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NÃO PODE FALTAR

Integração numérica

Ricardo Puziol de Oliveira

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Fonte: Shutterstock.

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praticar para aprender

Caro aluno, nesta seção vamos trabalhar basicamente com dois tópicos: regra dos trapézios e regra de Simpson. Ambos os tópicos são ferramentas para aproximar o valor de uma integral, consequentemente de uma área, usando métodos numéricos. Essas ferramentas são importantes, pois, na prática, raramente temos figuras regulares ou até mesmo funções bem-comportadas. A maioria dos problemas são resolvidos usando métodos numéricos devido à versatilidade desses métodos. Imagine só ter que lidar com a modelagem do crescimento populacional ou até mesmo o aumento dos casos de Covid-19 sem fazer o uso de métodos numéricos. Seria extremamente complexo! 
Em um estudo envolvendo Engenharia Biomédica, um determinado pesquisador realizou um trabalho voltado para modelagem de marca-passo no coração de pessoas idosas. Em sua pesquisa, ele tinha por interesse achar a área abaixo da curva gerada pelos dados do marca-passo. Sabe-se que a função que governa o marca-passo é descrita por:
f(x)=0,3+20x140x²+730x³810x4+200x5
no intervalo de 0,2 até 0,8 horas. Uma vez que ele tiver a área abaixo dessa curva e sabendo que essa função tem certos padrões de repetição, ele conseguirá estimar a área total para mais do que 0,6 horas, considerada em seu experimento para avaliar a qualidade do marca-passo. Então, baseando-se nos conceitos de integração numérica, como você calcularia a área abaixo da função dada assumindo uma margem de erro de no máximo 1%? 
Conseguiu ver a importância desses conceitos? Que tal começarmos a trabalhar com eles e entender melhor sob o ponto de vista matemático e prático? Não se preocupe, vamos lhe acompanhar em todo o processo e os conceitos serão construídos de forma gradual! 

conceito-chave

Já vimos anteriormente como trabalhar com os erros de aproximações e também com formas de resolver a equação fx=0. Agora, nos interessa saber como resolver numericamente as integrais, uma vez que elas, assim como a equação fx=0, têm diversas aplicações em Engenharia, como no cálculo aproximado da área de placas de metais em construção civil. Nesse aspecto, a ideia da integração numérica consiste, basicamente, na aproximação da função integranda f por um polinômio em que a escolha desse polinômio e dos pontos usados em sua determinação vai resultar nos diversos métodos numéricos de integração. 
Em Cálculo Diferencial e Integral, é visto que as fórmulas de integração numéricas são somatórios, em que suas parcelas são, necessariamente, valores de fx calculados em pontos escolhidos e multiplicados por pesos convenientes, isto é,
abfxdxi=0nωifxi
onde a  x0 < x1 < . . . < xn  b são pontos de integração e os ωi são os pesos. Então, para iniciar nossos estudos, nesta seção vamos considerar apenas as fórmulas fechadas, isto é, os extremos de integração coincidem com x0xn
Dessa forma, dada uma função f : a, b  , seja n um número natural e h =b  an, dizemos que os pontos xj=x0+jh, j =0, 1, . . . , n são igualmente espaçados (ANDRADE, 2012). Assim, seja Pnx o polinômio de grau nh =b  an que interpola os pontos xi, fxi, i = 0, 1, . . . , n. Pelo método de interpolação de Lagrange, sabemos que:
Pnx= i=0nfxiLix
e o erro:
fx Pnx=fn+1αn + 1!x  x0x  x1. . . x  xn,
onde α = αx é um ponto em a, b. Assim, integrando em a, b, obtemos que:
abfxdx=i=0nfxiabLixdx+abfn+1αn + 1!x  x0x  x1 . . . x  xndx,
onde α = αx é um ponto em a, b. Nesse caso, podemos chamar:
ωi=abLixdx
a fim de simplificar a expressão de abfxdx como:
abfxdx=i=0nωifxi+abfn+1αn + 1!x  x0x  x1 . . . x  xndx,
que é conhecida como fórmula de Newton-Cotes para integrais numéricas. Como caso particular dessa fórmula, obtemos as famosas fórmulas dos trapézios e de Simpson, que são estabelecidas com polinômios de grau 1 e grau 2, respectivamente. Vamos iniciar então com a fórmula dos trapézios, ou regra dos trapézios.
A fórmula dos trapézios corresponde, basicamente, à interpolação da função a ser integrada por um polinômio de grau 1 (ANDRADE, 2012). A interpolação linear, nesse caso, necessita de dois pontos, então, vamos trabalhar com os extremos do intervalo de integração, isto é, a = x0b = x1. Logo, o polinômio linear interpolador é dado por:
p1(x)= y0 x  x1x0 x1  + y1x  x0x1 x0
em que y0=fx0,y1=fx1 são as coordenadas de y. E os pesos são dados por:
ω0 =x0x1 x  x1x0 x1dx=h2,
ω1 =x0x1 x  x0x1 x0
Para uma melhor visualização dessa ideia, vamos trabalhar com o gráfico exposto na Figura 2.1.

