Comentários
Vamos revisitar as classes de palavras, destacando seus critérios de análise e classificações.
Fonte: Shutterstock.
Deseja ouvir este material?
Áudio disponível no material digital.
Nesta unidade, você terá a oportunidade de aperfeiçoar seus conhecimentos sobre as classes gramaticais e as respectivas funções sintáticas que elas podem desempenhar; relembrará a funcionalidade das orações e seus valores na construção de sentidos dentro dos textos; por fim, revisará usos de sinais de pontuação, concordância e regência em Língua Portuguesa. Esses conteúdos se mostram relevantes para sua futura prática docente, como educador usuário da Língua Portuguesa.
Comuns, próprios; simples, compostos; concretos, abstratos... Sabe a que classe de palavras essas classificações pertencem? À classe conhecida por “dar nome aos seres”: o substantivo. Mas será que é somente essa a função de tal classe morfológica? Na primeira parte desta unidade, convidamos você a conhecer melhor tanto o substantivo quanto o adjetivo, o verbo, o artigo, o numeral, o pronome e suas respectivas funções dentro das porções textuais.
Em seguida, a fim de que você, como futuro educador, alcance o máximo de domínio do funcionamento e uso de nossa língua materna, trataremos do período composto, isto é, das orações coordenadas e subordinadas que o compõem e atribuem sentido a parágrafos de narrações, dissertações, romances, contos e crônicas, entre tantos outros gêneros textuais.
Por fim, vamos retomar as questões de pontuação, concordância e regência, reforçando empregos, conceitos e noções, por exemplo, sobre vírgula, singular e plural, feminino ou masculino, crase, entre outros, os quais muitas vezes geram dúvidas tanto a você, acadêmico, quanto a seus futuros alunos.
Bons estudos!
Nesta seção, você terá a chance de rever e/ou aprofundar-se em conceitos e noções gramaticais vistas em seu ensino fundamental e médio. Analisará, mais de perto, a classe nuclear dos substantivos – seu uso, critérios de análise, funcionamento dentro do texto e suas respectivas classificações.
Além do substantivo, você examinará também o adjetivo, classe intimamente ligada ao substantivo, visto que o caracteriza – enaltece, deprecia, exalta, inferioriza; conhecerá seus empregos sintáticos, suas diferentes categorias e variações no que tange à posição na oração.
E quanto aos verbos? Será que eles correspondem à classe de palavras que, restritamente, indica ações? Nesta seção trataremos do verbo, analisando seus critérios de análise, formas nominais, conjugações, classificações e algumas flexões, como modo e tempo.
E os chamados determinantes? Qual é o papel deles na produção de sentidos em um texto? Quais classes de palavras, em geral, os representam? Veja-os: o, a, um, uma, dois, três, primeiro, segundo, este, ninguém, qual, que e outros. Esses são alguns dos artigos, numerais e pronomes, que também serão estudados nesta seção.
Nosso intuito é ajudar você a lapidar e/ou ampliar sua aprendizagem sobre importantes conceitos voltados à Língua Portuguesa, afinal é fazendo uso diário dela que você desempenhará sua função de educador, independentemente da área do conhecimento em que deseja especializar-se.
Sigamos agora com um exemplo de situação-problema, com a qual você pode vir a defrontar-se em sua prática educacional. Imagine que você é professor das séries iniciais do ensino fundamental e seus alunos têm apresentado dificuldades para diferenciar os tempos verbais. Com frequência, têm empregado trocas de pretérito e futuro, por exemplo, como em ocorrências com “entregaram”/“entregarão” – deslizes comuns em situações comunicativas diversas, nas quais muitos falantes confundem as desinências “am” e “ão”.
Você já apontou os problemas nas produções dos alunos, já os orientou individualmente e já propôs atividades sobre, porém o problema de uso persiste. Que estratégias didático-pedagógicas podem ser utilizadas para tentar amenizar, ao menos, tal questão gramático-textual? Considerando todas as informações estudadas sobre verbos e tempos verbais e seu conhecimento prévio voltado à didática em sala construído até então, e levando em conta também a sua experiência como aluno-usuário da Língua Portuguesa, pesquise e pense a respeito.
Está preparado para mais essa imersão em conteúdos voltados à nossa língua? Há muito saber a ser construído, aperfeiçoado, conquistado por você. Bons estudos!
Menina, gato, parque, carinho, amor, beleza, passeio…Todas essas palavras e tantas outras que usamos intensamente em nossa comunicação são chamadas morfologicamente de substantivos, como você já deve ter estudado.
No fragmento do poema “De gramática e de linguagem”, Mário Quintana (1998) destaca:
E havia uma gramática que dizia assim:
“Substantivo (concreto) é tudo quanto indica
Pessoa, animal ou cousa: João, sabiá, caneta”.
Eu gosto é das cousas. As cousas, sim!...
As pessoas atrapalham. Estão em toda parte.
Multiplicam-se em excesso.
As cousas são quietas. Bastam-se. Não se metem com ninguém.
[…]
A tradição gramatical costuma definir o substantivo como classe de palavras que atribui nomes aos mais diversos elementos que usamos para nos comunicar, sejam eles pessoas, animais, lugares, qualidades, substâncias, sentimentos, estados, ações e processos, entre outros. Além disso, menciona-se também, nas gramáticas tradicionais – doravante GTs –, o fato de tal classe admitir flexão em gênero (masculino e feminino), número (singular e plural) e grau (aumentativo e diminutivo).
O gramático Evanildo Bechara (2010), em sua Gramática Escolar da Língua Portuguesa, ao tratar dessa classe gramatical cita a possibilidade de termos que não são primariamente substantivos virem a se tornar “palavras substantivadas”, quando precedidos por artigos ou outros vocábulos que atuam como determinantes. É o caso, por exemplo, do advérbio “não”, que assume a função de substantivo em frases como: “Ele recebeu um não como resposta”. Em tal frase, “não” está acompanhado do artigo (determinante) “um”. Confira, na íntegra, a definição de Bechara na obra citada:
Substantivo é classe de palavra que se caracteriza por significar o que convencionalmente chamamos objetos substantivos, isto é, em primeiro lugar, substâncias (homem, casa, livro) e, em segundo lugar, quaisquer outros objetos mentalmente apreendidos como substâncias, quais sejam qualidades (bondade, brancura), estados (saúde, doença), processos (chegada, entrega, aceitação). Qualquer palavra tomada materialmente pode substantivar-se (o ses, os des, os nãos, os sins, os porquês). (BECHARA, 2010, p. 66, grifo do autor)
Pesquisadores atuais, que estudam a língua em uso com frequência, encontram lacunas nas classificações da tradição gramatical. Há uma crítica, por exemplo, com relação à adoção de tais critérios de análise para classes de palavras como o substantivo. Segundo esses estudiosos, os gramáticos tradicionais ora se valem apenas do critério semântico, ora do morfológico e ora do sintático. No que tange à definição do substantivo, em geral, apenas o critério semântico costuma ser considerado pela GT, quando essa pontua, por exemplo, que o substantivo é “a palavra que designa ou nomeia os seres”.
Como seria então uma abordagem considerada mais completa do substantivo sob os três critérios citados? A seguir, há uma proposta de definição que busca abranger os aspectos indicados com relação a tal classe.
Critérios |
Definição de substantivo |
---|---|
Semântico | Do ponto de vista semântico, designa principalmente os seres. |
Morfológico | Do ponto de vista morfológico, apresenta marca de gênero (masculino ou feminino) e de número (singular ou plural). Faz o plural em s. Há quem analise o substantivo morfologicamente considerando que ele pode ser dividido em: quadriformes (como é o caso de menino, menina, meninos, meninas), biformes (livro, livros; animal, animais) e uniformes (lápis, férias), conforme apresentem quatro, duas ou apenas uma forma de flexão. |
Sintático | Do ponto de vista sintático, é a única palavra que pode desempenhar sozinha o papel de sujeito, mas pode ser acompanhada de satélites que a modificam. Os substantivos comuns funcionam como núcleo de sintagmas, que podem ser preposicionados ou não. Os substantivos próprios, ao contrário, não são nomes que se aplicam, em geral, a qualquer elemento de uma classe. Esses substantivos fazem uma designação individual dos elementos a que se referem ou, ainda, identificam um referente único com identidade distinta dos demais referentes. |
É interessante enfatizar que o critério de análise sintático tem a ver com a função nuclear do substantivo. Tal classe de palavras pode funcionar, na oração, como núcleo das seguintes funções sintáticas: sujeito, objeto direto, objeto indireto, predicativo do sujeito e do objeto, adjunto adnominal, complemento nominal, adjunto adverbial, agente da passiva, aposto e vocativo.
Veja alguns exemplos da classe substantivo funcionando como núcleo de variadas funções sintáticas:
Maria Helena de Moura Neves, professora e linguista responsável por inúmeras pesquisas pautadas na teoria funcionalista da linguagem , ao tratar dos substantivos, primeiramente define-os como classe usada para referir-se às diferentes entidades (coisas, pessoas, fatos etc.) denominando-as (NEVES, 2000, p. 67). Para essa autora funcionalista, a definição clássica de substantivos proferida pela GT deve-se, em suma, ao significado lexical dos substantivos comuns e é coerente quando os vocábulos são analisados sem se levar em conta sua ocorrência no enunciado. Em outras palavras, a definição da tradição gramatical tem fundamento, mas recebe críticas por analisar os termos fora de um contexto, considerando, assim, apenas seu valor semântico (sentido).
De fato, considerados independentemente de sua ocorrência no enunciado, os substantivos são nomes (designações) de entidades cognitivas e/ou culturais (como “homem”, “livro”, “inteligência”) que possuem certas propriedades categorizadas no mundo extralinguístico. (NEVES, 2000, p. 67-68)
Neves (2000) propõe um estudo amplo e exaustivo dos substantivos. Ela destaca questões de uso e reforça a importância de se observar o contexto em que dada palavra é utilizada. Sobre os critérios de análise, essa estudiosa faz as seguintes considerações:
Infelizmente, não serão abordados todos os itens estudados pela autora Maria Helena de Moura Neves acerca do substantivo. No entanto, dada a relevância de sua pesquisa, recomendamos a leitura do trabalho dessa autora:
NEVES, M. H. M. Gramática de usos do português. São Paulo: Editora UNESP, 2000.
Observe no Quadro 2.2 um resumo de como Neves (2000) classifica o substantivo.
