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DIMENSÃO PRAZEROSA DO MOVIMENTO

Diana Ribeiro Tatit
Maria Cecília Cerminaro Derisso

A importância do brincar

O brincar e a brincadeira são consideradas as principais atividades da infância. Entenda a relevância dessas atividades na Educação Infantil.

Fonte: Shutterstock.

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Convite ao estudo

Olá, caro aluno!

Vimos, na unidade anterior, que o movimento tem várias dimensões. Cada uma delas explora aspectos diferentes – mas igualmente importantes – do movimento. Sendo assim, todas devem ser contempladas na prática escolar para que a criança se desenvolva plenamente no que se refere ao corpo e ao movimento.

Também vimos que, para que as crianças desenvolvam competências corporais, é preciso que elas aprendam com o corpo

E por que com os adultos seria diferente? 

De fato, não é! Isso significa que também o professor precisa experimentar essas diferentes dimensões com o próprio corpo. E é justamente isso que faremos nesta unidade: investigaremos cada uma dessas dimensões, na teoria e na prática.

Vamos relembrar, então, que dimensões são essas?

Bem, o movimento possui diferentes funções ou motivações: divertir, expressar e proporcionar apreciação estética. Logo, ele possui as seguintes dimensões: prazerosa, expressiva e estética.

Para explorar cada uma delas, faremos o seguinte percurso: na primeira seção, vamos nos divertir com jogos e brincadeiras de correr, pular, rolar, passar por baixo, cantar, entre outras. Na segunda seção, descobriremos como o corpo pode se expressar e ampliaremos nosso repertório de movimentos para enriquecer essa linguagem. Na terceira e última seção, apreciaremos a dança, conhecendo referências de trabalhos artísticos de qualidade e também experimentaremos o processo de uma criação coreográfica.

Preparado? Animado? Inspirado?

Então vamos lá! 

Praticar para aprender

Você já fez um exame de ressonância magnética ou já passou por alguma situação em que precisasse ficar imóvel durante um tempo? Não é extremamente incômodo?

Por outro lado, você se lembra da sensação de se balançar num balanço? De andar de bicicleta? De “cair na pista” em uma festa e dançar livremente? De fazer qualquer atividade física (correr, nadar, pular no mini trampolim da academia)? No começo é bem cansativo, parece que não vamos conseguir. Mas, depois, a sensação não é de bem-estar?

Mexer-se é bom, dá prazer. Ficar parado, ao contrário, não.

Vamos agora voltar nossa atenção para a escola, onde tantas vezes ouvimos professores dizendo para os alunos: “fiquem quietos”; “não saiam do lugar”, ou reclamando “esse menino não para”. Por que isso acontece? 

É início de ano e você é um professor que acaba de conhecer seus novos alunos, com os quais irá passar o todo o ano letivo. Todos estão muito animados com a série nova que se iniciará.

Observando o grupo, nas primeiras semanas de aula, você percebe que há crianças muito “duras” corporalmente, com dificuldades de se expressar através do movimento de seus corpos. Você resolve, então, propor algumas das brincadeiras vistas nesta seção. No entanto, ao enunciar a proposta para a turma, um aluno recusa-se a participar. Quais conhecimentos e estratégias metodológicas você mobiliza para o enfrentamento deste desafio?

Vamos refletir juntos sobre essa dimensão prazerosa do movimento e suas implicações no ambiente escolar!

CONCEITO-CHAVE

Brincar e brincadeira na infância

O brincar consiste na principal atividade da criança pequena (entre 0 e 6 anos de idade). Segundo a BNCC:

A interação durante o brincar caracteriza o cotidiano da infância, trazendo consigo muitas aprendizagens e potenciais para o desenvolvimento integral das crianças. Ao observar as interações e a brincadeira entre as crianças e delas com os adultos, é possível identificar, por exemplo, a expressão dos afetos, a mediação das frustrações, a resolução de conflitos e a regulação das emoções. 

