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PRINCIPAIS CONCEITOS

Tania de Carvalho Spada

Fonte: Shutterstock.

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Convite ao estudo

Iniciaremos nossos estudos conhecendo os principais conceitos em qualidade de vida e entendendo como o meio ambiente pode interferir na saúde e no bem-estar da humanidade. Veremos a influência dos fatores externos na vida humana, como os hábitos saudáveis e a ausência de doenças, observando a forma como esses aspectos atuam positivamente na qualidade de vida, e como proporcionam bem-estar físico e mental, além de promoverem a longevidade.

Aliás, ao falarmos sobre longevidade, o que vem à nossa mente? Quais os principais fatores em que pensamos? Saúde física e mental? Certamente sim, pessoas que mantêm hábitos saudáveis e vivem em um ambiente harmonioso têm maior chance de viverem mais. Nesse ponto, o profissional de educação física pode e deve desempenhar um papel mediador, promovendo intervenções esportivas ou recreativas visando à melhora da saúde física e mental, e aconselhando a população para conscientizá-la a respeito de hábitos saudáveis e de mudança de estilo de vida.

Para promover a saúde e o bem-estar, é fundamental conhecer a população que será atendida, de modo que as intervenções sejam específicas e efetivas, suprindo as necessidades pessoais. Para isso, conheceremos algumas ferramentas de avaliação da qualidade de vida, como os questionários WHOQOL, WHOQOL reduzido, Short Form 36, Roda da Vida e Pentáculo do Saber. Essas ferramentas são de fácil aplicação e, por meio delas, poderemos obter dados para compreender a qualidade de vida em diferentes âmbitos, tais como a vida profissional e pessoal, a vida amorosa e familiar, a espiritualidade, a percepção pessoal de saúde, o estado psicológico e a relação com o meio ambiente. Por ser um tema muito abrangente, as ferramentas de avaliação também incluem diversos aspectos.

Além das ferramentas de avaliação, também trataremos sobre os indicadores de qualidade de vida da população. Esses indicadores consideram diferentes elementos, como: condições de saúde e saneamento básico, habitação, condições de vida, nível socioeconômico, entre outros. Discutiremos sobre alguns índices, tais como os apresentados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), que fornece informações geográficas e estatísticas do Brasil, além dos índices de Desenvolvimento Humano (IDH) e de Pobreza Humana (IPH) – e outros também –, que medem a desigualdade de distribuição de renda. O conhecimento desses índices contribuirá para o entendimento geral do ser humano.

Esses conceitos referentes à qualidade de vida, suas principais ferramentas e seus principais indicadores darão subsídios para a prática profissional na área da Educação Física, desde a aplicação das ferramentas mais importantes de avaliação até a elaboração de ações de melhoria da qualidade de vida no contexto da saúde coletiva.

Praticar para aprender

Preparado para conhecer os principais conceitos em qualidade de vida e sua relação com a saúde da humanidade e com o meio ambiente?

Entenderemos, agora, como fatores ambientais podem influenciar positivamente ou negativamente a qualidade de vida. Pense em todo o universo que engloba a vida do ser humano: você, provavelmente, consegue identificar uma série de fatores externos, relacionados ao estilo de vida, como manter bons hábitos alimentares e praticar atividades físicas, que podem contribuir para a manutenção da saúde física e mental, além de prevenir doenças. Por outro lado, é provável que você consiga enumerar também outros fatores externos que podem trazer malefícios, como o estilo de vida sedentário, o consumo indiscriminado de drogas e álcool, e uma dieta inadequada; esses são fatores que prejudicam a saúde e, consequentemente, a qualidade de vida.

Os fatores ambientais estão diretamente relacionados ao bem-estar e à saúde, além de favorecerem a longevidade. As escolhas corretas do indivíduo e o ambiente no qual ele está inserido resultarão não apenas na qualidade, mas também na quantidade de anos vividos, já que pessoas saudáveis, além de viverem mais, vivem, também, melhor.

