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Praticar para aprender
Nesta seção, estudaremos o papel e a importância do atendimento multiprofissional composto por profissionais de diferentes áreas do conhecimento, os quais realizam o atendimento de acordo com as suas especialidades. É um tipo de atendimento mais focado e direcionado, mais eficiente e especializado, pois a saúde do ser humano abrange diferentes aspectos, de modo que cada um desses aspectos deve ser cuidado por um especialista. Em uma equipe multiprofissional, o papel do profissional de educação física, reconhecido desde março de 1997 como profissional da saúde, é o de promover o bem-estar e a saúde por meio da prescrição de exercícios, assim, dentre seus diversos locais de atuação estão os hospitais e as Unidades Básicas de Saúde (UBS).
A expansão da promoção da saúde no Brasil ocorreu a partir de 1990, por meio do fortalecimento da saúde pública e da cidadania. Posteriormente, outras ações e programas de saúde foram desenvolvidos, buscando a qualidade de vida e a melhora dos serviços de saúde. Foram desenvolvidos: a Política Nacional de Promoção da Saúde, com o objetivo de garantir os princípios do Sistema Único de Saúde (SUS); o Núcleo de Apoio à Saúde da Família (NASF), formado por equipes multiprofissionais responsáveis pelos cuidados físico e mental dos usuários do SUS; e o Programa Academia da Saúde, que busca promover a saúde por meio de práticas corporais.
O conhecimento a respeito dos direitos ao acesso aos serviços de saúde e também sobre como cuidar da saúde e manter hábitos saudáveis é fundamental. Para a manutenção de um estilo de vida saudável, é importante saber, por exemplo, como manter uma alimentação saudável, como praticar exercícios, como prevenir doenças e como reduzir fatores de risco para a saúde. A fonte de acesso seguro às informações deve vir dos serviços de saúde, de profissionais de saúde ou de material impresso ou eletrônico confiável e conhecido, pois o consumo de informações equivocadas, falsas e irresponsáveis pode comprometer a saúde. Lamentavelmente, com o aumento do acesso à internet e com a maior acessibilidade a todos os tipos de informações, surgiu um problema cada vez mais crescente: as fake news, ou notícias falsas, disseminadas de forma rápida por meio das redes sociais e de aplicativos de mensagens, levando desinformação e colocando em risco a saúde da população.
Os bons hábitos em relação à saúde devem começar desde a infância, que é uma fase decisiva na consolidação de comportamentos e hábitos. A promoção da saúde e a formação de um cidadão consciente de seu corpo acontecem por meio da educação, da adoção de hábitos saudáveis e do convívio em ambiente salutar, que provém de políticas públicas, da família, da comunidade e da escola.
Diferentes esferas corroboram para a manutenção da saúde, indo desde a esfera governamental, com programas e serviços de saúde e apoio de equipes multiprofissionais, até a esfera individual, com aspectos que dependem do próprio indivíduo, como o conhecimento do corpo e a manutenção de hábitos saudáveis, os quais envolvem cuidados com higiene pessoal, alimentação adequada e prática de atividades físicas.
Para reforçar os conhecimentos a respeito da percepção do corpo e dos bons hábitos desde a infância, vamos estudar o caso de um professor de Educação Física que dá aulas para o ensino infantil em uma escola.
Durante as aulas de Educação Física, esse professor notou, entre seus alunos, alguns comportamentos e brincadeiras impróprios referentes ao corpo, dirigidos aos colegas mais magros, gordos, baixos, altos, ruivos, etc.
Os alunos que são vítimas desse tipo de comportamento têm respondido de forma agressiva, ou ficam tristes, envergonhados e chateados.
Qualquer diferença entre as crianças pode ser um motivo para um comportamento equivocado e desrespeitoso, e a maioria das crianças nessa fase não compreende a dimensão desse tipo de comportamento e o sofrimento que pode causar, pois a natureza do ser humano é viver em grupos, ser aceito na sociedade, de modo que se sentir diferente e excluído pode trazer complicações emocionais e psicológicas.
Na realidade, as crianças devem compreender que existem, sim, diferenças e que uma característica não é menos importante do que outra, entendendo que a riqueza da humanidade é justamente isso: a diversidade.