(BRASIL, 2017, p. 37)

Nesse contexto, o brincar e a brincadeira não se constituem como atividades aleatórias, mas como as principais atividades da infância, sobre as quais é preciso refletir e que devem ter espaço central nas instituições de Educação Infantil. De acordo com Kishimoto (2010), sobre a importância do brincar:

Para a criança, o brincar é a atividade principal do dia-a-dia. É importante porque dá a ela o poder de tomar decisões, expressar sentimentos e valores, conhecer a si, aos outros e o mundo, de repetir ações prazerosas, de partilhar, expressar sua individualidade e identidade por meio de diferentes linguagens, de usar o corpo, os sentidos, os movimentos, de solucionar problemas e criar. Ao brincar, a criança experimenta o poder de explorar o mundo dos objetos, das pessoas, da natureza e da cultura, para compreendê-lo e expressá-lo por meio de variadas linguagens. Mas é no plano da imaginação que o brincar se destaca pela mobilização dos significados. Enfim, sua importância se relaciona com a cultura da infância, que coloca a brincadeira como ferramenta para a criança se expressar, aprender e se desenvolver.

(KISHIMOTO, 2010, p. 1)
Por dentro da BNCC

As brincadeiras são a expressão primeira do movimento em sua dimensão prazerosa. A Base Nacional Comum Curricular, ao delimitar os direitos de aprendizagem e desenvolvimento na educação infantil, a esse respeito, contempla:

  • Brincar cotidianamente de diversas formas, em diferentes espaços e tempos, com diferentes parceiros (crianças e adultos), ampliando e diversificando seu acesso a produções culturais, seus conhecimentos, sua imaginação, sua criatividade, suas experiências emocionais, corporais, sensoriais, expressivas, cognitivas, sociais e relacionais (BRASIL, 2017).
  • Participar ativamente, com adultos e outras crianças, tanto do planejamento da gestão da escola e das atividades propostas pelo educador quanto da realização das atividades da vida cotidiana, tais como a escolha das brincadeiras, dos materiais e dos ambientes, desenvolvendo diferentes linguagens e elaborando conhecimentos, decidindo e se posicionando (BRASIL, 2017).

Nesta seção teremos a oportunidade de refletir sobre brinquedos, brincadeiras e o brincar na Educação Infantil, numa perspectiva de movimento enquanto atividade prazerosa.

Exemplificando

A seleção de brinquedos envolve diversos aspectos: ser durável, atraente, adequado e apropriado a diversos usos; garantir a segurança e ampliar oportunidades para o brincar; atender à diversidade racial, não induzindo a preconceitos de gênero, classe social e etnia; não estimular a violência; incluir diversidade de materiais e tipos – brinquedos tecnológicos, industrializados, artesanais e produzidos pelas crianças, professoras e pais.

Assim, é preciso considerar:

  • Tamanho: o brinquedo, em suas partes e no todo, precisa ser duas vezes maior e mais largo do que a mão fechada da criança (punho). 
  • Durabilidade: o brinquedo não pode se quebrar com facilidade – vidros e garrafas pl��sticas são os mais perigosos.
  • Cordas e cordões: esses dispositivos podem enroscar-se no pescoço da criança.
  • Bordas cortantes ou pontas: brinquedos com essas características devem ser mantidos fora do alcance das crianças ou não devem ser utilizados.
  • Não tóxicos: brinquedos com tintas ou materiais tóxicos devem ser eliminados, pois o bebê os coloca na boca.
  • Não inflamável: é preciso assegurar-se de que o brinquedo não pega fogo.
  • Lavável, feito com materiais que podem ser limpos: essa recomendação se aplica especialmente às bonecas e brinquedos estofados.
  • Divertido: é importante assegurar que o brinquedo seja atraente e interessante (KISHIMOTO, 2010).

Vamos à prática?

Assimile

Para aprender e desenvolver-se de forma saudável, toda criança precisa exercitar o corpo com movimentos amplos tanto dentro como fora da sala. Bebês, crianças de 2 a 3 anos e pré-escolares devem ter espaços (área interna e externa) separados, seguros e adequados às suas atividades lúdicas e necessidades pessoais (KISHIMOTO, 2010, p. 10).

