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FOCO NO MERCADO DE TRABALHO

A oralidade como prática social

Fabiana Claudia Viana Costa Dias

Práticas pedagógicas que envolvam discussões de problemas cotidianos

Sua missão nesta seção é selecionar gêneros textuais, impressos ou digitais, que circulem na vida pública, tanto para a leitura quanto para a produção de texto escrito, e sejam capazes de resolver problemas sociais. 

Fonte: Shutterstock.

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sem medo de errar

A vida pública oferece discussões diversas sobre o nosso cotidiano. As crianças chegam à escola afetadas pelos espaços públicos nos quais transitam, então a escola deve se apropriar desse cotidiano das comunidades e contribuir para o pleno desenvolvimento de todos, a partir do diálogo com vários integrantes da sociedade, buscando a resolução de conflitos e a cooperação.

O contexto de aprendizagem apresentado para esta situação-problema é bastante profícuo para você pensar em práticas pedagógicas que promovam o olhar crítico frente aos problemas cotidianos e, principalmente, busque a solução de problemas, com base em princípios éticos, democráticos, inclusivos, sustentáveis e solidários.

O exemplo trazido pela aluna sobre o descontentamento pelos buracos na rua permite refletir sobre as obrigações do poder público no cuidado com a cidade e o papel da comunidade no cuidado e nas cobranças de melhorias para o bairro, provocando a interação, a compreensão e a ação no seu entorno. Além dessas questões, pode-se também discutir fenômenos naturais, como a chuva, uma das “causadoras” de buracos em asfalto feito com material inadequado. Percebe que esses são alguns caminhos possíveis para dar início a leituras e discussões orais para se pensar na escrita de um texto?

O campo da vida pública oferece uma gama de gêneros textuais para o trabalho com textos em sala de aula. Elencaremos alguns como sugestão para a resolução da situação-problema, mas você pode selecionar outros, tanto para esta situação quanto para uma situação real na escola. Você pode começar selecionando notícias e reportagens de diversos jornais – impressos e digitais, rádios e podcasts ou TV – com notícias locais ou nacionais sobre as condições das ruas e dos bairros e analisar como esses problemas foram resolvidos – ou não. Veja como essa atividade é enriquecedora, pois, além de apontar os problemas, faz com que as crianças pensem na solução, trilhando caminhos para melhorar a condição de vida dos moradores da comunidade.

Essas notícias e reportagens podem ser discutidas na sala de aula, em atividades de oralidade. Você pode ler algumas, projetar outras, provocar a interpretação a partir do questionamento prévio, ou, ainda, distribuir esses textos em grupos na sala e deixar que os alunos falem sobre eles, apresentem os pontos de vista e se posicionem frente ao que está escrito, relacionando com o problema apresentado pela colega. Certamente, outros alunos apontarão problemas em sua rua ou conhecem problemas das ruas de outros, e isso enriquece a discussão e contribui para a elaboração da argumentação no texto final também.

Além das notícias e reportagens, você pode apresentar cartas do leitor presentes nesses jornais ou comentários nos sites e, assim, expandir o contato dos alunos com os variados gêneros textuais que circulam na esfera pública. A partir dessas discussões e já pensando na resolução do problema apresentado pela aluna, você pode sugerir a criação de um abaixo-assinado para que os moradores assinem e seja entregue a órgãos competentes, ou uma carta de reclamação, também entregue ao segmento da cidade responsável pela conservação da via pública.

Reserve uma aula para que aos alunos pesquisem na internet o que é um abaixo-assinado e o que é uma carta de reclamação, em quais circunstâncias utilizamos esses gêneros textuais, quem pode escrevê-los, a quem se destinam e qual é a sua estrutura. Em posse dessas informações, a produção do texto se inicia. Vale ressaltar que a escrita é um processo de seleção de variedades e conteúdos, e as discussões prévias e ao longo da escrita são indispensáveis. Nesse texto, podem ser incluídas imagens dos buracos coletadas pelos próprios alunos, assim como depoimentos de moradores da rua, a partir de entrevistas realizadas também pelos alunos.

