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FOCO NO MERCADO DE TRABALHO

VARIAÇÃO LINGUÍSTICA E A HETEROGENEIDADE DA LÍNGUA

Monique Bisconsim Ganasin
Valéria Adriana Maceis

Preconceito linguístico

O preconceito linguístico apoia-se nas diferenças entre as variedades do português e ignora ou não reconhece as semelhanças entre a multiplicidade de variedades. 

Fonte: Shutterstock.

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sem medo de errar

Nesta seção, precisamos pensar em como ajudar nossos alunos a entender que cada variedade linguística é um patrimônio da sociedade e da cultura e deve ser respeitada. Muitas vezes temos preconceito com aquilo que não conhecemos. Portanto, talvez, o que falte às crianças é o conhecimento acerca das variações linguísticas, pois a compreensão desse fenômeno pode levá-las ao caminho do respeito diante das variações linguísticas, além do repúdio a preconceitos. Sendo assim, para a resolução da situação-problema, você, como educador, pode propor inicialmente um trabalho de pesquisa sobre o assunto. Nessa pesquisa, os educandos devem ser orientados a investigar a respeito dos fatores extralinguísticos que motivam as variações, para entenderem o porquê de pessoas terem modos distintos de se expressar – nem errados, nem certos, apenas distintos. Você pode dividir os alunos em grupos. Com a pesquisa realizada, eles podem produzir um vídeo conceitual e criativo tratando do tema. Após produzidos e apresentados para a turma, esses vídeos podem ser publicados em algum blog ou canal da sala.

É sabido que apenas essa atividade, por mais produtiva que seja, não eliminará o preconceito por completo. Mas será uma oportunidade de os alunos conhecerem melhor as variações e, por consequência, respeitarem mais não só esse jovem bolsista na turma, mas também qualquer pessoa. É importante que o professor esteja atento ao comportamento de todos na sala e sempre busque estratégias de desenvolvimento de empatia entre todos os alunos. Você pode adaptar essa resolução como quiser, a seu modo e condizente com a sua realidade.

Pesquise mais 

Para complementar seus estudos, indicamos:

  • “Bases para uma pedagogia da variação linguística” – Videoconferência promovida pela Abralin (Associação Brasileira de Linguística), com o professor Carlos Alberto Faraco. 
    CARLOS Faraco. YouTube, [s.d.]. (1h, 9m e 14s). Publicado pelo canal Abralin.
  • MURAD, C. R. R. O.; SILVA, Â. M. Variação linguística e ensino de língua portuguesa: o professor da educação infantil como promotor do diálogo entre ciência e sala de aula. Revista Anais do SIELP, Uberlândia, v. 2, n. 1. EDUFU, 2012.
  • BAGNO, M. Preconceito Linguístico: o que é, como se faz. São Paulo: Edições Loyola, 2004.

avançando na prática

COMBATENDO O PRECONCEITO LINGUÍSTICO

A fim de auxiliar você ainda mais na prática educacional futura, apresentamos a seguinte situação-problema. Imagine agora que você seja coordenador pedagógico em uma escola no interior de São Paulo. Há pouco tempo foi contratado um professor cearense com forte sotaque de sua região. Você tem notado que esse professor tem sofrido com “piadinhas”, apelidos pejorativos e demais comentários carregados de preconceito linguístico por parte dos alunos e até mesmo por parte de alguns colegas de trabalho. Você tem se sentido bastante incomodado com essa situação. O que poderia ser feito para acabar com essa situação discriminatória em sua escola, considerando tudo que você já leu até aqui?

Resolver uma situação-problema como essa não é simples e talvez a solução não venha com apenas uma iniciativa. Porém, o que não se pode fazer é “fechar os olhos” para o fato e deixar de  tentar resolvê-lo. Seria interessante desenvolver uma atividade para contribuir com a resolução e/ou amenização desse problema, no intuito de fazer toda a comunidade escolar – em especial os alunos, que estão em formação e necessitam de vivências de aprendizagem e compreensão – entender que a língua é um fenômeno cultural, histórico, social, variável, heterogêneo e sensível aos contextos de uso e que, com ela, constroem-se identidades de seus usuários e da comunidade a que pertencem, assim como o caso desse professor cearense.

A proposta de atividade seria a criação de um canal de podcast na escola. Tal canal seria administrado por uma equipe formada por professores e alunos que atuariam tanto na produção dos conteúdos quanto na organização, fazendo o planejamento adequado com um cronograma específico para divisão dos trabalhos para cada turma. A ideia é que toda a escola se envolva: talvez, cada semana uma sala e cada sala tratando de uma regionalidade do país (desde culinária a costumes, crenças e, claro, o vocabulário), por exemplo, ou tratando de contextos específicos para este ou aquele estilo de linguagem (formal ou informal). Nos intervalos, os podcasts poderiam ficar audíveis para todos.

Essa atividade pode motivar a participação dos alunos por ser o podcast um gênero mais atual de comunicação. E, com a pesquisa que cada episódio a ser gravado exigirá, o aprendizado tende a ser significativo, enriquecedor. Por fim, entendendo mais a beleza, a riqueza e a diversidade de cada região do país e enxergando a língua como plural e variável, os preconceitos que recaem tanto sobre esse professor da escola quanto sobre outros falantes das mais variadas regiões tenderiam a diminuir com o tempo.

Bons estudos!

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