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Técnicas de inspeção e avaliação de interfaces

Gabriela Unger Unruh

Fonte: Shutterstock.

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Caro aluno

Você já deve ter se deparado com produtos que não são agradáveis de usar ou serviços que são difíceis de entender, e você já sabe que isso pode ser um problema de usabilidade, portanto é necessário pensar nos usuários ao longo de um projeto, identificando suas necessidades e avaliando o projeto com a participação do usuário; mas também é possível avaliar a usabilidade de um produto sem a participação de usuários, e é disso que esta seção trata.

Entre as técnicas de avaliação de interfaces, as inspeções são muito eficientes, porque são rápidas de aplicar, uma vez que se adquire a prática, e porque podem ser usadas estrategicamente no projeto para prevenir problemas de usabilidade na solução final.

Nesta sessão serão apresentadas as técnicas de inspeção de interfaces, aquelas que não envolvem a participação de usuários, descrevendo métodos, como percurso cognitivo e inspeção com uso de normas e guidelines de design. 

O método da avaliação heurística será apresentado em detalhes, pois é um dos métodos de inspeção mais conhecidos e utilizados, tanto na indústria quanto na academia.

Ao final desta seção, você saberá a diferença entre os principais métodos de inspeção, quais documentos utilizar em cada um deles e quando e como aplicar esse tipo de avaliação.

As plataformas de cursos online são a interface entre os estudantes e o professor, o conteúdo, a escola e todas as ações envolvidas no curso. A maioria das plataformas de cursos online possuem funcionalidades como: informações sobre o curso (funcionamento do curso, tempo de duração, professores, pré-requisitos, valores, informações de inscrição, etc.), cadastro na plataforma, login na plataforma, acesso aos conteúdos do curso (vídeos, materiais teóricos em PDF e outros documentos, cronograma, etc.), edital de avisos, acesso a atividades do curso, avaliações do curso, feedback das avaliações, notas, status de andamento do curso, indicação de prazos, fórum tira-dúvidas e troca de mensagens sobre tópicos específicos, entre outros.

Imagine que uma empresa de plataforma digital de cursos online, como essa, está com um alto índice de reclamação de uso. Dentre as mais frequentes estão:

Assim, você foi contratado para fazer uma inspeção de usabilidade, como um primeiro passo para identificar melhor por quê esses problemas estão ocorrendo, onde eles podem estar ocorrendo na interface e quais as possíveis soluções para resolvê-los. 
Para isso, você terá acesso a diversas salas de cursos da plataforma com dados de acesso, informações sobre os locais que os usuários mais utilizam e que informações os usuários colocam em cada local. Você terá que analisar como os usuários podem realizar as ações relacionadas a cada dificuldade listada acima e em quais locais da plataforma, para entender onde e quando eles ocorrem.

Descreva qual é o método de inspeção que você utiliza, como você executa essa avaliação e quais critérios utiliza.

Esperamos que você compreenda e pratique esses métodos no seu dia a dia para ir ganhando prática, agilidade e especialmente um senso crítico voltado a identificar possíveis problemas de usabilidade.

CONCEITO-CHAVE

Técnicas de inspeção de interfaces com o usuário

As técnicas de inspeção são um modelo de avaliação aplicado por especialistas na área de usabilidade, sem a participação de usuários e baseadas em documentos de referência, como heurísticas e guidelines de projetos de interfaces.

Existem diversos métodos para realizar uma inspeção, os mais comuns para aplicação em interfaces digitais são a avaliação heurística, baseada nas heurísticas ou princípios de usabilidade e o percurso cognitivo, que coloca o avaliador no lugar do usuário para entender suas possíveis ações, lógica de pensamento e identificar possíveis problemas nesse percurso. Mas também existem outros métodos, como a inspeção de normas, de linhas guias (guidelines) e a análise da tarefa, por exemplo.

Por se tratar de uma avaliação sem a participação de usuários, ela apenas permite prever problemas de usabilidade, mas não é possível garantir que os usuários enfrentarão os problemas identificados.

Avaliação heurística

Nessa inspeção o avaliador escolhe quais heurísticas ou princípios de usabilidade irá utilizar (podem ser as heurísticas de Nielsen, os princípios de Norman ou as regras de ouro de Schneiderman, por exemplo), sendo que precisam ser heurísticas definidas e embasadas em estudos científicos, como as exemplificadas. O avaliador verifica cada parte e cada elemento da interface com relação às heurísticas escolhidas.

