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Não pode faltar

Através da promoção da saúde

Tania de Carvalho Spada

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Fonte: Shutterstock.

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convite ao estudo

Em nossa última unidade, compreenderemos as possibilidades de intervenção do profissional de educação física, visando à qualidade de vida, por meio das principais áreas desse campo profissional.

A qualidade de vida está inter-relacionada à saúde e à aptidão física. Uma boa aptidão física contribui para a melhora da saúde e da qualidade de vida, além de prevenir e melhorar o prognóstico de diversas doenças, como diabetes, alguns tipos de câncer, doenças crônicas não transmissíveis e doenças cardíacas, reduzindo, também, o risco de mortalidade e de eventos cardiovasculares. Entretanto, esses benefícios dependerão do estilo de vida adotado: a manutenção de hábitos saudáveis e o distanciamento de comportamentos nocivos estão relacionados a uma vida melhor e mais longa.

A promoção de ações de atividade física pode ocorrer por meio de intervenções físicas, esportivas, de cultura e de lazer, com abordagem individual ou coletiva. Para que essa promoção seja possível, é necessária a acessibilidade aos espaços onde ocorrem essas práticas, como escolas, por exemplo, pois propostas de práticas de atividades físicas em ambiente escolar são fundamentais para a formação de uma sociedade mais saudável.

Além das atividades físicas e esportivas, vale lembrar da importância do lazer para a qualidade de vida. Nem sempre a prática de atividade física representa uma possibilidade de lazer, pois, em alguns casos, a prática está atrelada a alguma necessidade física, e não a uma opção de prazer e divertimento. As atividades de lazer podem ocorrer de forma individual ou coletiva, por meio de ações de interesse e de prazer do praticante, como prática de esportes, dança, atividades culturais, descanso, enfim, qualquer ação realizada em um momento de descanso que resulte em sensação de bem-estar.

O lazer é essencial para a qualidade de vida humana, pois funciona como um momento de descompressão, de liberação de estresse, de oportunidade de divertimento e de descanso, proporcionando, portanto, grandes benefícios à saúde física e mental. Sendo assim, possibilidades de momentos de lazer devem ser ampliadas, de modo que se tornem acessíveis a todas as pessoas, de diferentes idades, gênero e classe social. Porém, alguns fatores podem atrapalhar a prática do lazer, para isso, algumas possibilidades devem ser consideradas a fim de minimizar esses obstáculos.

O profissional de educação física, dentro de suas capacidades e habilidades, é o protagonista na promoção de novos hábitos para a construção de uma melhor qualidade de vida, por meio de intervenções físicas, esportivas e de lazer.

Praticar para aprender

Veremos, nesta seção, a importância da relação entre saúde, qualidade de vida e aptidão física, observando de que modo esses aspectos da vida estão conectados. A aptidão física é a capacidade de realizar um esforço físico sem que haja fadiga em excesso e provém da prática regular de exercícios, contribuindo para a melhora da saúde e da qualidade de vida, prevenindo e melhorando o prognóstico de diversas doenças, como diabetes, alguns tipos de câncer, doenças crônicas não transmissíveis e doenças cardíacas, e reduzindo o risco de mortalidade e de eventos cardiovasculares. Os principais aspectos físicos abrangidos pela aptidão física são a capacidade aeróbia e a capacidade muscular, e, para que as adaptações ocorram, é necessária a prática regular, com intensidade adequada.

Um estilo de vida ativo é amplamente relacionado à saúde e à qualidade de vida; pessoas ativas vivem mais e melhor, e a prática de atividade física previne doenças, melhora a saúde, a qualidade de vida, promove o bem-estar e aumenta a longevidade. Porém, esses benefícios dependerão das decisões pessoais tomadas ao longo da vida. Apesar de todos os benefícios, muitas pessoas continuam inativas, e algumas barreiras atrapalham o engajamento em um programa de exercícios, como o gênero, o nível socioeconômico, o estado civil, o nível de escolaridade e as condições ambientais, mas também há os facilitadores, como o gosto pela prática, a socialização, e os benefícios da atividade física. Devido à importância de manter um estilo de vida ativo, as barreiras devem ser superadas e os facilitadores utilizados como fatores motivadores para a promoção da mudança de hábitos.

