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Como você adaptaria uma aula para incluir seu aluno com deficiência no aprendizado das direções espaciais?
Fonte: Shutterstock.
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Nesta situação-problema, temos uma turma do segundo ano do ensino fundamental I que estudará direções no espaço por meio do movimento corporal. Para tanto, uma série de trajetos de deslocamentos são propostos pelo professor, que deve pensar no espaço de maneira bidimensional e tridimensional.
Levando em consideração que um dos alunos da turma possui paralisia cerebral e tem limitações de deslocamento, bem como utiliza de um andador para se locomover, você, futuro professor, deve descrever como adaptaria a aula para incluir esse aluno no aprendizado e quais modificações seriam necessárias, sem perder o foco do conteúdo da aula.
Antes de mais nada, é importante ressaltar que o professor deve ser sensível ao aprendizado de seu aluno. Se for possível, tenha um professor auxiliar em sala para que ele possa te apoiar no desenvolvimento da atividade enquanto também observa os outros alunos da turma.
Você pode iniciar propondo três tipos de trajeto: linear, circular e zigue-zague. Estimule seu aluno a realizar os trajetos com partes do corpo primeiramente, sem sair do lugar, por exemplo, desenhar no ar com a ponta do dedo, ou fazer com um dos pés. Somente com esses exercícios você já estimulou o estudo de formas geométricas e o equilíbrio.
Em seguida, é o momento de realizar o deslocamento no espaço. Saiba que o tempo desse aluno é diferente dos demais, pois seu deslocamento é mais lento. Respeite seu tempo, sem deixar de incentivar mais velocidade e melhores habilidades corporais.
Estimule a mudança de direção do aluno, pois a mobilidade com o andador é um processo de aprendizado constante. Estimule bem o deslocamento circular e zigue-zague, bem como proponha andar de costas. Quanto a este último, esteja atento e dê assistência, pois a criança pode desequilibrar, mas o andador a impedirá de cair.
Normalize a dificuldade de aprender. Passar por isso é parte no processo de desenvolvimento motor, por exemplo, enroscar o pé ou não conseguir mudar a direção do andador pode acontecer, mas isso não pode ser motivo de vergonha.
Atenção: não segregue o aluno com deficiência dos outros alunos, permita que ele realize todas as atividades junto à turma e estimule sua independência, sempre promovendo o respeito e apoio entre todos os colegas.
O professor de Educação Especial pode ser responsável pela sala de transtornos globais do desenvolvimento (TGD), um espaço na escola voltado para o atendimento e apoio dos alunos com deficiência. É comum haver crianças com diversas deficiências e apenas um profissional para atender às demandas específicas de cada um.
Imagine três alunos com deficiência que estão sob seus cuidados na sala de TGD. Defina qual é o tipo de deficiência que cada um possui; em seguida, eleja um tema em comum de movimento e corpo que será trabalhado concomitante com os três alunos e descreva como você dirigirá a prática de maneira a ensinar o mesmo princípio a cada um a partir das potencialidades de cada corpo.
Para dirigir a solução desta questão, é importante ter em mente que o professor deve estar disposto a utilizar a escuta ativa com seu aluno, entender a deficiência de cada um deles e saber quais são as potencialidades que cada um pouco trazer para a prática.
Questione se existe algum estímulo que seria importante para aquele aluno, por exemplo, a criança com deficiência intelectual pode ser estimulada a desenvolver a concentração em alguma atividade e demandar a repetição dela. Ou a que tem dificuldade de caminhar, mas que, se estimulada a isso, pode melhorar sua locomoção.
Em seguida, tenha clareza sobre o objetivo da aula e trace um desdobramento para essa proposta diferente para cada aluno. Muitas vezes, os fundamentos mais básicos necessitam ser desenvolvidos e revisitados. Construa um caminho do mais simples ao mais elaborado, da parte para o todo, do micro para o macro. E lembre-se de que sempre há espaço para a experimentação, você deverá aprender com seu aluno.
Daremos um exemplo de infinitas possibilidades possíveis de resolução dessa situação-problema. Consideraremos um aluno com deficiência física (criança em cadeira de rodas com mobilidade reduzida nos membros inferiores), um aluno com deficiência intelectual (Síndrome de Down) e um aluno com deficiência sensorial (deficiente visual). O objetivo da aula deve ser aprender as direções básicas, partindo do estudo do espaço descrito na BNCC (2017). Para a criança com deficiência física, desenvolver e ampliar a possibilidade de mudança de direção da cadeira de rodas fará com que ela tenha mais agilidade e melhor mobilidade com essa ferramenta. Para o aluno com Síndrome de Down, é fundamental melhorar a concentração, então a repetição de uma sequência coreográfica simples das direções usando fundamentos rítmicos e música pode ser uma ótima ideia. Por fim, o aluno com deficiência visual deve ser estimulado a realizar as direções a partir da descrição dos movimentos e, se necessário, com a representação dos movimentos pelo professor com o toque do aluno para melhor compreensão. Atente-se sempre à postura da criança, estimulando a velocidade e o equilíbrio das mudanças de direção para ampliar a propriocepção plantar.