Como trabalhar oralidade no ambiente escolar?
Reflita sobre sua prática pedagógica e estude maneiras de trabalhar a oralidade no ambiente escolar.

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sem medo de errar
Nesta situação-problema, imagine que você esteja participando de uma reunião com a equipe gestora da escola, junto a outros professores, e a coordenação pedagógica expõe que um pai de aluno solicitou uma conversa para relatar que algumas das aulas eram apenas de bate-papo, sem o cumprimento do conteúdo, pois não encontrava registros escritos do que havia sido ministrado. A coordenadora solicitou que você se posicionasse frente a esse relato. Quais argumentos você utilizaria para defender o seu ponto de vista?
Sustente os seus argumentos em fatos, dados e informações científicas para formular, negociar e defender suas ideias. Inicie ressaltando que o estudante é o centro da aprendizagem e atua de maneira ativa na construção do conhecimento.
Você pode falar da importância das práticas da oralidade na escola para que a aprendizagem se dê. Isso é importante para explicar a distinção entre bate-papo, ou seja, atividades sem objetivos predeterminados, e atividades de oralidade propriamente ditas.
No que tange à relação oralidade e escrita, ressalte a importância das atividades orais pela oralidade, e não como pré-requisito para atividades de escrita, texto ou desenho.
Outro ponto que você não pode deixar de mencionar é a importância do planejamento das atividades de oralidade, para que a disputa de dizeres e de sentidos são seja considerada pela via da indisciplina: atividades orais são para falar! É pela organização e pelo planejamento que a argumentação é desenvolvida nas crianças na oralidade, verificando o objetivo da atividade e seu percurso de desenvolvimento, visando à habilidade, que é própria dos textos orais.
Para o professor que mencionou realizar como atividades de oralidade a leitura em voz alta ou o uso da música, você pode retomar as discussões de Dolz e Schneuwly (2004), quando distinguem atividades de oralidade de fato com as de oralização, que são a reprodução de textos escritos, e não a produção de textos orais.
avançando na prática
A ORALIDADE E AS NOVAS MÍDIAS
As novas tecnologias e mídias, como celulares, streaming (transmissão de dados), redes sociais, Snapchat, WhatsApp, etc., podem constituir ferramentas de aprendizagem de gêneros orais na escola. Para isso, as tecnologias digitais de informação e comunicação nos auxiliam no desenvolvimento de práticas que se utilizam dessas mídias para o trabalho em sala de aula.
Há certa resistência por parte de alguns em relação às tecnologias, porque ainda se tem uma ideia de ensino – e escola – de forma fechada, previsível. Em discussões sobre o uso das tecnologias na sala de aula, uma professora se mostra descontente e diz que não vê importância nem relevância nas práticas em que se usam celulares, seja para produzir vídeos ou áudios, ou computadores/tablets. Segundo ela, o que pode ser feito pelas novas tecnologias também pode ser feito pelas anteriores, como o caderno.
Após estudar os conteúdos desta seção, como você argumentaria com essa professora em relação às práticas pedagógicas que se pautam nas novas tecnologias?
Uma das linhas de argumentação que você pode utilizar é aquela que considera que as práticas sociais de linguagem mudam de acordo com os meios que entram (e saem) em uma sociedade, e é aí que as novas tecnologias se fazem importantes. Você deve ter compreendido as relações entre as linguagens e o uso das novas tecnologias em condições particulares de produção e, assim, pode argumentar com a professora, afirmando que o uso dessas novas tecnologias, também pela sua multimodalidade, permite entender o funcionamento da linguagem na comunicação humana, por exemplo, analisar o modo como nos comunicamos por WhatsApp, pois não é somente o suporte que afeta o modo como falamos, mas também o interlocutor, o conteúdo e o rigor da conversa. O mesmo acontece com as redes sociais: o que postamos, com qual variedade, o que curtimos e compartilhamos, enfim, as novas tecnologias nos ofertam uma gama de possibilidades para refletir sobre a linguagem enquanto prática, mais do que pensar essas ferramentas como instrumentalização.