Dentre os hábitos mais nocivos à saúde está o uso de drogas, que representa um sério problema de saúde pública e tem sido responsável por uma das maiores taxas de anos perdidos por incapacidade, afetando a saúde e prejudicando a qualidade de vida. Os transtornos causados pelo uso de drogas prejudicam o funcionamento do cérebro, dos pulmões, dos sistemas cardiovascular e hepático, além de afetar o comportamento e as relações sociais e familiares. O tratamento de dependência química é árduo e diferentes profissionais da saúde podem contribuir nesse processo, dentre eles está o profissional de educação física, que pode desenvolver práticas para melhorar os efeitos nocivos das drogas no organismo.

Deixar os vícios e adotar comportamentos mais ativos e saudáveis pode representar um grande desafio. A mudança de comportamento pode ser analisada pelo Modelo Transteórico, o qual estabelece que a mudança passa por estágios, de forma gradativa. Essa mudança depende da iniciativa, do empenho pessoal e da consciência a respeito da necessidade de mudar de comportamento.

Aprofundaremos os conhecimentos sobre o papel do exercício e da atividade física no tratamento da dependência química estudando o caso de um profissional de educação física que atenderá em um grupo de apoio a dependentes químicos.

Esse profissional fará parte de uma equipe multiprofissional, composta por médico, enfermeiro, psicólogo, nutricionista, terapeuta ocupacional e acupunturista. As tarefas de cada um desses profissionais já foram estabelecidas, e coube ao profissional de educação física a elaboração de um plano anual de intervenções, composto por ações práticas e teóricas, e a elaboração de um material de apoio.

O planejamento proposto, então, divide-se em três partes:

  1. Prática: o objetivo dessa parte é reduzir os danos causados pela dependência química, melhorando a qualidade de vida e ajudando na mudança de comportamento. O planejamento das atividades práticas deve estar baseado na elaboração de aulas compostas por exercícios que contemplem diferentes aspectos e que melhorem o condicionamento físico geral, estimulando, também, a socialização, e elevando a autoestima, na busca de reduzir dores físicas e emocionais.
  2. Teórica: o objetivo da abordagem teórica é ensinar exercícios e práticas que podem ser realizadas, reforçando a importância da prática de exercícios e conscientizando sobre a manutenção de hábitos saudáveis por meio de palestras, aulas ou rodas de conversa.
  3. Material de apoio: a função desse material é dar suporte à parte prática e teórica, oferecendo informações que reforçarão os conceitos trabalhados durante as aulas.

O papel do professor, nesse contexto, é promover ações que colaborarão com o tratamento da dependência química e proporcionarão maior qualidade de vida a esse público. Ele pode fazer isso expondo os diferentes aspectos que influenciam a qualidade de vida, ensinando atitudes e comportamentos que possam melhorá-la, e mostrando a importância da manutenção de hábitos saudáveis, bem como as consequências do comportamento de risco.

Esse profissional deve elaborar um planejamento anual de aulas teóricas e práticas para dependentes químicos que frequentam um centro de apoio e que participarão das ações uma vez por semana, durante uma hora.

Quais atividades podem ser propostas nas aulas práticas? Como a parte teórica pode ser abordada? Quais conceitos e qual tipo de material ele pode elaborar para desenvolver o material de apoio?

A manutenção de um estilo de vida saudável e a mudança de comportamentos nocivos são ações fundamentais para a qualidade de vida. O profissional de educação física é um importante vetor nesse processo. Dedique-se a essa temática para que você esteja apto a promover intervenções que provoquem mudanças nas vidas das pessoas.

conceito-chave

Relações entre aptidão física, saúde e qualidade de vida

A saúde é um dos fatores determinantes para a qualidade de vida, e a prática de exercícios é essencial para uma vida saudável, longeva e feliz. Assim, opções de práticas corporais deveriam estar incorporadas ao cotidiano das pessoas, à cultura popular, aos tratamentos médicos, ao planejamento familiar e à educação infantil (ARAÚJO; ARAÚJO, 2000).