Figura 1 - Lorem ipsum dolor sit amet
Fonte: elaborada pelo autor.

Assim, observando a Figura 2.1 e partindo dos pesos, temos que:
x0x1fxdx=h2fx0+h2fx1+erro,
onde o erro é descrito pela seguinte equação:
ET=12 x1x0f''αx  x0x  x1dx,
onde α = αx é um ponto entre x0x1. Agora, usando o teorema do valor médio para integrais, obtemos que existe β  x0, x1, tal que:
ET=12 x1x0f''αx  x0x  x1dx=f''βh312
Portanto, podemos escrever a fórmula dos Trapézios para integração numérica como:
x0x1fxdx=h2fx0+h2fx1f''βh312,
onde β  a, b não é conhecido.

Reflita

Como você acha que fica a fórmula dos trapézios se for aplicada diversas vezes sobre subintervalos de um intervalo geral [a, b]?

Vimos então como resolvemos a regra dos Trapézios usando um polinômio interpolador de grau 1. E para a regra de Simpson, como procedemos? Nesse caso, vamos interpolar fx usando um polinômio de grau 2 que coincida com essa função em x1=a + b2,  e b = x2. Assim, o polinômio interpolador de grau 2 é dado pela equação:
p2(x)= y0x  x1x  x2x0 x1x0 x2+ y1x  x0x  x2x1 x0x1 x2+ y2x  x0x  x1x2 x0x2 x1.
em que y0=fx0,y1=fx1,y2=fx2 são as coordenadas de y. Para uma melhor visualização dessa ideia, vamos trabalhar com o gráfico exposto na Figura 2.2.

Figura 2.2 | Regra de Simpson
Fonte: elaborada pelo autor.

Dessa forma, a partir dos polinômios de Lagrange, obtemos os pesos da fórmula de Simpson:
ω0=x0x2 x  x1xx2x0 x1x0x2dx=h3
ω1=x0x2 x  x0xx2x1 x0x1x2dx=h3
ω2=x0x2 x  x0xx1x2 x0x2x1dx=h3
Assim, obtemos a seguinte solução para a integral:
 x0x2fxdx=h3fx0+4fx1+fx2+erro,
onde o erro é dado pela seguinte expressão:
ES=13!x0x1f3αx  x0x  x1x  x2dx= h590f4β
para algum β  x0, x2. Portanto, a fórmula de Simpson para integração numérica é descrita pela equação:
x0x2fxdx=h3fx0+4fx1+fx2+h590f4β

Reflita

Como você acha que fica a fórmula de Simpson se for aplicada diversas vezes sobre subintervalos de um intervalo geral [a, b]?

Assimile

Embora as fórmulas dos trapézios e de Simpson usem polinômios de grau baixo, note que, em termos de erros, a regra de Simpson não apresenta termos simples como acontece na regra dos trapézios.