Substantivos comuns – subclassificação de base semântica |
Substantivos comuns – subclassificação de base morfológica |
Concretos: têm referentes individualizados. Vários subconjuntos possíveis: genérico: animal; específico: zebu; inanimado: pedra; humano: menino; locativo: praça; temporal: mês etc. | Primitivos: que não derivam de nenhuma outra palavra da língua, como bola, cor, café. |
Não concretos (abstratos): remetem a referentes que se abstraem de outros (esses, por sua vez, denominados por outros substantivos, sejam concretos ou abstratos). Exemplos de substantivos abstratos: de estado: doença; de propriedade: temperatura; de qualidade: beleza; de ação: intervenção; de processo: diminuição etc. | Derivados: que derivam de outra palavra da língua, como bolada, descoramento, cafezal. (Podem formar-se a partir das diversas classes gramaticais). |
Contáveis: referem-se a grandezas discretas, descontínuas e heterogêneas, suscetíveis de contagem e, portanto, de pluralização. Trata-se de referência a elementos individualizados de um conjunto passível de divisão em conjuntos unitários. | Simples: formados por apenas um radical, como roupa, flor, café, leite. |
Não contáveis: referem-se a grandezas contínuas, descrevendo entidades não suscetíveis de numeração. Trata-se de referência a uma substância homogênea, que não pode ser dividida em indivíduos, mas apenas em massas menores, e que pode ser expandida indefinidamente, sem que sejam afetadas suas propriedades cognitivas e categoriais. | Compostos: formados por mais de um radical, como guarda-roupa, couve-flor, café-com-leite, girassol. |
Autores tradicionais como Terra (2006, p. 93) tratam ainda dos substantivos coletivos, afirmando que esses substantivos comuns merecem destaque, pois são “aqueles que, mesmo no singular, designam um conjunto de seres ou coisas da mesma espécie”. Exemplos: cardume, para peixes; matilha, para cães; enxame, para abelhas.
Neves (2000) detalha as diversas classes gramaticais que podem formar os substantivos derivados e os compostos. E, ao discorrer sobre os substantivos contáveis e não contáveis, ela afirma que “A gramática tradicional não se mostra sensível à diferença entre as subcategorias contável e não contável dos substantivos. Entretanto, são várias as propriedades que distinguem essas duas subcategorias.” (NEVES, 2000, p. 82). Entre tantos apontamentos e exemplos que autora faz uso a fim de diferenciar um substantivo contável de um não contável, uma questão relevante levantada é a flutuação de categoria, ou seja, um mesmo termo pode, em dado contexto, funcionar como substantivo contável e, em outro, como não contável.
Veja exemplos de enunciado com o substantivo frango.
Substantivo contável |
Substantivo não contável |
---|---|
João pediu aos pais um frango de estimação. (um indivíduo referenciado) Depois de mostrar os galos, mostrou também os três frangos. (um conjunto de indivíduos referenciados) |
Especialistas apontam que usar frango para alimentar peixes pode ser uma opção ruim. (massa ou substância) |
Observe que, em todas as ocorrências com o substantivo “frango” – seja contável ou não contável – ele funciona também como núcleo; nesses três casos, é núcleo – parte central – do objeto direto, já que completa verbos transitivos sem auxílio de preposição.
No primeiro exemplo, “um frango de estimação” completa o verbo “pedir”; no segundo, “os três frangos” completa o verbo “mostrar”; e, no terceiro exemplo, “frango” completa o verbo “usar”.
É comum muitos estudantes apresentarem dúvidas na identificação de um substantivo abstrato. Com isso, é válido destacar a explanação de Terra (2006) sobre esse tipo de substantivo. O autor sinaliza que os substantivos abstratos são, em geral, derivados de verbos ou de adjetivos. Como exemplo, ele expõe os termos:
Terra (2006) enfatiza a importância de se observar o contexto para sabermos se determinado substantivo é concreto ou abstrato.
Terra (2006) cita as palavras construção e venda como exemplos de termos que podem ser concretos ou abstratos, dependendo do contexto. Veja:
É válido ressaltar a importância para você, que cursa licenciatura, de conhecer tanto a teoria difundida pela tradição gramatical acerca tanto das classes gramaticais quanto as pesquisas mais recentes em Língua Portuguesa, sobretudo as de cunho funcionalista, sobre os mais diversos conteúdos, a fim de verificar questões efetivas de uso, a observação das diferentes situações comunicativas, as inúmeras possibilidades de formação de certas classes, dados reais de fala ou escrita e demais objetos de análise dos funcionalistas, pouco explorados pela GT.
Nomear, compartimentar, conferir existência: ao dar nome às coisas – representações de fatos, ações, processos, fenômenos, objetos, pessoas – o substantivo ajuda o falante a organizar as informações em sua linguagem cotidiana, ao falar e ao ouvir. Você já pensou em como seria a nossa comunicação sem o uso de substantivos? Reflita a respeito.
Os adjetivos passam, e os substantivos ficam
Observe o trecho da letra da música “Cariocas”, de Adriana Calcanhotto:
Cariocas
Cariocas são bonitos
Cariocas são bacanas
Cariocas são sacanas
Cariocas são dourados
[...]
Percebeu que, no decorrer da canção, a compositora descreve, caracteriza os cariocas? Bonitos, bacanas, sacanas, dourados: todos esses termos foram usados para caracterizar os cariocas. Todos eles funcionam, portanto, como adjetivos.
Tradicionalmente, os adjetivos são palavras que caracterizam um substantivo, conferindo-lhe uma qualidade, característica, aspecto ou estado. Os adjetivos variam em gênero (masculino e feminino) e em número (singular e plural) conforme o substantivo que caracterizam. Mais que isso, os adjetivos têm o poder de exaltar e de humilhar; são capazes de enriquecer e de empobrecer. Com isso, conclui-se que tal classe exerce um papel fundamental na construção de sentidos no texto.
Ademais, tal classe de palavras é categorizada qualificadora ou classificadora. Para entender essa divisão, analise os adjetivos empregados na canção “Cariocas”. Por exemplo, bonitos, bacanas, sacanas e dourados atribuem uma caracterização mais subjetiva ou mais objetiva para os cariocas? Isto é, caracterizam-nos com juízo de valor, com opinião do observador ou de modo mais direto, preciso, meramente classificatório (como o próprio nome diz)? Nesse caso, são adjetivos com opinião do observador, certo? Se assim o são, denominam-se adjetivos qualificadores (caracterizações mais subjetivas, que dependem do ponto de vista e de opiniões pessoais). Já os classificadores seriam mais objetivos, do tipo: energia solar; livro didático; festas natalinas.
Os adjetivos também são usados em forma de locução, ou seja, locuções adjetivas. Exemplos: atitudes de anjo (angelicais); pneu de trás (traseiro); livro sem capa (desencapado). É importante lembrar que nem sempre há um adjetivo correspondente para cada locução que usamos: colega de turma; caixa de papelão.
Com relação aos critérios de análise do adjetivo, confira o Quadro 2.3:
Critérios |
Definição de adjetivo |
---|---|
Semântico | Do ponto de vista semântico, designa qualidades atribuídas ao substantivo ou a termos de valor equivalente. Essa qualificação/caracterização pode ser tanto de cunho explicativo quanto restritivo (O homem, racional, não deveria fazer guerras; O homem valoroso conquista seus objetivos). |
Morfológico | Do ponto de vista morfológico, varia conforme as pessoas e geralmente apresenta marca de gênero (masculino ou feminino) e de número (singular ou plural). |
Sintático | Do ponto de vista sintático, é satélite do substantivo. Pode funcionar como predicativo, adjunto adnominal e, quando é empregado como substantivo, também pode assumir funções sintáticas próprias dos substantivos. |
Como se afirmou do ponto de vista sintático, o adjetivo pode funcionar como adjunto adnominal e predicativo:
Os principais verbos que funcionam em determinadas situações como verbos de ligação são: ser, estar, permanecer, ficar, continuar, tornar-se, virar, andar, achar-se, passar, acabar, persistir, parecer.
Como ambas as funções podem caracterizar termos, elas podem ser representadas por adjetivos, mas é preciso ficar claro: existem outras classes de palavras que podem funcionar, em uma oração, como adjuntos adnominais ou como predicativos, e outras classes como artigos, pronomes, numerais e até substantivos ou verbos (no caso dos predicativos). Mas como ambas podem ser representadas por adjetivos, vamos analisá-las para que não haja dúvida.
Veja os exemplos:
Observe no Exemplo I que “bonitos” é um adjetivo funcionando sintaticamente como predicativo. O adjetivo “bonitos” é atribuído a “cariocas” por meio do verbo de ligação “ser” (“são”). Além disso, corresponde sozinho a uma função sintática, ou seja, não está dentro de outra função, junto ao núcleo, como estaria o adjunto adnominal.
No Exemplo II, a palavra “tenso” é predicativo, pois atribui um estado ao sujeito “advogado” mediante o verbo de ligação “está”. Ao indicar estados, o predicativo parece ir ao encontro da frase de Machado de Assis (1994): “Os adjetivos passam, e os substantivos ficam”, uma vez que estados são efêmeros, passageiros (o advogado está tenso nesse momento – não ficará eternamente assim).
No Exemplo III, “bonito” é um adjetivo com função de adjunto adnominal. Compreendeu o que mudou de uma frase para outra? Aqui, entre “carioca” e “bonito”, não há verbo de ligação. E observe que “bonito”, como fazem os adjuntos adnominais, está dentro de outra função sintática – nesse caso, dentro do sujeito “aquele carioca bonito” – o núcleo do sujeito é “carioca”; o pronome “aquele” e o adjetivo “bonito” acompanham e caracterizam tal núcleo.
No Exemplo IV, o trecho “de trás” está dentro do sujeito “O pneu de trás”, caracterizando o núcleo “pneu”, sem intermédio de um verbo de ligação. Veja como o adjetivo – ou locução adjetiva – com função sintática de adjunto adnominal, como nesse caso, tem o papel de especificar um substantivo, esclarecendo com precisão a informação: é o pneu de trás, e não o da frente, que está murcho.
Neves (2000, p. 173) apresenta um estudo abrangente sobre os adjetivos. Ao conceituá-los, ela afirma que “Os adjetivos são usados para atribuir uma propriedade, singular a uma categoria (que já é um conjunto de propriedades) denominada por um substantivo”. Além disso, a autora apresenta diferenças entre um e outro adjetivo, ou seja, não os trata de forma homogênea. Para Neves (2000), alguns adjetivos qualificam (homem grande; moça bonita) e outros servem para subcategorizar os substantivos (perícia médica; estudo psicológico) – divisão parecida com a que já citamos, qualificadores/classificadores.
Observe, no Quadro 2.4, alguns dos pontos que merecem destaque na pesquisa de Neves (2000) sobre os adjetivos em geral e que são pouco abordados pelas GTs.