A prática regular de exercícios resulta na melhora da aptidão física, que contribui para a melhora da saúde e da qualidade de vida. A aptidão física refere-se à capacidade de realizar um esforço físico sem que haja fadiga em excesso, podendo ser dividida em duas categorias principais: a capacidade aeróbia, referente à capacidade de realizar tarefas contínuas que envolvam os grandes grupos musculares, como caminhar, correr, pedalar; e a capacidade muscular, que é a capacidade de deslocar uma carga ou vencer uma resistência por meio de contrações musculares, como força, resistência e potência (GUEDES, 1996 apud ARAÚJO; ARAÚJO, 2000; SHARKEY, 2012).

A prática regular de exercícios sobrecarrega os sistemas cardiovascular e musculoesquelético, que têm de se adaptar a essa demanda, promovendo, assim, a aptidão física. Quando uma pessoa é regularmente ativa, seu corpo se adapta ao novo nível de atividade imposta, permitindo que ela seja capaz de fazer mais do que conseguia antes de começar a treinar (SHARKEY, 2012).

A aptidão física melhora diferentes aspectos, como: potência aeróbica, força, flexibilidade, agilidade, equilíbrio, coordenação motora, velocidade e composição corporal (GAERTNER; FIROR; EDOUARD, 1991; GUEDES, 1996; SHEPHARD; BALADY, 1999 apud ARAÚJO; ARAÚJO, 2000). Além disso, está associada a um menor índice de mortalidade e a uma maior qualidade de vida (ACSM, 1998; ACSM, 2000; BLAIR; KOHL; BARLOW, 1995; PAFFENBARGER, 1994 apud ARAÚJO; ARAÚJO, 2000).

Há uma inter-relação entre atividade física, aptidão física, saúde e qualidade de vida, de modo que cada uma dessas variáveis interfere na outra, seja de forma positiva ou negativa, por exemplo: a prática de atividade física melhora a aptidão física e ambas promovem benefícios para a saúde e a qualidade de vida, já a inatividade física influencia negativamente esses aspectos. A boa saúde, por sua vez, influencia a prática de atividades, já o estado de doença pode atrapalhar essa prática ou impedi-la, resultando, assim, na diminuição ou perda da aptidão física e na piora da qualidade de vida. Dessa maneira, podemos compreender a importância dessas variáveis umas para as outras.

Qual intensidade ideal para melhorar a aptidão física sem causar riscos à saúde?

A capacidade aeróbia define a saúde e está relacionada ao funcionamento do sistema cardiorrespiratório e musculoesquelético. Ela é trabalhada quando o exercício é realizado regularmente e com intensidade maior do que a intensidade das atividades diárias (SHARKEY, 2012). Porém, para que o exercício proporcione os benefícios que realmente pode promover, devem ser consideradas certas variáveis, como intensidade, duração e frequência; por outro lado, a prática de exercícios também pode trazer riscos à saúde, pois exercícios extenuantes e de alta intensidade elevam o risco de problemas osteomusculares e cardíacos. Apesar dos riscos aumentados com o aumento da intensidade, o sedentarismo corresponde a um risco maior à saúde.

Obviamente, a intensidade de um exercício depende de diferentes variáveis, como nível de condicionamento físico, individualidade biológica, limitações físicas e objetivos pessoais. Para atletas, a intensidade do exercício é maior, já em programas de exercícios para saúde, atividades moderadas podem ser a melhor escolha, uma vez que proporcionam bons resultados e menores riscos.

Como já vimos anteriormente, as escolhas do indivíduo estão diretamente relacionadas à sua qualidade de vida. Manter uma alimentação saudável, não fumar, evitar o abuso de bebidas alcoólicas e praticar atividades físicas são bons hábitos que influenciarão positivamente a vida como um todo e proporcionarão bem-estar e saúde, promovendo um envelhecimento mais saudável, feliz e com maior longevidade.

Assimile

A prática regular de exercícios previne e melhora o prognóstico de diversas doenças, como diabetes, alguns tipos de câncer, doenças crônicas não transmissíveis e doenças cardíacas. O risco de mortalidade e de eventos cardiovasculares tendem a diminuir com o maior nível de atividade física, além de diminuir o risco de mortalidade em paciente infartados.

(BIJNEN et al., 1994; PAFFENBARGER et al., 1994; SHEPHARD; BALADY, 1999 apud ARAÚJO; ARAÚJO, 2000).