Não focaremos apenas em aspectos físicos, mas também em aspectos mentais e emocionais, que são fatores significativos para uma boa qualidade de vida e bem-estar. O ambiente e as escolhas pessoais podem interferir nesses aspectos, assim, um ambiente familiar conturbado, a exposição à violência física e mental, a convivência em ambiente escolar ou profissional hostil, as relações interpessoais tóxicas, a falta de lazer, as más condições de saúde física, a má situação financeira, o sono de má qualidade e os maus hábitos corroboram a queda da qualidade de vida, podendo afetar a saúde mental e emocional. Observando esses fatores citados, é possível refletir sobre os possíveis cenários e os resultados negativos na vida diária.

Pensar em proporcionar qualidade de vida é pensar em promoção de saúde, tanto no âmbito físico quanto no mental e no emocional. Para promover o bem-estar, nós, profissionais de educação física, desempenhamos um importante papel: podemos oferecer práticas e ações de conscientização como ferramenta para proporcionar saúde e bem-estar. Porém, para que essas práticas e ações sejam efetivas, é necessário entender o ser humano como um todo, observar e ouvir suas experiências, anseios e desejos pessoais, entender suas necessidades, compreender seus problemas pessoais, de relacionamento, e suas fraquezas, além de conhecer o meio no qual ele está inserido. Assim, seremos capazes de pensar em nossas intervenções de maneira individualizada, mesmo que as ações sejam coletivas, mas de modo que nosso olhar esteja voltado para cada um dos participantes, para que consigamos modificar vidas, estimular sonhos e promover saúde.

Para trabalharmos os temas abordados nessa seção, vamos aproximar os conceitos aprendidos da prática profissional, conhecendo uma situação que pode fazer parte do dia a dia de profissionais da educação física que atuam em centros de convivência de idosos.

Assim, chegamos à situação-problema da seção: você foi contratado para trabalhar como profissional de educação física em um centro de convivência de idosos que ainda não conta com um programa de atividades físicas, assim, os frequentadores apenas realizam atividades culturais e artesanato. O local dispõe de poucos recursos financeiros e de poucos materiais, mas possui, além de um espaço físico amplo e adequado para atividades práticas, um aparelho de som, algumas bolas de borracha e alguns colchonetes.

Os participantes desse centro são, em sua maioria, pessoas de baixa renda, que dificilmente poderão contribuir com a compra de materiais. Os problemas encontrados nessa comunidade são: baixo poder econômico, solidão, sedentarismo, dores crônicas, baixo condicionamento físico e depressão. O número aproximado de frequentadores por período é de 15 a 20 pessoas. Além dos problemas estruturais, muitos dos frequentadores nunca realizaram exercício físico orientado, ou não realizam atividades físicas há muito anos, e alguns deles têm receio de se machucar devido às suas limitações físicas.

Como você, profissional de educação física, pode ser um agente modificador na vida desses idosos? Como convidá-los e conscientizá-los sobre a prática de exercícios? Como estabelecer uma relação de confiança e conquistar uma boa aderência à prática? Como superar os desafios estruturais do baixo orçamento e da escassez de materiais?

Pense em atividades e em possíveis intervenções que possam melhorar a qualidade de vida desses frequentadores, respeitando suas limitações e suprindo suas necessidades.

Até aqui, já foi possível notar quão abrangente é o tema “Qualidade de Vida” e quantas possibilidades de atuação e intervenção nós temos, como profissionais de Educação Física, não é mesmo? Portanto, sejamos modificadores das realidades que estiverem ao nosso alcance. Pense nisso, dedique-se aos estudos e faça a diferença!

Conceito-chave

Qualidade de vida: conceitos e sua relação com a saúde da humanidade e meio ambiente

Estamos acostumados a ouvir o termo “qualidade de vida”, mas o que é qualidade de vida? Quais aspectos a impactam positivamente ou negativamente? Qual a importância desse conceito para a vida do ser humano?

A Organização Mundial da Saúde (OMS) define qualidade de vida como:

(...) a percepção do indivíduo sobre sua posição na vida, no contexto cultural e nos sistemas de valores nos quais ele vive em relação aos seus objetivos, expectativas, padrões e preocupações. É um conceito amplo e complexo que engloba a saúde física, o estado psicológico, o nível de independência, as relações sociais, as crenças pessoais e a relação com as principais características do meio ambiente. 