Jogos e brincadeiras de pular

Suco gelado
Cabelo arrepiado
Qual é a letra do seu namorado?
A, B, C, D, E, F, G, H, I, J, K, L...

Pular corda: uma brincadeira clássica e quase universal. As canções para acompanhar o ritmo da corda são muitas, e cada uma traz também outros desafios: “Senhoras e senhores, ponham a mão no chão. Senhoras e senhores, pulem de um pé só”. Você já tentou “entrar” com a corda batendo? E quando o ritmo dobra, no “foguinho”? E pular duas cordas ao mesmo tempo, já experimentou?

Cada desafio proporciona aprendizados motores significativos e muitas gargalhadas ao tentar superá-los.

Figura 2.1 | Variante do jogo de pular corda
Fonte: Pixabay.

Riscar o chão para sair pulando é uma brincadeira que vem dos tempos do Império Romano.

A amarelinha original tinha mais de cem metros e era usada como exercício de treinamento militar. Os soldados corriam sobre a amarelinha para melhorar as habilidades com os pés.

As crianças romanas, então, fizeram imitações reduzidas do campo utilizado pelos soldados. E acrescentaram numeração nos quadrados que deveriam ser pulados.

Hoje as amarelinhas têm formatos de caracol, quadrado e geométricos, que lembram o corpo de um boneco. A quantidade de casas pode também variar bastante.

As palavras céu e inferno podem ser escritas no começo e no final do desenho, que é marcado no chão com giz, tinta ou graveto.

Mas, as crianças também escrevem palavras como mundo, sol e lua nessas áreas, geralmente de descanso.

Existem variantes de amarelinha em que há áreas de descanso (local onde se pode pisar com os dois pés, por exemplo) nas laterais.

Usando pedra, caco, saquinho, casca de banana ou "alguma coisa pesadinha" (como dizem as crianças), os participantes pulam amarelinha saltando (com um e dois pés) ou chutando. 

(AMARELINHA, 2009)
Figura 2.2 | Possibilidade de desenho da amarelinha
Fonte: Shutterstock.
Exemplificando

Há muitas variantes da amarelinha pelo país afora. Visite o site do projeto Território do Brincar e conheça uma versão de São Gonçalo do Rio das Pedras, em Minas Gerais.

NOVO, M. F.; MEIRELLES, R. Amarelinha de dias da semana. Território do brincar, [S.l.], 13 fev. 2014.

Um elástico comprido e três participantes é o que basta para realizar outra brincadeira muito conhecida e praticada em todo o país: pular elástico. Na falta de três pessoas, uma delas pode ser substituída por um móvel, um poste ou uma árvore.

Pesquise mais

Você já pulou elástico?

Se não conhece essa brincadeira, dê uma olhada nas explicações do site Mapa do Brincar e assista ao lindo minidocumentário do projeto Território do Brincar (ELÁSTICO, 2009; TERRITÓRIO..., 2016).

Jogos e brincadeiras de correr

Não é preciso nenhum material ou preparação prévia. Basta um pouco de espaço e a brincadeira de pega-pega se institui. Não há criança que não saiba brincar. É um dos primeiros jogos experimentados na infância, muitas vezes quando as crianças ainda são bem pequenininhas. Conforme vão crescendo, vão inventando novas modalidades e o jogo vai se tornando mais complexo. Pega-pega sorvete, pega-pega vampiro, fugi-fugi, polícia e ladrão, pique-esconde, mãe da rua, entre outras. E há também variações cantadas: Rio Vermelho; Mãe Polenta; Tá pronto, seu lobo?