Princípios gerais e fatores intervenientes na promoção de estilos de vida ativos

A redução ou o retardo de doenças crônicas durante o processo de envelhecimento aumenta a duração do vigor. Algumas pessoas conseguem manter o vigor físico, emocional e intelectual durante quase toda a vida, para isso, é necessário tomar decisões que afetarão diferentes aspectos da vida, os quais podem representar problemas durante o envelhecimento, como a função cardiorrespiratória, a densidade óssea, a pressão arterial e o colesterol; logo, todas as pessoas têm a chance de escolher as melhores opções de hábitos de vida para que envelheçam melhor (SHARKEY, 2012).

Pessoas que levam uma vida ativa vivem mais e melhor, pois a prática de atividade física previne doenças, melhora a saúde e a qualidade de vida, promove o bem-estar e aumenta a longevidade.

A saúde e a longevidade estão relacionadas aos seguintes hábitos (BRESLOW; ENSTROM, 1980 apud SHARKEY, 2012):

Seguindo seis desses comportamentos apresentados, os homens podem ganhar onze anos de vida a mais, e as mulheres, sete (BRESLOW; ENSTROM, 1980 apud SHARKEY, 2012).

A saúde é influenciada por fatores genéticos, pela presença de doenças, por fatores ambientais e pelos hábitos de vida. A idade cronológica, referente aos anos vividos, pode não corresponder exatamente à idade fisiológica, assim, uma pessoa fisicamente ativa, com 55 anos, pode ter o mesmo desempenho e saúde de uma pessoa mais jovem, com 25 anos (SHARKEY, 2012).

Barreiras e facilitadores para a prática de atividade física

Apesar da conhecida importância a respeito da prática de atividade física, uma grande parte da população continua inativa, e essa inatividade pode ser influenciada por fatores como gênero, nível socioeconômico, estado civil, nível de escolaridade, obesidade, tabagismo, alcoolismo, condições ambientais, transporte, segurança, autoimagem negativa e autopercepção de saúde (CASSOU, 2011; HIRVENSALO; LINTUNEN, 2011 apud KRUG; LOPES; MAZO, 2015).

Uma pesquisa conduzida com idosas longevas inativas fisicamente constatou as principais barreiras para a prática de atividade física: limitação física, falta de disposição, excesso de cuidado da família, exercícios físicos inadequados, doenças, falta de segurança, falta de experiência em atividades físicas para lazer, medo de quedas e aumento da idade. Por outro lado, os principais facilitadores foram: prazer pela prática de atividade física, socialização, benefícios da atividade física, exercícios físicos adequados e companhia para praticar (KRUG; LOPES; MAZO, 2015).

Outra pesquisa analisou a prática de atividade física no lazer de adolescentes e observou que falta de companhia, preferência por outras atividades e preguiça foram as principais barreiras (DIAS et al., 2015).

Em pesquisa referente aos frequentadores de parques públicos, observou-se que a incidência de chuvas e a poluição do ar no parque, seguidos pela baixa qualidade de serviços de emergência e segurança, foram barreiras para a prática de atividade física. Os principais facilitadores foram a beleza e a localização do parque, além da beleza arquitetônica, pista de caminhada e corrida e apoio e incentivo dos amigos; observa-se que, nesse caso, os fatores ambientais foram determinantes para a prática de atividade física (SILVA; PETROSKI; REIS, 2009).

Observando as diferentes barreiras apresentadas, notamos que aspectos ambientais, físicos, sociais, mentais e socioeconômicos podem influenciar a adoção de hábitos saudáveis.

Como manter e estimular hábitos saudáveis?

O ideal seria que tivéssemos escolas fisicamente ativas, que houvesse a possibilidade de se promover espaços para a prática de atividade para toda a sociedade, e que pudéssemos contar com a oferta de programas públicos e com a ampla divulgação dos benefícios da prática regular de exercícios. Essas iniciativas dependem do planejamento público, do apoio do setor privado e da sociedade, no sentindo de proporcionar opções de prática de atividade física, como parques ou centros comunitários que ofereçam diferentes atividades físicas, além do incentivo de práticas nas escolas e da garantia de segurança pública.

