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Convite ao estudo
Caro aluno, chegamos à Unidade 3 deste livro. Nesta unidade, você reconhecerá as diversas particularidades das manifestações orais e observará as variações linguísticas que permeiam as produções orais. É neste momento que você terá a oportunidade de discutir pontos importantes e indispensáveis para pensarmos a linguagem oral; iniciaremos refletindo sobre os modos como a oralidade se manifesta, considerando as diferentes formas de comunicação que utilizamos em nossa sociedade, pelas mais variadas tecnologias, inclusive digitais, da informação e da comunicação.
É a partir da reflexão acerca das manifestações da oralidade que você estudará a relação da oralidade com a cultura popular e com as diversas formas de arte, sobretudo nas canções e músicas populares. Além disso, terá a oportunidade de estudar os diferentes gêneros multissemióticos e multimodais circulantes em nossa sociedade, atentando para as diferentes formas e interações.
Compreender o papel da linguagem e da oralidade na comunicação humana é subsídio para você planejar propostas pedagógicas pautadas na oralidade enquanto prática social, sem preconceito linguístico, e que reconheçam a manifestação cultural e popular, por meio de diferentes mídias e suportes digitais.
Vamos começar?
prticar para aprender
Estamos iniciando a Seção 3.1 desta unidade. Todo o conhecimento que você construiu até aqui será a base para as discussões propostas nesta parte. Saber sobre as concepções de linguagem e sobre as variações linguísticas, entender a relação da oralidade com a escrita e refletir sobre tudo o que constitui um texto oral é fundamental para estudar as manifestações sociais por meio das multimodalidades de linguagem. Textos multimodais são textos elaborados a partir da diversidade de linguagem – oral, visual, gestual, imagética... –, que produz efeitos diversos em um texto, como uma live musical transmitida por uma plataforma on-line. Nesse gênero, nos deparamos com artistas cantando, dançando, temos legendas, intérpretes de Libras, propagandas – com rótulos, luminosos e degustação de produtos –, além de comentários nos chats, que também fazem parte desse gênero.
As manifestações de linguagem nas práticas linguageiras sociais acontecem por meio das multimodalidades de linguagem e é isso que abordaremos nesta seção. As multimodalidades estão presentes nos mais variados modos de comunicação existentes; elas sustentam a nossa fala, a nossa escrita e fazem parte do nosso cotidiano. Esses diversos modos de comunicação podem ser linguísticos, quando utilizamos de recursos da língua para produzir nossos textos, ou podem ser visuais e gestuais, quando outros elementos entram na produção textual, como os gestos, a entonação, as várias expressões faciais, etc.
À medida que discutirmos esses modos de comunicação, você passará a entender como o conhecimento é construído e posto em circulação nas diferentes mídias. Quando falamos em mídias, estamos nos referindo tanto às digitais quanto às não digitais: jornais impressos e on-line, livros impressos e digitais, materiais didáticos impressos e em plataformas, artigos científicos, etc.
Convidamos você, então, a explorar o universo múltiplo da comunicação humana, constituída pela pluralidade de linguagem e materializada pelas multimodalidades.
Você já sabe que a transição da educação infantil para o ensino fundamental exige um olhar atento dos professores e de toda a equipe gestora, não é? Isso se deve ao fato de que as mudanças pelas quais a criança passa podem ser definitivas para o processo de aprendizagem, o qual precisa ser contínuo em relação à etapa anterior. Neste momento, o respeito aos diferentes modos de acesso ao conhecimento que os estudantes apresentam precisa ser levado em conta quando planejamos as práticas pedagógicas.
Para contextualizar sua aprendizagem durante as três seções desta unidade, imagine que você leciona para uma turma de 1° ano do ensino fundamental, etapa crucial para a formação do aluno. Nessa turma, muitas atividades estão previstas: atividades que envolvam as diferentes linguagens orais multimodais que contemplam as multimídias, como redes sociais, aplicativos diversos de mensagens com áudio e vídeo, e diversos sites na internet; acesso à cultura popular brasileira, por meio da arte, da literatura e de canções e músicas populares; e contato com diferentes gêneros textuais, compostos por variados elementos multissemióticos, ou seja, que englobam tanto elementos linguísticos quanto não linguísticos, seja na escrita ou na oralidade.
