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sem medo de errar
As fakenews estão por toda parte: em reportagens nos mais diferentes canais, nos grupos de Whatsapp, em redes sociais, etc. Com o advento da internet e a popularização dos acessos, a propagação de notícias falsas cresceu consideravelmente e a escola exerce um papel bastante importante para as análises, as reflexões e a curadoria de notícias que circulam no nosso cotidiano.
Diante dessa realidade, a BNCC apresenta competências que são imprescindíveis para discutirmos fakenews em sala de aula. Uma dessas competências é a 10, das Competências Específicas de Língua Portuguesa para o Ensino Fundamental, que explora a cultura digital, apontando a importância de “mobilizar práticas da cultura digital, diferentes linguagens, mídias e ferramentas digitais para expandir as formas de produzir sentidos (nos processos de compreensão e produção), aprender e refletir sobre o mundo e realizar diferentes projetos autorais” (BRASIL, 2017, p. 87). Outras competências que podem ser atingidas com propostas sobre fakenews são as competências 7, que explora a argumentação e a negociação de sentidos, e a competência 6, que pressupõe a análise crítica de informações, argumentos e opiniões. Todas essas competências podem ser trabalhadas em conjunto com a competência 3, que objetiva a leitura, a escuta e a produção de textos multissemióticos.
Percebe que em uma única proposta de trabalho você pode fazer com que o aluno atinja mais de uma competência? Diante das competências, com a temática em mãos, o ano escolar já definido e o campo de atuação delimitado, é o momento de escolher as habilidades. Há alguns caminhos a seguir que podem ajudar você de uma forma mais objetiva, vamos a eles?
Primeiro caminho possível: na página 94 da BNCC, você encontra um esquema para o componente curricular Língua Portuguesa que contempla do 1° ao 5° ano, para todos os campos de atuação. Lembre-se: você precisa focar no eixo “oralidade”, que é o quesito pedido nesta situação-problema. No eixo oralidade, você encontra cinco objetos de conhecimento: oralidade pública, escuta atenta, conversação espontânea, aspectos não linguísticos e relato oral (BRASIL, 2017). Cada um desses objetos de conhecimento traz, atrelados a si, habilidades (veja as habilidades 9, 10, 11, 12 e 13, na página 95, basta seguir o quadro); você pode escolher uma delas, ou mais, de acordo com a competência que pretende atingir. Por exemplo: se você escolher a competência específica 6, que trata da análise de informações, você pode selecionar a habilidade 13: “(EF15LP13) Identificar finalidades da interação oral em diferentes contextos comunicativos (solicitar informações, apresentar opiniões, informar, relatar experiências etc.).” Para desenvolver essa habilidade, você pode propor que os alunos escutem áudios, assistam a vídeos de jornais e entrevistas, analisem diferentes falas de forma crítica e façam a checagem e a comparação de informações.
Segundo caminho possível: na página 112 da BNCC, temos um funcionamento semelhante ao que vimos no primeiro caminho. Nessa página, temos a indicação de trabalhos para os 3º, 4° e 5° anos do ensino fundamental, também para todos os campos de atuação. Selecionando a prática de linguagem “oralidade”, temos como objetos de conhecimento a forma de composição dos gêneros orais e a variação linguística. É na página 113 que encontramos a habilidade 10, que prevê a análise de textos orais em diferentes situações e contextos, pelas mais variadas tecnologias, como rádio, TV, conversações diversas, etc., e a habilidade 11, que lida com a escuta atenta na análise de variedades linguísticas. Para a escolha dessas habilidades, vale a mesma premissa do “primeiro caminho” apresentado, ou seja, partir da competência para se eleger a habilidade. É a cultura digital ou os textos multissemióticos que você priorizará? Então, a escolha de textos que circulam no meio digital é indispensável.
Terceiro caminho possível: para o campo específico da vida pública, a BNCC traz, na página 124, a prática de linguagem “oralidade”, com os objetos de conhecimento: planejamento e produção de textos, e produção de texto oral, tendo, como habilidades para o 5° ano, as 18 e 19:
(EF05LP18) Roteirizar, produzir e editar vídeo para vlogs argumentativos sobre produtos de mídia para público infantil (filmes, desenhos animados, HQs, games etc.), com base em conhecimentos sobre os mesmos, de acordo com as convenções do gênero e considerando a situação comunicativa e o tema/assunto/finalidade do texto.
E também “(EF05LP19) Argumentar oralmente sobre acontecimentos de interesse social, com base em conhecimentos sobre fatos divulgados em TV, rádio, mídia impressa e digital, respeitando pontos de vista diferentes” (BRASIL, 2017, p. 125).
Se você decidir pela habilidade 18, pode provocar nos alunos a análise de informações dadas por gamers nos diversos canais sobre jogos que temos atualmente, ou ainda podem ser analisadas informações sobre HQs, animes e outros gêneros, analisando quais informações verdadeiras ou falsas podem constar nesses vídeos ou vlogs; assim, você parte de um assunto que interessa a muitas crianças e adolescentes. Se a habilidade escolhida for a 19, há uma vastidão de textos que permitem desenvolver a competência da argumentação, sobretudo os que circulam na internet. E esse é um terreno onde mais germina fakenews.
Seja qual for o caminho que você escolha para resolver esta situação-problema, os textos orais que os alunos produzirão, sejam vídeos ou podcasts, precisam ser circulados para além da escola; as redes sociais podem ser um facilitador para a circulação dos textos dos alunos e isso é resultado de um processo que envolve leitura, escuta, discussão, análises, pesquisas sobre a notícia, esboço da produção do vídeo ou podcast, divisão de tarefas, produção textual e postagens.
Avançando na prática
As fakenews na vida cotidiana
Ao estudar sobre as fakenews, os alunos perceberam que a proliferação de notícias sem fundo de verdade está também em nosso meio cotidiano e, assim, quiseram fazer um levantamento das notícias que circulam na comunidade em que a escola está inserida. Você precisa ajudá-los a refletir sobre isso, elaborando uma atividade em que eles reflitam sobre a criação, recepção e a circulação de notícias no cotidiano. Aproveite, ainda, para abordar o campo da vida pública, descrito pela BNCC, para embasar a sua atividade, pois esse campo permite uma gama de possibilidades de discussão que são pertinentes ao contexto, como textos jornalísticos, publicitários, políticos, jurídicos e reivindicatórios, que tratam do exercício de direitos dos moradores.
Para resolver esta situação-problema, você pode pensar em uma proposta que comece com o levantamento de notícias do bairro da escola, seja por jornais ou páginas de redes sociais, ou até mesmo por mensagens em grupos do bairro ou da escola. A partir disso, os alunos podem fazer entrevistas pessoais com moradores e autoridades para a confirmação ou não da notícia e, além disso, buscar meios para a resolução do problema do bairro.
Nessas entrevistas, os alunos podem, também, saber a opinião dos moradores sobre fakenews, se eles já receberam notícias falsas, se analisam postagens antes de encaminhar, de curtir ou de compartilhar nas redes sociais.
Do resultado dessa entrevista, os alunos podem criar tutoriais de como avaliar se as mensagens recebidas são fakes ou não e fazer circular pelas redes sociais e grupos.