Para reduzir o sedentarismo, é fundamental que se pense em acessibilidade de alternativas para a prática e em campanhas de informação e de conscientização sobre a importância de uma vida ativa, alertando sobre os riscos do sedentarismo em escolas, empresas e unidades de saúde. O primeiro passo deve ocorrer nas escolas: proporcionar às crianças e aos jovens oportunidades de prática, despertar o prazer e fornecer o conhecimento de como realizar exercícios. A experiência vivenciada na escola é muito importante para a formação de um adulto ativo (DINUBILE, 1993; GUEDES, 1996; PATE et al., 1993 apud ARAÚJO; ARAÚJO, 2000).

Segundo Powell e Dysinger (1987 apud ARAÚJO; ARAÚJO, 2000), a vivência do esporte nas escolas por crianças e adolescentes está relacionada à promoção de um estilo de vida ativo na fase adulta, portanto, políticas públicas têm como dever promover e estimular a Educação Física escolar.

Assim como a aprendizagem de habilidades, a formação de comportamentos preventivos e o estímulo de hábitos alimentares saudáveis e de higiene, o estilo de vida ativo também deve ter início na infância, para que o desenvolvimento ocorra de forma mais saudável e para que esses comportamentos sejam consolidados. Contudo, vale destacar que nunca é tarde para mudar os hábitos e optar por escolhas mais salutares.

Diminuição de dependências e vícios

O uso de drogas lícitas ou ilícitas representa um sério problema de saúde pública e tem sido responsável por uma das maiores taxas de anos perdidos por incapacidade no mundo. No ano de 2015, cerca de 5% (250 milhões) da população adulta mundial usou alguma droga ilícita e 29 milhões sofriam de transtornos relacionados ao uso de drogas e dependência (UNODC, 2017 apud SILVEIRA; SIU; ANDRADE, 2018). As principais causas de doenças não fatais, no ano de 2016, foram os transtornos mentais e os transtornos relacionados ao uso de substâncias; no Brasil, esses transtornos representaram 9,97% dos anos de vida saudáveis perdidos por morte ou incapacitação (GBD, 2016 apud SILVEIRA; SIU; ANDRADE, 2018).

Drogas lícitas

No mundo, mais de 10% da população tem problemas relacionados ao uso de álcool; no Brasil, aproximadamente 50% da população brasileira consome álcool em algum momento da vida. O seu uso está associado a fatores como infarto, sexo desprotegido, suicídio, acidente, violência, doenças crônico-degenerativas (cardiovascular, acidente vascular cerebral), alguns tipos de cânceres e doenças infecciosas (tuberculose e AIDS). Outras situações de risco estão relacionadas ao consumo precoce de álcool, como queda no desempenho escolar, violência, uso de drogas ilícitas, prejuízo no desenvolvimento do sistema nervoso central e transtornos relacionados ao álcool e a outras drogas na vida adulta (SILVEIRA; SIU; ANDRADE, 2018).

A Organização Mundial da Saúde (OMS) estipulou uma meta para reduzir em 10% o consumo nocivo de álcool até 2025, por meio de medidas como tornar o acesso mais difícil, aumentar o preço, proibir propaganda, restringir horários e locais de venda, além de monitorar o uso e aumentar a capacidade do sistema de saúde para reconhecer e atender pessoas com dependência. Programas de saúde pública são indispensáveis para reduzir o abuso de álcool e as doenças crônicas associadas (SILVEIRA; SIU; ANDRADE, 2018). O tratamento farmacológico e o atendimento psicossocial apresentam melhores resultados quando realizados combinadamente (MALBERGIER, 2018a).

O cigarro é uma das drogas que mais causam dependência, assim, cerca de dois terços das pessoas que o experimentam podem se tornar dependentes ao longo da vida. Ele está associado à mortalidade precoce, podendo reduzir de sete a treze anos a vida do fumante, representando um importante fator de risco para acidente vascular cerebral, infarto, enfisema, bronquite e câncer. Vale destacar que cerca de 30% de todos os casos de câncer são causados pelo tabaco (SILVEIRA; SIU; ANDRADE, 2018; MALBERGIER, 2018b).