Análise do adjetivo |
Estudo |
---|---|
Formação de locuções adjetivas | A descrição das possibilidades de formação das locuções adjetivas, também denominadas por ela como adjetivos perifrásticos. Exemplos: escolhas de mau gosto; café sem açúcar. |
Substantivo com função de adjetivo atuando tanto como núcleo quanto como adjunto no enunciado | Exemplos: Joãozinho era menino ainda e malévolo. Veja que o termo “menino”, substantivo comum núcleo do predicativo nesse caso, funciona como caracterizador para o substantivo próprio “Joãozinho”. O sentido que se quer passar é que Joãozinho ainda era bem jovem. Já em uma expressão como conta fantasma, o substantivo “fantasma” – atuando como adjunto nesse caso - caracteriza o nome “conta”, ou seja, uma conta falsa, inexistente. A autora examina várias situações em que ocorre esse emprego do substantivo com função de adjetivo. Entre os itens analisados por ela com relação a tal uso, citamos a investigação da posição de tais termos no enunciado, isto é, a análise de construções em que o substantivo/adjetivador está à direita ou à esquerda do nome a que se refere; os efeitos de sentido que esse uso do substantivo como adjetivo pode acarretar, por exemplo: efeito qualificador (Havia um jeito garoto dela de dizer as coisas), classificador (Chegamos à situação limite); indicação de tipo (bomba-relógio), de qualidade (Ela procurou assumir um ar adulto), de finalidade (Fez uma incursão reciclagem até a Vila Madalena). |
Construções substantivo + adjetivo e adjetivo + substantivo | As construções constituídas de substantivo + adjetivo e adjetivo + substantivo, as quais com o uso acabaram formando expressões que se comportam como uma só palavra, uma só unidade de sentido: uma unidade lexical. Exemplos: cara fechada; bom humor, assistente social. |
Enunciado exclamativo | O fato de um termo poder constituir sozinho um enunciado exclamativo, exemplo: Linda! Covarde! |
Outra questão bastante relevante, entre tantas apontadas por Neves (2000) com relação aos adjetivos, refere-se ao comportamento diferente de certos adjetivos conforme a natureza do substantivo a que se referem e dependendo de sua colocação na frase. Observe as frases:
Há uma diferença de sentido entre as expressões: jovem esportista e esportista jovem. Em “jovem esportista”, o termo “esportista” atribui uma característica positiva ao termo “jovem”, que, nesse caso, é um substantivo. Já, no segundo caso, em “esportista jovem”, a mudança de posição dos termos gerou também mudança nas classes de palavras: a palavra “esportista” agora assume a função de substantivo, isto é, não caracteriza nesse caso. Na verdade, o termo “esportista” é que está agora sendo caracterizado por “jovem” – substantivo aqui com função de adjetivo.
Nesse caso, houve mudança na ordem dos termos na oração e na classe de palavras. Mas há também casos em que não há mudança na classe; com a inversão de posição dos termos, tem-se outro sentido, mas as classes de palavras continuam as mesmas. Por exemplo:
Expressão |
Classe do primeiro termo |
Classe do segundo termo | Sentido |
---|---|---|---|
amigo velho | amigo (substantivo) | velho (adjetivo) | amigo idoso |
velho amigo | velho (adjetivo) | amigo (substantivo) | amigo de longa data |
Veja que, no primeiro caso, o sentido é de amigo idoso; no segundo caso, o sentido expresso é de que a relação de amizade é antiga, ou seja, é um amigo de longa data (alguém que não necessariamente é idoso).
Os adjetivos podem ainda funcionar como advérbios em dados contextos. Exemplos:
Note que os termos “positivo” e “ruim” são adjetivos, mas, nesses exemplos, referem-se, respectivamente, aos verbos “testar” e “dar” – em uma aparente indicação de modo, logo, nessas construções, funcionam como advérbios, e não como adjetivos.
Há muito mais para se estudar tanto sobre a classe de palavras dos substantivos e sobre as funções que eles podem desempenhar na oração quanto sobre a classe dos adjetivos. Veja, a seguir, algumas fontes para estudo da flexão do substantivo e do adjetivo.
“Considerações sobre a concepção de Câmara Jr. acerca do gênero do substantivo em português” (BOTELHO, [s.d.]).
“Flexão de número em nomes do português culto usado no Brasil: uma análise sincrônica” (BIACCHI, 2013).
“A expressão de grau: para além da morfologia” (VIEIRA; VIEIRA, 2008).
“Grau do adjetivo: flexão ou derivação?” (YURI, 2011).
“Estudo do adjetivo quanto ao gênero” (SILVA; OLIVEIRA, 2011).
Conheça agora um pouco sobre a classe cuja origem latina remete ao significado “palavra”, “vocábulo”, isto é, à classe dos verbos verbum.
Verbo: classe de palavras que indica ação. Devido aos vários aspectos e pontos de estudo que os verbos oferecem, observam-se algumas divergências entre os autores no que tange às noções conceituais sobre essa classe de palavras.
De modo geral, nota-se que os verbos são apresentados como termos capazes de expressar não só ações, mas também fatos, estados, mudanças de estados e fenômenos naturais, situando essas ocorrências no tempo passado, presente ou futuro.
É relevante destacar, no entanto, que essa definição merece atenção e ressalvas, já que existem outras classes de palavras de nossa língua capazes de indicar ações, estados ou fenômenos naturais, como o substantivo. Exemplo: “A luta foi violenta.” (luta – substantivo que indica ação), “Sua saúde merece atenção.” (saúde – substantivo que indica estado); “A chuva forte devastou toda a região.” (chuva – substantivo que indica fenômeno natural).
E as locuções verbais, você sabe como identificá-las? Os verbos, assim como os adjetivos, podem ser utilizados em forma de locução, ou seja, as locuções verbais: conjuntos formados por verbos que exprimem um processo. Nas locuções verbais, um verbo funciona como auxiliar e outro como principal. O verbo principal – que conduz a significação maior da locução – estará sempre em uma das formas nominais (as quais serão estudadas a seguir) e o auxiliar receberá as flexões de tempo, modo, pessoa e número.
Terra (2006) adverte que, se houver mais de um auxiliar na locução, a flexão ocorrerá somente no primeiro. Além disso, o autor lembra que muitas vezes os verbos da locução podem estar ligados por preposições.
Veja alguns exemplos de locuções verbais apresentados por Terra (2006):
Observe que, nesses exemplos, as locuções apresentam dois verbos:
Com relação aos critérios de análise, o verbo pode ser assim descrito:
Critérios |
Definição de verbo |
---|---|
Semântico | Do ponto de vista semântico, designa ações, estados, fenômenos da natureza e processos. |
Morfológico | Do ponto de vista morfológico, apresenta marca de tempo (presente, passado ou futuro), de modo (indicativo, subjuntivo ou imperativo), de pessoa (1ª, 2ª e 3ª) e de número (singular ou plural). |
Sintático | Do ponto de vista sintático, é núcleo da oração e pode constituí-la sozinho (por exemplo: Choveu.) ou vir acompanhado de outras palavras. |
Essa pergunta pode ser respondida considerando-se o que consta no critério sintático ou então levando-se em conta a seguinte análise: porque oração é todo enunciado que tem verbo. Logo, se não houver verbo, não há oração. Há apenas uma frase nominal. Veja os exemplos:
Perspectivas de análise menos tradicionais afirmam que o verbo deve ser entendido como a palavra que pode apresentar variações quanto a seis categorias diferentes: pessoa, número, tempo, modo e aspecto.
Neves (2000), autora cujas pesquisas têm guiado todo o nosso estudo, afirma que os verbos em geral constituem os predicados das orações. Ela ressalta também: “A construção de uma oração requer, portanto, um predicado representado basicamente pela categoria verbo ou, ainda, pela categoria adjetivo (construído com um verbo de ligação)” (NEVES, 2000, p. 25).
Em uma oração como “Eu faço silêncio”, sintaticamente tem-se “eu” como sujeito da oração e “faço silêncio” como predicado.
Veja no Quadro 2.6 a seguir as formas nominais do verbo.
Formas nominais |
Exemplos |
---|---|
Infinitivo Indica o processo verbal propriamente dito, sem situá-lo no tempo, desempenhando função semelhante à do substantivo. O Infinitivo é a única forma nominal que admite flexão de pessoa. Quando não apresenta flexão de pessoa denomina-se infinitivo impessoal; com flexão de pessoa, chama-se infinitivo pessoal. |
Convém apresentar as soluções. A única saída era chamarmos um mecânico. Os verbos na forma nominal do Infinitivo sempre apresentarão a chamada desinência de infinitivo (-r): apresentar, chamar, estudar, dançar, comer, sorrir. No caso de “chamarmos”, o verbo está no infinitivo pessoal, já que apresenta também a desinência número-pessoal “mos”: chamar+mos. |
Gerúndio Indica uma ação em curso, desempenhando função semelhante à dos adjetivos e advérbios. O gerúndio não apresenta flexão. |
Os meninos, brincando na grama, pareciam tranquilos. Os verbos na forma nominal do Gerúndio sempre apresentarão a desinência de gerúndio (-ndo): brincando, apresentando, chamando, estudando, dançando, comendo, sorrindo. |
Particípio Indica uma ação já acabada, desempenhando função semelhante à dos adjetivos. O Particípio admite flexão de gênero e número. |
Revelado o motivo, puderam sair. Reveladas as razões, puderam sair. Os verbos na forma nominal do Particípio apresentam, em geral, a desinência de particípio (-ado ou -ido): revelado, brincado, apresentado, chamado, estudado, dançado, comido, sorrido. Mas há também aqueles que dispõem do chamado particípio irregular, com a terminação diferente. Exemplo: o verbo fazer, cujo Particípio é a forma feito, e não “fazido”. |
Os verbos da Língua Portuguesa estão agrupados em conjuntos chamados conjugações, determinadas a partir da vogal temática indicada na forma verbal. Assim, à 1ª conjugação pertencem todos os verbos terminados em ar, ou seja, que apresentam a vogal temática a; à 2ª conjugação pertencem os terminados em er, que têm a vogal temática e; e à 3ª conjugação pertencem os terminados em ir, os quais apresentam a vogal temática i.
Observe os verbos destacados nos exemplos seguintes:
Observe: desistir: 3ª conjugação; vencer : 2ª conjugação; tentar: 1ª conjugação.
Além das formas nominais das conjugações, existem também as classificações verbais. Observe, no Quadro 2.7, as classificações propostas pela GT.