Essa descrição permite que você adote um repertório diversificado de estratégias didático-pedagógicas. Considerando o contexto apresentado, suponha, nesta primeira seção, que você tenha de desenvolver com os alunos da sua sala uma atividade que englobe diferentes multimodalidades de linguagens: quais gêneros textuais você priorizará? Quais elementos serão discutidos e observados nessa atividade? Quais conhecimentos e habilidades serão construídos pelos alunos a partir da sua proposta?
Para auxiliá-lo na produção dessa atividade, você pode se pautar na habilidade 23 da Base Nacional Comum Curricular (BNCC), prevista para o 1° ano do ensino fundamental, a qual propõe:
Planejar e produzir, em colaboração com os colegas e com a ajuda do professor, entrevistas, curiosidades, dentre outros gêneros do campo investigativo, que possam ser repassados oralmente por meio de ferramentas digitais, em áudio ou vídeo, considerando a situação comunicativa e o tema/assunto/finalidade do texto.
Não se esqueça de que você deverá planejar e organizar uma prática pedagógica que proporcione o uso adequado de algum gênero oral e que promova, também, a aprendizagem de forma inclusiva, significativa e colaborativa, por meio de diferentes mídias e suportes digitais.
Você já cursou metade da disciplina e construiu um conhecimento valioso sobre oralidade até aqui. Agora, é o momento de se apropriar desse conhecimento para entender novos conceitos advindos da área das Linguagens, os quais favorecem o processo de ensino, bem como o seu desenvolvimento e o de seus alunos.
Vamos lá?
conceito-chave
Seja bem-vindo à primeira seção desta terceira unidade.
Você deve se lembrar de que estudamos as diferentes concepções de linguagem e de que priorizamos a perspectiva que considera a linguagem como processo de interação, a partir da qual a linguagem é prática social e vai além de representar o pensamento e comunicar algo a outrem, não é mesmo? A linguagem, considerada de forma interativa, é um lugar profícuo para pensarmos a adequação de linguagem a partir das variedades linguísticas, combatendo o preconceito linguístico e entendendo que a linguagem marca uma identificação, ou seja, o modo como falamos diz muito sobre nós, daí a importância de se discutir as várias manifestações da linguagem.
Para isso, esta seção foi construída de modo a levá-lo a uma reflexão sobre as mais variadas manifestações da linguagem e para convidá-los a pensar, principalmente, sobre aquelas que serão o foco de discussão deste material, afinal, estudar linguagem é um campo complexo, quase infindável.
Discutir linguagem é refletir sobre aquilo que nos constitui enquanto sujeitos nas mais variadas práticas sociais. Assim, para dar conta de tão variadas práticas, contamos com diferentes modos de comunicação, os quais você estudará aqui. Temos as comunicações verbais – nas quais utilizamos palavras, pela oralidade ou pela escrita –, e as não verbais – que contemplam as comunicações visuais e gestuais.
Tratar a respeito desses diferentes modos de comunicação permitirá que você construa um conhecimento sobre as multimodalidades de linguagem nas suas diferentes manifestações. As multimodalidades abarcam a multiplicidade de linguagens que formam os textos, e isso você já deve ter percebido em diferentes contextos: muitos textos apresentam escrita, imagens, outros trazem emojis, gifs, enfim, essa mescla de elementos em um texto é o que o faz ser multimodal.
Vamos começar apresentando uma citação de Dionísio (2011, p. 139), em que a autora afirma que falar ou escrever um texto requer, no mínimo, “dois modos de representação: palavras e gestos, palavras e entonações, palavras e imagens, palavras e tipográficas, palavras e sorrisos, palavras e animações”, e assim por diante. Essa afirmação é bastante relevante para que você pense sobre a multimodalidade de forma ampla, e para que entenda que não se trata apenas de um ou de outro elemento que forma um texto, mas de múltiplos recursos que sustentam um texto aqui, outro ali, que funcionam bem em um texto, mas não em outro e cuja adequação e escolha não são aleatórias, mas dependem do contexto em que o texto será inserido.