Mais de sete milhões de pessoas morrem no mundo por causas relacionadas ao fumo; no Brasil, ocorrem aproximadamente 135 mil óbitos causados pelo cigarro, mas a prevalência tem caído no país desde a década de 1980, o que indica que políticas de combate ao tabagismo têm funcionado (SILVEIRA; SIU; ANDRADE, 2018).

Deixar o vício de fumar é uma tarefa difícil, apenas 25% das pessoas que se livram do vício conseguiram na primeira tentativa; duas, três ou mais tentativas são necessárias para a maioria dos fumantes. O tabagismo está relacionado à dependência da nicotina, ao estado emocional, e a situações, comportamentos ou ambientes específicos, como tomar café ou estar ansioso (MALBERGIER, 2018b).

Drogas ilícitas

A maconha é uma droga ilícita; cerca de 183 milhões de pessoas no mundo (3,8%) são usuárias de maconha e 13,1 milhões são dependentes; observa-se que o consumo tem aumentado nos últimos anos na região das Américas.

No Brasil, a prevalência do uso de maconha é de 2,5% em adultos e 3,5% em adolescentes. Em países desenvolvidos, o consumo começa, geralmente, do meio para o final da adolescência, e o uso mais intenso ocorre por volta dos 20 anos (MALBERGIER, 2018a).

Já a cocaína, outra droga ilícita, tem uma incidência mundial de aproximadamente 17,1 milhões de pessoas. No Brasil, um levantamento apontou que 2,2% da população consumiu crack ou cocaína nos últimos 12 meses, tendo como referência a data em que a pesquisa foi realizada (SILVEIRA; SIU; ANDRADE, 2018).

Os efeitos nocivos do uso de cocaína incluem problemas cardiovasculares (arritmias e infarto) e neurológicos (cefaleia, convulsão, acidente vascular cerebral e coma). O uso do crack pode causar lesões pulmonares, como pneumonia intersticial, fibrose, hipertensão pulmonar, hemorragia alveolar, exacerbação de asma, barotrauma, linfadenopatia hilar e enfisema bolhoso (MALBERGIER, 2018a).

Tratamento

Os Transtornos por Uso de Substâncias (TUS) acometem o funcionamento do cérebro, pulmões, sistema cardiovascular e hepático, causando grande impacto na saúde pública, e afetando, também, o comportamento, as relações sociais e familiares (COPETTI, 2018).

O tratamento de dependência química não é uma tarefa fácil; diferentes profissionais são necessários para cuidar dos dependentes e de seus familiares, dentre eles estão psiquiatras, médicos em geral, psicólogos, enfermeiros, assistentes sociais, profissionais de educação física e terapeutas ocupacionais. É fundamental que todos esses profissionais sejam treinados e capacitados para cuidar dessas pessoas (SILVEIRA; SIU; ANDRADE, 2018).

Diferentes abordagens são utilizadas no tratamento da dependência química (BRASILIANO, 2018; COPETTI, 2018; MALBERGIER, 2018b; SEREBRENIC, 2018):

O papel do profissional de educação física no combate ao uso de drogas

Assim como a prática regular de exercício previne e trata diversas doenças crônicas, também é um importante aliado no tratamento da dependência química.

O tratamento geralmente ocorre por meio de uma abordagem multiprofissional, nesse contexto, o profissional de educação física pode colaborar no desenvolvimento de práticas que possam modificar os efeitos nocivos das drogas no organismo (BARBANTI, 2012). Segundo Barbanti (2012), os efeitos benéficos da prática de exercícios no tratamento da dependência química são:

Exemplificando

O profissional de educação física pode atuar como membro de equipes multiprofissionais no tratamento da dependência química. Suas ações podem ser realizadas em grupos de combate ao tabagismo, ao alcoolismo ou a outras drogas, seja dentro de escolas, de universidades, de empresas, ou em serviços de saúde e centros religiosos. O seu papel é prescrever exercícios físicos aeróbicos, resistidos, alongamentos e relaxamentos, visando a combater a ansiedade e o estresse, e melhorando o condicionamento físico, a socialização, o bem-estar e a qualidade de vida.

Aspectos comportamentais: teoria dos estágios de mudança de comportamento

Deixar de lado vícios e adotar hábitos mais saudáveis pode representar um grande desafio, e há alguns aspectos pessoais e do ambiente em que estamos inseridos que são fundamentais nesse processo.