(OMS, 1998, [s. p.])

Como podemos observar, a qualidade de vida não deve apenas ser relacionada a aspectos ligados à saúde física, mas sim a todos os aspectos que fazem parte de nossas vidas, como o convívio social, a condição de saúde mental, a saúde emocional, as relações interpessoais, as relações no trabalho, o meio ambiente em que estamos inseridos, o nosso lazer, o nosso nível socioeconômico, a segurança pública, o saneamento básico... Em suma, tudo o que faz parte do universo humano que pode influenciar positivamente ou negativamente a satisfação pessoal e a qualidade de vida.

Refletindo sobre todos esses conceitos relacionados à qualidade de vida, podemos perceber a grande influência do meio ambiente. O meio ambiente diz respeito tanto ao espaço físico que cerca os seres humanos quanto ao meio social no qual ele está inserido, seja em família, no trabalho ou na sociedade. O termo diz respeito também aos aspectos naturais do ambiente, como as condições climáticas, dentre outros fatores. Todos esses elementos que compõem o meio ambiente influenciam diretamente as condições de vida humana.

Desfrutar de boa saúde, manter um bom relacionamento em casa e com amigos, possuir estabilidade financeira e se dedicar ao lazer são situações favoráveis à satisfação pessoal, por outro lado, a presença de doenças, o convívio social conturbado, os hábitos sedentários, as dificuldades financeiras, as questões ambientais, como poluição, falta de saneamento básico e de infraestrutura, contribuem para a queda da qualidade de vida.

Já que o meio ambiente engloba diversos fatores determinantes para a qualidade de vida, a abordagem da Educação Física para a melhoria da qualidade de vida também deve ser ampla, contemplando os aspectos físicos, mentais, emocionais e sociais. Concentrar os objetivos das intervenções na busca pela saúde fará com que seja possível contemplar todos esses aspectos, pois a saúde não se refere apenas aos aspectos físicos, na verdade é um termo muito mais abrangente. No ano de 1946, a Constituição Mundial da Saúde definiu que “a saúde é um estado de completo bem-estar físico, mental e social, e não consiste apenas na ausência de doença ou de enfermidade” (OMS, 1946, [s.p.]). O significado amplo do termo continua sendo empregado atualmente e, segundo essa definição, é possível entender que manter um estilo de vida saudável inclui a prática de atividades físicas e a manutenção de boas relações sociais.

Reflita

Observe o meio ambiente em que você está inserido, pontue os principais fatores ambientais que podem interferir na sua qualidade de vida e na de sua comunidade; pense nos aspectos físicos, culturais e socioeconômicos desse meio. Reflita: como você pode modificar positivamente esses fatores em busca da uma melhor qualidade de vida pessoal e social?

Além dos demais aspectos que o termo “meio ambiente” engloba, e que são determinantes para a qualidade de vida, os aspectos naturais também exercem um importante papel; eles se referem ao meio ambiente natural, às condições climáticas, à qualidade da água e do ar, às condições básicas de higiene e de saneamento básico. As más condições naturais também interferem na saúde da população: a poluição, a água contaminada e a falta de tratamento de esgoto, por exemplo, podem provocar doenças.

Por outro lado, uma relação saudável do homem com a natureza traz grandes benefícios à qualidade de vida. A associação homem–natureza vem desde os primórdios, porém, a vida moderna tem causado interferências nessa ligação, no entanto, precisamos nos lembrar sempre de que o contato com a natureza é fundamental ao ser humano e não deve ser perdido. Estar perto da fauna e da flora traz benefícios à saúde, logo, propor atividades que remetam a esse retorno do homem à natureza, como as intervenções ao ar livre, são muito bem-vindas.

Alguns dos fatores ambientais não podem ser modificados pelo profissional de educação física, que deve propor intervenções possíveis e efetivas. O desafio é a elaboração de ações voltadas para a população de maneira individualizada, ou seja, compreendendo as particularidades e as necessidades de cada indivíduo, em busca da promoção da saúde e do bem-estar.

