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SEM MEDO DE ERRAR
O uso de cores em uma interface é um recurso muito explorado por todos os designers de interfaces digitais. Ao mesmo tempo em que o uso das cores pode deixar o visual mais bonito e agradável, e até contribuir para a usabilidade da interface para alguns usuários, em alguns momentos elas podem prejudicar a leitura para usuários daltônicos que possuem algum tipo de deficiência em relação à percepção das cores ou usuários idosos que tendem a não distinguir as cores muito bem. Além disso, o uso de cores como único fator de diferenciação pode prejudicar usuários sem nenhum tipo de deficiência visual, mas que, em determinado momento, podem estar operando a interface em monitores monocromáticos ou imprimindo texto em preto e branco. Portanto, sempre que forem utilizadas cores em uma interface, o designer deve estar atento a alguns princípios básicos de acessibilidade:
- Não utilize a cor como único fator de diferenciação entre os elementos e os recursos da interface; adicione outros recursos visuais para transmitir a informação aos usuários, como formas, tamanhos ou posicionamentos.
- Certifique-se de que as cores do texto e do fundo possuam contraste suficiente para permitir a legibilidade do conteúdo. Pessoas com baixa visão e daltônicos possuem dificuldades para ler textos cujas cores não tenham um bom contraste com as cores de fundo da tela.
- As mesmas diretrizes acima se aplicam aos gráficos: além das cores, utilize padrões de preenchimento (linhas e hachuras) para diferenciar um segmento do gráfico de outro. Também acrescente descrição de texto a cada segmento para facilitar a diferenciação e a localização da informação.
- Sempre que possível, utilize paletas de cores adequadas para pessoas daltônicas, por exemplo, as combinações azul/laranja, azul/vermelho ou azul/marrom costumam ser paletas que oferecem um bom contraste para esses usuários. Veja um exemplo de paleta no site Tableau public (CHOOSING..., 2013).
- Há diversas ferramentas disponíveis na internet que podem ser utilizadas tanto para analisar o grau de contraste entre as cores de texto e fundo (TPGI, 2021) quanto para simular como as pessoas daltônicas visualizam a interface (COLBLINDOR, [s. d.]). Durante o processo de escolha das cores, procure utilizar esse tipo de ferramentas para avaliar se a interface está em conformidade com as diretrizes aqui apresentadas.
Avançando na prática
Ampliando a acessibilidade da interface para usuários surdos
Quando sua equipe fez a apresentação da proposta de interface do aplicativo para a equipe executiva da rede hoteleira (apresentado na situação-problema anterior), eles gostaram muito da solução e elogiaram a preocupação de sua equipe com a inclusão dos requisitos de acessibilidade para os usuários daltônicos. Ele reconheceu que a interface agora beneficiará não somente os usuários que podem apresentar esta alteração na visão, mas também seu público de idosos.
Durante a reunião, um integrante da equipe perguntou se a sua solução também contempla os usuários surdos, uma vez que eles representam cerca de 1,1% da população no Brasil (IBGE, 2018). Apesar de sua interface atender aos requisitos de acessibilidade para os daltônicos, sua equipe não implementou nenhum recurso de acessibilidade para pessoas surdas. O que você deverá incluir na interface para atender à demanda de seu cliente de que a interface seja acessível também a pessoas surdas?
Interfaces com acessibilidade devem procurar atender ao maior número possível de deficiências para que possam realmente oferecer uma experiência que seja inclusiva a uma maior diversidade de usuários.
Dois dos princípios básicos de acessibilidade que sua equipe deverá incluir no projeto da interface do aplicativo são:
- Todo conteúdo apresentado em áudio deve possuir legendas, que devem ser síncronas com o áudio original e que devem contemplar não somente o conteúdo, mas também todo e qualquer efeito sonoro que tenha algum significado para o ouvinte, além de identificar quem está falando quando essa informação não estiver clara.
- Como muitas vezes as pessoas surdas que têm a Libras como primeira língua não conseguem ler textos, mesmo tendo aprendido o português como segunda língua, deve ser adicionado um leitor de Libras à interface do aplicativo. Existem diversas ferramentas no mercado, algumas gratuitas, que sua equipe pode incorporar ao aplicativo e que farão a leitura de textos e de áudios para a Língua Brasileira de Sinais.