Diferentes fatores podem contribuir para a adoção de comportamentos mais ativos e saudáveis. O modelo dos estágios de mudança de comportamento, ou Modelo Transteórico, é uma abordagem desenvolvida inicialmente para investigar a mudança de comportamento relacionada ao tabagismo, mas, atualmente, pode ser utilizada para estudar os aspectos comportamentais relacionados à prática de atividades físicas (PROCHASKA; MARCOS, 1994 apud OLIVEIRA et al., 2012).

O Modelo Transteórico traça o caminho percorrido por uma pessoa que esteja em um processo de mudança de comportamento; nesse processo, a vontade de mudar pode vir da própria pessoa ou de fatores externos (PROCHASKA et al., 1994 apud REIS; NAKATA, 2010). Esses estágios ocorrem de forma consecutiva, primeiro pelo reconhecimento do problema, depois, pela iniciativa e ações para gerar a mudança. Os estágios de mudança são (REIS; NAKATA, 2010):

O processo de mudança comportamental resulta da intenção, da vontade e da mobilização da própria pessoa, além do suporte ambiental, também muito importante em diversos casos (REIS; NAKATA, 2010).

Reflita

Alguns fatores podem facilitar ou dificultar a manutenção de hábitos saudáveis, como gênero, nível socioeconômico, estado civil, nível de escolaridade, dependência química, condições ambientais, autoimagem negativa e autopercepção de saúde. Conhecendo a importância de uma vida ativa e os riscos do sedentarismo, como contribuir para a mudança de comportamento utilizando o modelo transteórico?

Nesta seção, estudamos a importância da manutenção de um estilo de vida saudável. Vimos, também, os benefícios de uma vida ativa para a qualidade de vida e a saúde, além dos malefícios causados por comportamentos nocivos, como o uso de substâncias tóxicas. Conhecemos a abordagem teórica dos estágios de mudança de comportamento e entendemos o papel do profissional de educação física no estímulo às mudanças comportamentais e na promoção de intervenções práticas que visam à melhora da aptidão física, da saúde e da qualidade de vida.

Faça valer a pena

Questão 1

A prática regular de exercícios promove adaptações nos sistemas cardiorrespiratório e musculoesquelético, promovendo, assim, a aptidão física, que, por sua vez, contribui para a melhora da saúde e da qualidade de vida. A aptidão física refere-se à capacidade de realizar um esforço físico sem que haja fadiga em excesso.

A aptidão física pode ser dividida em duas categorias principais, quais são elas?

Tente novamente...

Resistência muscular e potência. INCORRETA, pois resistência muscular e potência correspondem à capacidade muscular, que é uma das categorias principais da aptidão física, porém, faltou a capacidade aeróbia.

Tente novamente...

Resistência aeróbica e resistência cardiovascular. INCORRETA, pois resistência cardiovascular está relacionada à resistência aeróbica, mas não corresponde a uma das categorias principais da aptidão física, e faltou a capacidade muscular.

Tente novamente...

Capacidade muscular e potência. INCORRETA, pois potência corresponde à capacidade muscular, mas faltou a capacidade aeróbia.

Tente novamente...

Força muscular e agilidade. INCORRETA, pois força muscular corresponde à capacidade muscular, que é uma das categorias principais da aptidão física, mas agilidade não corresponde a uma das principais categorias.

Correto!

Capacidade aeróbia e capacidade muscular. CORRETA, pois a capacidade aeróbia é referente à capacidade de realizar tarefas contínuas, que envolvam os grandes grupos musculares, como caminhar, correr, pedalar... Já a capacidade muscular é a capacidade de deslocar uma carga ou vencer uma resistência por meio de contrações musculares, como força, resistência e potência. Essas são as duas categorias principais da aptidão física.

Questão 2

A manutenção de hábitos saudáveis ajuda na prevenção de doenças, melhora a qualidade de vida e está relacionada a uma maior longevidade. As decisões tomadas e o comportamento ao longo da vida influenciarão a forma como a pessoa envelhecerá, se será de maneira saudável ou não. Todos têm a chance de escolher as melhores opções de hábitos de vida para que possam envelhecer melhor.

