Evento artístico-literário na escola
Elabore uma proposta pedagógica para que os alunos façam uma participação oral em um evento artístico-literário.

Fonte: Shutterstock.
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O contexto de aprendizagem apresentado mostra que você conhece um pouco da realidade dos alunos, e isso pode ser um ponto a favor quando pensamos em propostas pedagógicas contextualizadas. Conhecer o contexto da comunidade em que a escola está inserida permite que temas pertinentes aos interesses pessoais dos alunos sejam levados para a sala de aula e, assim, perpassar várias atividades pedagógicas.
Para esta situação-problema, foi delimitada a elaboração de uma proposta pedagógica para ser apresentada em um evento artístico-literário na escola, com a presença de todos os alunos, da comunidade e de autoridades. Essas informações vão direcionando o que se pode esperar dessa atividade. Além disso, a conversa com outros professores sobre o evento, para troca de ideias e, juntos, identificar os recursos pedagógicos, o material didático e as ferramentas que melhor se encaixam para o desenvolvimento dos objetivos previstos, de modo que atendam às necessidades e respeitem os ritmos de aprendizagem e a identidade dos estudantes.
O campo de atuação artístico-literário se sustenta na participação em situações de leitura, fruição e produção de textos literários e artísticos, que representem diversidade cultural e linguística. Perceba que este é um campo vasto, o qual permite trabalhar com diferentes gêneros textuais que circulam no meio literário, nos mais variados temas. Você pode selecionar alguns temas e levar para a sala de aula para que os alunos escolham em conjunto. Verifique que, em uma atividade de seleção de tema pelos alunos, você trabalhará a oralidade, a troca de turnos na conversa, o respeito pela fala do outro e a argumentação na defesa do ponto de vista.
Dentre os temas, podem ser oferecidos, por exemplo, convivência, raça, gênero e meio ambiente, os quais incentivam o pensar pessoal e coletivo, com base em princípios éticos, democráticos, inclusivos, sustentáveis e solidários.
A atividade pode ter como objetivos: estimular a leitura de textos literários de diferentes formatos; estimular a escrita de textos literários; conhecer as variedades linguísticas; saber adequar as variedades às diferentes situações de comunicação; expressar-se pela dramatização de textos.
As competências específicas de Língua Portuguesa para o ensino fundamental, na BNCC (BRASIL, 2017), serão selecionadas considerando os objetivos propostos para a atividade. Se você descreveu que os objetos estão relacionados a conhecer e discutir textos literários diversos e desenvolver a oralidade dos alunos, você pode selecionar a Competência 2, a qual prevê a apropriação da linguagem escrita para ampliar a participação na cultura letrada; a Competência 4, que trata das variedades linguísticas; a Competência 5, que reforça a questão da adequação linguística; e as Competências 8 e 9, que trazem a seleção de textos e leitura literária. Repare quantas competências são desenvolvidas em uma atividade de apresentação artística-literária, e outras também poderiam ser acionadas.
Para as habilidades, você deve selecioná-las, mais uma vez, considerando os objetivos da sua atividade, o ano escolar e o eixo oralidade dentro do campo de atuação artístico-literário. Vamos exemplificar: a Habilidade 25, prevista para o quarto ano do ensino fundamental, no componente curricular de Língua Portuguesa (EF04LP25), descreve a representação de cenas de textos dramáticos, reproduzindo as falas dos personagens, e essa habilidade pode ser desenvolvida por meio da atividade que você proporá.
Lembre-se de salientar aos alunos a variedade que eles precisam usar durante a apresentação, falar da importância da adequação linguística nesse contexto; para isso, vale mencionar que os marcadores conversacionais que se aproximam de situações informais da prática oral não cabem neste gênero textual, com o público que estará presente.
PESQUISE MAIS
Leia mais sobre oralidade e os elementos que a constituem a partir do texto da pesquisadora Lucia Teixeira, da Universidade Federal Fluminense. A autora discute a oralidade pela noção de gênero, ressaltando a importância de se colocar a oralidade enquanto objeto de ensino. Boa leitura!
- TEIXEIRA, L. Gêneros orais na escola. Bakhtiniana, v. 7, n. 1, p. 240-252, 2012.
Avançando na prática
MARCADORES CONVERSACIONAIS: COMO TRABALHAR
Durante o desenvolvimento da atividade a ser apresentada na feira artístico-literária da escola, você percebeu que os alunos insistiam em utilizar marcadores conversacionais comuns em textos orais informais. A apresentação deles é um evento motivador para a prática da oralidade na escola, e o fato de os colegas, a família e a comunidade assistirem coloca, nesta prática, uma importância para a criança. A insegurança em relação à linguagem se instala, pois é um evento bem distinto das conversas informais que eles realizam entre si na sala de aula. Diante desse exposto, quais caminhos você trilharia para que os alunos adequassem a variedade linguística ao pedido pelo contexto de comunicação?
O fato de os alunos usarem marcadores conversacionais comuns nas manifestações informais de língua é bastante comum. Um dos caminhos que você pode trilhar é discutir com eles os diferentes modos de falar, mas, algumas vezes, somente a discussão sobre o assunto não é suficiente para perceberem o funcionamento da língua. Assim, outro caminho que você pode traçar é apresentar textos literários de diferentes regiões do país, para mostrar as variedades linguísticas regionais. Os estudantes podem ser os leitores desses textos, sentindo, pela sua voz, a construção linguística particular; aqui, a entonação também é importante, assim como a pausa no momento adequado do texto.
Outro percurso que você pode criar é a partir da comparação de textos formais de jornais televisivos com textos informais produzidos por youtubers e outros. Essa reflexão, a partir dos textos que já existem, pode ser um bom direcionador para a produção de textos orais dos alunos nas cenas do evento. E, por fim, a produção oral deles, direcionada, analisada e refletida em conjunto, também contribui para a percepção das escolhas linguísticas e, consequentemente, da adequação da linguagem.