Dionísio (2007), no livro que organizou em parceria com Marcuschi, grande estudioso da oralidade e bastante citado neste livro, diz que estamos envolvidos em uma comunicação multimodal, seja no texto manuscrito, no texto impresso numa página de revista, ou na tela de um computador, e complementa: “referimo-nos à multimodalidade discursiva como um traço constitutivo a todos os gêneros textuais escritos e orais” (DIONÍSIO, 2007, p. 178).
Algumas placas informativas, nas mais variadas repartições de grande circulação, apresentam elementos que exemplificam de forma satisfatória a multimodalidade da qual tratamos aqui. Vejamos um exemplo:

Nessa imagem, temos uma enfermeira, caracterizada pelo gorro e pela vestimenta branca; o dedo indicador na boca e a expressão séria simbolizam a ordenação do silêncio, motivo pelo qual podemos classificar esse tipo de cartaz como “ordenativo”. Essa imagem é um exemplo de comunicação visual e gestual; ao nos depararmos com ela, logo interpretamos que o lugar exige uma postura silenciosa (em alguns cartazes do gênero, você já deve ter se deparado com a palavra “silêncio” abaixo da imagem; apresentada dessa maneira, teríamos na placa informativa um outro elemento da multimodalidade: o linguístico).
Podemos, ainda, a partir desse gênero textual, saber em quais espaços ele circula. Você se lembra das reflexões de Bakhtin (2003) sobre gênero textual e o que ele implica? O autor falava sobre a produção, a circulação e a recepção, nos mostrando, assim, que o modo como os textos são produzidos tem relação com o local onde circularão e com quem os receberá; por isso, um cartaz com essa imagem na parede de uma casa pode causar estranhamento.
Essas reflexões, e várias outras, você pode desenvolver em sala de aula, levando o aluno a identificar a função social dos textos que circulam na vida cotidiana, e analisando a linguagem, a organização e a forma do texto. Certamente, muitas interpretações podem emergir das reflexões dos alunos, que trarão para a discussão outros textos, de outras práticas sociais cotidianas, assim como você pode ter se lembrado de outros cartazes ou textos ordenativos com os quais você tenha se deparado nos mais variados locais de circulação.
Quando pensamos sobre os locais de circulação dos textos, o meio digital, atualmente, recebe destaque para as produções e as leituras de textos dos mais variados gêneros. É inegável a importância que as mídias digitais ocupam em nossas vidas, e a escola precisa estar atenta às mudanças tecnológicas, para além de laboratórios de informáticas ou da implantação de plataformas educacionais: é preciso, na realidade, olhar para o digital como um espaço que possibilita refletir sobre o modo como significamos nas e pelas telas, sobre como podemos escrever e falar no digital, e sobre o que nos é permitido acessar pelo e no digital.
A pesquisadora da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), Cristiane Dias, dedica seus estudos a pensar sobre o digital, e, em uma de suas últimas publicações, nos traz importantes considerações acerca do funcionamento do digital. Ela afirma que:
Ora, se refletirmos um momento sobre o sujeito-leitor da nossa atualidade, pensaremos imediatamente em um sujeito cujo olhar está “inclinado” para a tela. Mais que submetido a essa textualidade, ele está submerso nela, absorto. Pensaremos num sujeito-leitor que encontra seus materiais de leitura através de uma pesquisa automatizada: uma pesquisa no google, por exemplo, e o que ele tem como resultado é uma textualização seriada de links. Pensaremos num leitor que desliza o dedo sobre a tela do smartphone, clicando em pontos diversos da tela para pausar, copiar, ampliar, digitar, passar a tela, abrir uma outra. O olhar submerso a essa textualidade desliza rápido, como o dígito. Eu diria que esse modo de leitura passa por um processo de automatização que traz em si gestos de interpretação, de quem desenvolveu um algoritmo de busca, da memória de quem busca, de uma injunção à interpretação que leva o sujeito a clicar nos resultados x ou y.