Verbos regulares | Aqueles que não sofrem alterações ao serem conjugado. Por exemplo, o verbo cantar: eu canto, tu cantas, ele canta, nós cantamos, vós cantais, eles cantam. |
Verbos irregulares | Aqueles que sofrem alterações em algumas de suas formas verbais. Por exemplo, o verbo dizer: eu digo, tu dizes, ele diz, nós dizemos, vós dizeis, eles dizem (presente do indicativo); eu disse, tu disseste, ele disse, nós dissemos, vós dissestes, eles disseram (pretérito perfeito do indicativo); eu direi, tu dirás, ele dirá, nós diremos, vós direis, eles dirão (futuro do presente do indicativo). |
Verbos anômalos |
Aqueles que mudam totalmente ao serem conjugados. Por exemplo, o verbo ser: eu sou, tu és, ele é, nós somos, vós sois, eles são (presente do indicativo); eu era, tu eras, ele era, nós éramos, vós éreis, eles eram (pretérito imperfeito do indicativo); eu fui, tu foste, ele foi, nós fomos, vós fostes, eles foram (pretérito perfeito do indicativo). |
Verbos defectivos | Aqueles que não apresentam todas as formas verbais. Por exemplo, o verbo abolir – ele não dispõe da conjugação na 1ª pessoa do singular, no presente do indicativo: eu ____ (?), tu aboles, ele abole, nós abolimos, vós abolis, eles abolem. |
Verbos abundantes | Aqueles que apresentam mais de uma forma para representar um mesmo modo, tempo e pessoa. Por exemplo, o verbo aceitar – para ele, existem duas maneiras de se usar o particípio: o regular: “Tenho aceitado seus pedidos de desculpa” e o irregular: “Seu pedido de desculpa foi aceito”. |
Em se tratando de flexão do verbo, ele pode flexionar em número, pessoa, modo e tempo.
Sobre os modos verbais, analise o Quadro 2.8 que segue.
Modos |
Exemplos |
---|---|
Indicativo Ao usar esse modo verbal, o falante expressa uma atitude pessoal de certeza sobre o que diz, ou seja, ele enuncia o fato como algo certo, real. É usado em orações independentes e principais. Pode também aparecer em cláusulas relativas (orações adjetivas) e adverbiais (temporais, causais). |
Ele trabalhava na Google. Observe que, ao usar a forma verbal “trabalhava”, o enunciador expressa uma atitude de segurança sobre o que diz, expõe uma certeza do que o sujeito fazia antes, no passado, isto é, assegura-se de que ele trabalhava na Google anteriormente. |
Subjuntivo Ao utilizar esse modo, o falante expressa dúvida sobre aquilo que enuncia, isto é, o fato é expresso pelo falante de maneira incerta, como uma possibilidade, uma hipótese apenas. O conteúdo verbal pode ou não ser realizado por depender de alguma condição, ou seja, pode ser desejável ou possível. Alguns autores consideram que esse modo funciona mais como uma categoria sintática do que propriamente nocional. |
Só poderia encontrar a mãe se conseguisse comprar a passagem aérea. O verbo “conseguir”, nesse caso, está no modo Subjuntivo por indicar uma possibilidade, uma hipótese: a hipótese de conseguir (ou não) comprar a passagem. |
Imperativo Por meio desse modo verbal, o falante em geral expressa ordem, ou seja, o fato é expresso em forma de ordem ou de conselho, pedido, sugestão, dica, orientação, instrução. Tal modo verbal é considerado o mais nocional entre os três, porque expressa, principalmente, o desejo do falante, demonstrando, em alguns casos, querer influenciar o comportamento do ouvinte. |
Deixa a criança em paz! Ao usar o verbo “deixar” no imperativo afirmativo “deixa”, o autor faz uma recomendação ou dá uma ordem. |
Estudos linguísticos mais recentes apontam que, na verdade, a flexão verbal de modo não se resume apenas a esses três tipos: indicativo, subjuntivo e imperativo. Considera-se tal flexão muito mais ampla, porque se atesta que os verbos podem indicar muito mais que simplesmente certeza, dúvida e ordem (pedido, conselho). Ela pode indicar várias outras noções relacionadas à atitude do falante, tais como: desejo, impossibilidade, necessidade, obrigatoriedade, probabilidade, volição, afirmação, negação, interrogação.
Tratemos agora da flexão de tempo. Tal flexão permite indicar o momento em que o fato expresso pelo verbo ocorreu, ocorre ou ocorrerá. Quanto à forma, o tempo pode ser:
Essa estrutura formada por “ter” ou “haver” e um particípio diz respeito àqueles verbos auxiliares de tempo que estão entre os que não constituem predicado (NEVES, 2000).
Os três tempos básicos são: presente, pretérito e futuro. O presente não tem subdivisões e exprime um processo que ocorre no momento em que se fala; o pretérito subdivide-se no modo indicativo e exprime um processo que ocorreu anteriormente ao momento em que se fala; o futuro subdivide-se no modo indicativo e exprime um processo que deverá ocorrer posteriormente ao momento em que se fala.
MODO INDICATIVO |
|
---|---|
Tempos | Exemplos |
Presente do Indicativo Pode expressar:
|
Escuto passos e alguém mexe na porta. O que faço agora? – fato que ocorre no momento da fala. Não faço música para agradar ao público – fato habitual. O coração humano é um órgão do sistema circulatório localizado na cavidade torácica – uma verdade científica. Estudantes ocupam a reitoria da universidade contra o aumento do valor da refeição – um presente que substitui o pretérito – manchete de jornal. |
Pretérito perfeito do Indicativo Expressa um fato já ocorrido e completamente terminado no passado. |
Parei de ouvir conselhos ruins – fato encerrado, concluído no passado. |
Pretérito imperfeito do Indicativo Pode expressar:
|
Minutos depois, quando já caía a noite, todos estavam reunidos novamente – fato passado, mas não concluído. Eu chegava todo dia do trabalho às oito da noite – ação que era habitual no passado. |
Pretérito mais-que-perfeito do Indicativo Expressa um fato ocorrido no passado, antes de outro também no passado. Tal verbo apresenta a forma composta, que é muito mais usada do que a forma simples. |
Eu já reservara a passagem, quando ele desistiu de viajar comigo – o ato de reservar – que aconteceu no passado – ocorreu antes da desistência da viagem – que também está descrita no passado. Eu já tinha reservado a passagem, quando ele desistiu de viajar comigo – forma composta, usada com mais frequência que a simples. |
Futuro do presente do Indicativo Indica um fato que vai ou não ocorrer após o momento em que se fala. |
O fenômeno do momento lançará um novo CD no final deste ano – fato previsto para acontecer no futuro. |
Futuro do pretérito do Subjuntivo Pode expressar:
|
Nós poderíamos receber visitas lá, se não fosse nosso vizinho barulhento – fato futuro em relação a um fato passado, apresentado como condição. Você faria isso por amor? – interrogação. |
MODO SUBJUNTIVO |
|
Tempos |
Exemplos |
Presente do Subjuntivo Indica uma ação hipotética, possível. |
Talvez eu seja a única pessoa a acreditar no amor à primeira vista – hipótese. |
Imperfeito do Subjuntivo Indica uma ação hipotética, possível, no passado. |
Nós poderíamos aceitar essa resposta se não quiséssemos melhorar sempre – ação hipotética, possível, no passado. |
Futuro do Subjuntivo Indica uma ação hipotética que poderá ocorrer no futuro. |
Se eu chorar, vai ser de total chateação – ação hipotética que poderá ocorrer no futuro. |
Alguns autores criticam a definição tradicional apresentada para a flexão de tempo: situar o momento da ocorrência de um fato expresso pelo verbo (presente, passado ou futuro). Tais estudiosos afirmam que tal noção de tempo exclui algo fundamental: o ponto de referência para a percepção do que é presente, passado ou futuro, isto é, o momento do processo de enunciação.
Uma definição considerada mais adequada pelos pesquisadores modernos seria: a flexão de tempo marca, na língua, por meio de morfemas, a posição que os fatos referidos ocupam no tempo, tomando como ponto de partida o ponto dêitico da enunciação (o momento da enunciação em que se situa o falante).
Tais autores acreditam também que não se pode distinguir o tempo presente do tempo futuro no modo Subjuntivo, uma vez que o presente do Subjuntivo apresenta uma significação voltada a uma ação futura. Exemplos:
Nos dois exemplos, o verbo “ficar” indica ações que se referem a um momento posterior ao da fala (ao futuro), mas a GT considera que, no primeiro caso, o tempo verbal é o presente do Subjuntivo e, no segundo, é o futuro do Subjuntivo. Em todo caso, o que se pode concluir, com certeza, é que noções temporais no modo subjuntivo não são precisas.
Analisando alguns exemplos, é possível identificar os elementos que formam a estrutura do verbo: radical, vogal temática (VT), desinências modo-temporais (DMTs) e número-pessoais (DNPs) empregadas. Veja a seguir a comutação de alguns verbos apresentados e confira as DMTs e DNPs encontradas:
Verbos |
Comutação |
Legenda |
---|---|---|
Chegava | cheg a va (DMT indicando o pretérito imperfeito do Indicativo) |
Radical VT DMT |
Poderíamos | pod e ría mos (DMT indicando o futuro do pretérito do Indicativo e DNP indicando 1ª pessoa do plural) |
Radical VT DMT DNP |
Quiséssemos | quis é sse mos (DMT indicando o pretérito imperfeito do Subjuntivo e DNP indicando 1ª pessoa do plural) |
Radical VT DMT DNP |
No que diz respeito à flexão de número, pesquisadores atuais afirmam que só existe um plural verdadeiro na terceira pessoa (a qual eles consideram, como se viu, a “não pessoa”), pois, é somente quando flexionamos o verbo na 3ª pessoa que somamos mais de um elemento idêntico. Em outras palavras, quando fazemos a flexão em 1ª ou em 2ª pessoa, juntamos elementos que não são idênticos. Por exemplo, em “Fizemos a prova ontem”, o verbo “fazer” está na 1ª pessoa do plural, mas o que se entende é que “eu” juntou-se a outros e formou “nós” mediante indivíduos distintos – não foram vários “eu” que se juntaram. Já em “Fizeram a prova”, o verbo na 3ª pessoa do plural mostra que vários “ele” se juntaram – elementos de estatuto idêntico.
Não tratamos nesta seção das categorias de voz e de aspecto verbal. Mas, caso deseje conhecer um pouco mais sobre elas, recomendamos os seguintes textos:
“Vozes verbais: quais são as vozes do verbo?” (NEVES, [s.d.a], [s.p.]).
“Aspecto verbal” (NEVES, [s.d.b], [s.p.]).
Ademais, para um estudo mais aprofundado dos verbos, indicamos também o estudo de análises menos tradicionais sobre tal classe de palavras. Maria Helena de Moura Neves, por exemplo, em sua Gramática de Usos (2000), sob uma perspectiva mais funcionalista, analisa os verbos dividindo-os entre os que constituem e os que não constituem predicados. Além de categorizar os dinâmicos e não dinâmicos, trata dos chamados verbos de elocução, verbos-suporte, verbos modalizadores e muitas outras análises relevantes.