Principais abordagens sobre qualidade de vida e promoção da saúde

Os componentes da qualidade de vida podem ser classificados da seguinte forma, segundo a OMS (1998):

Se considerarmos todos os fatores que podem influenciar a qualidade de vida, perceberemos que o termo é bastante abrangente,. Geralmente, quando ouvimos falar em qualidade de vida, a primeira ideia que vem à nossa mente é a de saúde física; apesar de não ser o único pilar para a qualidade de vida, a saúde física é fundamental. Além da prevenção e do tratamento de doenças, os cuidados básicos com o corpo são essenciais para o bem-estar global do indivíduo.

Ao pensarmos em aspectos físicos, temos de considerar três principais pontos: a alimentação, o sono e a atividade física.

Alimentação saudável

A boa nutrição depende de uma dieta equilibrada e diversificada para fornecer ao corpo a quantidade e a variedade adequada de nutrientes para seu bom funcionamento.

A alimentação saudável baseia-se no consumo de todos os grupos alimentares, e a pirâmide alimentar é um instrumento de fácil interpretação que pode auxiliar na escolha dos alimentos em busca de uma dieta mais saudável (GOMES; TEIXEIRA, 2016). Cada parte da pirâmide representa um grupo de alimentos e o número de porções recomendadas diariamente, como podemos ver na Figura 1.1 (PHILIPPI, 2008 apud GOMES; TEIXEIRA, 2016).

Figura 1.1 | Pirâmide dos alimentos
Fonte: Philippi (2008 apud GOMES; TEIXEIRA, 2016, p. 11).

A boa alimentação melhora a saúde e previne doenças crônicas, melhorando, consequentemente, a qualidade de vida; portanto, algumas recomendações básicas devem ser seguidas, como: baixo consumo de gorduras saturadas, açúcar e sal, e maior consumo de frutas e legumes (FAO/OMS, 2003).

Qualidade do sono

Um bom sono está ligado à quantidade de horas dormidas e à capacidade de manter o sono de maneira ininterrupta, profunda, levando pouco tempo para adormecer. Geralmente, as pessoas necessitam de 5 a 12 horas de sono por noite (MARTINEZ, 1999).

Dormir é extremamente importante para o ser humano. Durante o sono, nosso corpo é reorganizado, ocorre a eliminação de toxinas, a produção de alguns hormônios, a fixação da memória e o descanso da mente e do corpo.

A qualidade de vida pode ser diretamente afetada com distúrbios do sono, de modo que a abstinência de sono pode comprometer a memória, o raciocínio matemático, o aprendizado, além de causar problemas de saúde, alterando a capacidade de trabalho e aumentando, ainda, os riscos de acidente grave relacionado à fadiga (MARTINEZ, 1999).

Os exercícios físicos podem ser grandes aliados na melhora dos distúrbios do sono. A prática de exercícios melhora a qualidade e a quantidade do sono, aumenta o tempo de sono em estado profundo e melhora também o estado de alerta durante a vigília, ou seja, quando acordado (DA SILVA; DE LIMA, 2001).

Segundo Nieman (1999), as pessoas que praticam exercícios regularmente adormecem melhor e mais rápido, sentem-se menos cansadas durante o dia e aumentam a quantidade de sono profundo para compensar o desgaste físico durante a atividade.

Exercício Físico

A prática de exercícios físicos e de atividade física pode proporcionar benefícios para a prevenção e o tratamento de doenças. A importância da prática de exercícios físicos para a manutenção da saúde e para a prevenção e o controle de doenças crônicas tem assumido grande relevância nos últimos anos.

Para promoção da saúde e melhora da qualidade de vida, a OMS recomenda que adultos acumulem, por semana, 150 minutos de atividade física moderada ou 75 minutos de atividade física intensa (OMS, 2010).

Dentre os benefícios de praticar exercícios, podemos citar a melhora da saúde física e mental, a redução do risco de doenças cardíacas, a redução da ansiedade e da depressão, a prevenção e o tratamento da hipertensão arterial e da diabetes, o tratamento da dislipidemia e da obesidade (CIOLAC; GUIMARÃES, 2004), além do desenvolvimento da aptidão física.

