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Ensine seus alunos a reconhecer elementos coesivos e a entender a importância deles para a construção dos argumentos nesse gênero textual.
Fonte: Shutterstock.
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Nesta seção, sua missão é elaborar uma aula de leitura de uma carta de reclamação.
Sugerem-se os seguintes passos para a elaboração da aula:
Imagine que você leciona aulas de Língua Portuguesa para uma turma de Ensino Fundamental e, após explicar aos alunos o conceito e exemplos de operadores argumentativos, percebe que muitos ainda não assimilaram o uso dessa estratégia de coesão, principalmente em textos.
Você já explicou que os operadores argumentativos são aquelas palavras ou expressões fundamentais para a coesão textual, ou seja, para a ligação entre as diversas orações, períodos e parágrafos que existem em um texto. Você também já contou a eles que essas palavras são responsáveis por articular as partes do texto, conferindo a elas a intenção desejada pelo autor.
A partir disso, leia o texto apresentado a seguir e analise de que modo você poderá trabalhar esse texto com seus alunos a partir da identificação dos diferentes tipos de operadores argumentativos.
Disseram-me outro dia que aquilo que eu sentia não era amor. Seria uma outra coisa, mas não amor. Não sem sacrífico ou contestação, naquele dia, eu aceitei a autoridade de quem fizera àquela constatação. Até que em um outro dia, ou melhor em uma noite de muito calor, voltando do mercado, passaram por mim um velho e uma menina. Após uma manobra segura, os dois desceram do carro e colocaram suas máscaras, olharam-me e eu os olhei. O senhor parecia triste e cansado. A menina já tinha uma certa idade, por volta de seus doze ou treze anos, mesmo assim estava saindo do banco de trás do carro. Imediatamente notei que eu, também, poderia descer daquele carro. Talvez, como uma tia ou, até mesmo, como a mãe daquela menina. Filha, sobrinha ou nora do velho. Os dois pareciam detentores de uma certa tristeza. Poderia eu salvá-los daquela dor? Quanta pretensão seria a minha! Parei em respeito àquele momento e acompanhei com meus olhos os dois caminhando em direção à sorveteria. Eu os olhei e, naquele instante, amei aquela família como se fosse a minha. Mas, quem seriam os salvos mesmo? Foi, então, que compreendi. Meu problema não é saber o que é amor, mas ter paixão pelo amar e intuir com afeto as entrelinhas. Eu amei o que talvez não existia, mas o que eu concebia.
O professor poderá explorar o uso da palavra “mas” nas três circunstâncias em que esse operador argumentativo aparece destacado no texto. No primeiro caso, a autora utiliza a palavra “mas” para questionar quem seriam as pessoas salvas, uma vez que a autora considera, em um primeiro momento, a possibilidade de salvar ao velho e a menina. No segundo caso, a autora utiliza o “mas” para explicar sua paixão pelo ato de amar, e não por não saber amar. No terceiro caso, o “mas” é utilizado para deixar explícito que a autora reconhece que aquilo que se ama não existe necessariamente, porém seria aquilo que ele concebia.