Você já notou quantos “o”, “a”, “os”, “as”; “um”, “uma”, “uns” e “umas” usamos em nossa comunicação? Pois bem, grande parte deles são artigos – definidos ou indefinidos, como os destacados no excerto da letra de “Eduardo e Mônica”, de Renato Russo:
[...]
Eduardo e Mônica trocaram telefone
Depois telefonaram e decidiram se encontrar
O Eduardo sugeriu uma lanchonete
Mas a Mônica queria ver o filme do Godard
Se encontraram então no parque da cidade
A Mônica de moto e o Eduardo de camelo
O Eduardo achou estranho e melhor não comentar
Mas a menina tinha no cabelo.
[...]
Em geral, as GTs definem a classe dos artigos bem com o faz Faraco e Moura (1998, p. 270): “[…] palavra que se antepõe ao substantivo para defini-lo ou indefini-lo. São artigos: o, a, os, as, um, uma, uns, umas.”
Com relação aos critérios de análise, o artigo pode ser assim descrito:
Critérios |
Definição de artigo |
---|---|
Semântico | Do ponto de vista semântico, indica principalmente se o substantivo é determinado ou indeterminado, se faz referência a algo que é suposto como já conhecido pelo interlocutor ou se introduz na conversação algo dado como ainda não conhecido. |
Morfológico | Do ponto de vista morfológico, apresenta marca de gênero (masculino ou feminino) e de número (singular ou plural). Faz o plural em -s (flexões). |
Sintático | Do ponto de vista sintático, é satélite do substantivo (núcleo), obrigatoriamente anteposto a ele; sua função sintática é de adjunto adnominal. |
Como mencionado, em se tratando de função sintática, como sempre acompanham um substantivo, núcleo, os artigos funcionam, sintaticamente, como adjuntos adnominais. Por exemplo, em “O Eduardo sugeriu uma lanchonete”, “o” configura-se como um determinante, com função de adjunto adnominal por acompanhar o núcleo do sujeito “Eduardo”; “uma”, de igual modo, é adjunto adnominal, por ser um determinante que acompanha o núcleo do objeto direto “uma lanchonete”.
Vale destacar que o artigo é uma palavra gramatical, ou seja, isoladamente, ela não tem significado; seu sentido dependerá exclusivamente do substantivo – nome a que o artigo sempre está ligado.
Juntamente aos substantivos, os artigos formam grupos nominais. Nesses grupos, os substantivos são sempre o núcleo, e aos artigos cabe a concordância em gênero e número com tais substantivos. Veja o exemplo:
Veja que o “a” em destaque antecede o substantivo “ultramaratonista”, o qual tem função nuclear no grupo nominal: “A ultramaratonista Rita Cássia Araújo”, e “um” antecede o substantivo “homem”, nome que tem função de núcleo no grupo “por um homem”.
Para ficar clara a dependência de sentido do artigo com relação ao substantivo a que se refere, podemos imaginar o enunciado anterior com apenas os artigos presentes em seus grupos nominais: “A foi atacada por um enquanto corria às 6h20 desta terça-feira (06) no Morro do Moreno, em Vila Velha.” Dessa forma, o período fica um tanto agramatical e sem sentido claro.
Outra propriedade do artigo que merece ser destacada refere-se à competência dessa classe de poder substantivar qualquer palavra, isto é, quando usamos um artigo anteposto a um termo que não é substantivo, podemos transformá-lo em uma palavra substantivada. Bechara (2010) trata dessa propriedade do artigo ao discorrer sobre o substantivo. É o que ocorre, por exemplo, com os vocábulos “sim” e “não”, os quais originalmente são advérbios, mas, em certos contextos, com o auxílio de um artigo, podem assumir a função de um substantivo, como em:
Além disso, no Quadro 2.12, há mais algumas características dessa classe gramatical.
Características |
Exemplos |
---|---|
Os artigos podem ser definidos (determinam o substantivo de modo preciso) ou indefinidos (determinam o substantivo de modo vago, impreciso). | Os definidos referem-se aos artigos: o, a, os, as e os indefinidos: um, uma, uns, umas. |
Podem indicar pressuposição. | O rio da cidade transbordou. (O uso do artigo definido “o” deixa implícito que há apenas um rio na cidade.) Um rio da cidade transbordou. (O uso de “um” dá a impressão de que há mais de um rio e que algum deles transbordou.) |
Até mesmo sua ausência denota algum sentido: pode indicar, por exemplo, a noção de parcialidade versus totalidade. | Participaram da festa junina alunos do Ensino Fundamental e do Ensino Médio. Participaram da festa junina os alunos do Ensino Fundamental e do Ensino Médio. (Sem artigo, parece que apenas uma parte dos alunos compareceu; com artigo, há a impressão de que todos compareceram.) |
Coesão textual – constituinte referencial: é muito comum encontrar nos textos artigos indefinidos introduzindo um termo que será referenciado depois por meio do artigo definido, as chamadas categorias fóricas. | Observe a função dos artigos destacados no excerto a seguir, extraído de uma notícia: “[…] Um pintor de 26 anos foi preso após furtar o celular de um estudante em São Carlos (SP) na madrugada desta sexta-feira (18). O crime aconteceu por volta da 1h20 na Avenida Trabalhador São Carlense, próximo ao campus da Universidade de São Paulo (USP), no Jardim Macarenco. Segundo a Polícia Militar, o estudante estava em companhia de uma jovem, ambos de 15 anos, quando foram abordados pelo assaltante. Após pegar o aparelho de uma das vítimas, o homem fugiu. […] Os policiais fizeram patrulhamento pelo bairro e conseguiram deter o pintor entre as ruas Rua Paulino Botelho de Abreu Sampaio com a Miguel Petroni. […]” (PINTOR..., 2015, [s.p.], grifos e destaques nossos) |
Neves (2000) ressalta que, apesar de os artigos definidos terem a função mais comum de particularizar um indivíduo, tal classe também pode ser empregada de modo genérico (uso que se assemelha ao dos artigos indefinidos). | Nem sempre o médico está à cabeceira do doente. (Observe que, nessa situação, não se faz referência a um médico específico, mas, sim, à classe médica em geral.) |
Neves (2000, p. 403) destaca ainda o papel valorativo do artigo em “indicar que alguma coisa é a mais representativa, importante ou melhor dentro do grupo a que pertence”. | Você é o cara. (Expressão comum na linguagem informal.) |
De modo geral, os numerais são conhecidos como classe de palavras que indica quantidade exata de seres ou a posição que um ser ocupa em determinada série. Exemplos:
Observe que o numeral “três” indica a quantidade de atrizes e o termo “segundo” refere-se à ordem dos episódios.
Vamos conhecer os critérios de análise do numeral.
Critérios |
Definição de numeral |
---|---|
Semântico | Do ponto de vista semântico, indica principalmente quantidades exatas (numeral cardinal) ou a posição em sequência (numeral ordinal). Além disso, também podem indicar quantidade multiplicada, divisão e fração. Por conferir impressão de exatidão ao enunciado, cria efeito de certeza. |
Morfológico | Do ponto de vista morfológico, o numeral pode apresentar flexão de gênero (dois/duas; primeiro/primeira) e número (primeiros/primeiras). Mas cada tipo (cardinal, ordinal, multiplicativo e fracionário) tem a sua particularidade quanto à flexão. |
Sintático | Do ponto de vista sintático, é considerado satélite do substantivo, mas pode funcionar também como o próprio substantivo. Nesse caso, os numerais podem, igualmente, exercer as mesmas funções sintáticas que o substantivo exerce, isto é, núcleo do sujeito, do objeto, do predicativo etc. O resultado da soma é quinze – (predicativo). Quando estão apenas determinando um substantivo (satélite), os numerais têm função de adjunto adnominal Quinze pessoas compareceram à reunião – (adjunto adnominal). |
Neves (2000) afirma que, como quantificadores, os numerais são palavras não fóricas, ou seja, não constituem itens com função de referenciar/retomar outros termos presentes nos textos em geral (como fazem muitas vezes os artigos). Mas, diferentemente de outras classes também não fóricas, os numerais, segundo a autora, operam uma determinação definida, numérica. Neves (2000) discorre sobre as subclasses dos numerais e afirma que são distintos os usos e a determinação numérica de cada uma dessas subclasses.
Classificações |
Exemplos |
---|---|
Numerais cardinais Indicam quantidade. Os cardinais são também conhecidos como numerais adjetivos por funcionarem, em muitos casos, como adjunto adnominal acompanhando um substantivo. |
“Vinte alunos da rede pública são selecionados pelo Governo do Amazonas para intercâmbio no Canadá” (AMAZONAS, 2015, [s.p.], grifo nosso). Para muitos, sete é o número da perfeição – (aqui, “sete” funciona como núcleo do sujeito) Em se tratando de uso dos cardinais, Neves (2000) aponta ainda que os números de valor elevado podem ser empregados para indicar quantidade indeterminada considerada exageradamente grande (=muitos), enquanto aqueles de valor baixo podem indicar quantidade indeterminada considerada reduzida (=poucos). Exemplos da autora: “Dona Aureliana, pedimos mil desculpas por estarmos aqui a esta hora” (NEVES, 2000). |
Numerais ordinais Indicam ordem de sucessão. |
“Fabiana Beltrame fica em quarto lugar no Mundial de remo, na França” (FABIANA..., 2015, [s.p.], grifo nosso). Para Neves (2000), os ordinais devem ser considerados adjetivos classificadores, já que atuam determinando a ordem de um dado substantivo. Mas, segundo a autora, os numerais primeiro e segundo, em certos casos, não se comportam como classificadores, mas, sim, como adjetivos qualificadores, atribuindo um tom valorativo ao sintagma em que são utilizados, bem como em: Músicos de primeira categoria. Carne de segunda qualidade. Veja que, nesses exemplos, não há noção de ordem, sucessão, mas, sim, de valoração (indicação de músicos bons e carne inferior, respectivamente. |
Numerais multiplicativos Indicam quantidade resultante de uma multiplicação numérica – dobro/duplo; triplo/tríplice; quádruplo; quíntuplo. |
“Instrutor de autoescola cria moto com duplo comando no Oeste de SC” (INSTRUTOR..., 2015, [s.p.], grifo nosso). Neves (2000), com um olhar para a sintaxe, destaca que os multiplicativos triplo, quádruplo, quíntuplo podem ser empregados tanto como adjuntos quanto como núcleos em um grupo nominal; já dobro, por funcionar como substantivo, é utilizado sempre como núcleo apenas e duplo, dúplice e tríplice são sempre adjuntos, pois funcionam como adjetivos. Refletindo ainda sobre o uso dos multiplicativos, Neves (2000) afirma que, em algumas situações atuando como adjuntos, tais numerais podem funcionar como adjetivos classificadores: salto triplo – onde apenas se determina de que tipo de salto se trata – ou adjetivos qualificadores: duplo sentido, no qual se aplica uma qualificação ao nome “sentido”. |
Numerais fracionários Referem-se a palavras que indicam divisão e fração. |
“Aneel: Dois terços das obras de transmissão no país estão atrasadas” (BITENCOURT, 2015, [s.p.], grifo nosso). De acordo com as postulações de Neves (2000), por funcionarem como núcleos, os numerais fracionários equivalem a substantivos, como a palavra metade; apenas o termo meio pode ser adjunto, como no exemplo a seguir: “Adiantado, plantio de soja do Paraná alcança metade da área prevista”. (ADIANTADO..., 2015, [s.p.], grifo nosso). |
Pronominais
Dê-me um cigarro/ Diz a gramática/ [...] Mas o bom negro e o bom branco/ [...] Dizem todos os dias/ Deixa disso camarada/ Me dá um cigarro.”