A prática de exercícios físicos pode proporcionar benefícios nessas diferentes circunstâncias. O papel do profissional de educação física, nesses contextos, é aconselhar hábitos alimentares saudáveis, recomendar uma hidratação adequada, conscientizar a população sobre a importância desses pilares na saúde e na qualidade de vida, e elaborar práticas que trarão benefícios para a saúde.

ESTRESSE E DEPRESSÃO

Os aspectos mentais são fatores significativos para uma boa qualidade de vida e bem-estar. O meio ambiente e as escolhas pessoais podem interferir de maneira positiva ou negativa na saúde mental, por isso, deve-se optar por hábitos de vida saudáveis.

Antunes et al. (2006) apud Casagrande et al. (2013) sugerem que pessoas que praticam atividade física moderada têm menor risco de desenvolverem desordens mentais quando comparadas às pessoas sedentárias.

Depressão

A depressão é um transtorno mental que pode causar grande sofrimento para a pessoa afetada, sendo capaz de interferir negativamente nos ambientes familiar, profissional e escolar. Em casos mais graves, chega a levar à morte por suicídio; estima-se que 800 mil pessoas morrem de suicídio a cada ano, e mais de 300 milhões de pessoas sofrem de depressão (OPAS, 2018a).

A prática de atividades físicas pode ser uma importante aliada tanto na prevenção quanto no tratamento da depressão. Os exercícios regulares podem ter efeitos antidepressivos, e as atividades aeróbicas são as que apresentam maiores resultados na redução dos sintomas (DIMEO et al., 2001 apud BARBANTI, 2012). Alguns sintomas da depressão, como a falta de satisfação, a tristeza, as autoacusações, a irritabilidade, a indecisão, a fadiga, e os distúrbios do sono podem ser positivamente modificados pela prática de atividades físicas (BARBANTI, 2012).

Estresse

O estresse é uma resposta natural do corpo humano e corresponde às reações fisiológicas a algum estressor para que o organismo se adapte a essa nova demanda. Naturalmente, o estresse funciona como uma resposta benéfica e necessária, como nas situações de fuga ou luta. Nesses casos, o ser humano encontra-se em perigo iminente e seu corpo precisa reagir para se manter em segurança.

Essas situações podem ser mais arriscadas, como fugir de um animal raivoso ou desviar de um objeto que cai em sua direção, ou mais corriqueiras, como uma resposta natural ao esforço exigido por um exercício físico ou devido a uma mudança climática. O corpo responde com a alteração de algumas variáveis fisiológicas, como a frequência cardíaca, a pressão arterial, a frequência respiratória, a dilatação e retração das pupilas, a contração muscular, entre outras.

Quando a resposta ao estresse ultrapassa os limites naturais e passa a fazer parte da rotina por conta de diversas questões do dia a dia, que fazem o corpo se manter em estado de alerta o tempo todo, o estado de estresse torna-se crônico, trazendo malefícios para a saúde e afetando o bem-estar e a qualidade de vida. Diversos acontecimentos na vida podem causar estresse, como mudanças na rotina, problemas familiares ou no casamento, falta de dinheiro, impasses no trabalho, e problemas de saúde.

Exemplificando 

Imagine a seguinte situação: você está praticando um esporte com alguns amigos em uma quadra coberta, em um dia de chuva. Até que uma árvore é atingida por um raio e cai sobre uma das estruturas da quadra, que desaba em sua direção. Nesse momento, sem demora, você corre para longe, se joga no chão e escapa de ser atingido. Seu corpo recebeu um sinal de alerta e respondeu prontamente, aumentando não apenas sua frequência cardíaca e respiratória, mas também o débito cardíaco, e promovendo ações musculares para livrá-lo do perigo. Esse estresse gerado corresponde a uma resposta natural do seu organismo.

A prática de atividade física pode ajudar a reduzir os níveis de estresse. Um estudo comparou indivíduos sedentários com indivíduos fisicamente ativos e constatou que os sintomas de estresse foram significativamente maiores nos indivíduos sedentários (CARUSO, 1998).