Ao ler essa citação, você deve ter percebido que o trabalho com o digital em sala de aula deve permitir que os alunos olhem para as Tecnologias Digitais de Informação e Comunicação (TDIC) de forma crítica e significativa, e que analisem os modos de acesso a informações pelos resultados de pesquisa, compreendendo que não aparecem de forma aleatória, mas são determinados pela leitura que “as máquinas” fazem de todo o nosso percurso enquanto estamos conectados: os sites que visitamos, as notícias que lemos, os produtos que compramos; todas essas informações permitem um mapeamento sobre nós, que resultará nas indicações de links que surgem quando fazemos uma busca, por exemplo.
Dias (2020) acrescenta, ainda, que a produção e a interpretação de um texto funcionam de maneira distinta no digital e a autora não nega os desafios que esse modo de funcionamento da linguagem – o digital – impõe ao ensino. Para ela, não dá para trabalharmos textos da mesma maneira quando nos deparamos com o digital, pois os objetos de conhecimento – o texto, por exemplo – são outros. E, assim, lançamos o questionamento: como trabalhar as variedades dos modos de comunicação existentes – linguísticos, visuais e gestuais – na escola? Como o conhecimento se produz e funciona pelas mídias? Você pode começar a responder a essas questões refletindo sobre as interpretações que fazemos para selecionar um link e não outro dentre os vários apresentados pelos resultados da busca do Google, como bem coloca a autora.
Sobre essa questão da sala de aula, Reinaldo e Bezerra (2012, p. 78) afirmam que “a escola é um lugar de ensino/aprendizagem (formal), a simulação tem nela seu espaço, no entanto essa simulação não dispensa a observação e análise do gênero em seus contextos”. Perceba a importância da escola ao colocar os alunos em contato com os mais variados gêneros, mesmo que simulando práticas sociais, que acontecem no digital e fora dele, pois as simulações podem permitir aos estudantes se projetar em situações de comunicação nas quais as diferentes linguagens são requisitadas. Esse é o trabalho do professor, como nos acrescenta Bazerman (2006): o de definir gêneros e atividades para que a aprendizagem aconteça.
A simulação traz para dentro da sala de aula o funcionamento da linguagem e daquilo que a extrapola. Por exemplo, você pode elaborar práticas que simulem uma ida ao supermercado, passando pelo pedido de produtos, pelo pagamento... Quando exercemos essa prática, a multimodalidade textual fica em evidência: usamos palavras, gestos, objetos diversos para o pagamento, notas, cartões, moedas, cheques, meios de representação monetária. Perceba que uma simples atividade de simulação é capaz de colocar os alunos em contato com uma prática de linguagem bastante comum em nosso cotidiano, que engloba construção linguística nos diálogos, conhecimentos matemáticos, e que explora espaços, tempo, além da relação do corpo, dos gestos e dos movimentos consigo e com o outro.
Além de práticas linguageiras cotidianas no espaço da cidade, práticas digitais também podem ser simuladas, utilizando exemplos que os próprios alunos podem apontar em relação aos usos que fazem dos eletrônicos: pelos youtubers que seguem, pelos vídeos de TikTok a que assistem, pelos seus jogos preferidos... Todas essas práticas de linguagem permitem um trabalho que explore a multimodalidade desses textos e a mescla de recursos utilizados na interação com o interlocutor. Esses textos digitais provocam, inclusive, uma leitura que não é linear, linha a linha, da esquerda para a direita, mas que acontece em direções diversas, podendo começar pela busca de um tema nos vídeos, ou pela indicação de link em uma página, ou por um texto encaminhado pelo Whatsapp, por exemplo. Todos eles podem, também, ser trabalhados a partir de reflexões que não se fecham na estrutura ou no modo como são produzidos – escritos ou falados –, mas que consideram, sobretudo, como funcionam, buscando responder a questionamentos diversos, como: quem pode criar canais da internet? O que leva um canal a ter uma infinidade de seguidores? Quais são os jogos mais jogados? Quais perfis de TikTok se destacam, dentre tantos usuários? Qual(is) linguagem(ns) pode(m) ser utilizada(s)? Essas questões estimulam um olhar crítico sobre a linguagem e permitem analisar que o acesso aos diferentes modos de dizer é diferente pelos diferentes sujeitos.
