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Seu desafio é construir um plano de aula amplo e completo, para atender a um grupo heterogêneo, capaz de estimular a ampliação do repertório motor dos alunos.
Fonte: Shutterstock.
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Na situação-problema proposta, o educador está inserido em uma situação bastante comum, que exige grande flexibilidade e habilidade para lidar com a diversidade de alunos.
Em uma creche com 20 alunos em idade pré-escolar, ou seja, de zero a seis anos, em diversas situações há atividades em comum que devem ser conduzidas pelo pedagogo, apesar da diversidade de idade e da fase de desenvolvimento. Na situação-problema, você precisou se colocar nesse contexto para construir um plano de aula de corpo, gesto e movimento, levando em consideração um fio condutor único para todos os alunos, mas também considerando as diferentes fases de desenvolvimento motor.
Sabemos que a brincadeira é um potente instrumento para o trabalho com crianças, pois, por meio do lúdico, a motricidade, a linguagem, a expressão e a identidade do estudo se consolidam. Por isso, é fundamental que o plano de aula possa abarcar o lúdico como ferramenta de trabalho.
Sendo assim, o ideal é que o professor pense em um tema único que seja interessante para trabalho com todos, mas que guarde especificidades para cada grupo. Para tanto, é interessante dividir os alunos em três grupos, que podem ser baseados na segmentação proposta pela BNCC (Bebês de zero a um ano e sete meses, crianças bem pequenas de um ano e oito meses até três anos e onze meses e crianças pequenas de quatro anos até cinco anos e onze meses) ou pela divisão proposta aqui, com base no Referencial Curricular Nacional para a Educação Infantil (de zero a um ano, de um a três anos e de quatro a seis anos).
Tais divisões são importantes, pois cada faixa etária demanda um leque de desenvolvimento motor específico que orienta o pedagogo a conhecer as necessidades de cada grupo e, portanto, orientar práticas que promovam tais habilidades.
Não há um único caminho de desenvolvimento da situação-problema, mas vamos juntos desenvolver uma proposta possível que sirva de pista para lidar com várias situações futuras.
O tema da aula pode ser os diversos usos da bola, e para a divisão dos alunos, vamos utilizar a classificação do Referencial Curricular Nacional para a Educação Infantil.
Para o grupo de zero a um ano, podemos utilizar bolas de borracha leves, de maneira a estimular a preensão da criança, bem como começar a incentivar o lançamento da bola. Atenção para o tamanho e higiene do objeto, pois nesta fase é comum a criança levar a bola na boca.
Para o grupo de crianças de um a três anos podemos utilizar bolas de parque ou bolas suíças (são as bolas de pilates), fazendo com que elas passem a bola macia por todo o corpo. Dessa forma, podemos desenvolver a percepção de limite corporal e o reconhecimento da individualidade. Também é possível explorar o conhecimento das partes do corpo ao orientar ações pela cabeça, mão, pé, joelho e outras.
Para o grupo de quatro a seis anos, podemos usar bola de futebol ou vôlei, que role e pingue bem. Nessa fase é possível perceber bom desenvolvimento motor, e o professor deve estimular as ações corporais como saltar, cair, expandir, contrair, transferir o peso, gesticular, girar, inclinar, deslocar e torcer. Para tanto, o desafio ao aluno deverá ser lançar a bola de alguma maneira, observar sua trajetória, narrar as ações que serão realizadas e, em seguida, reproduzir o movimento da bola com o próprio corpo, sempre cuidando para que o aluno não se machuque.
Perceba que utilizando um instrumento – a bola – e o objetivo de desenvolvimento motor fundamental para cada grupo etário, é possível construir um plano de aula amplo e completo, que poderá ser repetido diversas vezes, estimulando a ampliação do repertório motor dos alunos.
Nesta disciplina, você já percebeu a importância de construir um olhar cuidadoso para as necessidades e singularidades de cada aluno. Vamos imaginar, agora, que você é o proprietário de uma creche e precisa orientar seus professores das diferentes necessidades que cada grupo etário apresenta e como o trabalho com os conteúdos de corpo, gestos e movimento é fundamental para o desenvolvimento infantil. Quais argumentos e esclarecimentos você passaria para seus colaboradores a respeito da importância do movimento para a expressão, identidade e motricidade do indivíduo?
É fundamental ressaltar para os professores da creche a importância de ter um olhar cuidadoso ao aluno, que considere a singularidade de seus processos. Muitas vezes, a rotina de trabalho dentro da creche preza pelos cuidados de higiene e ordem para que a criança possa ter um ambiente são, e isso é crucial para o desenvolvimento infantil. Porém, tais cuidados não podem se sobrepor às outras necessidades também fundamentais da vida, como melhorar a motricidade, criar recursos de socialização entre os estudantes e construir ferramentas de expressão individual. Todo o processo deve acontecer concomitantemente.
É responsabilidade do adulto – nesse caso, a escola e o professor – proporcionar um desenvolvimento integral, que considere os aspectos motores psíquicos, emocionais, ambientais e de higiene da criança. Dessa forma, a escola cultiva a humanização da educação.