O processo de verificação pode ser aplicado de três formas: I) analisar tela por tela da interface e verificar se estão atendendo a todas as heurísticas; II) analisar cada heurística, uma por vez em toda a interface; III) aplicar o percurso cognitivo e identificar as heurísticas que não estão sendo atendidas, durante o percurso. Se for possível, aplique todas as formas, assim você terá mais chances de verificar cada detalhe.

Essa avaliação será mais detalhada no tópico específico apresentado mais à frente.

Percurso cognitivo

Nessa inspeção, o avaliador precisa iniciar com a identificação dos objetivos de uso da interface pelo usuário, então ele se imagina sendo o usuário e utiliza a interface passo a passo para cada objetivo identificado (Figura 4.15), anotando cada ação realizada durante o processo, caminhos possíveis quando existirem mais de um, e avalia os possíveis problemas que o usuário pode encontrar.

Segundo Cybis, Betiol e Faust. (2015), a cada etapa o avaliador deve se perguntar: 

Como exemplo de aplicação desse método, observe a Figura 4.15 que ilustra a tela de Identificação do Contribuinte do programa de Imposto de Renda 2021. O avaliador irá inspecionar a tela seguindo o roteiro proposto pelo Percurso Cognitivo.

O avaliador seguirá, dessa forma, inspecionando todas as telas do sistema e, em cada uma delas, identificará os possíveis caminhos e ações dos usuários e os principais problemas de usabilidade que eles podem encontrar.

Ao final da inspeção, o avaliador terá uma lista com os potenciais problemas de usabilidade identificados e suas recomendações com as possíveis soluções para cada um deles.

Figura 4.15 | Aplicação do método de percurso cognitivo na tela de identificação do contribuinte do programa do Imposto de Renda 2021
Fonte: IRPF (2021). 

Inspeção de normas

Nessa inspeção o avaliador define qual norma irá utilizar como referência para sua avaliação. Existem diversas normas nacionais e internacionais de usabilidade, interação humano-computador e ergonomia para produtos e usuários específicos, e se o projeto tiver como objetivo cumprir alguma norma existente, essa inspeção é muito importante no projeto.

O avaliador analisará cada parte, elemento e interação do produto com o usuário com relação a cada determinação da norma definida. Algumas normas podem exigir alguns testes específicos e, se for o caso, é necessário verificar quais os parâmetros, ferramentas e recursos para o respectivo teste e aplicá-lo conforme a determinação; em alguns casos, é necessário que um órgão certificado aplique o teste.

Dentre as normas existentes para interfaces digitais existem diversas, com focos e aplicações diferentes, sendo que as normas internacionais (ISO) têm sua versão nacional junto à ABNT (Associação Brasileira de Normas Técnicas). Confira na tabela Tabela 4.1 algumas normas relacionadas à usabilidade de interfaces digitais.

Tabela 4.1 | Normas ISO/ABNT
Código na norma Título da norma
ABNT NBR ISO/IEC 25030:2008  Engenharia de software - Requisitos e Avaliação da Qualidade de Produto de Software (SQuaRE) - Requisitos de qualidade 
ABNT NBR ISO/IEC 14598-6:2004  Engenharia de software - Avaliação de produto 
Parte 6: Documentação de módulos de avaliação
ABNT NBR ISO 9241-171:2018  Ergonomia da interação humano-sistema 
Parte 171: Orientações sobre acessibilidade de software
ABNT NBR ISO 9241-143:2014  Ergonomia da interação humano-sistema 
Parte 143: Formulários
ABNT NBR ISO 9241-110:2012  Ergonomia da interação humano-sistema 
Parte 110: Princípios de diálogo
ABNT ISO/TR 9241-100:2012  Ergonomia da interação humano-sistema 
Parte 100: Introdução às normas relacionadas à ergonomia de software
ABNT NBR ISO 9241-210:2011  Ergonomia da interação humano-sistema 
Parte 210: Projeto centrado no ser humano para sistemas interativos
ABNT NBR ISO 9241-11:2011  Requisitos ergonômicos para o trabalho com dispositivos de interação visual 
Parte 11: Orientações sobre usabilidade
ABNT NBR ISO 9241-12:2011  Requisitos ergonômicos para o trabalho com dispositivos de Interação Visual 
Parte 12: Apresentação da informação
ISO/TR 16982:2002 Ergonomia da interação humano-sistema — Métodos de usabilidade que apoiam o projeto centrado no usuário
ABNT NBR ISO/IEC 14598-6:2004  Engenharia de software - Avaliação de produto 
Parte 6: Documentação de módulos de avaliação

Inspeção por guidelines

Nessa inspeção o avaliador segue as linhas guias da empresa (Figura 4.16), que podem incluir princípios e valores da empresa, padrões visuais e padrões de comportamento que devem ser aplicados a todos os produtos. Nesse caso, também podem ser consideradas linhas guias de sistemas operacionais que devem ser seguidas para que a interface seja aprovada.