A saúde e a longevidade estão relacionadas a alguns hábitos que, quando seguidos, podem aumentar a expectativa de vida em até onze anos. Quais das alternativas a seguir corresponde a três desses hábitos?

Correto!

Ter um café da manhã adequado, controlar o peso, não fumar. CORRETA, segundo Breslow e Enstrom (1980 apud SHARKEY, 2012), esses três hábitos correspondem a comportamentos que, quando realizados, podem aumentar a expectativa de vida.

Tente novamente...

Ter refeições regulares, não consumir álcool, ter autopercepção em saúde. INCORRETA, ter refeições regulares e não consumir álcool correspondem aos hábitos que podem aumentar a expectativa de vida, porém autopercepção de saúde não é um deles.

Tente novamente...

Não fumar, praticar exercícios, consumir lanches ao longo do dia. INCORRETA, não fumar e praticar exercícios correspondem aos hábitos que podem aumentar a expectativa de vida, porém consumir lanches ao longo do dia não é recomendado, e sim ter refeições regulares.

Tente novamente...

Controlar o peso, não tomar café da manhã, praticar exercícios regularmente. INCORRETA, controlar o peso e praticar exercícios regularmente correspondem aos hábitos que podem aumentar a expectativa de vida, porém não tomar café da manhã não é recomendado, mas sim ter um café da manhã adequado.

Tente novamente...

Praticar exercícios, pouco ou nenhum consumo de cigarro, controlar o peso. INCORRETA, controlar o peso e praticar exercícios regularmente correspondem aos hábitos que podem aumentar a expectativa de vida, porém pouco consumo de cigarro não é recomendado, mas sim nenhum consumo de cigarro.

Questão 3

Diferentes fatores podem contribuir para a adoção de comportamentos mais ativos e saudáveis. O modelo dos estágios de mudança de comportamento, ou Modelo Transteórico, traça o caminho percorrido por uma pessoa que esteja em um processo de mudança de comportamento; esse caminho se dá pela superação de estágios.

Segundo o Modelo Transteórico, qual dos estágios corresponde à fase na qual a pessoa reconhece a importância da mudança, mas não tomou iniciativa para que isso ocorra?

Tente novamente...

Pré-contemplação. INCORRETA, pois nesse estágio ainda não há intenção de mudar, a pessoa não percebe a importância da mudança de comportamento em sua vida.

Correto!

Contemplação. CORRETA, pois nesse estágio a pessoa pensa na possibilidade de mudar, mas não tomou iniciativa ainda.

Tente novamente...

Manutenção. INCORRETA, pois nesse estágio ocorre um esforço pessoal ao longo do tempo para estabelecer as mudanças realizadas e evitar o retorno aos comportamentos anteriores.

Tente novamente...

Preparação. INCORRETA, pois nesse estágio a pessoa tem vontade de mudar ou já fez pequenas mudanças, mas que, geralmente, não são duradouras; é a fase que nos prepara para agir da forma correta.

Tente novamente...

Ação. INCORRETA, pois nesse estágio a pessoa toma decisões e age para colocar em prática novos comportamentos e atitudes.

Referências

ARAÚJO, D. S. M. S.; ARAÚJO, C. G. S. Aptidão física, saúde e qualidade de vida relacionada à saúde em adultos. Rev. Bras. Med. Esporte, Niterói, v. 6, n. 5, p. 194-203, out. 2000. Disponível em: https://bit.ly/2PAWeAH. Acesso em: 17 fev. 2021.

BARBANTI, E. J. A importância do exercício físico no tratamento da dependência química. Educação Física em Revista, [S.l.], v. 6, n. 1, p. 1-9, jan.-abr. 2012. Disponível em: https://bit.ly/2PtlZTj. Acesso em: 17 fev. 2021.

BRASILIANO, S. Abordagem familiar. In: MALBERGIER, A. Abordagem clínica da dependência de drogas, álcool e nicotina: manual para profissionais de saúde mental. São Paulo: Manole, 2018.

COPETTI, A. G. J. Internação no transtorno por uso de substâncias: quando, como e onde internar?. In: MALBERGIER, A. Abordagem clínica da dependência de drogas, álcool e nicotina: manual para profissionais de saúde mental. São Paulo: Manole, 2018.

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