Esses exemplos mostram que a multimodalidade é característica presente à maioria dos textos, de modo que, atualmente, textos que se constituem apenas pela estrutura linguística atraem poucos leitores da faixa etária que predomina na educação básica. Diante dos textos multimodais, outras habilidades são requeridas, e os alunos se deparam com várias manifestações de linguagem, mesmo em textos escritos, mas que trazem recursos linguísticos, imagéticos, ou diferentes letras, cores, formatos, que contribuem para a fluidez da leitura. É isso que a escola precisa acompanhar, e é sob essa perspectiva que você precisa pensar seus planejamentos pedagógicos, a fim de contribuir para a construção do conhecimento dos alunos e para a aquisição de saberes.
A contemporaneidade exige textos multimodais; estamos inseridos no mundo e nos ressignificamos na mesma velocidade da produção da informação, que circula diariamente e se transforma com a mesma rapidez com que aparece: pela manhã, recebemos uma informação e, à tarde, ela já é outra. O mesmo acontece com os textos, que precisam estar em consonância com a contemporaneidade, explorando os diferentes elementos que podem contribuir para a produção de sentidos pela leitura. A isso servem os textos multimodais na escola: inserir o leitor do texto nas práticas atuais de leitura e o produtor do texto nas práticas atuais de escrita.
Dionísio (2007) acrescenta que os gêneros textuais que se apresentam como multimodais não são apenas os compostos por fotografias, telas de pintura, desenhos, etc., mas que o modo como o texto se apresenta graficamente, no papel ou na tela do computador, também marca essa multimodalidade. Pense nos textos com vários tamanhos e cores de letras, com movimento dos textos escritos, gifs... Esses recursos dão ao texto o caráter multimodal. A multiplicidade de elementos em um texto provoca no aluno o desenvolvimento de habilidades que vão além da decodificação de palavras; é preciso interpretar tudo o que constitui o texto e que, assim, afeta o seu sentido.
Pesquisadores participantes do Grupo de Estudos e Pesquisa em “Educação a Distância: Formação docente para o Ensino de Ciência e Tecnologia”, da Universidade Tecnológica Federal do Paraná, reuniram textos que versam sobre a EAD e os efeitos da tecnologia nesse processo. Uma dessas pesquisadora é Knuppel, para ela (2016, p. 66), as “novas maneiras de relacionamento com as informações e com a tecnologia podem transformar a relação pedagógica, pois por essa formação digital, alunos conseguem interagir com muitas informações ao mesmo tempo” e essa ação, diz a autora, provoca a necessidade de práticas pedagógicas que estejam diretamente relacionadas com as TDIC.
Dessa forma, reforçamos o que dissemos há pouco: a escola precisa acompanhar as mudanças tecnológicas, o que inclui levar o digital para ser discutido em sala de aula e não apenas como meio de leitura e escrita, mas enquanto objeto de saber, que permite olhar para a linguagem de uma maneira diferente do funcionamento dos textos impressos. Estamos em consonância com Marcuschi (2010, p. 16) quando ele diz que o sucesso das novas tecnologias tem relação com “o fato de reunir em um só meio várias formas de expressão, tais como texto, som e imagem, o que lhe dá maleabilidade para a incorporação simultânea de múltiplas semioses, interferindo na natureza dos recursos linguísticos utilizados”; reforçamos a importância da interpretação de todos os elementos que constitui um texto, as semioses, pois afetam diretamente a construção do sentido do texto no qual estão atuando.