O papel do professor, nesse contexto, é mostrar a variedade de características do ser humano, a riqueza da diversidade, a importância do respeito e as consequências desse tipo de comportamento. Se você fosse o professor dessas turmas, como trabalharia a conscientização sobre diversidade nas aulas de Educação Física? E como reduziria a ocorrência desse tipo de comportamento?
Continue empenhando-se nos estudos, seu esforço pessoal levará você a conhecer novas possibilidades de atuação e a enriquecer seus conhecimentos.
conceito-chave
RESPONSABILIDADE E O PAPEL DAS EQUIPES MULTIPROFISSIONAIS SOBRE SAÚDE E QUALIDADE DE VIDA DA POPULAÇÃO
O ser humano é bastante plural, sua saúde e qualidade de vida dependem de diversos fatores, sendo assim, nada mais condizente do que a atenção à saúde ocorrer de forma pluralizada.
O trabalho multiprofissional engloba profissionais de diferentes especialidades trabalhando juntos pela mesma finalidade. Na área da saúde, as equipes multiprofissionais geralmente são compostas por médicos, enfermeiros, fisioterapeutas, nutricionistas, terapeutas ocupacionais, fonoaudiólogos e profissionais de educação física.
As equipes multiprofissionais são fundamentais, pois dessa forma o indivíduo recebe atenção especializada de cada área, e não um tratamento generalizado, assim, o tratamento ou programa de prevenção pode ser mais direcionado e eficaz. Nesse tipo de abordagem, cada profissional deve comprometer-se com o trabalho de acordo com seu campo de atuação, e todo o grupo deve comprometer-se com as propostas de promoção da saúde integral, uma vez que é insuficiente pensar o indivíduo de forma fragmentada, por áreas de estudo no campo da saúde, ou mesmo considerar que sua saúde está restrita ao adequado funcionamento dos sistemas fisiológicos. Na realidade, o ser humano é muito mais abrangente, portanto a sua saúde deve ser cuidada de maneira ampla.
Apesar da regularização da atuação do profissional de educação física no SUS e de sua importância na promoção da saúde, sua presença em equipes multidisciplinares de programas de saúde pública não é obrigatória, assim, há poucos profissionais atuando na área, e as atividades físicas nesses locais são sugeridas por outros profissionais de saúde, sem conhecimento adequado para tal finalidade.
O profissional de educação física foi reconhecido como profissional da saúde pelo Conselho Nacional de Saúde em março de 1997, por meio da Resolução CNS n° 218 (BRASIL, 1997a). No atendimento multiprofissional, o papel do profissional de educação física é o de promover bem-estar e saúde por meio da prescrição de exercícios, e, dentre seus diversos locais de atuação, estão os hospitais e as UBS. A inserção de profissionais de educação física em equipes multidisciplinares para contribuir na prevenção e no tratamento de doenças em hospitais e UBS é uma realidade crescente, entretanto, ainda está longe do ideal.
Para Saito (2008), o profissional de educação física pode atuar em instituições e órgãos públicos e privados de prestação de serviços de saúde que envolvam a atividade física ou o exercício físico, e a intervenção realizada por esse profissional pode ser aplicada em três níveis diferentes:
- Intervenção primária: objetiva a promoção da saúde, buscando reduzir os fatores de risco e diminuir a incidência de uma doença, minimizando o surgimento de casos novos.
- Intervenção secundária: busca diminuir a prevalência de uma doença, detectando-a em estágio inicial e reduzindo sua evolução, duração e efeitos de longo prazo.
- Intervenção terciária: visa a diminuir a prevalência das incapacidades crônicas, reduzindo ao mínimo as deficiências funcionais consecutivas à doença já existente, e permitindo uma rápida e melhor reintegração do indivíduo na sociedade, com aproveitamento das capacidades remanescentes.
Na intervenção terciária à saúde, o profissional de educação física pode atuar em hospitais, clínicas ou mesmo na residência do paciente para atendimento individualizado, conhecido como home care.
O profissional de educação física, como profissional da saúde, é responsável pela promoção e reabilitação da saúde por meio da prescrição de exercícios. Vale investir nesse importante nicho de atuação que se encontra em expansão.