Assim como nas outras inspeções, o avaliador deve verificar se cada detalhe da interface está alinhado às linhas guias definidas.

Figura 4.16 | Exemplo de guidelines do Google Material Design para menus
Fonte: https://bit.ly/3BbsjkW. Acesso em: 24 ago. 2021

Documentos de inspeção de interfaces

Há diversos documentos que podem ser utilizados para realizar a inspeção de uma interface, conforme o tipo de inspeção a ser feita, a principal característica para ser considerado um documento para a realização de inspeção é ser um documento de padronização ou boas práticas ou recomendações para um determinado contexto relacionado à interface que será avaliada.

Entre os principais tipos de documentos existentes que podem ser utilizados para aplicar uma inspeção em uma interface digital estão:

  1. Normas ISO (internacionais) e ABNT (nacionais) que abrangem muitos contextos e podem ser utilizados para verificar a adequação de uma interface.
  2. Recomendações gerais geradas por estudos científicos em uma determinada área, como as heurísticas e princípios de usabilidade.
  3. Manuais e guias desenvolvidos por empresas de plataformas ou sistemas operacionais, os quais devem ser seguidos por toda empresa que desejar criar uma interface para elas.
  4. Documentos de boas práticas, manuais e guias de empresas que podem estar relacionados com a identidade visual, o posicionamento e objetivos da marca da empresa.
  5. Manuais e guias de um tipo de produto específico, que podem determinar princípios, identidade visual e estruturas padrão.

Avaliação Heurística de interfaces com o usuário

A avaliação heurística é a inspeção mais comum aplicada em interfaces digitais, ela usa como referência as heurísticas de Nielsen (2020) ou recomendações de usabilidade de outros autores, como Schneiderman (2005), Bastien e Scpain (1992), Cybis, Betiol e Faust et al. (2015) ou Jordan (1998), e deve ser aplicada por um ou mais especialistas em usabilidade.

Assimile

Heurísticas de Nielsen (Nielsen, 1994):

Os princípios ergonômicos de design de interface desenvolvidos por Jakob Nielsen (1994) são conhecidos como “As Dez Heurísticas de Nielsen” e estão descritos a seguir. Eles são conhecidos como heurísticas por serem princípios gerais, e não guidelines específicas de usabilidade. 

  1. Visibilidade do status do sistema

    O sistema deve sempre manter os usuários informados sobre o que está ocorrendo, com respostas apropriadas e dentro de um tempo razoável.

  2. Compatibilidade entre o sistema e o mundo real

    O sistema deve falar a língua dos usuários, com as palavras, frases e conceitos familiares ao usuário, e evitar utilizar termos orientados pelo sistema. Seguir convenções do mundo real faz com que a informação pareça ter uma ordem natural e lógica.

  3. Controle e liberdade do usuário

    Os usuários frequentemente escolhem funções do sistema por engano. Quando ocorre uma ação indesejada, eles precisam de uma saída fácil, ao invés de ter que percorrer longas sequências de comandos. Devem existir opções de desfazer e refazer.
  4. Consistência e padrões

    Os usuários não devem ter que saber se palavras, situações, ou ações diferentes significam a mesma coisa. O sistema deve seguir as convenções da plataforma e da indústria.

  5. Prevenção de erro
    Boas mensagens de erro são importantes, mas ainda mais importante é prevenir a sua ocorrência. A interface deve impedir a ocorrência de erros do usuário, eliminando circunstâncias que sejam propícias aos erros, ou verificá-las e apresentar ao usuário uma opção de confirmação antes que incidam no erro.