De fato, a manutenção de uma vida ativa para a prevenção e o tratamento dessas desordens mentais reforça a necessidade de o ser humano manter-se em movimento.

Bem-estar, saúde e longevidade

A saúde e a longevidade podem ser influenciadas por fatores genéticos, aqueles herdados pelos ancestrais. Algumas pessoas podem apresentar maior predisposição a doenças, enquanto outras podem viver por mais tempo.

Além dos fatores genéticos, os fatores ambientais também exercem uma grande influência no estado de saúde e na longevidade. De fato, as escolhas do indivíduo e o ambiente no qual ele está inserido têm um grande peso no estado de saúde.

Escolhas inadequadas, como consumo de drogas ilícitas, tabagismo, abuso de álcool, má alimentação e comportamento sedentário, comprometem o bem-estar, a saúde e, consequentemente, a longevidade.

Ferreira et al. (2005) citam diversos fatores que influenciam o processo de envelhecimento saudável, dentre eles, destacam-se: a herança genética, o meio ambiente, a educação, a habitação, o trabalho, a seguridade social, a cultura, o lazer e os hábitos alimentares. Esses fatores resultarão não apenas na qualidade de vida, mas também na quantidade de anos vividos: como vimos, pessoas saudáveis vivem mais e melhor.

Pesquisas com idosos mostraram que a prática de exercícios aumenta a resistência a doenças e ao estresse (CASAGRANDE, 2006 apud CASAGRANDE et al., 2013) e idosos com uma vida social intensa tem melhor qualidade de vida e maior longevidade (FRUTUOSO, 1999).

Observando esses dados, podemos perceber a importância da prática de exercícios físicos para a população geral e, principalmente, para os idosos. As práticas proporcionam, além dos benefícios físicos, também o convívio social, que se torna restrito para essa população.

Assimile

As Doenças Crônicas Não Transmissíveis (DCNT) se desenvolvem no decorrer da vida e são de longa duração, dentre elas, destacam-se: doenças cardiovasculares, doenças respiratórias crônicas, diabetes mellitus e alguns tipos de câncer. No ano de 2015, essas doenças foram responsáveis por 51,6% do total de óbitos na população com idade entre 30 a 69 anos no Brasil. As principais DCNT possuem em comum quatro fatores de risco: o sedentarismo, o tabagismo, o alcoolismo e a má alimentação. Vale ressaltar que esses fatores de risco são modificáveis (BRASIL, 2018).

Embora a prática de exercícios proporcione diversos benefícios para a saúde e para a qualidade de vida, uma grande parte da população ainda permanece inativa: mais de um quarto da população mundial adulta estava insuficientemente ativa no ano de 2016 (OPAS, 2018b). No Brasil, no ano de 2015, quase metade da população estava sedentária. As mulheres se mostraram mais inativas do que os homens, e o nível de atividade física se mostrou em queda com o passar dos anos de vida, conforme a Figura 1.2.

Figura 1.2. | Percentual de praticantes de esporte e atividade física no ano de 2015
Fonte: IBGE (2017). 

 O sedentarismo é um problema de saúde pública, eleva os riscos de doenças mentais, como demência, e de DCNT, como doenças cardiovasculares, diabetes tipo 2, e alguns tipos de câncer. Incentivar a prática e a aderência aos programas de exercício é um dos papéis fundamentais do profissional de educação física.

Até aqui, conhecemos os principais conceitos em qualidade de vida e entendemos como o meio ambiente pode influenciá-la de maneira positiva ou negativa. Aprendemos o conceito de saúde e verificamos a sua relação com os aspectos físicos e mentais. Vimos, também, a influência da atividade física no bem-estar, na saúde e na qualidade de vida do indivíduo.

Faça a valer a pena

Questão 1

O termo “qualidade de vida” tem sido amplamente utilizado em textos e pesquisas que abordam a saúde; trata-se de um termo abrangente, o qual se relaciona a diferentes contextos.

De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), quais contextos estão relacionados à qualidade de vida?

Tente novamente...