Agora, vamos avaliar outros aspectos dessas fórmulas: intervalos de integração grandes. Quando o intervalo de integração é grande, em geral, não é conveniente aumentar o grau do polinômio interpolador para obter fórmulas mais precisas, pois podemos deixar o problema ainda mais complexo. A alternativa mais usada é subdividir o intervalo de integração e aplicar fórmulas simples repetidas vezes, obtendo-se as fórmulas compostas. Vamos começar com a regra dos trapézios composta.
Nesse caso, de acordo com Andrade (2012), dado o intervalo a, b dividindo-o em n subintervalos de comprimento h =b  an e fazendo x0 = axi = x0 + ihi = 0, 1, . . . , nxn=b, obtemos:
abfxdx=i=1nxi1xifxdx=x0x1fxdx+x1x2fxdx++xn1xnfxdx
h2fx0+fx1+h2fx1+fx2++h2fxn1+fxn
h2fx0+2i=1n1fxi+fxn.
que é chamada de fórmula composta para a regra dos trapézios. Nesse caso, o erro final dessa fórmula tem como base os erros parciais da fórmula simples dos trapézios que são dados por:
h312fβi
Logo, o erro final é dado por:
ETc=h312fβ1+fβ2+ · · ·+ fβn
Isto é,
ETcbah312sup|f''x|; xa,b
E para a regra de Simpson, como procedemos? Nesse caso, dado o intervalo a, b dividindo-o em n subintervalos de comprimento h =b  an e fazendo x0=axi=x0+ih, i = 0, 1, . . . , nxn=b, obtemos:
abfxdx=x0x2fxdx+x2x4fxdx++xn2xnfxdx
h3fx0+4fx1+fx2++h3fxn2+4fxn1+fxn
h3[fx0+4i=1n2fx2i1+2i=1n22fx2i+fxn
que é conhecida como fórmula composta para a regra de Simpson. Da mesma forma que na regra dos trapézios composta, o erro final da regra composta de Simpson pode ser obtido pela soma dos erros parciais. Portanto, o erro final da regra composta de Simpson é dado por:
EScb  ah4180maxf4x; x  a, b

Assimile

Se f é um polinômio no qual seu grau é menor que 3, então o erro ESc é nulo, isto é, a regra de Simpson é exata para polinômios de grau menor que 3 (ANDRADE, 2012).

Para finalizar nosso estudo de integração numérica, vamos trabalhar com um exemplo de cálculo de integral com base nas regras de Simpson e dos trapézios com erro menor que 104.

Exemplificando

Vamos trabalhar com a integral 01expx2dx usando as regras de Simpson e dos trapézios. Quantos subintervalos devemos usar para calcular essa integral com uma tolerância de até 104?
Começamos então com a regra dos Trapézios. Nesse caso, o erro total é dado por:
ETcbah312sup|f''x|; xa,b212h2<104
pois supf''x2. Assim, segue que h<2,44×102 e, portanto, n>40,8, isto é, precisamos de aproximadamente 41 intervalos. Agora, para a regra de Simpson, temos que o erro total é:
EScb  ah4180maxf4x; x  a, b=12180h4<104
pois maxf4x<12. Assim, segue que h1,96×101 e então an=1h>5,08, isto é, precisamos de apenas 6 intervalos para calcular a integral por métodos numéricos.

Como exercício prático, você pode escrever a aproximação da integral considerando pela regra de Simpson e pela regra dos trapézios usando 6 intervalos. Para finalizar, deixo a reflexão: qual desses métodos é mais viável quando eu tenho uma integral mais complexa?

Faça a valer a pena

Questão 1

As aplicações de integração numérica envolvem um rol de áreas e podem ser encontradas em tipos de situações mais comuns, em geral. No entanto, existem aplicações bem específicas para seu uso em algumas áreas, como Topografia e Engenharia.
Com base em aplicações de integração numérica, assinale a alternativa que contém exemplos dessas aplicações na área de Topografia e Engenharia.

Correto!