  6. Reconhecimento no lugar de recordação

    O sistema deve minimizar a carga da memória do usuário permitindo a visualização de objetos, ações e opções. O usuário não deve ter que lembrar informações de uma parte do diálogo para outra. As instruções para o uso do sistema devem ser visíveis ou facilmente recuperáveis sempre que apropriado.
  7. Flexibilidade e eficiência de uso

    A interface deve atender bem, tanto usuários principiantes como experientes; atalhos são despercebidos pelos usuários principiantes, mas frequentemente aceleram a interação para o usuário mais experiente. A interface deve permitir que os usuários customizem as ações frequentes.
  8. Projeto estético e minimalista

    As interfaces não devem conter informações que sejam irrelevantes ou que sejam raramente necessárias. Cada unidade extra da informação em um diálogo compete com as unidades relevantes da informação e diminui sua visibilidade relativa.
  9. Reconhecimento, diagnóstico e recuperação de erros

    As mensagens de erro devem ser expressas de forma clara (sem códigos), indicar precisamente o problema e sugerir construtivamente uma solução.
  10. Ajuda e documentação

    O ideal é que o sistema não necessite de nenhuma explicação adicional para ser utilizado. Pode ser necessário fornecer ao usuário documentação complementar para ajudá-lo a compreender como completar suas tarefas.

A aplicação da avaliação heurística pode ser conduzida da seguinte forma:

1) Preparação entre a equipe de avaliadores (especialistas em usabilidade), para alinhar qual proposta de design (protótipo) será avaliado e quais os possíveis objetivos e tarefas (passo a passo de uso) dos usuários com a interface.

2)  Cada avaliador, individualmente, avalia a interface por meio do percurso cognitivo (realizando o passo a passo do uso colocando-se no lugar do usuário) e por meio da verificação de cada heurística com relação a cada tela e cada item da interface, podendo aplicar uma lista de verificação, como demonstrado na Tabela 4.2, por exemplo, julgando a adequação da interface a cada heurística.

Tabela 4.2 | Lista de verificação

3)  Ainda individualmente, cada avaliador anota os problemas identificados, sua localização e seu nível de severidade.

A localização deve ser específica no relatório, indicando a tela ou parte exata da interface, e também deve informar se o problema está: em um único local da interface, em mais de um local da interface, na estrutura geral da interface ou se é algo que está faltando na interface (ainda não está em lugar nenhum).

A severidade é definida pelos avaliadores de forma subjetiva, analisando a relação entre os seguintes aspectos, conforme Nielsen (1994):

A partir dessa análise, um problema pode ser considerado de baixa, média ou alta severidade, ou pode ser atribuída uma pontuação de severidade, conforme parâmetros definidos pela equipe de avaliadores.

4)  Apresentação e discussão das avaliações individuais junto à equipe de avaliadores. Nesse momento os problemas identificados por cada avaliador individualmente são discutidos no grupo para validação, comparação, seleção e, eventualmente, adição de mais problemas.

5)  Análise de possíveis soluções para cada problema. Aqui podem ser incluídas pessoas que fazem parte da equipe de desenvolvimento do projeto, para verificar a viabilidade, possibilidades e soluções, ou podem ser indicadas sugestões genéricas para a equipe de desenvolvimento desdobrar posteriormente.

6)  Elaboração do relatório final com a relação total dos problemas identificados. O relatório pode conter a descrição da metodologia aplicada, aspectos positivos da interface, problemas da interface, heurísticas infringidas em cada problema, possíveis consequências para o usuário de cada problema, severidade de cada problema e possíveis soluções para cada problema.

A lógica da avaliação se dar em um primeiro momento individualmente e, depois, em grupo é importante, porque aumenta a possibilidade de encontrar mais problemas, uma vez que cada um estará focado na sua avaliação a partir do seu repertório e experiência e, depois, ao juntar todas as análises, cada um já terá identificado problemas, o que gerará mais discussões e argumentações.

Exemplificando

Por exemplo, vamos analisar juntos a tela inicial do aplicativo do SUS (Sistema Único de Saúde), ilustrada a seguir, conforme os passos apresentados.

1)  Podemos identificar algumas possíveis tarefas do usuário, como: verificar informações sobre vacinas e exames, registrar e solicitar medicamentos, registrar e visualizar informações de sua saúde.

2)  Ao analisar as heurísticas, podemos fazer a seguinte averiguação (SIM: a heurística é cumprida; NÃO: a heurística é infringida; N/A: não se aplica, porque não é possível verificar na tela.):

Dentre os itens, destaca-se:

A.  Projeto estético e minimalista: a interface tem poucos elementos, utiliza ícones junto a textos e tem bons contrastes, o que ajuda na identificação dos itens.