Assimile
As interpretações implicam em modos diferentes de “entendermos” o funcionamento da linguagem, no digital e fora dele. Esse “entendimento” faz com que escolhamos um link para clicarmos em detrimento de outros vários que aparecem como sugestão. Perceba que essa escolha é diferente de acordo com os diferentes objetivos que temos quando estamos na internet.
Reflita
Você já atentou para os diferentes resultados de buscas gerados a partir da mesma palavra ou expressão, por diferentes computadores ou smartphones? Já tentou retomar uma busca feita de um outro lugar e não conseguiu chegar aos resultados apresentados antes? A que você atribui esse funcionamento do digital?
Exemplificando
- A oralidade é o lugar da multimodalidade por excelência. As crianças, quando falam em sala de aula, ou seja, quando estão disputando sentidos por meio da oralidade, exploram a entonação das palavras e a expressão facial como recursos argumentativos na sua fala.
- A multimodalidade está presente em vários gêneros textuais formais. Analise a sua certidão de nascimento ou casamento, por exemplo; você encontrará textos escritos, seu nome, nome dos pais, do cônjuge, etc., encontrará, também, o brasão da república, carimbo com identificação do cartório em que o registro foi lavrado, assinatura do escrivão, etc. Perceba quantos elementos constituem um documento oficial, formal e obrigatório em nosso país.
Foco na BNCC
- A BNCC (BRASIL, 2017), para o componente curricular de Língua Portuguesa, evidencia a importância de se conhecer as diferentes linguagens para mobilizá-las a favor do desenvolvimento das capacidades de leitura, de produção e de tratamento das linguagens. Com isso, a Base está propondo que as diferentes linguagens – orais, visuais, verbais, gestuais – devem estar a serviço das várias formas de participação nas práticas de atividades humanas.
- Conhecer sobre os gêneros, sobre os textos, sobre a língua, sobre a norma-padrão, a partir das multimodalidades, serve para a ampliação das possibilidades de participação em práticas sociais de diferentes esferas/ campos de atividades humanas (BRASIL, 2017).
Chegamos ao final da seção! Nela, você pôde ter acesso aos mais variados modos de comunicação, tanto linguísticos quanto visuais e gestuais, refletindo sobre os diferentes lugares de manifestação da oralidade que circulam pelas mídias, sobretudo eletrônicas, ou pela escola. Na próxima seção, você verificará esses modos de comunicação da oralidade na relação com a cultura popular, tão importante para a sua formação e para a formação de seus alunos.
Até lá.
Faça valer a pena
Questão 1
Segundo a Base Nacional Comum Curricular (BNCC),
As atividades humanas realizam-se nas práticas sociais, mediadas por diferentes linguagens: verbal (oral ou visual-motora, como Libras, e escrita), corporal, visual, sonora e, contemporaneamente, digital. Por meio dessas práticas, as pessoas interagem consigo mesmas e com os outros, constituindo-se como sujeitos sociais.
As imagens são exemplos de textos que reúnem diferentes linguagens: verbal, visual e digital, como os exemplos a seguir:


Sabendo que as diferentes linguagens podem constituir um texto modal e considerando a afirmação da BNCC apresentada no início desta questão, além das duas imagens elencadas anteriormente, avalie as afirmativas a seguir:
- O excesso de informações visuais dificulta o entendimento das imagens.
- A imagem I é multimodal, pois apresenta estrutura linguística e imagética.
- A imagem II não é multimodal, pois não apresenta estrutura linguística.
- As inovações tecnológicas contribuem para a produção de textos multimodais.
Considerando o contexto apresentado, assinale a alternativa correta:
Tente novamente...
Esta alternativa está incorreta, leia novamente a questão e reflita sobre o conteúdo para tentar outra vez.
Tente novamente...
Esta alternativa está incorreta, leia novamente a questão e reflita sobre o conteúdo para tentar outra vez.
Tente novamente...
Esta alternativa está incorreta, leia novamente a questão e reflita sobre o conteúdo para tentar outra vez.
