necessários nas redes.

O sucesso no desenvolvimento da rede de computadores na filial em Campinas da empresa rendeu a sua equipe mais uma indicação, dessa vez um escritório de engenharia civil. 

A empresa 2@@ está localizada na cidade do Rio de Janeiro. As atividades desenvolvidas por seus engenheiros são relacionadas a projetos de edificação de prédios comerciais, e os seus clientes são construtoras de grandes edifícios empresariais. Dessa forma, prestar serviços para o escritório pode ser uma grande responsabilidade. 

Em um dos projetos, foi solicitado pelo cliente que o edifício tivesse uma rede de sensores que permitisse gerar e transmitir informações de temperatura, umidade relativa e presença.

Para tal tarefa, a empresa 2@@ solicitou um relatório em que fossem descritas as funções que cada camada no modelo de referência OSI teria que desempenhar caso fosse decidido que o protocolo de comunicação implementado nos sensores seria proprietário, ou seja, desenvolvido por alguma empresa de desenvolvimento de software.

Caro aluno, desenvolver um relatório com a descrição das funções de cada uma das camadas do protocolo OSI, para uso futuro no projeto da empresa 2@@ vai possibilitar que você compreenda a importância do modelo de referência OSI e da forma como os dados são formatados, organizados, transmitidos/recebidos, interpretados e utilizados pelo usuário.

conceito-chave

Imagine que você tenha sido enviado para trabalhar em um projeto com algumas pessoas que não falam o mesmo idioma. Se os gestores não encontrarem um idioma que todos possam falar, a comunicação pode se tornar uma grande ameaça na execução do projeto. Padronizar a forma de as pessoas se comunicarem pode garantir que as informações sejam passadas e compreendidas corretamente.

Os processos necessários para adquirir uma padronização podem se diferenciar conforme o tipo de aplicação ou a entidade que fará os estudos e as análises. Essas entidades que efetuam esse tipo de trabalho estão espalhadas pelos continentes, com destaque para:

As redes de computadores necessitavam de uma forma padrão para poder se comunicar. Em razão disso, ocorreu um importante processo evolutivo quando a ISO (International Standards Organization), em um esforço com o seu grupo de engenheiros, instituiu o modelo de referência OSI (Open Systems Interconnection – Sistemas Abertos de Conexão). 

O problema de falta de padronização atingia não somente os protocolos de comunicação (parte lógica), mas também os hardwares desenvolvidos pelos fabricantes. Por exemplo: se uma empresa decidisse adquirir equipamentos IBM, jamais poderia ter em sua topologia algum dispositivo DEC, pois não haveria compatibilidade entre as duas marcas. 

Segundo Tanenbaum (1997), o desejo da ISO era desenvolver uma forma universal de interconexão de sistemas abertos. Para isso, foi desenvolvido um modelo em sete camadas, que deveria atender aos seguintes requisitos:

Em 1981, a ISO conseguiu reunir algumas empresas para dar início ao projeto de padronizar a forma de comunicação das redes de computadores. Finalmente, em 1984, foi criado um padrão para os hardwares e softwares de diversos fabricantes, assim como o modelo de referência para que fossem desenvolvidos os protocolos, que viriam a interagir com os dispositivos.

Reflita

Ao observarmos os objetos que utilizamos diariamente, vamos perceber que existe um padrão, por exemplo: os pneus utilizados nos automóveis, o formato dos livros, a caixa de leite, entre diversos outros. Isso acontece porque os países possuem órgãos regulamentadores a fim de garantir a segurança dos consumidores.

Com relação às redes de computadores, qual é a vantagem de padronizar a forma de se comunicar?

Segundo Tanenbaum (1997), o modelo de referência OSI efetua todos os processos necessários para que ocorra a transmissão de dados, fazendo com que as camadas (layers) nele existentes efetuem a divisão dos processos lógicos. Isso significa que um determinado fabricante tem a liberdade de desenvolver o seu protocolo, desde que utilize como referência os parâmetros determinados pelo OSI, o que é conhecido como “Protocolo Proprietário”.

Dessa forma, a ISO desenvolveu o modelo de referência OSI (Open Systems Interconnection – Sistemas Abertos de Conexão), um marco para o desenvolvimento dos protocolos de comunicação, utilizados nos serviços consumidos diariamente pela internet. A arquitetura do modelo é apresentada a Figura 2.1.

Figura 2.1 | Modelo de Referência OSI
Fonte: elaborada pelo autor.

Logo no início, o modelo de referência foi imposto aos fabricantes pelo governo americano, porém o mercado reagiu com desconfiança. No Brasil, o governo agiu da mesma maneira, mas também sem sucesso. Isso ocorria porque em vários países já havia no mercado alguns modelos proprietários (ex.: IBM) que eram funcionais e atendiam às necessidades das aplicações disponíveis nas redes.

Com o passar do tempo, por volta de 1984, os fabricantes hardwares e desenvolvedores de softwares entenderam que o modelo proposto em camadas tinha como intuito permitir a interoperabilidade entre equipamentos de diferentes origens, o que poderia dar uma vantagem competitiva em nível de mercado, além de permitir parcerias e novos desenvolvimentos. 