Geralmente, a brincadeira divide os participantes em pegador e fugitivos, mas há muitos jeitos de brincar de pega-pega.
Em algumas variações, é comum ter um pique, que é um lugar (um poste, por exemplo) ou uma posição (deitado no chão) na qual os participantes estarão a salvo do pegador.
Há versões apresentadas pelas crianças nas quais o que muda é o jeito de escolher o pegador (também chamado de "pega").
Também existem variações referentes ao nome do pegador (conhecido por polícia, zumbi, gato, velociraptor, bruxa etc.) e do fugitivo (apelidado de ladrão, rato, galinha e outros).
Outras variantes da brincadeira são: a organização da área onde se brinca, formas de salvamento (quem é pego pode ser salvo quando alguém passa por debaixo de suas pernas, por exemplo), comandos e diálogos.
Nas brincadeiras de pegar, quanto mais crianças brincarem, melhor. Mas, geralmente, é preciso ter pelo menos cinco ou seis participantes.
[...]
Pega-pega também é chamado de pira, trisca, picula e manja, em diferentes regiões do país. E pega-pega, pique-altinho, pega-vírus, pega-zumbi, o rei e o ladrão, rio vermelho, pique-pega do Saci, polícia e ladrão, pega-pega congela, mãe da rua, pega-pega aranha, cada macaco no seu galho e pega-chiclete são algumas das variações das brincadeiras de pegar. 

(PEGAR, 2009)

Rolar, trepar, escalar, passar por baixo de algo...

Figura 2.3 | Crianças brincando de escalar
Fonte: Shutterstock.

São muitas as possibilidades de movimento que um bom parquinho ou uma área verde permite explorar. Devemos lembrar, porém, que a ideia aqui é priorizar a dimensão prazerosa do movimento e não os objetivos de coordenação e desenvolvimento motor da área de educação física. Esse viés nos leva a um diferente modo de olhar para o movimento das crianças: brincar livremente permite uma pesquisa pessoal em relação às próprias possibilidades corporais. Em outras palavras, em vez de notar o que a criança deve ser capaz de realizar em uma determinada idade ou qual é o seu nível de desenvolvimento, olhamos para o que ela descobre de si própria e o que ela se permite arriscar, experimentar e vivenciar corporalmente – e o quanto se desenvolve em relação a ela mesma.

Assimile

De acordo com a BNCC, no campo de experiência corpo e movimento:

[...] a instituição escolar precisa promover oportunidades ricas para que as crianças possam, sempre animadas pelo espírito lúdico e na interação com seus pares, explorar e vivenciar um amplo repertório de movimentos, gestos, olhares, sons e mímicas com o corpo, para descobrir variados modos de ocupação e uso do espaço com o corpo. 

(BRASIL, 2017, p. 41)

Dessa forma, para fazermos boas propostas no que se refere ao corpo e ao movimento na escola, devemos lançar mão da cultura lúdica infantil, oferecendo situações em que as crianças possam correr, pular, rolar, passar por baixo, escalar, etc., além de explorar o rico universo das brincadeiras cantadas.

Brincadeiras cantadas

Geralmente de mãos dadas e em círculo, o grupo descreve movimentos no espaço. Cada um na roda e no conjunto que dança contribui para a pluralidade do encontro e pode perceber o próprio corpo no grupo.
Quem está à minha frente pode vir a ser meu espelho, quem está ao meu lado, um parceiro. Todos giram em torno de um mesmo eixo numa situação de integração, assim os corpos se relacionam.
Ao mesmo tempo, nos movimentamos em torno do nosso próprio eixo e, com isso, cada corpo pode se organizar em si próprio, deslocando-se no espaço. A roda abre e fecha… 

(OLIVEIRA, 2015)

Quando se brinca de roda, a música dita o ritmo do movimento corporal. Levados por esse embalo sonoro, os participantes deixam de controlar o corpo racionalmente e permitem-se ser conduzidos pelo fluxo da brincadeira e da música.

Reflita

A Base Nacional Comum Curricular, ao apresentar as competências gerais da Educação Básica, aponta:

Utilizar diferentes linguagens – verbal (oral ou visual-motora, como Libras, e escrita), corporal, visual, sonora e digital –, bem como conhecimentos das linguagens artística, matemática e científica, para se expressar e partilhar informações, experiências, ideias e sentimentos em diferentes contextos e produzir sentidos que levem ao entendimento mútuo. 