  1. O cálculo da força resultante devido a um vento não uniforme soprando contra a lateral de um arranha-céu que, geometricamente, simboliza um cálculo de área (Topografia); área de um campo delimitado por um córrego sinuoso e duas estradas (Engenharia Urbana). Errado, pois a primeira aplicação não se refere à Topografia.
  2. Área entre duas curvas que representam as veias próximas ao coração (Topografia); o cálculo da força resultante de um corpo em trajetória oblíqua, isto é, a área abaixo da trajetória (Engenharia Química). Errado, pois a primeira aplicação corresponde à Cardiologia e a segunda à Física.
  3. Área de um campo delimitado por um córrego sinuoso e duas estradas (Topografia); o cálculo da força resultante devido a um vento não uniforme soprando contra a lateral de um arranha-céu que, geometricamente, simboliza um cálculo de área (Engenharia Estrutural). Correto.
  4. Área de um campo delimitado por um córrego sinuoso e duas estradas (Topografia); área da seção transversal de um rio (Engenharia Civil). Errado, pois a segunda aplicação é de Engenharia Ambiental ou Topografia, não se enquadra necessariamente em Engenharia Civil.
  5.  Área da seção transversal de um rio (Topografia); o cálculo da força resultante devido a um vento não uniforme soprando contra a lateral de um arranha-céu que, geometricamente, simboliza um cálculo de área (Engenharia Mecânica). Errado, pois a segunda aplicação se refere à Engenharia Estrutural e não à Engenharia Mecânica.

Tente novamente...

Esta alternativa está incorreta, leia novamente a questão e reflita sobre o conteúdo para tentar outra vez.

Questão 2

Quando trabalhamos com áreas que, em geral, são estimadas por integrais, devemos levar em conta que nem sempre é possível obter o valor exato dessa integral, fazendo-se assim os métodos numéricos necessários para a solução do problema. Nesse aspecto, há duas situações que é impossível encontrar o valor exato de uma integral.
A respeito dessas situações, assinale a alternativa correta.

Correto!

Quando estudamos Cálculo Numérico, especialmente Integração Numérica, nos deparamos com duas situações: a primeira decorre do fato de que, para usar o Teorema Fundamental do Cálculo, precisamos conhecer uma antiderivada de f e às vezes isso é impossível. E a segunda ocorre quando a função é determinada a partir de um experimento científico ou dados coletados.

Questão 3

Antes de aplicar uma das regras de integração numérica, é fundamental que encontremos o número de subintervalos a serem considerados para a aplicação de cada uma das regras. Para entender melhor esse conceito, considere a integral:
0πsen(x)dx
Com uma precisão de 5 casas decimais.

Tente novamente...

Esta alternativa está incorreta, leia novamente a questão e reflita sobre o conteúdo para tentar outra vez.

Tente novamente...

Esta alternativa está incorreta, leia novamente a questão e reflita sobre o conteúdo para tentar outra vez.

Tente novamente...

Esta alternativa está incorreta, leia novamente a questão e reflita sobre o conteúdo para tentar outra vez.

Correto!

Vamos trabalhar com a integral 0πsen(x)dx usando as regras de Simpson e dos trapézios. Começamos então com a regra dos trapézios. Nesse caso, o erro total é dado por:
ETcbah312sup|f''x|; xa,bπ12h2<12×105
pois supf''x1. Assim, segue que h<0,00437 e, portanto, n719, isto é, precisamos de aproximadamente 719 intervalos. Agora, para a regra de Simpson, temos que o erro total é:
EScb  ah4180maxf4x; x  a, b=π180h4<12×105
pois maxf4x<1. Portanto, segue que h<0,2314 e assim n=1h>4,324, isto é, precisamos de apenas 4 intervalos para calcular a integral por métodos numéricos.

Tente novamente...

Esta alternativa está incorreta, leia novamente a questão e reflita sobre o conteúdo para tentar outra vez.

Referências

ANDRADE, D. Cálculo numérico. In: NOTAS de aula. [S. l.], 2012.
FERNANDES, D. B. Cálculo Numérico. São Paulo: Editora Pearson, 2015.
FRANCO, N. B. Cálculo Numérico. São Paulo: Editora Pearson, 2006.
HFM. Integração Numérica. CN15. 2010. Disponível em: https://homepages.dcc.ufmg.br/~hfmatos/CN/mirlaine/aula15.pdf. Acesso em: 26 mar. 2021. 

Bons estudos!

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