B.  Visibilidade do status do sistema: a interface mostra na página inicial os últimos registros e no menu inferior destaca o ícone da parte do aplicativo em que o usuário está.

C.  Reconhecimento no lugar de recordação: alguns ícones, como a seringa no botão “vacinas” e as pílulas no botão “medicamentos”, são bem similares aos itens no mundo real, porém o ícone de exames pode não ser muito facilmente reconhecido. Além disso, no mural de atividades, o texto: “12 paMax – 8 paMin” no registro da pressão arterial pode ser difícil de entender para algumas pessoas, e seria interessante indicar se isso é um número bom ou ruim para os usuários que não sabem identificar.

3) A localização é apenas na tela inicial, onde a análise está ocorrendo, e a severidade é apenas relacionada ao problema de reconhecimento no lugar de recordação, onde há um problema que, no caso, possui uma frequência alta (muitos usuários poderão enfrentar esse problema), impacto alto (os usuários podem não entender o que significa e não acessar a função), e persistência baixa (se o usuário aprender o significado, ele não terá mais o problema). Isso pode configurar um problema de alta severidade, dependendo dos parâmetros numéricos ou qualitativos usados para definir o nível.

As próximas etapas (4-6) são a reunião entre a equipe e a elaboração do relatório, que serão provenientes dessa análise, sendo que o problema identificado na página pode ser apresentado da seguinte forma:

Problema: falta de reconhecimento de código de identificação de pressão arterial.

Heurística infringida: reconhecimento no lugar de recordação.

Severidade: alta.

Consequências para o usuário: os usuários podem não estar habituados com nomenclaturas médicas, levando-os a não entender o que significa "12 paMax – 8 paMin" em pressão arterial, se isso significa uma pressão alta ou baixa, logo a informação não serve para o seu propósito.

Sugestão de solução: mudar a nomenclatura para algo mais cotidiano de usuários que não são da área médica e/ou indicar ao lado se essa informação significa algo bom ou ruim, e se significa que a pressão está alta ou baixa.

Relatório de inspeção de interfaces

O relatório de inspeção (Figura 4.17) é o documento que possui o registro da inspeção realizada. Ele deve conter a contextualização da inspeção, incluindo quais e quantos foram os avaliadores, quais foram os parâmetros e documentos utilizados para realizar a inspeção, como ela foi aplicada e quais aspectos do produto foram analisados, e ainda pode conter no início aspectos positivos identificados com relação aos parâmetros.

Em seguida, o relatório deve detalhar a parte mais importante, a identificação dos possíveis problemas de usabilidade, que devem conter seu detalhamento, consequências para o usuário, heurística infringida, severidade do problema e a sugestão de solução.

Na apresentação dos possíveis problemas, é interessante ilustrá-los com a imagem da parte da interface à qual o problema se refere, o que facilita o entendimento por parte de quem for ler o relatório.

Ao final, pode ser feita uma conclusão, indicando o resumo dos principais problemas, níveis de severidade e sugestões de soluções.

Figura 4.17 | Exemplo estrutural de relatório de avaliação heurística.
Fonte: elaborado pela autora.

Essas inspeções são muito úteis para tomar decisões rápidas e o quanto antes em projetos de interface. Pratique a análise de usabilidade em interfaces diversas para aprimorar seu olhar e identificar aspectos positivos e negativos com mais facilidade, assim você poderá evitar problemas de usabilidade nas interfaces que for desenvolver.

faça valer a pena

Questão 1

Métodos de inspeção são avaliações aplicadas por especialistas em usabilidade para identificar problemas e possíveis melhorias para o uso da interface. Há diversas formas de aplicar uma inspeção.

Assinale a alternativa que apresenta um modo de aplicar o método de inspeção de percurso cognitivo.

Tente novamente...

Esta alternativa está incorreta, leia novamente a questão e reflita sobre o conteúdo para tentar outra vez.

Tente novamente...

Esta alternativa está incorreta, leia novamente a questão e reflita sobre o conteúdo para tentar outra vez.

Correto!

O percurso cognitivo compreende o avaliador colocar-se no lugar do usuário, por meio da identificação do seu objetivo de uso, realizando o passo a passo – percurso coerente com o objetivo e processo mental do usuário, para entender como ocorre esse passo a passo e quais problemas o usuário pode encontrar durante o percurso. Ele não inclui observação de um usuário, porque é o próprio avaliador que realiza o uso, inclui analisar o processo cognitivo, mas por meio do exercício de empatia. Não inclui mapear o modelo mental do usuário, porque não tem sua participação, e não é a análise das heurísticas, porque esta seria a avaliação heurística.

