Nesta situação, você é um profissional da educação física que foi contratado por um centro de convivência de idosos e que deveria propor situações pautadas em modificações do estilo de vida das pessoas que ali convivem, conscientizando-os sobre a prática de exercícios rotineira, estabelecendo uma relação de confiança, capaz de conquistar uma boa aderência à prática de exercícios por parte dos envolvidos, e superando os desafios estruturais de baixo orçamento e de escassez de materiais.
Muito bem! Para atender a tais demandas, apesar das limitações vislumbradas na situação-problema, muitas intervenções são possíveis. Inicialmente, poderia ser feito o levantamento de informações, para o conhecimento dos participantes e dos pontos fortes e fracos existentes.
Conhecendo o público-alvo: para que a intervenção seja mais eficiente, devemos saber quem são as pessoas que vão recebê-la. Dependo da logística e do tempo disponível, podem ser realizadas entrevistas ou anamneses individuais, ou ainda uma conversa em grupo – nesse caso, evite assuntos de foro íntimo, que possam causar constrangimento, aborde temas como preferências pessoais e outros pontos relevantes para a elaboração da prática –, é possível, também, distribuir questionários de fácil entendimento para responderem individualmente questões importantes de saúde mental e física.
Conhecendo a infraestrutura: outro ponto importante é conhecer o local da prática e seu entorno, analisar quais atividades podem ser feitas em seu espaço interior e verificar se é possível realizar práticas ao ar livre, ou nos arredores.
Preparando os materiais: contabilize os materiais disponíveis para a prática e também aqueles que podem ser adaptados. Analise a possibilidade de confeccionar equipamentos com materiais descartáveis e verifique a oferta de utensílios, como fitas adesivas, cola e tesoura, para confeccioná-los.
Planejando a prática: é fundamental que a prática seja baseada nas necessidades de cada indivíduo, de acordo com informações que devem ser colhidas antes do planejamento. Quando a intervenção é individual, o planejamento é diretamente voltado para as vontades e as necessidades do indivíduo. Porém, em atividades em grupos, o desafio é maior. Após identificar quais problemas de saúde foram relatados anteriormente – como depressão, dores lombares, hipertensão, etc. –, e também depois de entender as principais preferências pessoais – como atividades ao livre, atividades com música, entre outras ¬–, pense em abordagens que contemplem esses aspectos.
Sugestões para a intervenção de acordo com os pontos positivos e negativos da situação-problema.
Espaço físico: o local apresentado tem um bom espaço físico, onde podem ser realizadas atividades de recreação, aulas de alongamento, de ginástica e de dança. Se houver um espaço ao ar livre disponível, ou se o entorno do local for seguro e com calçamento, podem ser realizadas atividades como alongamento ao ar livre e caminhadas;
Materiais disponíveis: o local dispõe de alguns colchonetes e bolas e um aparelho de som, esses materiais são úteis em aulas recreativas, de ginástica e de dança, por exemplo. A bola pode ser usada tanto em aulas de recreação quanto de ginástica. Se o número de colchonetes for insuficiente, pode ser adotado um esquema de rodízio: enquanto uns fazem o exercício em pé outros fazem no solo;
Pouca variedade de materiais: alguns objetos podem ser adaptados, como a utilização de cadeiras ou de degraus para a realização de alguns exercícios. Também podem ser organizadas aulas para a confecção dos próprios equipamentos de ginástica com materiais recicláveis. Podem ser feitos halteres com garrafas PET cheias de areia, ou podem ser utilizados cabos de vassoura vazios, ou com areia; é possível, ainda, cortar tiras de tecido para utilizar em alongamentos ou para prender garrafinhas PET com areia na perna, para adaptar uma caneleira.
Motivação e aderência: para motivar a participação, podem ser feitas palestras de diferentes temas: conscientização da importância da atividade física para a saúde, riscos do sedentarismo, importância da atividade física para a saúde mental, importância da atividade física para a coluna, etc. As palestras devem ser explicativas e de fácil entendimento, algumas abordagens práticas podem ser combinadas, como alongamentos e dinâmicas. E, para a aderência, é fundamental manter-se sempre interessado no aluno, em como ele está, se está melhorando, ou por que tem faltado às aulas, se for o caso.
Essa poderia ser uma forma de atender aos questionamentos dessa situação-problema. A partir do que discutimos nessa seção, você ainda poderá apontar novos caminhos, vá em frente!
Avançando na prática
Clínica de exercícios para adultos e idosos
Você, agora, coordena uma clínica de exercícios que atende adultos e idosos, voltada para o condicionamento físico aeróbico e muscular. As modalidades oferecidas são pilates, musculação, bicicleta ergométrica e esteira. O local dispõe de altos recursos financeiros, equipamentos diversos, espaço físico amplo, fechado e com ar condicionado. A decoração é bonita, porém, não contém plantas, ou elementos naturais. Nos fundos, há um bom espaço ao ar livre, com árvores e diversas plantas, mas esse espaço não é frequentado pelos alunos.
Observando as avaliações dos alunos, você notou que quase todos apresentam algum problema de saúde mental: ansiedade, estresse, depressão...
O que pode ser feito, além do condicionamento físico, para essas pessoas? Como auxiliá-las na melhora da qualidade de vida?
Nessa situação, você tem um cargo de decisão e tem poder aquisitivo para fazer mudanças. Primeiro, deve-se observar qual tipo de exercício esse público está realizando e oferecer aulas diversificadas para atender a diferentes preferências. Apesar da prática de esteira e musculação ser extremamente importante, outras atividades extras podem trazer benefícios mais amplos.
Como alternativa para o condicionamento aeróbico, podem ser oferecidas aulas de dança, treinamento funcional e circuito. Para as aulas de treinamento de força e flexibilidade, é possível trabalhar com aulas de ginástica com música, alongamento e ioga. O espaço ao ar livre também pode ser aproveitado para aulas coletivas, em contato com a natureza.
As aulas coletivas estimulam a parte social, não apenas o aspecto físico; a ioga trabalha, além de força e flexibilidade, também meditação e respiração, que ajudam a controlar a ansiedade; e o contato com a natureza traz bem-estar, podendo ajudar a melhorar os aspectos mentais.
Lembrando que, nesse caso, as modalidades existentes são fundamentais para a manutenção da saúde geral, e, portanto, não devem ser retiradas. Devem-se, oferecer, porém, alternativas que possam agradar e complementar as atividades oferecidas, o que traria muitos ganhos para os participantes.
A perspectiva de resposta aos questionamentos que levantamos parece interessante para você? Não hesite em indicar novos caminhos.