(BRASIL, 2017, p. 8)

Com base nessa competência, reflita:

  • Que experiências motoras você teve quando era criança?
  • Como elas se evidenciam no seu repertório corporal hoje?

Cada brincadeira traz desafios e composições corporais diferentes. Vamos conhecer algumas delas:

Mazu 
Transmitido por: Ione de Medeiros, Guilherme Nogueira e alunos do CP- UFMG
Procedência: Belo Horizonte, MG 

Para dentro e para fora, mazu, mazu.
Para dentro e para fora, mazu, mazu, mazu. 
Eu limpo essa janela, mazu, mazu.
Eu limpo essa janela, mazu, mazu, mazu. 
Eu pego um companheiro, mazu, mazu.
Eu pego um companheiro, mazu, mazu, mazu. 
Eu danço engraçadinho, mazu, mazu.
Eu danço engraçadinho, mazu, mazu, mazu. 

(PANDALELÊ, 2001, [s.p.])

Todos fazem uma roda. Um brincante sai passando por dentro e por fora, fazendo um ziguezague em todos da roda, enquanto cantam "Para dentro e para fora". Quando começam a cantar "Eu limpo essa janela", o brincante que saiu faz movimentos com as mãos diante dos companheiros, imitando o que o texto pede. Na hora em que cantam "Eu pego um companheiro", ele escolhe outro brincante e, enquanto cantam "eu danço engraçadinho", ambos dançam, um de frente ao outro, no centro da roda. Ao recomeçar a música, o que saiu primeiro volta para a roda e o outro continua a brincadeira, fazendo os mesmos movimentos.

Ua tatá e Aram sam 
Transmitido por: José Alfredo Debortoli 
Procedência: Belo Horizonte, MG 

Ua tatá ua tatá 
Guli, guli, guli, guli 
Ua tatá (3 vezes) 
Auê, Auê 
Guli, guli, guli, guli 
Ua tatá (2 vezes) 
Aram sam sam
Aram sam sam
Guli guli guli guli
Guli guli aram sam sam 
Aravi aravi
Guli guli guli guli
Guli guli aram sam sam 

(PANDALELÊ, 2001, [s.p.])

Todos em roda cantam, fazendo os seguintes movimentos: na parte da letra que diz "Ua tatá, Ua tatá", cada um bate as mãos nas próprias pernas; na hora do "Guli, guli, guli, guli", coloca-se a mão direita em cima da cabeça e a mão esquerda embaixo do queixo, estalando os dedos; na hora do "Auê Auê", todos os brincantes erguem os braços balançando para os lados. Toda vez que a música voltar para o "Guli" e para o "Ua tatá", todos repetem os mesmos movimentos que foram feitos no início da brincadeira. Quando recomeçar a música, no "Ua tatá", em vez de bater nas próprias pernas, bate-se as mãos nas pernas do colega da direita, e faz-se o "guli, guli" no colega da esquerda. Ao repetir a música muda-se de lado, isto é, o "ua tatá" nas pernas do colega da esquerda e o "guli, guli" no colega da direita. O desafio é fazer ininterruptamente a brincadeira, alternando os movimentos e realizando-os o mais rápido possível junto com a música. 

O "Aram sam sam" brinca-se do mesmo modo que o "Ua tatá". 

A carrocinha 
Versão recolhida pelo Pandalelê 
Procedência: Belo Horizonte, MG 

A carrocinha pegou três cachorros de uma vez. 
A carrocinha pegou três cachorros de uma vez. 
Tralalá, que gente é essa?
Tralalá, que gente má. 
Tralalá, que gente é essa? 
Tralalá, que gente má. 

(PANDALELÊ, 2001, [s.p.])

Essa brincadeira se inicia com todos os brincantes em roda. Escolhem-se três para serem os "cachorros", que vão ao centro da roda e fazem também uma pequena roda. As duas rodas começam a girar, em sentido contrário, enquanto todos cantam a música. No momento do "tralalá que gente é essa?", os "cachorros" param em frente a alguém e os dois dançam com as mãos na cintura, balançando as pernas, até terminar a estrofe. Então, os dois trocam de lugar e quem era "cachorro" vai para a roda de fora e quem foi escolhido vai para a roda de dentro, tornando-se os novos "cachorros". Inicia-se novamente a música para continuar a brincadeira.