Tente novamente...

Esta alternativa está incorreta, leia novamente a questão e reflita sobre o conteúdo para tentar outra vez.

Tente novamente...

Esta alternativa está incorreta, leia novamente a questão e reflita sobre o conteúdo para tentar outra vez.

Questão 2

A maioria das inspeções é realizada por especialistas sem a participação de usuários, mas há casos em que a participação dos usuários é importante para analisar e inspecionar o passo a passo do uso da interface.

Dentre os métodos de inspeção de usabilidade, assinale a alternativa que apresenta os métodos que necessitam da participação de usuários.

Correto!

Apenas a análise da tarefa inclui a observação do usuário real interagindo com a interface. Todos os outros métodos, percurso cognitivo, análise da tarefa e avaliação heurística, são aplicados pelo próprio avaliador com o auxílio de documentos específicos ou com o avaliador colocando-se no lugar do usuário.

Tente novamente...

Esta alternativa está incorreta, leia novamente a questão e reflita sobre o conteúdo para tentar outra vez.

Tente novamente...

Esta alternativa está incorreta, leia novamente a questão e reflita sobre o conteúdo para tentar outra vez.

Tente novamente...

Esta alternativa está incorreta, leia novamente a questão e reflita sobre o conteúdo para tentar outra vez.

Tente novamente...

Esta alternativa está incorreta, leia novamente a questão e reflita sobre o conteúdo para tentar outra vez.

Questão 3

Grande parte das inspeções de usabilidade é baseada em documentos de referência, que podem compreender uma série de diretrizes, normas, princípios e recomendações de fontes diversas.

Sobre os documentos que são utilizados em inspeções de usabilidade de interface, podem ser utilizados:

  1. Manuais ou linhas guias de interface.
  2. Normas ABNT/ISO.
  3. Recomendações de sistemas operacionais.
  4. Heurísticas de usabilidade.
  5. Manuais de uso de sistemas operacionais.

Correto!

Manuais ou linhas guias de interface são documentos de princípios e aspectos visuais, de uso, organização e funcionalidade da interface. As normas são documentos universais com recomendações; as recomendações de sistemas operacionais são documentos que guiam o desenvolvimento de interfaces que serão desenvolvidas para esses sistemas, e as heurísticas são princípios gerais de usabilidade, enquanto manuais de uso de sistemas são direcionados ao uso em si, ou seja, aos usuários e não aos desenvolvedores.

Tente novamente...

Esta alternativa está incorreta, leia novamente a questão e reflita sobre o conteúdo para tentar outra vez.

Tente novamente...

Esta alternativa está incorreta, leia novamente a questão e reflita sobre o conteúdo para tentar outra vez.

Tente novamente...

Esta alternativa está incorreta, leia novamente a questão e reflita sobre o conteúdo para tentar outra vez.

Tente novamente...

Esta alternativa está incorreta, leia novamente a questão e reflita sobre o conteúdo para tentar outra vez.

referências

BASTIEN, J. M. Christian; SCAPIN, D. L. A validation of ergonomic criteria for the evaluation of human‐computer interfaces. International Journal of Human-Computer Interaction, [S. l.], v. 4, n. 2, p. 183-196, Apr. 1992. Informa UK Limited. Disponível em: https://bit.ly/2UN5wMY. Acesso em: 17 jul. 2021.



CYBIS, W.; BETIOL, A. H.; FAUST, R. Ergonomia e usabilidade: conhecimentos, métodos e aplicações. 3. ed. São Paulo: Novatec, 2015.



JORDAN, P. W. An Introduction to Usability. London: Taylor & Francis Ltda., 1998.



NIELSEN, J. Severity Ratings for Usability Problems. 1994. Disponível em: https://bit.ly/3ygenEC. Acesso em: 9 maio 2021.



NIELSEN, J. 10 Usability Heuristics for User Interface Design. 2020. Disponível em: https://bit.ly/3sHV6e5 . Acesso em: 9 maio 2021.



SCHNEIDERMAN, B. Designing the User Interface; Strategies for Effective Human-Computer Interaction. 4. ed. USA: Addison Wesley, 2005.

Bons estudos!

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