Correto!
A afirmativa I, “O excesso de informações visuais dificulta o entendimento das imagens”, traz uma inverdade, pois as informações visuais nas imagens apenas ilustram o quanto os elementos diversos – linguísticos e não linguísticos – contribuem para reforçar os sentidos pretendidos pelas imagens: uma circula no meio urbano, que precisa vender os seus produtos, e a outra em uma reunião, em que a argumentação pode ser mais bem desenvolvida se trouxermos elementos multimodais.
Tente novamente...
Esta alternativa está incorreta, leia novamente a questão e reflita sobre o conteúdo para tentar outra vez.
Questão 2
Vejamos o trecho a seguir a respeito do trabalho com gêneros orais:
Ao invés de aulas que tematizem “o falar” ou “a oralidade” de uma forma geral, pode-se e deve-se tomar os gêneros orais públicos como objetos de ensino, o que permitiria um maior desenvolvimento das capacidades comunicativas dos alunos e uma melhor condição de exercício da cidadania.
Com base na relação entre gênero textual multimodal e ensino, avalie as seguintes asserções e a relação proposta entre elas:
- Conhecer os mais variados gêneros na escola permite o desenvolvimento da capacidade de leitura, escuta e produção de textos, sobretudo com as práticas contemporâneas de linguagem.
PORQUE
- O texto, quando ocupa um lugar central nas práticas com linguagem em sala de aula, permite a discussão acerca dos contextos de produção e o desenvolvimento de habilidades por meio do trabalho com linguagem a partir das diferentes mídias.
A respeito dessas asserções, assinale a alternativa correta:
Correto!
As asserções I e II são proposições verdadeiras, e a II é uma justificativa da I.
Você deve ter se lembrado de que conhecer os mais variados gêneros na escola permite o desenvolvimento da capacidade de leitura, escuta e produção de textos, sobretudo com as práticas contemporâneas de linguagem, conforme estudamos nesta seção. Isso só acontece porque o texto, quando ocupa um lugar central nas práticas com linguagem em sala de aula, permite a discussão acerca dos contextos de produção e o desenvolvimento de habilidades por meio do trabalho com linguagem a partir das diferentes mídias.
Se o texto, seja ele oral ou escrito, não for o objeto central do estudo da linguagem em sala de aula, não há desenvolvimento de capacidade que seja satisfatório.
Tente novamente...
Esta alternativa está incorreta, leia novamente a questão e reflita sobre o conteúdo para tentar outra vez.
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Questão 3
Atualmente, as diferentes mídias digitais são o grande meio de comunicação da maioria das pessoas. Há tempos, o e-mail era um dos meios digitais mais utilizados, sendo um representante da rapidez na comunicação. Leia um recorte do diálogo construído por e-mail entre Lis (Liliana) e Eduardo (Filipe), ambos de 11 anos:
- (Lis): “Filipe, Filipe, Filipe!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!
Você viu que eu coloquei essas !!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!! até dar o fim da linha, só para você entender como eu fiquei indignada. (E se você vai procurar no dicionário, não é indiguinada que escreve, tá? Olha direitinho, tá?).
Bom, precisava mandar este e-mail, num deu para esperar até amanhã e falar cara a cara.”
- (Eduardo): “Pô, Liliana, acho que você passou o seu fim-de-semana inteiro, copiando todas as coisas que escrevi errado nos e-mails que eu te mandei.
Não tinha mais o que fazer, no domingo? Hem? Não podia ir comer porpeta na casa da avó? (...) Contar quantos fios tem na cortina da sala, não tinha NAAAAAAAAAAAAAADA que fosse assim mais interessante para você fazer do que bolar uma lista com todos os meus erros de Português?”
Tomando como referência as discussões sobre gêneros textuais e multimodalidade, julgue as afirmativas a seguir em Verdadeiras (V) ou Falsas (F):
( ) O e-mail é um gênero textual que, apesar de pouco utilizado atualmente, pode ser um bom objeto para se discutir o caráter relativamente estável dos gêneros e as variedades linguísticas na escrita.