A serpente 
Transmitido por: Amanda Viana Machado
Procedência: Minas Gerais (escotismo, SESC)
(Encontrada no México e na Argentina com algumas variações de texto e de melodia) 

Essa é a história da serpente,
que desceu do morro para procurar 
um pedaço do seu rabo.
E você é... e você é... e você é
um pedaço do meu rabão. 

(PANDALELÊ, 2001, [s.p.])

Todos fazem uma grande roda. Um dos brincantes sai e começa a passear pelo centro da roda, acompanhando o ritmo da música, como se fosse a “serpente”. Na parte da letra que diz "e você é... e você é... e você é um pedaço do meu rabão", esse brincante deve parar em frente a qualquer outro da roda e abrir as pernas para que o outro possa passar por debaixo delas. Depois, quem passou vai para as costas do outro, segurando na cintura da pessoa da frente, formando uma fila. Recomeça a música e quem está de frente escolhe mais uma pessoa da roda, que deverá passar por debaixo dos dois, e depois outro e mais outro são escolhidos para ir formando o rabo da serpente. Quando o rabo da serpente já estiver grande e enquanto um brincante estiver passando por debaixo das pernas, pode-se prolongar o "ão" do “rabão”, cantando assim: "do meu rabãããããão...", até ele conseguir sair na ponta final do rabo da serpente.

Figura 2.4 | Projeto Pandalêlê – Brinquedos Cantados
Fonte: reprodução (PANDALELÊ, 2001).
Pesquise mais

Para aprender melhor essas e outras brincadeiras, assista aos vídeos do projeto Pandalelê (PALAVRA..., [s.d.]).

Foco na BNCC

Os objetivos de aprendizagem dispostos na Base Nacional Comum Curricular, no que se refere ao corpo e movimento, mais especificamente aos conteúdos desenvolvidos nesta seção, indicam, no trabalho com as diferentes idades da Educação Infantil:

  • Bebês (zero a um ano e seis meses): imitar gestos e movimentos de outras crianças, adultos e animais (EI01CG03) (BRASIL, 2017).
  • Crianças bem pequenas (1 ano e 7 meses a 3 anos e 11 meses): explorar formas de deslocamento no espaço (pular, saltar, dançar), combinando movimentos e seguindo orientações (EI02CG03) (BRASIL, 2017).
  • Crianças pequenas (4 anos a 5 anos e 11 meses): criar movimentos, gestos, olhares e mímicas em brincadeiras, jogos e atividades artísticas como dança, teatro e música (EI03CG03) (BRASIL, 2017).

Vimos, nesta seção, que a dimensão prazerosa do movimento contempla aspectos de vital importância para as crianças, sobretudo aquelas da educação infantil. Brincar, correr e pular são atividades indissociáveis da infância e devem ser o norte do trabalho pedagógico na primeira etapa da Educação Básica. O professor que vivencia essa dimensão tem maiores possibilidades de explorá-la em sua prática, portanto, movam-se!

Pesquise mais

Para saber sobre possibilidades de brincadeiras de roda com bebês, você pode ler o artigo de Silva e Neves (2019), que discute a trajetória da brincadeira de roda em um grupo de bebês.

SILVA, E. de B. T.; NEVES, V. F. A. Brincando de roda com bebês em uma instituição de Educação Infantil. Educ. rev., Curitiba, v. 35, n. 76, p. 239-258, ago. 2019. Disponível em: https://bit.ly/2FC3583. Acesso em: 20 maio 2020.

Referências

AMARELINHA. In: MAPA do brincar. Folha de São Paulo, São Paulo, 2009. Disponível em: https://bit.ly/3haps23. Acesso em: 20 maio 2020.

BRASIL. Base Nacional Comum Curricular. Brasília: MEC, 2017. Disponível em: https://bit.ly/2ZMyU4d. Acesso em: 16 jun. 2020.