Exemplificando
O profissional de educação física pode atuar em hospitais e UBS e ter seu espaço respeitado em uma equipe multidisciplinar, para isso, precisa ter aprofundamento teórico e conhecer o funcionamento dos sistemas básicos de saúde, além de ter qualificação profissional na área por meio de cursos e especializações, atualizando seus conhecimentos por meio da leitura de artigos científicos e guidelines (diretrizes) sobre doenças crônicas não transmissíveis, o que tornará o profissional confiante e apto a realizar o seu trabalho, sendo capaz de prescrever exercícios com eficiência e riscos minimizados, e estando preparado a discutir e planejar junto à equipe multidisciplinar.
PROGRAMAS DE BEM-ESTAR E QUALIDADE DE VIDA EM SAÚDE COLETIVA
A partir de 1990, houve uma expansão da promoção da saúde no Brasil para obtenção de melhor qualidade de vida por meio do fortalecimento da saúde pública e da cidadania (SCABAR; PELICIONI; PELICIONI, 2012).
Posteriormente, foi elaborada a Política Nacional de Promoção da Saúde, com o objetivo de garantir os princípios do SUS, melhorando os serviços prestados, a qualidade de vida, e reduzindo a vulnerabilidade e os riscos à saúde, bem como seus fatores determinantes, como condições de vida, trabalho, habitação, ambiente, educação, lazer, cultura e acesso a bens e serviços essenciais (BRASIL, 2010).
Entre os objetivos específicos da Política Nacional de Promoção da Saúde, estão ações para a prática corporal e atividade física na rede básica de saúde e na comunidade, com destaque para ações de conscientização, mobilização de parceiros e ações de monitoramento e avaliação, objetivando a prevenção, a promoção, a proteção e a reabilitação da saúde (SCABAR; PELICIONI; PELICIONI, 2012).
No ano de 2008, foi criado o Núcleo de Apoio à Saúde da Família (NASF), regulamentado pela Portaria nº 2.488, de 21 de outubro de 2011, ampliando as ofertas de saúde na rede pública. Os NASFs são equipes multiprofissionais, de diferentes áreas de conhecimento, responsáveis pelos cuidados físico e mental dos usuários do SUS, não apenas com foco em reabilitação de doenças, mas também em promoção da saúde e incentivo a comportamentos saudáveis (SAPS, c2020).
Essas equipes multiprofissionais atuam em conjunto com as equipes de Saúde da Família (SF), com as equipes de Atenção Básica para populações específicas (consultórios na rua, equipes ribeirinhas e fluviais) e com o Programa Academia da Saúde. Essa integração de equipes visa a ampliar e a melhorar a eficiência das intervenções realizadas nas Unidades de Saúde ou no atendimento domiciliar (SAPS, c2020).
Seguindo os princípios da Política Nacional de Promoção da Saúde (PNPS) e da Política Nacional de Atenção Básica (PNAB), foi desenvolvido, no ano de 2011, o Programa Academia da Saúde, possibilitando a promoção da saúde por meio de: práticas corporais, favorecidas pela implementação de ciclovias, ações de informação e questões relativas à mobilidade urbana, educação e comunicação, e implementação de polos, que são espaços estruturados para a prática de atividade física com profissionais de saúde e profissionais de educação física que orientam as práticas (SAPS, c2011).
Na área da promoção de saúde, o profissional de educação física tem como função realizar avaliações físicas e funcionais, prescrever exercícios que contemplem condicionamento aeróbico, força e flexibilidade muscular, coordenação motora e equilíbrio dos pacientes, respeitando sua individualidade, limitações, necessidades e estado de saúde. Além da parte física, o indivíduo deve ser considerado como um todo, levando em conta tanto sua parte emocional e social quanto o ambiente em que está inserido, visando, assim, não apenas à prevenção de doenças e à reabilitação do paciente, mas também à promoção da qualidade de vida de forma ampla.
O profissional de educação física que atua nesse nicho deve ser qualificado, e deve, também, compreender o funcionamento do SUS e dos programas de saúde dos quais faz parte, assumindo um perfil profissional que implique na adoção de posturas condizentes com o conceito de promoção da saúde, baseando-se em um enfoque social e inclusivo.