O modelo de referência não é exatamente a arquitetura dos protocolos de rede, mas sim uma referência de como os protocolos devem ser estruturados. Tanenbaum (1997) define assim as características e funcionalidades de cada uma das camadas:

O endereçamento IP-Internet Protocol (conteúdo a ser estudado) opera nesta camada. O seu principal equipamento, o roteador, é o responsável por “ler” o endereço de origem/destino e encaminhar os pacotes na rota correta. 

Para melhor compreender o modelo de referência OSI e as suas respectivas funções, observe a Figura 2.2.

Figura 2.2 | Modelo de Referência OSI e as suas funções
Fonte: elaborada pelo autor.

Após a aceitação do modelo de referência OSI pelas empresas desenvolvedoras de hardware, em pouco tempo o mercado já dispunha de dispositivos que seguiam normas e padrões. Podemos perceber isso nos equipamentos como roteadores, smartphones e notebooks, que permitem acesso aos recursos em qualquer infraestrutura de rede.

Assimile

O acesso remoto é uma ferramenta muito utilizada pelos profissionais de redes de computadores. Ela permite que máquinas que não estejam no mesmo local sejam acessadas com a utilização de um terminal Shell (cmd no Windows). Dessa forma, é possível gerenciar de forma remota banco de dados, servidores de impressão, arquivos, sistemas e websites. Esse tipo de serviço é utilizado na camada aplicação do modelo de referência OSI.

Controle de fluxo

Segundo Tanenbaum (1997), a integridade dos dados é efetuada na camada de transporte. Esse mecanismo garante que as requisições efetuadas pelos usuários sejam confirmadas, recebidas e atendidas. Para a compreensão desse mecanismo, observe a Figura 2.3.

Figura 2.3 | Mecanismo de controle de fluxo
Fonte: Filippetti (2008, p. 45).

Na Figura 2.3, o computador à esquerda deseja acessar um site que está disponível em um servidor em algum provedor. Inicialmente o computador faz uma requisição ao servidor, então ocorre a negociação, quando são verificados o meio de transmissão e o protocolo, processo conhecido também como handshaking, ou seja, aperto de mãos. O servidor, então, autoriza a sincronização. Assim que o computador confirma o recebimento, é estabelecida a conexão e se iniciada a transmissão dos dados. Tal processo acontece para que ocorra a garantia de recebimento e o controle das transmissões. Para isso: 

Kurose (2006) define que, para que o modelo de referência OSI pudesse funcionar de forma eficiente, deveria ser proposto um mecanismo de confirmação das mensagens entre os dispositivos (acknowledgement). A técnica deve garantir que os dados não sejam perdidos ou duplicados, ou seja, ao enviar uma mensagem para um dispositivo, este deve retornar uma mensagem de confirmação de recebimento. Daí dá-se o nome de confirmação positiva de retransmissão (acknowledgement with retransmition).

Exemplificando

Gargalos na rede mundial de computadores são fenômenos bem comuns, já que os serviços que são providos diariamente podem sofrer falhas ou perdas. Um exemplo de gargalo ocorre nos últimos dias de entrega da declaração de imposto de renda, quando o grande número de chegadas simultâneas de informações pode deixar o serviço indisponível, embora o problema também possa ocorrer por falha na aplicação.

Gargalos em redes de computadores são responsáveis pela degradação dos serviços, razão pela qual, ao se pensar na estruturação das topologias, o administrador deve procurar mecanismos que garantam a disponibilidade das aplicações.

Interação entre as camadas

Segundo Tanenbaum (1997), as quatro camadas inferiores (física, enlace, rede e transporte) possuem nomes específicos para o tratamento dos dados:

No processo de transmissão nas redes, é utilizada a técnica de encapsulamento das mensagens. De maneira análoga, é como se os dados fossem embrulhados para depois serem transmitidos. O modelo de referência OSI indica que uma camada de transmissão se comunique com a sua camada “irmã” do dispositivo receptor e esse processo é repetido até que as camadas de sessão, apresentação e aplicação possam interpretar e exibir o conteúdo dos dados ao usuário. 

Kurose (2006) define os passos necessários para que ocorram o envio e a recepção das mensagens. Para isso, vamos tomar o mesmo exemplo utilizado na Figura 2.3, quando um computador tenta acessar um site localizado em um servidor. 

Através da camada de aplicação, o browser efetua a solicitação de acesso ao site. Em seguida, o formato é lido (camada de aplicação) e encaminhado à camada de sessão, que vai efetuar o gerenciamento da conexão. Os dados são encapsulados na camada de transporte, ganhando o nome de segmento. Em seguida, a camada de rede adiciona os endereços de origem e destino e os encapsula, tornando-se assim um pacote. Chegando à camada de enlace, segmentam-se os dados, aos quais se atribui o nome de quadro. Por último, os quadros são transformados em bits na camada física e em seguida enviados pelas redes até o seu destino.

Ao chegar ao destino, é efetuado o processo inverso pela pilha. Processo depois do qual é enviada a resposta ao usuário para que o site seja acessado.

Devemos destacar que esta é apenas uma descrição dos processos que o modelo de referência OSI fornece para a estruturação dos protocolos de comunicação. OSI não é protocolo, mas sim um guia de desenvolvimento para comunicação em redes de computadores.

Bons estudos!

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