As gramáticas normalmente definem os pronomes como elementos que substituem ou acompanham o nome, o substantivo, relacionando-o com pessoas do discurso.
As pessoas do discurso são:
Se apenas estiverem acompanhando o substantivo, são denominados pronomes adjetivos (ou pronomes periféricos ou ainda pronomes especificadores), mas, se estiverem no lugar dele, substituindo-o, são considerados pronomes substantivos (ou pronomes nucleares).
Há ainda outra subcategorização que nomeia os pronomes substantivos de essenciais e os adjetivos de acidentais.
Essa classe de palavras é muito utilizada em nossa comunicação. Empregamos os pronomes em grande escala para fazer referência a outros elementos dentro do texto. Dessa forma, vê-se aí a importância de tal classe morfológica para se alcançar a ligação harmoniosa entre porções textuais, ou seja, sua relevância na coesão dos textos. Justamente por serem bastante úteis no processo de referenciação, tais determinantes são considerados palavras fóricas, como os artigos.
Quando o pronome retoma um elemento já mencionado no texto, afirma-se que ele tem valor anafórico; quando ele se refere a um item ou segmento do texto que ainda será citado, seu valor é catafórico. Exemplos:
Observe que no primeiro exemplo temos um caso de anáfora, pois o pronome “esses” refere-se ao termo “inteligentes”, mencionado anteriormente. No segundo exemplo temos uma ocorrência catafórica, uma vez que o pronome “ela” se refere ao nome próprio “Angelina Jolie”, mencionado posteriormente.
Outra característica importante dos pronomes é que, em geral, eles têm função dêitica. Dêixis remete à ação de “indicar”, “apontar”, “demonstrar”. Ela pode estar relacionada à indicação de lugar, pessoas, objetos, eventos, processos e atividades a que nos referimos em situações comunicativas diversas.
Em construções como “Eu, Maria, sou apenas professora, tu, Célia, és minha coordenadora”, os pronomes destacados, muito mais que apenas substituir os nomes Maria e Célia, têm a função dêitica de indicar que Maria é quem fala e Célia é a pessoa a quem ela se dirige.
Observe os critérios de análise de mais essa categoria morfológica de nossa língua.
Critérios |
Definição de pronome |
---|---|
Semântico | Do ponto de vista semântico, pronome é palavra que, sem significado fixo, serve para apontar uma das três pessoas do discurso ou situar alguma coisa em função delas. Eu quero agradecer-te as palavras elogiosas. (eu: pessoa que fala (1ª); te: pessoa com quem se fala (2ª)) |
Morfológico | Do ponto de vista morfológico, o pronome assume flexões de: gênero (meu/minha – masculino e feminino); número (meu/meus – singular e plural) e pessoa (meu/teu/seu – 1ª, 2ª e 3ª). |
Sintático | Do ponto de vista sintático, quando funciona como pronome adjetivo, desempenha funções próprias de um adjetivo (sobretudo a função de adjunto adnominal); na função de pronome substantivo, exerce as funções sintáticas próprias de substantivo (sujeito, complemento verbal, predicativo etc.). |
Os pronomes podem ser classificados em pessoais, demonstrativos, possessivos, indefinidos, relativos e interrogativos.
Os pronomes pessoais representam as pessoas do discurso; em geral, atuam mais como pronomes substantivos.
Os pronomes oblíquos podem ainda se dividir em átonos (me, se, te, nos, vos, lhe, o, a, os, as) e tônicos (mim, ti, si – sempre precedidos de preposição).
Número |
Pessoa |
Pronomes retos | Pronomes oblíquos |
---|---|---|---|
Singular | Primeira | Eu | me, mim, comigo |
Segunda | Tu | te, ti, contigo | |
Terceira | Ele/ela | se, si, consigo, o, a, lhe | |
Plural | Primeira | Nós | nos, conosco |
Segunda | Vós | vos, convosco | |
Terceira | Eles/elas | se, si, consigo, os, as, lhes |
Veja um exemplo de construção com uso pronomes pessoais:
Note que pronome pessoal do caso reto “eles” indica 3ª pessoa do plural e, de forma anafórica, retoma no texto o substantivo “casal”. Além disso, como é núcleo do sujeito na oração em que é utilizado, tem função de pronome substantivo.
Entre os pronomes pessoais, existem os pronomes de tratamento. Tais pronomes, sempre utilizados com verbos na terceira pessoa, distinguem-se entre si sobretudo em razão das situações comunicativas em que são utilizados e em função das pessoas a quem se referem. Exemplos: senhor/senhora, vossa alteza, vossa majestade.
Para o autor Ataliba de Castilho (2010), em sua obra A Nova Gramática do Português Brasileiro, os pronomes pessoais são bastante suscetíveis a mudanças, o que se evidencia, sobretudo, em sua modalidade falada, com fortes consequências na estrutura sintática da língua. Tal estudioso apresenta, de modo inovador e muitas vezes até descontraído, questões relevantes com relação ao uso e à modalidade falada da Língua. Caso deseje aprofundar seu estudo nessa categoria gramatical, consulte:
CASTILHO, Ataliba. A Nova Gramática do Português Brasileiro. São Paulo: Editora Contexto, 2010.
Em se tratando dos pronomes demonstrativos, com função altamente fórica, podem atuar tanto na referência situacional quanto na textual. Em outras palavras, tais pronomes situam no tempo e no espaço os seres de que se fala, relacionando esses seres às pessoas gramaticais. Eles podem atuar como pronomes substantivos ou como pronomes adjetivos.
Variáveis |
Invariáveis |
Este, esta, estes, estas: referem-se mais diretamente ao falante (1ª pessoa); fazem referência a algo ou alguém que está próximo dele; em geral, indicam tempo presente, mas também podem se referir ao passado recente e futuro. Podem aparecer próximos ao advérbio aqui. | Isto |
Esse, essa, esses, essas: referem-se mais diretamente ao ouvinte; fazem referência a algo ou a alguém que está próximo da pessoa com quem se fala (2ª pessoa); indicam tempo passado recente e futuro e com frequência são usados junto ao advérbio aí. | Isso (“Isso”, em alguns casos, pode equivaler a “sim” – resposta afirmativa.) |
Aquele, aquela, aqueles, aquelas: não se referem nem ao falante nem ao ouvinte, mas a algo ou a alguém que não constitui pessoa do discurso (a não pessoa); referem-se a algo ou alguém que está longe do falante e do ouvinte. São pronomes de 3ª pessoa; indicam um passado distante e são bastante empregados junto ao advérbio lá. | Aquilo |
Duas observações sobre os demonstrativos:
Vamos a mais alguns exemplos de uso:
Note que o demonstrativo invariável “isto” do Exemplo XXVII foi empregado de forma catafórica, ou seja, fez referência a perguntas mencionadas posteriormente no texto. Como é comum com os invariáveis, ele foi empregado como pronome substantivo – núcleo do complemento verbal (verbo ouvir) –, função sintática de objeto direto.
Já no Exemplo XXVIII, o demonstrativo variável “esse” foi empregado de forma anafórica, isto é, fez referência ao esporte MMA, o qual já havia sido mencionado no texto; houve, portanto, uma retomada de tal termo. Nesse caso, o pronome “esse” foi utilizado como pronome adjetivo – função sintática de adjunto adnominal – já que acompanha o substantivo “esporte” no trecho em que é empregado. Tanto nessa situação – com o uso de “esse” – quanto no exemplo anterior, com o pronome “isto”, há um tipo de referenciação chamada endofórica.
O nome “endofórico” apresenta o prefixo grego “endo”, que significa “posição interior”, junto ao termo “fórico”, que, como já vimos, relaciona-se à ação de referenciar. Em termos de referenciação textual, os pronomes em função endofórica farão referência a um elemento de dentro do texto (um elemento presente no interior dele). Há também ocorrências em que os pronomes farão referenciação exofórica, nesse caso, também seguindo a significação da palavra, (prefixo “ex”: “posição exterior”), haverá referência a termos de fora do texto.
A referenciação exofórica ocorre, por exemplo, no caso apresentado com os pronomes “aquela” e “aquele”. Volte ao Exemplo XXVIII e confira que, ao afirmar: “[...] não sei porque fiz aquela besteira com aquele japonês”, o falante recupera uma situação do passado e se refere a termos como “besteira” e “japonês” que estão fora do texto.
Os demonstrativos atuam também na organização das palavras do texto, em geral, se houver mais de um substantivo antecedente, os pronomes este (s)/esta (s)/isto vão se referir aos nomes mais próximos, enquanto que aquele (s)/aquela (s)/aquilo selecionarão os mais distantes:
No que se refere aos pronomes possessivos, pode-se afirmar que são aqueles que dão ideia de posse em relação às outras pessoas do discurso; indicam aquilo que pertence a cada uma das pessoas gramaticais. Podem atuar tanto como pronomes substantivos quanto como pronomes adjetivos.
1ª pessoa do singular | Meu, minha, meus minhas |
2ª pessoa do singular | Tu: teu, tua, teus, tuas; Você: seu, sua, seus, suas |
3ª pessoa do singular | Seu, sua, seus, suas / dele, dela, deles, delas |
1ª pessoa do plural | Nosso, nossa, nossos, nossas |
2ª pessoa do plural | Vós: vosso, vossa, vossos, vossas; Você: seu, sua, seus, suas |
3ª pessoa do plural | Seu, sua, seus, suas / dele, dela, deles, delas |
Exemplo de uso:
Os pronomes possessivos concordam em gênero e número com a coisa possuída e, em pessoa, com o possuidor. No exemplo, por meio do pronome “meu”, podemos notar a relação de posse existente entre o falante (“eu” – 1ª pessoa – possuidor) e o substantivo “coração” (coisa possuída). Veja que “meu” está no masculino e no singular para concordar com “coração”; encontra-se também na 1ª pessoa do singular para concordar com o falante (“eu” – possuidor). Além disso, tem função sintática de adjunto adnominal, uma vez que está acompanhando o núcleo do sujeito “coração”. Construções do tipo “O coração é meu” apresentam o tal pronome com função mais nuclear, nesse caso, como núcleo do predicativo do sujeito.
