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Como futuro profissional, é importante refletir sobre quais práticas corporais podem ser utilizadas como apoio para a aprendizagem.
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A partir da consideração da coordenadora de que a prática da professora em questão não contempla o movimento como linguagem, podemos propor uma nova mudança na prática de Ana, com foco nas diferentes dimensões do movimento e nas propostas condizentes com a BNCC, de modo a permitir que os alunos se expressem corporalmente a qualquer momento e que a docente desenvolva propostas teóricas para que ampliem seu conhecimento estético. Nesse contexto a professora deve afastar-se de “atividades” nas quais tanto a expressão corporal como as práticas corporais possuam, para si, momentos próprios. Ao contrário, estas devem ser permitidas a qualquer momento que se faça necessário para o aluno; caso contrário, incidimos na prática da restrição do movimento.
Ressalta-se o movimento como uma linguagem que, de acordo com a BNCC, é responsável pela mediação das práticas sociais presentes nas atividades humanas e, nesse contexto, as práticas corporais, em quaisquer ambientes, incluindo o escolar, pois as pessoas interagem consigo mesmas e com os outros, constituindo-se como sujeitos sociais.
Nessas interações, estão imbricados conhecimentos, atitudes e valores culturais, morais e éticos e, dessa forma, não podem ser limitados ou tolhidos. Assim, a professora Ana pode incorporar ao seu trabalho as dimensões do movimento, que passarão a ser valorizadas tal qual uma linguagem capaz de expressar necessidades, desejos e emoções, constituindo-se como essencial ao desenvolvimento de seus alunos, de modo a considerar que corpo e mente não se separam e que o corpo da criança, em movimento, constitui-se instrumento potencializador das mais distintas aprendizagens.
Imagine que você lecione para uma turma de primeiro ano do ensino fundamental e que, devido a contratempos relativos a contratações, sua turma não tem tido aulas de Educação Física desde o início do ano letivo. Preocupada com a situação, você aciona a direção a fim de tentar minimizar os efeitos disso e é informada de que pode trabalhar o componente curricular. No entanto, a escola não dispõe de espaço físico adequado. Você se vê, então, diante de uma dupla dificuldade: trabalhar um componente curricular específico e sem as devidas condições. Como pode buscar solucionar essas dificuldades de modo a enriquecer as experiências de seus alunos com relação ao corpo e movimento dentro da escola?
Em primeiro lugar devemos afirmar que o profissional habilitado para o desenvolvimento e trabalho com o objeto de conhecimento, enquanto componente curricular da Educação Física, é o professor licenciado nessa disciplina. Assim, não compete ao professor de sala regular desenvolver práticas específicas dessa área de formação. Isto posto, sabemos que a Base Nacional Comum Curricular aponta que, nos anos iniciais do ensino fundamental, devemos valorizar as situações lúdicas de aprendizagem, apontando para a necessária articulação com as experiências vivenciadas na educação infantil. Tal articulação precisa prever tanto a progressiva sistematização dessas experiências quanto o desenvolvimento, pelos alunos, de novas formas de relação com o mundo, novas possibilidades de ler e formular hipóteses sobre os fenômenos, de testá-las, de refutá-las, de elaborar conclusões, em uma atitude ativa na construção de conhecimentos. Assim, você pode buscar, a partir de seu conhecimento a respeito do corpo e do movimento na educação infantil e das aprendizagens já vivenciadas pelos alunos naquela etapa, propor uma continuidade de experiências a partir de brincadeiras, de jogos, danças e teatro por exemplo. Deve lembrar ainda que não existe um único momento para o desenvolvimento ou a possibilidade de práticas corporais dentro da escola, assim, a aula de educação física é mais um momento e não o único, afinal as práticas corporais devem ser contempladas a todo tempo, visto que não separamos corpo e mente de nossos alunos.