INCORRETA, os aspectos relacionados à saúde mental são aspectos da qualidade de vida, mas a presença de doenças crônicas não transmissíveis não corresponde à qualidade de vida, mas sim ao declínio no estado de saúde.

Tente novamente...

INCORRETA, pois a saúde pública e a acessibilidade ao atendimento médico não representam aspectos que compõem a qualidade de vida, apesar de serem fatores que podem prejudicá-la.

Tente novamente...

INCORRETA, porque manutenção de hábitos saudáveis é um comportamento que pode melhorar a saúde e a qualidade de vida, e não um dos aspectos para a qualidade de vida, assim como o relacionamento interpessoal, que pode influenciar um dos aspectos da qualidade de vida – as relações sociais –, mas não representa um deles.

Correto!

CORRETA, os aspectos citados referem-se aos contextos abrangidos pela qualidade de vida, descritos pela OMS.

Tente novamente...

INCORRETA, pois condições socioeconômicas e serviços de saúde pública não correspondem aos aspectos descritos pela OMS.

Questão 2

As doenças crônicas não transmissíveis (DCNT) são responsáveis por, aproximadamente, metade das mortes em pessoas entre 30 a 69 anos no Brasil. São doenças de longa duração que se desenvolvem no decorrer da vida.

As DCNT mais comuns (doenças cardiovasculares, doenças respiratórias crônicas, diabetes mellitus e alguns tipos de câncer) têm em comum quatro fatores de risco modificáveis. Quais são eles?

Tente novamente...

INCORRETA, pois genética não corresponde a um fator de risco modificável, e obesidade é um fator de risco, porém, é também uma consequência dos maus hábitos.

Correto!

CORRETA, esses são os principais fatores que podem ser modificados e que aumentam os riscos para as DCNT. A genética e o histórico familiar também são fatores de risco, porém, são fatores não modificáveis.

Tente novamente...

INCORRETA, pois histórico familiar corresponde à genética e não a um fator de risco modificável.

Tente novamente...

INCORRETA, pois genética e histórico familiar não correspondem aos fatores de risco modificáveis.

Tente novamente...

INCORRETA, pois hereditariedade não é modificável.

Questão 3

O estresse é uma resposta do corpo humano aos agentes estressores, essa reposta pode ser natural e benéfica ou pode ser uma resposta inadequada e maléfica à saúde.

Considerando os dois lados do estresse, o benéfico e o maléfico, o que podemos afirmar sobre os efeitos danosos do estresse?

Tente novamente...

INCORRETA, pois o estresse, nessas situações, é natural e benéfico, uma vez que ajuda o ser humano a se livrar de uma situação de risco. O estresse crônico é o que ultrapassa os limites e se torna maléfico.

Correto!

CORRETA, pois a prática de atividade física pode ajudar a reduzir os níveis de estresse.

Tente novamente...

INCORRETA, as respostas crônicas não são benéficas, pois quando as preocupações com assuntos diários torna-se permanente, o corpo mantém o estado de alerta, podendo ocasionar problemas crônicos de saúde.

Tente novamente...

INCORRETA, pois as respostas naturais fisiológicas não são maléficas, mas sim respostas normais. Quando praticamos exercício, por exemplo, respostas fisiológicas são necessárias para que o corpo se adapte a essa nova demanda.

Tente novamente...

INCORRETA, pois essas repostas são naturais a uma nova demanda oferecida, como no caso da prática de exercício ou em situação de luta ou fuga, não são repostas nocivas.

referências

BARBANTI, E. J. Eficácia do exercício físico nos sintomas de pacientes com depressão. Educação Física em Revista, [s.l.], v. 6, n. 3, p. 1-13, set./out./nov./dez. 2012. Disponível em: https://bit.ly/3lKdbDi. Acesso em: 23 nov. 2020.

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DA SILVA, C. A.; DE LIMA, W. C. Exercício físico na melhora da qualidade de vida do indivíduo com insônia. Movimento, [s.l.], v. 7, n. 14, p. 49-56, jul. 2001. Disponível em: https://bit.ly/3gdwjbt . Acesso em: 2 out. 2020.

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