Entre as propriedades e características principais dos pronomes possessivos podemos citar:
Características |
Exemplos |
---|---|
As formas dele, dela, deles, delas ajudam a desfazer certos tipos de ambiguidade. | Onde está João? Saiu com sua mãe. (É a mãe de quem? Do João ou daquele que faz a pergunta? Com a construção “Saiu com mãe dele”, a ambiguidade se desfaz e fica mais claro de perceber que se trata da mãe de João. |
Terra (2006) destaca que há casos em que a mudança de posição do pronome possessivo pode provocar alterações de sentido nas frases. | Recebi notícias suas – (notícias sobre você) Recebi suas notícias – (notícias transmitidas por você). |
Faraco e Moura (2004) ressaltam que, de acordo com a norma culta, o verbo e o pronome possessivo devem estar sempre na mesma pessoa. Outro ponto a ser observado, segundo a GT, é a combinação dos pronomes na frase. |
Leve (você) as suas coisas. (O verbo “levar” e o pronome “suas” referem-se a mesma pessoa: “você”.) Você e teus filhos precisam sair daqui agora! (Essa construção é considerada inadequada, pois não houve combinação entre os pronomes. Para casos assim, o que se considera apropriado é, por exemplo, o uso de “você” e “seus”: “Você e seus filhos precisam sair daqui agora!”. No entanto, essa mistura entre pronomes (de diferentes pessoas gramaticais) tem se mostrado comum na atualidade, sobretudo na modalidade informal e falada da língua.) |
Algumas particularidades das construções possessivas citadas por Neves (2000):
No que tange aos pronomes indefinidos, tem-se que se referem sempre à 3ª pessoa gramatical de modo vago, impreciso, indefinido, indeterminado. São considerados não fóricos e não descritivos. Assim, como os demonstrativos e os possessivos, os indefinidos também podem funcionar tanto como pronomes substantivos quanto como pronomes adjetivos.
Confira, no Quadro 2.20, quais são os principais pronomes considerados indefinidos.
Variáveis |
Invariáveis |
---|---|
Um, uma, uns, umas. | Alguém, ninguém, tudo, outrem (outra pessoa) Nada, cada, algo (a expressão alguma coisa) Demais, mais, menos (só se usa no plural). Principais locuções pronominais indefinidas: cada um, cada qual, alguma coisa, qualquer um, seja quem for, seja qual for, quem quer que etc. |
Algum, alguma, alguns, algumas. | |
Nenhum, nenhuma, nenhuns, nenhumas. | |
Todo(s), toda(s). | |
Outro(s), outra(s). | |
Muito(s), muita(s). | |
Pouco(s), pouca (s). | |
Certo (s), certa(s). | |
Vário(s), vária(s). | |
Tanto(s), tanta(s). | |
Quanto(s), quanta(s). | |
Qualquer, quaisquer. | |
Bastante, bastantes. |
Vamos analisar alguns exemplos de uso:
Observe que, no Exemplo XXXI, o pronome “todos” funciona como pronome adjetivo, com função sintática de adjunto adnominal, por acompanhar o substantivo “smartphones”, núcleo do objeto direto. Há, nesse caso, uma ideia de totalidade, porém um total vago, indefinido, já que não se quantifica um número exato de smartphones.
No Exemplo XXXII, esse mesmo pronome “todos” é usado agora como pronome substantivo, visto que assume a função de núcleo do sujeito, não acompanhando nenhum nome, como no exemplo anterior. Percebe-se também a noção de totalidade, mas, novamente, sem uma especificação exata, definida de elementos que cursaram a faculdade.
Alguns autores, como Neves (2000) e Bechara (2010), detalham as características dos pronomes indefinidos em particular, explicando as propriedades de cada um daqueles considerados principais e de uso mais recorrente.
Observe no Quadro 2.21 algumas dessas características.
Características |
Exemplos |
---|---|
Alguns indefinidos podem expressar uma modalidade afirmativa ou negativa. | Afirmativa: alguém, tudo, algum. Negativa: ninguém, nada, nenhum. |
Alguns indefinidos só são usados no plural. | diversos |
O indefinido outro(s)/outra(s) é o único que pode atuar como fórico, ou seja, retomando algum outro elemento dentro do texto. | outro(s) e outra(s) |
Os pronomes todo/toda (no singular), quando desacompanhados de artigo, têm a ideia de qualquer; quando acompanhados de artigo passam a ideia de totalidade. | Todo homem é mortal – (qualquer homem). Ele comeu todo o bolo – (o bolo inteiro). |
A posição dos indefinidos funcionando como pronomes adjetivos é variável. Podem aparecer tanto antepostos quanto pospostos ao nome. Há alguns indefinidos que só aparecem em posição pré-nominal, como o pronome cada. Outros indefinidos, quando se movimentam, alteram seu sentido, como ocorre com algum/algum; certo/certa; qualquer. |
O choro ecoava em cada canto da casa. Ele está lendo algum livro machadiano. (Algum anteposto ao substantivo tem valor positivo.) Livro algum será retido sem autorização. (Algum posposto ao substantivo assume significação negativa – sentido de nenhum). |
Os pronomes relativos são usados em orações subordinadas adjetivas e correspondem àqueles que retomam um nome da oração anterior (o antecedente) e o projetam em outra oração (função fórica). Na verdade, eles representam, na oração em que são utilizados, alguma palavra que já apareceu na sentença anterior. Além de exercerem esse papel referencial e anafórico, os pronomes relativos têm função coesiva, pois ao retomarem um elemento já mencionado no texto, também ligam orações e evitam repetições.
Variáveis |
Invariáveis |
---|---|
O qual, a qual, os quais, as quais. | Que |
Cujo, cuja, cujos, cujas. | Quem |
Quanto, quanta, quantos, quantas. | Onde |
Como | |
Quando |
Analise os exemplos a seguir:
No Exemplo XXXIII, o pronome “que” retoma o termo “ex-piloto”. Note que, se o pronome relativo não fosse utilizado, haveria a repetição do substantivo “ex-piloto”: “A modalidade conta com outro filho de ex-piloto. Um ex-piloto alcançou glória na F1 […]”. Nesse mesmo exemplo há também o uso de “cujo”. Tal pronome, nessa oração, é usado para retomar o nome “Nicolas Prost” e atribuir a ele a relação de posse com o substantivo seguinte: “pai”, ou seja, é o pai dele. Sem o uso de “cujo”, o trecho estaria repetitivo: “[…] Nicolas Prost. O pai de Nicolas Prost travou uma rivalidade acirrada com Senna”.
No Exemplo XXXIV, usou-se um pronome indicado para referência a lugares, o pronome “onde”. Nessa situação, ele retoma o nome “rua”. Caso “onde” não fosse utilizado, o enunciado poderia ficar assim: “Tráfego é liberado na rua. Ocorreu explosão na rua no Rio”.
Vale ressaltar também algumas características dos pronomes relativos. Analise-as por meio do Quadro 2.23.
Características |
Exemplos |
---|---|
O pronome que é considerado o relativo universal e pode se referir a coisas ou pessoas. | Não conhecemos os alunos que saíram. Estou lendo o livro que você me deu. |
O pronome quem é usado apenas para referência a pessoas; em algumas situações, também pode ocorrer com onde e quantos, ele tem emprego absoluto, isto é, não se refere a nenhum antecedente, assumindo, portanto, função não fórica. | Quem tem um amigo tem tudo. Nesses casos, os pronomes relativos são classificados como relativos indefinidos. |
O relativo cujo (e suas flexões) não admite a posposição de artigo (cujo o/cujo a). | O homem cujo carro foi roubado acabou de sair da delegacia. (Cujo é considerado um relativo possessivo - indica relação de posse). |
O pronome quanto (e suas flexões) normalmente tem como antecedente o pronome tudo. | Levou daqui tudo quanto podia. |
Os relativos onde, em que e no qual são usados para indicar lugar. | Esta é a escola onde estudo. No prédio em que moro não é permitido ter cachorro. Nunca fui à cidade na qual ela nasceu. |
Na função de pronome relativo, como indica modo. | Gostei do modo como você resolveu o problema. |
Para indicar tempo, orienta-se o uso dos relativos quando e em que. | Sinto saudades da época em que morávamos no exterior. Bons eram os tempos quando podíamos jogar videogame. |
Alguns pronomes nunca se referem à pessoa. | Onde, como e quanto. |
Os relativos virão precedidos de preposição, se a regência assim determinar. Com preposições de mais de uma sílaba, deve-se usar o qual em vez de que. |
Sorvete é a sobremesa de que eu mais gosto. Vamos retomar o assunto sobre o qual falávamos ontem. |
Bechara (2010) pontua que usa-se o qual (e flexões) em lugar de que principalmente quando o relativo se acha afastado do seu antecedente e o uso desse último possa dar margem a mais de uma interpretação | O guia da turma, o qual veio nos visitar hoje, prometeu voltar depois. (Com que a construção poderia ficar ambígua: “O guia da turma, que veio...” Quem teria feito a visita nesse caso? O guia ou a turma?). |
Neves (2000) destaca que os pronomes relativos podem ser nucleares (pronomes substantivos) ou periféricos (pronomes adjetivos). | Ficou com medo da chuva que começava a cair – (pronome nuclear/substantivo). Aquela família, cuja casa foi destruída pelo temporal, precisa de ajuda – (pronome periférico/adjetivo). |
Os pronomes interrogativos são aqueles usados em frases interrogativas diretas ou indiretas. Exemplos: que, quem, qual(is), quanto(s)/quanta(s). Faraco e Moura (2004) salientam que o interrogativo quem é sempre usado como pronome substantivo. Os demais podem funcionar tanto como pronomes substantivos quanto como pronomes adjetivos.
Terra (2006) destaca que tal categoria de pronomes refere-se sempre a um ser sobre o qual não temos informações; esta é a própria essência da frase interrogativa. E acrescenta “Por essa característica, os pronomes interrogativos assemelham-se aos pronomes indefinidos.” (TERRA, 2006, p. 168). Dessa forma, os interrogativos também tendem a ser mais não fóricos, assim como os indefinidos, uma vez que, em geral, não fazem referência a outros elementos do texto.
Examine os exemplos que seguem:
No Exemplo XXXV – interrogação indireta –, o pronome “quem” exerce o papel de pronome substantivo, já que aparece em função nuclear. Já no Exemplo XXXVI – interrogação direta –, “quanto” tem função de pronome adjetivo – adjunto adnominal, pois acompanha o substantivo “tempo”.