Assimile
Há cursos específicos para preparar o profissional de educação física que queira atuar na área da saúde pública. O Ministério da Saúde oferece o Curso de Especialização em Estratégia Saúde da Família (CEESF), direcionado para profissionais que atuam no NASF. Além de cursos de especialização, o Ministério da Saúde, em parceria com o Ministério da Educação, oferece a Residência Multiprofissional em Saúde da Família (RMSF), para favorecer a inserção qualificada de profissionais da saúde no SUS. Além dos cursos oferecidos pelo governo, há instituições particulares que oferecem especializações e residência em saúde da família.
Para atuar nos NASFs, o profissional de Educação Física deve ser contratado pelo município por meio de concurso público ou processo seletivo público (SAPS, c2020).
IMPORTÂNCIA DA INFORMAÇÃO PARA UMA VIDA SAUDÁVEL
Todos os cidadãos têm direito à saúde. Segundo a Constituição da República Federativa do Brasil de 1988 (2016, p.118), “a saúde é direito de todos e dever do Estado, garantido mediante políticas sociais e econômicas que visem à redução do risco de doença e de outros agravos e ao acesso universal e igualitário às ações e serviços para sua promoção, proteção e recuperação”.
É fundamental que os cidadãos conheçam seus direitos para que possam usufruí-los em qualquer esfera. Na saúde, além de conhecer os direitos ao acesso aos serviços de saúde, é importante que o cidadão tenha conhecimento de como cuidar de sua saúde e manter hábitos saudáveis.
Lamentavelmente, vivemos em um país com grande desigualdade social, além de uma grande desigualdade de informação e de acesso a profissionais de saúde qualificados de diferentes áreas. Por outro lado, atualmente, a internet possibilita o acesso a uma gama imensa de informações sobre variados assuntos. Em sites de busca, podemos encontrar informações de como cuidar de nossa saúde, porém, algumas dessas informações não são confiáveis e, o que pode parecer um benefício, é, na realidade, um grande risco, pois uma informação errada ou mentirosa pode resultar em sérios problemas para a saúde.
Para a manutenção de um estilo de vida saudável, é importante ter informações corretas sobre como se alimentar, como praticar exercícios, como prevenir determinadas doenças, e como reduzir fatores de risco e exposição a agentes danosos à saúde. Obviamente, o acesso às informações corretas traz grandes benefícios para a saúde, já o consumo de informações equivocadas, falsas e irresponsáveis exerce um efeito contrário.
Para aumentar a confiabilidade no consumo de informações, a busca deve ser realizada em fontes confiáveis e conhecidas, além disso, profissionais da saúde qualificados devem ser procurados para consultas, e deve-se sempre recorrer aos serviços de saúde disponíveis.
Nos serviços de saúde pública, o atendimento aos usuários é mediado pelos trabalhadores do SUS por meio da comunicação, que pode ser dificultada por muitas barreiras. A diferença sociocultural, o estágio de desenvolvimento cognitivo e intelectual do paciente e algumas limitações, como déficit auditivo e visual, interferem na boa comunicação (ACQUA et al., 1997 apud CORIOLANO-MARINUS, 2014). Dessa forma, a informação não é passada ou entendida corretamente, o que impossibilita que seja colocada em prática. A comunicação na saúde deve ocorrer de forma clara, objetiva e simplificada para que o cidadão, independentemente de seu nível de conhecimento prévio, possa compreender e agir conforme orientado.
É indispensável que cada indivíduo tenha conhecimento sobre práticas básicas de cuidado à saúde, como a manipulação e a conservação de alimentos, o consumo de alimentos saudáveis e as opções de atividade física condizentes com o seu estado de saúde e limitações. É fundamental, também, entender sobre comportamentos preventivos, como usar preservativos, tomar vacinas e realizar acompanhamento médico periódico; outro ponto fundamental é saber como manter os hábitos de higiene pessoal e da casa, limpar o quintal e evitar acúmulo de água parada e entulho, para barrar a proliferação de mosquitos e de animais peçonhentos. Quanto maior o conhecimento a respeito do próprio corpo, de como manter hábitos saudáveis e de higiene, melhor será o estado de saúde do indivíduo, pois os riscos de doenças serão minimizados.
