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sem medo de errar
Os estudos propostos por esta seção colocam a autoria em um lugar de bastante relevância. É por aí que você precisa pensar a resolução desta situação-problema: como podemos elaborar uma proposta em que o aluno seja protagonista, autor, no 5° ano, a partir do campo artístico-literário, a fim de que produza texto oral multissemiótico para ser apresentado em sala aos demais colegas?
Para a resolução desta situação-problema, vamos nos embasar em duas das Competências Específicas de Língua Portuguesa para o Ensino Fundamental, a competência 3,
Ler, escutar e produzir textos orais, escritos e multissemióticos que circulam em diferentes campos de atuação e mídias, com compreensão, autonomia, fluência e criticidade, de modo a se expressar e partilhar informações, experiências, ideias e sentimentos, e continuar aprendendo.
E a competência 9,
Envolver-se em práticas de leitura literária que possibilitem o desenvolvimento do senso estético para fruição, valorizando a literatura e outras manifestações artístico-culturais como formas de acesso às dimensões lúdicas, de imaginário e encantamento, reconhecendo o potencial transformador e humanizador da experiência com a literatura.
Essas competências podem ser atingidas, por exemplo, com o desenvolvimento da habilidade 28, de Língua Portuguesa, para os anos 3°, 4° e 5° do ensino fundamental, que pressupõe a declamação de poemas “com entonação, postura e interpretação adequadas” (BRASIL, 2017, p. 133). E como promover a autoria e o protagonismo na declamação de poemas?
Inicialmente, você pode realizar leituras de textos em versos e poesia de autores diversos da literatura brasileira: Tom Jobim, Cecília Meireles, Bartolomeu Campos de Queirós, Manuel Bandeira, Mário Quintana e tantos outros. Alguns deles devem integrar a sua leitura, estar em sua preferência, selecione os seus favoritos e leve para a sala de aula para serem lidos por você, pelos alunos para a sala, pelos alunos para grupos. A leitura literária é libertadora e é um processo, um exercício que exige uma certa disciplina, precisamos nos “acostumar” a ler para que passemos a gostar e, então, termos o hábito de leitura. Poemas costumam ser curtos, de leitura rápida, leitura rápida enquanto ato, vale dizer, pois no que diz respeito à interpretação, não é rápida e pode produzir inúmeros sentidos.
Realizadas leituras diversas, os alunos podem escolher qual/quais poema(s) eles querem declamar; perceba que o protagonismo já se inicia aí, na escolha – pelos alunos – do poema que querem declamar. Diante da escolha deles, incentive-os as criarem performances para a declamação, com a presença de outros elementos que enriqueçam a apresentação: cartazes, música, imagens no cenário, desenhos, etc., pois isso contribui para a produção de texto multissemiótico. Eles podem escrever versos do poema em cartazes e ir apresentando enquanto declamam ou deixá-los fixos no cenário; além disso, os próprios alunos podem ilustrar os poemas que declamarão, a partir da interpretação que realizaram do poema, e podem colocar esses desenhos como elemento da produção do cenário. Imagens fotográficas são outro recurso que pode enriquecer o cenário dessas declamações.
Todos esses elementos e recursos visuais, escolhidos ou produzidos pelos alunos, materializam a sua autoria e o protagonismo que tanto almejamos. O professor entra nestas atividades como um mediador, alguém que “ajusta” possíveis pontos, visando aos objetivos que pretende, às competências que deseja alcançar.
Prontos todos os quesitos, chegou o momento da apresentação. Por que não pensarmos em um modo de apresentação diferente de colocar os alunos frente à sala, como comumente fazemos com seminários? Uma prática bastante contemporânea para as manifestações artísticas são as instalações; nesse caso, as instalações poderiam ser montadas na própria sala de aula ou em uma área externa à sala, nos espaços da escola, para que outros alunos, de anos distintos, visitassem as instalações. As apresentações podem ser realizadas para pequenos grupos, sendo repetidas para vários grupos, é possível, também, reservar pequenos espaços para cada grupo, com uma distância que seja adequada para que cada um se apresente sem atrapalhar a apresentação dos demais.
Pedir ajuda ao professor de Arte ou a algum colega que você saiba que é profissional de Arte, mesmo que fora da escola, pode trazer contribuições relevantes para o desenvolvimento desta prática.
Avançando na prática
Estudo e pesquisa literária
O trabalho que você realizou com seus alunos na situação-problema do campo artístico-literário teve uma repercussão bastante positiva na escola e a coordenadora pediu a sua colaboração para divulgar o trabalho dos alunos em outras turmas, tanto do 5° ano quanto de anos anteriores, e ela gostaria que a sua turma, juntamente com você, mostrasse aos alunos como foi o processo de estudo e pesquisa para a realização da atividade, pois essa é uma questão que causa bastante dúvida e insegurança nas crianças. Para colaborar com a escola, você vai se utilizar da descrição que a BNCC apresenta sobre o campo das práticas de estudo e pesquisa, que possibilita o contato com textos expositivos e argumentativos, com linguagem e práticas próprios da pesquisa e da divulgação científica, dentro e fora da escola. Como sugestões de textos, a Base aponta para aqueles produzidos de forma impressa ou digital, como os “enunciados de tarefas escolares; relatos de experimentos; quadros; gráficos; tabelas; infográficos; diagramas; entrevistas; notas de divulgação científica; verbetes de enciclopédia” (BRASIL, 2017, p. 128).
Dada a vastidão de gêneros que podem ser produzidos para a resolução desta situação-problema, vamos escolher o relato de experimento, ou relato de experiência, que pode se iniciar na escrita e depois ser explicado oralmente para os colegas. O relato de experiência permite que os alunos expliquem todo o percurso da atividade que desenvolveram: como surgiu a ideia, como se deu a escolha dos poemas, como os grupos foram divididos, como as tarefas foram distribuídas pelos integrantes dos grupos, quais as maiores dificuldades e desafios que encontraram, o que mudariam em uma próxima execução, etc.
Esse relato pode conter tabelas com os nomes dos poemas que foram lidos com destaque aos que foram escolhidos, com a distribuição dos grupos; gráficos com todas as etapas da atividade e tempo para a realização de cada uma delas; verbetes com definições de termos utilizados e que possam ser de pouco uso e outras formas de exposição que ilustrem a atividade realizada.
Essa prática coloca os alunos em posição de protagonismo, exercendo a autoria de seus relatos, colocando-os em lugar de esclarecimento de dúvidas, preparando-os para situações específicas de oralidade em que é preciso se posicionar e defender pontos de vista.