Apresentamos algumas das habilidades presentes na BNCC (BRASIL, 2020) para o 3º e para o 5º ano do Ensino Fundamental I, referentes ao conteúdo desta seção:
(EF03LP08) Identificar e diferenciar, em textos, substantivos e verbos e suas funções na oração: agente, ação, objeto da ação. (BRASIL, 2020, p. 117)
(EF03LP09) Identificar, em textos, adjetivos e sua função de atribuição de propriedades aos substantivos. (BRASIL, 2020, p. 119)
(EF05LP05) Identificar a expressão de presente, passado e futuro em tempos verbais do modo indicativo.
(EF05LP06) Flexionar, adequadamente, na escrita e na oralidade, os verbos em concordância com pronomes pessoais/nomes sujeitos da oração. (BRASIL, 2020, p. 117)
Esperamos que o conteúdo tenho sido útil para relembrar, aprofundar e/ou compreender de fato muitos conceitos gramaticais vistos no decorrer de sua vida escolar. Bons estudos!
ABAURRE, M. L.; PONTARA, M. Gramática: texto: análise e construção de sentido. São Paulo: Moderna, 2006.
ADIANTADO, plantio de soja do Paraná alcança metade da área prevista. G1, 20 out. 2015. Disponível em: https://glo.bo/3lALQVa. Acesso em: 19 jul. 2020.
AMAZONAS. Vinte alunos da rede pública são selecionados pelo Governo do Amazonas para intercâmbio no Canadá. Governo de Estado do Amazonas, 12 fev. 2015. Disponível em: https://bit.ly/34JBNXQ. Acesso em: 19 jul. 2020.
ANDRADE, Oswald. Pronominais. In: ANDRADE, Oswald. Pau Brasil. 2. ed. São Paulo: Globo, 2003.
AOS 69 ANOS, mulher faz o Enem para realizar sonho de cursar sociologia. G1, 24 out. 2015. Disponível em: https://glo.bo/3lBqg2T. Acesso em: 19 jul. 2020.
ASSIS, Machado. Balas de Estado. In: ASSIS, Machado. Obra Completa de Machado de Assis. Rio de Janeiro: Nova Aguilar, 1994. v. III.
BECHARA, E. Gramática Escolar da Língua Portuguesa. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 2010.
BIACCHI, T. R. Flexão de número em nomes do português culto usado no Brasil: uma análise sincrônica. 2013. 132 f. Dissertação (Mestrado em Linguística) – Instituto de Letras, Universidade de Brasília, Brasília, 2013. Disponível em: https://bit.ly/3jvEzEd. Acesso em: 18 jul. 2020.
BITENCOURT, R. Aneel: Dois terços das obras de transmissão no país estão atrasadas. Valor Econômico, 21 out. 2015. Disponível em: https://bit.ly/3jvihCC. Acesso em: 19 jul. 2020.
BOTELHO, J. B. Considerações sobre a concepção de Câmara Jr. acerca do gênero do substantivo em português. CiFEFiL, [s.d.]. Disponível em: https://bit.ly/2YR152u. Acesso em: 18 jul. 2020.
BRASIL. Ministério da Educação. Base Nacional Comum Curricular. Brasília, 2020. Disponível em: https://bit.ly/2EPxbEy. Acesso em: 14 maio 2020.
CARIOCAS. Intérprete: Adriana Calcanhotto. In: PERFIL. Intérprete: Adriana Calcanhotto. Rio de Janeiro: Som Livre, 2001. 1 CD (Coletânea), faixa 6.
CARLETO, E. A. Aprendendo os tempos verbais por meio dos contos de fadas. Portal do Professor, Brasil, 18 nov. 2014. Disponível em: https://bit.ly/3ltoQr7. Acesso em: 19 jul. 2020.
CASTILHO, Ataliba. A Nova Gramática do Português Brasileiro. São Paulo: Editora Contexto, 2010.
DANTAS, C. Estudantes ocupam escola em São Paulo contra fechamento de unidades. G1, 10 nov. 2015. Disponível em: https://glo.bo/2QHlW3S. Acesso em: 19 jul. 2020.
DEU RUIM #2: Edu Primitivo flagra ciclistas se arriscando na contramão. UOL, 15 jun. 2020. Disponível em: https://bit.ly/3bbCsCx. Acesso em: 18 jul. 2020.
EDUARDO e Mônica. Compositor: Renato Russo. In: Dois. Legião Urbana. Guarulhos: EMI, 1986.
ELA voltou! Angelina Jolie aparece linda em capa de revista. Diário 24 Horas, 17 out. 2015. Disponível em: https://bit.ly/3bewkJz. Acesso em: 19 jul. 2020.
EUA: Crise de refugiados serve de alerta sobre importância da resolução dos conflitos. Agência Angola Press, 30 set. 2015. Disponível em: https://bit.ly/2Dk2ozu. Acesso em: 19 jul. 2020.
FABIANA Beltrame fica em quarto lugar no Mundial de remo, na França. Rede Nacional do Esporte, 4 set. 2015. Disponível em: https://bit.ly/2YQGPOr. Acesso em: 19 jul. 2020.
FARACO, C.; MOURA, F. M. Gramática Nova. São Paulo: Ática, 2004.
FARACO, C.; MOURA, F. M; Língua e Literatura. São Paulo: Ática, 1998.
FERNANDEZ, M. Feldman diz que CBF é simpática à Liga, mas lamenta comportamento de Kalil. Globo.com, 23 out. 2015. Disponível em: https://glo.bo/3be4U6Y. Acesso em: 19 jul. 2020.
INSTRUTOR de autoescola cria moto com duplo comando no Oeste de SC. G1, 17 out. 2015. Disponível em: https://glo.bo/2YLMxB6. Acesso em: 19 jul. 2020.
IZIDRO, C. Tarja Turunen: “Não faço música para agradar as pessoas, faço para me agradar”. Correio do Povo, 26 out. 2015. Disponível em: https://bit.ly/3jvF0yl. Acesso em: 19 jul. 2020.
KARPOV, K. Você testou positivo para coronavírus? Atente-se às recomendações. Política Distrital, 21 maio 2020. Disponível em: https://bit.ly/2YQ3qdS. Acesso em: 18 jul. 2020.
KÜNSCH, D. Corredora é atacada com paulada na cabeça durante treino no Morro do Moreno. Folha Vitória, 6 out. 2015. Disponível em: https://bit.ly/3lDlpye. Acesso em: 19 jul. 2020.
NAMORADA posta clique romântico com Chico Buarque tomando vinho e cita visita a Lula. Extra, 19 set. 2019. Disponível em: https://glo.bo/3gFpjTf. Acesso em: 21 jun. 2020.
NELSINHO inicia defesa do título na Fórmula E com Villeneuve na briga. GaúchaZH, 23 out. 2015. Disponível em: https://bit.ly/2QChS4M. Acesso em: 19 jul. 2020.
NEVES, F. Vozes verbais: quais são as vozes do verbo? Conjugação.com.br, [s.d.a]. Disponível em: https://bit.ly/31H8XoY. Acesso em: 19 jul. 2020.
NEVES, F. Aspecto verbal. Conjugação.com.br, [s.d.b]. Disponível em: https://bit.ly/31IPzYR. Acesso em: 19 jul. 2020.
NEVES, M. H. M. Gramática de usos do português. São Paulo: Editora UNESP, 2000.
PAPA lançará CD de rock progressivo. G1, 26 set. 2015. Disponível em: https://glo.bo/3gGYA8V. Acesso em: 19 jul. 2020.
NOVO chairman do Twitter trabalhava na Google. Notícias ao Minuto, 15 out. 2015. Disponível em: https://bit.ly/31Gteei. Acesso em: 19 jul. 2020.
PEQUIM convoca embaixador dos EUA após navio cruzar águas sob disputa. Folha de S. Paulo, 17 out. 2015. Disponível em: https://bit.ly/2EFuQw8. Acesso em: 19 jul. 2020.
PINTOR furta celular de estudante e acaba preso pela PM em São Carlos. G1, 18 set. 2015. Disponível em: https://glo.bo/3jxTJsK. Acesso em: 19 jul. 2020.
QUINTANA, Mário. De gramática e de linguagem. In: QUINTANA, Mário. Apontamentos de História Sobrenatural. 6. ed. São Paulo: Globo, 1998.
RICCO, F. Silvio Santos leva filhas aos Estados Unidos para presentear a todas. UOL, 16 out. 2015. Disponível em: https://bit.ly/34RBzOi. Acesso em: 19 jul. 2020.
RODRIGUES, I. Vida pós-UFC: Besouro supera 2015 turbulento e renasce no Shooto Brasil. G1, 17 out. 2015. Disponível em: https://glo.bo/2DeV0W1. Acesso em: 19 jul. 2020.
ROSARIO, M. Três atrizes são cotadas para Episódio VIII de Star Wars. Veja São Paulo, 26 fev. 2017. Disponível em: https://bit.ly/3hNgRTi. Acesso em: 19 jul. 2020.
SE VOCÊ é vegetariano, com certeza já ouviu isto. Notícias ao Minuto, 17 out. 2015. Disponível em: https://bit.ly/2ET09TT. Acesso em: 19 jul. 2020.
SILVA, V. I.; OLIVEIRA, C. M. Estudo do adjetivo quanto ao gênero. Centro Universitário Cenecista de Osório, out. 2011. Disponível em: https://bit.ly/2YPP8Ko. Acesso em: 19 jul. 2020.
SIMÕES, P. Falha grave no 4G afecta todos os smartphones Android. Pplware.com, 18 out. 2015. Disponível em: https://bit.ly/2EMyhkD. Acesso em: 19 jul. 2020.
SIQUEIRA, J.; MARTINS, J. Casal vai lanchar e chega atrasado para o Enem: ‘Ninguém merece’. G1, 24 out. 2015. Disponível em: https://glo.bo/3bd6jdL. Acesso em: 19 jul. 2020.
TERRA, E. Curso prático de gramática. São Paulo: Scipione, 2006.
TRÁFEGO é liberado em rua onde ocorreu explosão no Rio. G1, 22 out. 2015. Disponível em: https://glo.bo/2Di4W0Y. Acesso em: 19 jul. 2020.
VIEIRA, S. R.; VIEIRA, M. S. M. A expressão de grau: para além da morfologia. Cadernos de Letras da UFF – Dossiê: Literatura, língua e identidade, n. 34, p. 63-83, 2008. Disponível em: https://bit.ly/2QBAeTs. Acesso em: 18 jul. 2020.
YURI, S. Grau do adjetivo: flexão ou derivação? 2011. 21 f. Monografia (Bacharelado em Língua Portiguesa) – Instituto de Letras, Universidade de Brasília, 2011. Disponível em: https://bit.ly/2QEPoHB. Acesso em: 19 jul. 2020.