Reflita
Com o aumento do acesso à internet e o consumo excessivo de informações, um problema tem se tornando cada vez mais comum, as fake news, que são notícias falsas, disseminadas de forma rápida por meio das redes sociais e de aplicativos de mensagens, levando desinformação e colocando em risco a saúde da população. Na área da saúde, são transmitidas mensagens de tratamentos alternativos de doenças, sem qualquer comprovação científica, o que pode fazer com que as pessoas abandonem os tratamentos convencionais e coloquem suas vidas em risco. Atualmente, há uma tendência em atribuir efeitos colaterais graves às vacinas, fazendo com que algumas pessoas, por medo, não se vacinem ou deixem de levar seus filhos para a vacinação. De fato, a negligência com a vacinação é um grave problema de saúde pública, pois pode aumentar a disseminação de certas doenças e colocar a saúde da população em risco. Como cidadão e profissional da área de saúde, qual atitude você tomaria para evitar a disseminação ou o consumo dessas fake news?
BONS HÁBITOS DESDE A INFÂNCIA (ATIVIDADE FÍSICA, HIGIENE, ALIMENTAÇÃO)
A fase de desenvolvimento inicial do ser humano é decisiva na consolidação de comportamentos e hábitos, em vista disso, proporcionar o ensino e estimular a prática de hábitos de saúde desde a infância é fundamental para a formação de um cidadão saudável e consciente de seu corpo.
A promoção da saúde acontece por meio da educação, da adoção de hábitos saudáveis e do convívio em ambiente saudável, desse modo, políticas públicas, direcionadas à qualidade de vida e à saúde, podem ajudar nesse processo. Entre as ações de saúde, estão as medidas de vigilância epidemiológica (identificação, registro e controle da ocorrência de doenças), vacinações, saneamento básico e vigilância sanitária de alimentos, do meio ambiente e de medicamentos (BRASIL, 1997b). A educação em saúde da criança deve começar em casa, com a família, por meio de exemplos ou aconselhamentos dos pais ou responsáveis.
A partir da orientação dos adultos, as crianças são capazes de cuidar de sua higiene, de se alimentar, e de escolher formas de lazer e de descanso. Na escola, a capacidade de autonomia das crianças é desenvolvida por meio da valorização de hábitos saudáveis, como alimentação saudável, cuidados com o corpo, formas de lazer, organização e limpeza do espaço e dos materiais escolares, além do ganho de cultura e conhecimento. A escola cumpre um importante papel na educação de hábitos saudáveis, porém, não fará, sozinha, com que os alunos adquiram saúde (BRASIL, 1997b).
Os valores de uma criança devem ser inseridos em casa desde o início de os primeiros meses de vida, entretanto, nem todos os valores recebidos da família são favoráveis à saúde da criança. Quando a criança ingressa na escola, leva consigo os valores positivos ou negativos relacionados à saúde aprendidos anteriormente, a partir daí, a escola deve assumir a responsabilidade pela educação em saúde por meio de um processo sistematizado e contínuo, e os valores expressos na escola, como a qualidade da merenda escolar, a limpeza, as atividades propostas, a relação professor-aluno, são aprendidos pelas crianças diariamente e devem servir de exemplo para sua formação em saúde (BRASIL, 1997b).
HIGIENE PESSOAL
A higiene pessoal é imprescindível para a manutenção da saúde, e a aprendizagem desses hábitos deve ter início na infância, por meio de comportamentos e ações vividas em casa, ou no ambiente escolar, como lavar as mãos, escovar os dentes, tomar banho, manter seus materiais escolares limpos, entre outros. Contudo, a realidade da criança deve ser considerada: para uma parte das crianças, muitas ações são difíceis de serem propostas devido às baixas condições socioeconômicas, nesses casos, soluções devem ser criadas para atender às necessidades desse grupo (BRASIL, 1997b).
Os hábitos de higiene evitam o aparecimento de muitas doenças, porque dificultam a entrada de microrganismos que possam desencadear uma enfermidade no corpo, por isso ações como lavar as mãos são tão estimuladas em surtos de doenças contagiosas.