( ) Tanto o e-mail enviado por Lis quanto o e-mail enviado pelo Eduardo podem ser utilizados em sala de aula para evidenciar um texto escrito em que a multimodalidade aparece, apesar de produzidos apenas com palavras.
( ) Atualmente, outros recursos na escrita alimentam a multimodalidade de textos na internet, como os emojis e os emoticons que, ao aparecerem em um texto escrito, afetam a interpretação e a produção dos sentidos.
( ) A cultura digital proposta pela BNCC pressupõe diferentes linguagens na sala de aula, mas exclui os basicamente lineares, com baixo nível de hipertextualidade, e priorizam os que são originados pela hipermídia.
Assinale a alternativa que apresenta a sequência CORRETA:
Tente novamente...
Esta alternativa está incorreta, leia novamente a questão e reflita sobre o conteúdo para tentar outra vez.
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Esta alternativa está incorreta, leia novamente a questão e reflita sobre o conteúdo para tentar outra vez.
Correto!
A sequência correta é a V-V-V-F. A BNCC (BRASIL, 2017) traz uma importante questão para os estudos: a cultura digital. Para a Base, a cultura digital pressupõe diferentes linguagens na sala de aula, desde os textos basicamente lineares, aqueles com estruturas simples, de leitura de cima para baixo e da esquerda para a direita, com baixo nível de hipertextualidade – ou seja, que trazem poucas características de navegação na internet – até os que são originados pela hipermídia, que já nasceram para circular pelas diferentes mídias.
Referências
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BARBOSA, J. P. Trabalhando com os Gêneros do Discurso: uma perspectiva enunciativa para o ensino de Língua Portuguesa. 2001. 241 f. Tese (Doutorado em Linguística) – Pontifícia Universidade Católica de São Paulo, São Paulo, 2001.
BARROS, C. G. P.; COSTA, E. P. M. Os gêneros multimodais em livros didáticos: formação para o letramento visual? Bakhtiniana: Revista de Estudos do Discurso, São Paulo, v. 7, n. 2, p. 38-56, jul./dez. 2012. Disponível em: https://bit.ly/2P1jA2k. Acesso em: 23 jun. 2020.
BAZERMAN, C. Gêneros textuais, tipificação e interação. Tradução de Judith Chambliss Hoffnagel. 2. ed. São Paulo: Cortez, 2006.
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DIAS, C. P. Ensino e Tecnologia: O Texto pelo Digital. Revista Ecos, [s.l.], v. 28, n. 1, p. 157- 175, 2020. Disponível em: https://bit.ly/3tR9W1b. Acesso em: 13 jun. 2020.
DIONÍSIO, A. P. Multimodalidade discursiva na atividade oral e escrita. In: MARCUSCHI, L. A.; DIONÍSIO, A. P. Fala e Escrita. Belo Horizonte: Autêntica, 2007. p. 177-196.
DIONÍSIO, A. P. Gêneros multimodais e multiletramento. In: BRITO, K. S.; GAYDECZKA, B.; KARWOSKI, A. M. (Orgs.). Gêneros textuais: reflexões e ensino. 4 ed. São Paulo: Parábola editorial, 2011. p. 137-152.
KNUPPEL, M. A. C. Material Educacional Digital: multi/hipermodalidade e autoria. In: FRASSON, A. C. et al. (Orgs.). Formação de professores a distância: fundamentos e práticas. Curitiba: Editora CRV, 2016.
KUPSTAS, M. 9 cois@s e-mail que eu odeio em você. São Paulo: FTD. 2001.
REINALDO, M. A.; BEZERRA, M. A. Gêneros textuais como prática social e seu ensino. In: REINALDO, M. A.; MARCUSCHI, E.; DIONÍSIO, A. (Orgs.). Gêneros textuais: práticas de pesquisa e práticas de ensino. Recife: Programa de pós-graduação em Letras, 2012. p. 73-96.