A produção desse texto pode provocar a discussão a respeito das fake news, desde a seleção de notícias para serem debatidas no início desse processo até a elaboração do texto pelos alunos, ressaltando a importância de se selecionar dados e informações verdadeiras para que o problema seja solucionado. Esses textos produzidos, após enviados aos órgãos competentes e o retorno (ou não), podem ser enviados para jornais locais, como uma forma de denunciar o problema ou apresentar um caminho para a resolução de um problema comunitário.

Avançando na prática

IMPORTÂNCIA DA REESCRITA

Os alunos escreveram o abaixo-assinado ou a carta de reclamação, porém algumas inadequações apareceram na escrita. O texto foi entregue a você, o professor da sala, para ser enviado ao órgão responsável, mas você percebeu alguns problemas de escrita e agora se vê diante da necessidade de rediscutir o texto com os alunos autores. Quais caminhos e soluções você apresenta para essa situação? De que maneira os alunos podem atentar para a escrita mais cuidadosa?

Nesta seção, você teve a oportunidade de verificar a importância de voltar ao texto que escrevemos para, com um olhar crítico, corrigi-lo e reescrevê-lo. Esse é o ponto em que vamos atentar para a resolução desta situação-problema: reescrita.

Os alunos precisam entender a importância da releitura dos textos que escrevem antes da entrega ao professor, mesmo que este texto seja apenas uma resposta a uma questão de aula e o professor seja o único leitor desse texto. O mesmo cuidado precisa ser tomado para textos que circularão fora da escola.

Os alunos, ao receberem os textos de volta, sem correção, podem, junto ao seu grupo ou dupla, relerem o texto e apontarem no texto impresso, com a ajuda do professor, os pontos que precisam ser melhorados. Feitas as correções, durante a digitação, eles podem perceber os marcadores de correção que o software aplicativo de digitação de textos, como o Word, por exemplo, aponta, com o grifo em vermelho. A partir dessa marcação, o que é sugerido? A sugestão é válida? Funciona para o texto em questão? Após essas análises e correções, o texto será concluído e pronto para ser enviado.

POR DENTRO DA BNCC

O professor precisa preparar o aluno para planejar o texto, considerando a situação comunicativa, os interlocutores, a finalidade, a circulação e o suporte, e refletir sobre a linguagem que embasará o texto. Após a elaboração, você deve encaminhar para a releitura e revisão, individual e coletivamente, do próprio texto ou dos colegas, procurando corrigir e aprimorar o que foi produzido. Outra fase importante na produção de um texto é a editoração para a versão final. Nela, você pode utilizar meios manuais ou digitais, conforme sugerem as habilidades de Língua Portuguesa do 1º ao 5º ano:

REVISÃO DE TEXTOS:

“(EF15LP06) Reler e revisar o texto produzido com a ajuda do professor e a colaboração dos colegas, para corrigi-lo e aprimorá-lo, fazendo cortes, acréscimos, reformulações, correções de ortografia e pontuação” (BRASIL, 2017, p. 95).

EDIÇÃO DE TEXTOS:

“(EF15LP07) Editar a versão final do texto, em colaboração com os colegas e com a ajuda do professor, ilustrando, quando for o caso, em suporte adequado, manual ou digital” (BRASIL, 2017, p. 95).

Essas habilidades contribuem para o desenvolvimento da Competência 3 das Competências Específicas de Língua Portuguesa para o Ensino Fundamental:

3. Ler, escutar e produzir textos orais, escritos e multissemióticos que circulam em diferentes campos de atuação e mídias, com compreensão, autonomia, fluência e criticidade, de modo a se expressar e partilhar informações, experiências, ideias e sentimentos, e continuar aprendendo. (BRASIL, 2017, p. 87)

Bons estudos!

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