NUTRIÇÃO
A alimentação adequada é fundamental para o crescimento e o desenvolvimento das crianças, assim como para o desempenho de atividades diárias e para a promoção e a recuperação da saúde (BRASIL, 1997b).
Ainda que a alimentação seja extremamente importante para a formação e a manutenção da saúde da criança, muitas sofrem de desnutrição, anemia e obesidade. No Brasil, a desnutrição e a anemia são graves problemas de saúde pública, pois reduzem a capacidade de resposta às doenças e, em muitos casos, podem levar à morte devido às complicações decorrentes da baixa resistência por desnutrição (BRASIL, 1997b). Para as crianças em situação de vulnerabilidade, é a escola que ocupa o papel fundamental de proporcionar uma alimentação de qualidade.
Além da desnutrição, outro aspecto importante relacionado à alimentação é a obesidade infantil, que também representa um problema de saúde pública com grande prevalência entre jovens de diferentes grupos sociais, resultando em fator de risco aumentado para doenças crônico-degenerativas, como hipertensão arterial, diabetes e problemas cardiovasculares (BRASIL, 1997b).
É importante que desde cedo as crianças tenham acesso aos alimentos saudáveis e nutritivos e que recebam educação sobre alimentação de qualidade, incluindo, em sua dieta, alimentos variados, como frutas, verduras e legumes, e evitando o consumo excessivo de açúcar, sal e alimentos processados e industrializados.
ATIVIDADE FÍSICA
O movimento corporal é uma necessidade inerente ao ser humano, pode ser utilizado como forma de expressão, de trabalho ou de lazer, é imbuído de significado e de valores culturais, e proporciona grandes benefícios à saúde.
A automatização do controle na execução de movimentos, desde os mais básicos aos mais complexos, faz parte do processo de desenvolvimento motor do ser humano, que se consolida por meio da quantidade e da qualidade nos exercícios dos diversos esquemas motores. O incremento de oportunidades de movimentação, como correr, saltar, girar ou dançar, aumenta a tendência de automatização do movimento, assim, menos atenção será necessária no controle de sua execução, o que permite que a atenção volte-se ao aperfeiçoamento desses mesmos movimentos ou ao enfrentamento de outros desafios (BRASIL,1997c).
As capacidades e habilidades da criança ao ingressar na escola dependerão das experiências corporais vividas anteriormente. As crianças que não tiveram possibilidade de brincar e de conviver com outras crianças, explorando diferentes espaços, possivelmente terão suas competências restritas, por outro lado, as crianças que tiveram essas vivências já têm uma série de conhecimentos sobre movimento, corpo e cultura corporal (BRASIL,1997c).
No ambiente escolar, a aula de Educação Física é um dos momentos, ou o único momento, para que a criança vivencie o movimento, aprenda a distribuir-se no espaço, a organizar-se em grupos, a ouvir o professor, a arrumar materiais e a praticar o lazer e a atividade física, aspectos fundamentais para a manutenção da saúde (BRASIL,1997c).
Nos contextos estudados, foi possível observar claramente a importância da família na formação de valores e de hábitos saudáveis da criança, ficando evidente, também, o papel da escola na continuidade desse processo de educação em saúde.
Nesta seção, conhecemos a importância da informação e dos bons hábitos de saúde que devem ter início na infância. Vimos, ainda, o papel das equipes multiprofissionais e da saúde pública para a qualidade de vida da população.
faça valer a pena
Questão 1
A fase de desenvolvimento inicial do ser humano é decisiva na consolidação de comportamentos e hábitos, em vista disso, proporcionar o ensino e estimular a prática de hábitos de saúde desde a infância é fundamental para a formação de um cidadão saudável e consciente de seu corpo.
Quais hábitos são fundamentais para a prevenção de doenças infecciosas na infância?
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A alternativa correta é: Hábitos de higiene, como lavar as mãos e escovar os dentes.
- Alimentação adequada, nutritiva e com baixo teor de açúcar. INCORRETA, pois apesar de a alimentação adequada ser fundamental para o crescimento, o desenvolvimento e a saúde das crianças, não corresponde aos hábitos que previnem doenças infecciosas.
- Prática de atividades físicas lúdicas, brincadeiras e jogos. INCORRETA, pois apesar de a prática de atividade física ser fundamental para a saúde e o desenvolvimento das crianças, não corresponde aos hábitos que previnem doenças infecciosas.