BRASILEIRO, L. T.; MARCASSA, L. P. Linguagens do corpo: dimensões expressivas e possibilidades educativas da ginástica e da dança. Pro-posições, Campinas, v. 19, n. 357, p. 195-207, dez. 2008. Disponível em: https://bit.ly/3aBzV4c. Acesso em: 20 maio 2020.

ELÁSTICO. In: MAPA do brincar. Folha de São Paulo, São Paulo, 2009. Disponível em: https://bit.ly/3h9scwO. Acesso em: 15 jun. 2020.

KISHIMOTO, T. M. Brinquedos e brincadeiras na educação infantil. In: SEMINÁRIO NACIONAL: CURRÍCULO EM MOVIMENTO, 1., 2010, Belo Horizonte. Anais [...]. Belo Horizonte: Ministério da Educação, 2010. Disponível em: https://bit.ly/2Eeb3U2. Acesso em: 28 maio 2020.

LIMA, R. R. M. de. Dança: linguagem do corpo na educação infantil. 2009. 160 f. Dissertação (Mestrado em Educação) – Centro de Ciências Sociais Aplicadas, Universidade Federal do Rio Grande do Norte, Natal, 2009. Disponível em: https://bit.ly/315eW6S. Acesso em: 20 maio 2020. 

MATTOS M. G; NEIRA M. G. Educação física na adolescência construindo o conhecimento na escola. São Paulo: Phorte, 2006.

MEIRELLES, R.; REEKS, D. Território do Brincar. [S.l.], 2013. Disponível em: https://bit.ly/3ha3hsS. Acesso em: 20 maio 2020. 

NEIRA, M. G.; NUNES, M. L. F. Pedagogia da cultura corporal: crítica e alternativas. São Paulo: Phorte Editora, 2006. 

OLIVEIRA, M. L. de. Brincar de roda. Carta Capital, São Paulo, 27 nov. 2015. Disponível em: https://bit.ly/2YcnuGZ. Acesso em: 20 maio 2020. 

OSTETTO, L. E. Mas as crianças gostam! Sobre gostos e repertórios musicais. In: OSTETTO, L. E.; LEITE, M. I. Arte, infância e formação de professores: autoria e transgressão. Campinas: Papirus, 2004. p. 41-60. 

PALAVRA CANTADA: Pandalelê. [S.l.: s.n., s.d.]. 1 playlist (38 vídeos). Publicado pelo canal Musicoterapeuta Harley Blog Gonzalez. Disponível em: https://bit.ly/2EgzFLO. Acesso em: 19 maio 2020.

PANDALELÊ! Brinquedos cantados. Coordenação de Eugenio Tadeu. São Paulo: Palavra Cantada, 2001. 1 CD-ROM. 

PAULINA, I.; SANTOMAURO, B. O que ensinar em Educação Física. Nova Escola, São Paulo, n. 215, set. 2008. Disponível em: https://bit.ly/2Q0iq46. Acesso em: 20 maio 2020. 

PEGAR. In: MAPA do brincar. Folha de São Paulo, São Paulo, 2009. Disponível em: https://bit.ly/2YfT4E2. Acesso em 28 maio 2020.

SILVA, E. de B. T.; NEVES, V. F. A. Brincando de roda com bebês em uma instituição de Educação Infantil. Educ. rev., Curitiba, v. 35, n. 76, p. 239-258, ago. 2019. Disponível em: https://bit.ly/2FC3583. Acesso em: 20 maio 2020. 

STRAZZACAPPA, M. A educação e a fábrica de corpos: a dança na escola. Caderno Cedes, Campinas, v. 21, n. 53, p. 69-83, abr. 2001. Disponível em: https://bit.ly/2CcwNi0. Acesso em: 20 maio 2020.

TERRITÓRIO do Brincar | Série MiniDocs | Brincadeira de Elástico - Acupe, BA. [S.l: s.n.], 2016. 1 vídeo (1 min). Publicado pelo canal Território do Brincar. Disponível em: https://bit.ly/318IMr0. Acesso em: 15 jun. 2020.

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