- Conhecimento do corpo e dos direitos aos serviços de saúde. INCORRETA, pois apesar da importância do conhecimento do corpo e dos direitos ao acesso aos serviços de saúde, isto não corresponde aos hábitos que previnem doenças infecciosas.
- Hábitos de higiene, como lavar as mãos e escovar os dentes. CORRETA, pois os hábitos de higiene evitam o aparecimento de muitas doenças, dificultando a entrada de microrganismos no corpo, por isso ações como lavar as mãos são tão estimuladas em surtos de doenças contagiosas.
- Organização e limpeza dos materiais e dos brinquedos. INCORRETA, pois organização dos materiais e brinquedos não corresponde aos hábitos que previnem doenças infecciosas.
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Questão 2
A promoção da saúde no Brasil tem se expandido e programas de saúde foram desenvolvidos para melhorar os serviços prestados pelo Sistema Único de Saúde, melhorando, também, a qualidade de vida e reduzindo a vulnerabilidade e os riscos à saúde.
Qual programa de saúde pública é formado por equipes multiprofissionais responsáveis pelos cuidados físico e mental dos usuários do Sistema Único de Saúde, com objetivo de reabilitar doenças, promover a saúde e incentivar comportamentos saudáveis?
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Correto!
A alternativa correta é: Núcleo de Apoio à Saúde da Família.
- Política Nacional de Promoção da Saúde. INCORRETA, pois corresponde às medidas, ações e princípios para melhorar os serviços prestados pelo SUS, bem como a qualidade de vida, reduzindo, também, os fatores de riscos para as doenças crônicas.
- Núcleo de Apoio à Saúde da Família. CORRETA, pois os NASFs são equipes multiprofissionais, de diferentes áreas de conhecimento, responsáveis pelos cuidados físico e mental dos usuários do SUS, não apenas com foco em reabilitação de doenças, mas também na promoção da saúde e no incentivo a comportamentos saudáveis.
- Programa Academia da Saúde. INCORRETA, pois visa à promoção da saúde por meio de: práticas corporais, favorecidas pela implementação de ciclovias, ações informativas, questões relativas à mobilidade urbana e implementação de polos para a prática de atividade física.
- Política Nacional de Atenção Básica. INCORRETA, pois refere-se às diretrizes e normas para a organização da Atenção Primária à Saúde no SUS.
- Sistema Único de Saúde. INCORRETA, pois corresponde ao sistema público de saúde brasileiro.
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Questão 3
O profissional de educação física foi reconhecido como profissional da saúde pelo Conselho Nacional de Saúde em março de 1997, por meio da Resolução CNS n° 218. Dentre os locais de atuação desse profissional, estão hospitais e Unidades Básicas de Saúde, de modo que seu papel é promover a reabilitação ou a prevenção por meio da prescrição de exercícios e conscientização.
A intervenção realizada pelo profissional de educação física em instituições de saúde pode ocorrer em três níveis diferentes, qual deles refere-se à prescrição de atividade física, ou exercício físico, para diminuir a evolução de uma doença e seus efeitos de longo prazo?
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A alternativa correta é: Intervenção secundária.
- Atendimento multiprofissional. INCORRETA, pois essa abordagem é feita por uma equipe formada por diferentes profissionais que atenderão às necessidades da pessoa de acordo com sua especialidade.
- Promoção de bem-estar e saúde. INCORRETA, pois a intervenção visa à promoção da saúde e do bem-estar, mas não podemos dizer que promoção de bem-estar e saúde corresponde a um tipo de intervenção.
- Intervenção primária. INCORRETA, pois corresponde a uma intervenção preventiva, objetivando reduzir os fatores de risco e diminuir a incidência de uma doença.
- Intervenção secundária. CORRETA, pois esse tipo de intervenção busca diminuir a prevalência de uma doença, reduzindo sua evolução, duração e efeitos de longo prazo.
- Intervenção terciária. INCORRETA, pois essa intervenção visa a diminuir a prevalência das incapacidades crônicas, reduzindo ao mínimo as deficiências funcionais consecutivas à doença já existente.
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referências
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